Let it be escrita por Algodão doce


Capítulo 3
Salada de frutas deixa mancha?


Notas iniciais do capítulo

Ai, graças aos duendes, o nyah ressuscitou! Vou postar um capítulo "extra" amanhã, pois faz mais de um século (exageradooo, jogado aos seus pés) que eu não posto.
Quero mandar um "oi" especial para a Mrs Grier, diva que comentou essa história. Obrigada de novo! Quando essa história chover de reviews, você vai poder dizer que foi a primeira. A esperança é a última que morre! Haha!
Boa leitura, espero que gostem, feliz dia vinte e quatro *-----*



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– Dupla três: Jake e Alice.

Dei um pequeno pulo na cadeira ao ouvir meu nome. Quem diabos da o nome Jake a um filho? É até aceitável nos Estados unidos, mas poxa vida, estamos no Brasil! Olhei para trás, procurando quem seria o tal Jake que ia ter a sorte de fazer o trabalho de português comigo. Um garoto lá no fundão acenou e sorriu para mim. É claro, o esquisito amigo do Márcio. Porque a professora tinha que decidir com quem eu iria fazer o trabalho? Cadê a liberdade de expressão? Tudo bem, isso é nada a ver, mas que seja. Tocou para o intervalo e eu levei o maior susto quando vi um gigante na minha frente.

– Você se teletransportou até aqui? – falei, me levantando. Ele era só uns 10 centímetros mais alto que eu, talvez parecesse gigante só por ser forte...

– Hum, não, eu só andei.

– Ai, sério? Você jura? - Fiz a voz mais irônica possível. Mas aí lembrei que ia precisar dele, então ao invés de dizer “Olha só, imagino que você seja inteligente, então fica a vontade para fazer tudo sozinho.” Eu disse de um jeito melosinho “Eu sou realmente péssima escrevendo, e esse trabalho é para fazer um resumo de um livro, então talvez fosse melhor se você fizesse. E colocasse meu nome.” Fiz beicinho. Ninguém resiste a meu charme, bitch please. O Jake continuava sério. Deslizei minhas mãos pela sua camiseta, ele pegou meu pulso e as afastou. Eu usei todas as minhas armas, e nada aconteceu! Agora só me restava choramingar, e eu estava pronta para fazer isso, quando o garoto-mais-estranho-que-eu-já-vi-na-minha-vida resolveu falar alguma coisa.

– Eu adoraria fazer o trabalho todo sozinho, mas não vou te dar nota de graça. Você vai ter que usar a sua cabeça. Para pensar. É muito difícil?

– Hahaha. Você é tão engraçado, já pensou em ser comediante?

– Esse sábado a gente pode se encontrar. Aonde?

– Você é surdo, só pode. E cego também! Mas pode ser na minha casa, sábado, duas tarde. Depois eu anoto meu endereço e meu telefone, e te entrego. Dei um tchauzinho e sai da sala. Encontrei a Mel em uma das mesas da cantina, sentada com a Athena. Desviei delas e fui comprar meu lanche. Salada de frutas, a única coisa que realmente presta nessa escola. Enquanto esperava a mocinha me entregar a salada, senti alguém encostar os dedos em meu pescoço - meus cabelos estavam presos em um coque - fazendo cosquinhas. Ri baixinho.

– Que risada gostosa.

A pessoa que até então eu pensei ser a Melissa, ou a Athena, era na verdade um garoto. Um garoto que eu nunca vi mais gordo. Sério, vou instalar um olho nas minhas costas. Franzi a testa, peguei minha salada e ignorei o menino que insistia em me seguir. Andei até o outro lado da escola, e o moleque ainda bancava a sombra. Enquanto andava me virei, e parece que peguei o menino de surpresa, porque ele não deu ré e esbarramos um no outro. Nossos narizes se chocaram e eu exclamei um “ai”, que saiu mais alto do que necessário. Praticamente todo mundo que estava por perto parou para olhar a gente. Isso incluía o Jake, que começou a rir feito um cavalo. Foi nesse momento que eu percebi que minha salada de frutas havia sido “jogada” no meu querido coleguinha, e ele estava ensopado.

– Eu não vou te matar, não ainda. Mas você vai me dizer o que está fazendo, quem é você, e qual é a porra do seu problema!

– Sou o Luis. Somos da mesma sala. Há dois anos.

– Ah, é. Porque isso explica tudo. Na verdade, nem estou mais interessada. Agora me da um bom motivo para eu não cravar minhas unhas em seu pescoço.

– Você já jogou salada de frutas em mim.

– Foi sem querer! Você que não tem coordenação nenhuma. Quer dizer, não foi um bom motivo. Te pego na saída. – todo mundo que assistia a cena passou a dar risadinhas. - E não leve para o segundo sentido! Dei meia volta e continuei andando, dessa vez até a sala. Já havia tocado e graças aos meus duendes lindos todo mundo que assistia ao show já tinha ido embora. Não que eu não goste de plateia, mas esse tipo de coisa desgasta minha beleza. Senti alguém me puxar pelo braço. Eu estava prestes a morder o indivíduo, já que alguém me fez derrubar o meu lanche e eu não comi absolutamente nada nesse maldito recreio, quando vi que não era ninguém comível. Isso soou estranho. Jake, de novo. Vou contratar alienígenas para abduzirem ele! Obvio que posso fazer isso, sou rica.

– Vira um dragão e some logo daqui.

– Oi?

– Você não teve infância? Jake Long, dragão ocidental. Não?

– Não. Você é um pouco grossa sabia? Foi má com o Luis. Ele é um cara legal.

– Não sou grossa, apenas sincera. Luis, o ruivo sardento? Ele estava me perseguindo. Eu sei que sou maravilhosa, mas isso é assédio. E é melhor a gente subir, aula de matemática. Aquela professora é uma bruxa.

– Eu a acho legal. Você que é mal humorada.

Subi os degraus dando pulinhos e andei bastante rápido até a sala. Se eu chegasse atrasada não poderia assistir a aula, e mesmo odiando matemática, preciso de nota. Eu sou ótima em todas as matérias – eu sou ótima em tudo, aliás – menos matemática. E física (tem cálculos também, ué). Por favor, misturar números com letras? Coisa do capiroto! Abri a porta e pedi licença a professora. Ouvi alguns cochinhos enquanto andava até minha cadeira.

“Essa garota é tão patética. Quem ela pensa que é? Só porque é loira e tem os olhos azuis se acha a tal, como se fosse uma supermodelo. A Alice vive no país das maravilhas. Isso é tão clichê. Mas é claro que ela não é como a Alice do filme, porque não tem nem discrição. Dá em cima de qualquer garoto, para conseguir o quer. Pobrezinho do Jake.” Me virei para olhar quem estava falando de mim, e dei de cara com a Priscila. Obvio. A garota do rabo de cavalo alto, tão gorda quanto um palito de fósforo. Seus cabelos pretos escorridos me lembravam de petróleo. Ela deu um sorrisinho falso para mim, e eu sorri de volta. Ignorar. Apenas ignorar.

Acabou a aula e eu fiquei tão feliz que até esqueci que era segunda feira e que tinha uma surra para dar. O cara que dirige a minha besta escolar estava esperando lá fora. Pulei para dentro do carro e liguei meu celular. Coloquei os fones e comecei a ouvir Love Story, da Taylor Swift. Lembrei-me do Bruno. Lembrei-me do sorriso dele. Do cheiro dele. E bom, de tudo. Até do meu sonho. Ai, estar apaixonada é tão difícil.


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Notas finais do capítulo

Dragão ocidental, hehehe. Tirei essa do fundo do baú. Eu gostava do Jake Long! All é do mal, tadinho do Luis. Tenho uma queda por caras ruivos, mas quem não tem? De qualquer maneira, ele vai aparecer pouquinho na história. Até amanhã! Se eu tiver algum leitor fantasma, é melhor você deixar de ser fantasma, ou eu vou puxar seu pé à noite!