Let it be escrita por Algodão doce


Capítulo 27
Brigo na lama


Notas iniciais do capítulo

Tenho feira de ciências na escola amanhã, portanto estou adiantando o capítulo. E também porque eu não aguentei de ansiedade, haha. Não, sério, eu realmente gostei de escrever essa parte da história. Espero que vocês gostem de ler ela (ou a ler, sei lá. Whatever.).



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Deve ser horrível usar calça de couro. Sério, se um casaco já te impossibilita de fazer muitos movimentos imagine a calça! É de parar a circulação, socorro. Mas era exatamente assim que a Valentina estava vestida: Com uma calça preta de couro, uma blusa branca com o símbolo do Batman e botas. Enquanto isso, o Jake babava. Era a festa de aniversário de um colega nosso, o Clark. Não, esse não é o nome dele. O chamam assim por causa do Clark Kent, o super homem. Para mim não faz nenhum sentido, já que ele é magrelo e feioso. Talvez seja ironia ou coisa do tipo.

Uma semana depois de eu ter me “declarado” para o dragão ocidental, nada aconteceu. Ele sequer dirigiu uma palavra para mim após isso. E é claro que eu me importava, por mais que procurasse esconder.

– Oi. – a Mel falou, sentando-se comigo à mesa. Ela tinha ido pegar uns copos de refrigerante e alguns salgados, enquanto eu fiquei sentada sozinha e deprimida.

– Não gosto de bolinhas de queijo. – resmunguei.

– É claro que você gosta de bolinhas de queijo! Você poderia comer umas cem dessas se deixassem. – ela contestou.

– Tudo bem, mas não quero bolinhas de queijo agora.

– Ai, Alice! Come isso logo e para de reclamar!

Eu comi as bolinhas de queijo. Na verdade, é um dos meus salgadinhos favoritos, depois de coxinha. Cara, eu amo coxinha.

– Tem coxinha? – perguntei, ainda com a boca cheia.

– Ter até tem, mas é sua vez de pegar. Já estou ficando com vergonha! – a Melissa respondeu.

– Tanto faz. – falei.

Fiquei hipnotizada quando vi os docinhos. Mas ainda não é hora, falei para mim mesma. Se bem que... Alice, controle-se! Você está aqui pelas coxinhas. À direita. Ah, ninguém vai reparar se eu pegar só um brigadeirinho.

– Largue os doces e nada de ruim vai acontecer com você – ouvi alguém dizer atrás de mim, antes mesmo que eu pudesse pensar um pouco mais em minha decisão.

– O que? Eu não ia assaltar os docinhos, só estava vendo a decoração. Lindo granulado! – comentei, me virando para ver quem era o intrometido. Jake. Maldito. Ele estava um pouco rouco, na verdade. Tipo um Willian Bonner. Ai, alguém me segura.

– Sim, eu reparei isso também – ele disse – no granulado.

– É, ele é ótimo. Deve ser de uma marca maravilhosa.

– Não duvido.

–Eu gosto daqueles granulados de casamento, sabe, aquelas bolinhas mastigáveis.

– É, eu também. – ele falou. Estávamos mesmo conversando sobre granulado?

– Eu meio que tenho que ir agora. – falei – a Mel está me esperando.

Não peguei uma coxinha sequer, mas o que eu podia fazer? Havia sido encurralada!

– Então? – a Melissa perguntou, quando voltei.

– Não quero falar sobre isso. – resmunguei.

* * *

Se você nunca tropeçou em um degrau e caiu de joelhos no chão, não sabe o que é pagar mico. O pior era que eu estava de vestido, e melequei toda a minha perna. De algo que eu esperava mesmo que fosse lama.

– Estou bem! – gritei para a Melissa e um grupinho de garotos, que, graças aos duendes, eram minha única plateia.

– Porque você se jogou no chão, maluca? – a Mel perguntou, me ajudando a levantar.

– Ah, sim, eu me joguei! Estava me sentindo limpa demais, aí resolvi dar uma sujadinha. Bem melhor agora. – respondi. Ela deu uma risadinha. Vai, ri da desgraça alheia. Humf.

– Alice? – a Valentina perguntou, brotando do chão. Estávamos do lado de fora do prédio do Clark, onde havia acontecido a festa.

– Não, a Madonna. – respondi, dando um sorriso cínico – E essa aqui é a minha amiga, Lady Gaga. Imagino que você seja a Adele, com essa sua forma redonda.

A Valentina então deu uma risadinha ácida e continuou sorrindo, como se eu tivesse lhe dito um elogio ou coisa assim. Quer dizer, a Adele diva totalmente e tem aquela voz incrível, mas não da para negar que ela é um pouquinho... Grande.

– Você é tão fofa! – a bruxa do cabelo de fogo comentou.

– Fofa é a sua avô! – berrei, louca para empurra-lá na lama também.

– E eu adoro o jeito como você trata as pessoas, é tão adorável.

– Cala essa boca! – exclamei.

– E o seu sorriso é tão meigo! – ela continuou.

Isso me revoltou. A empurrei de um jeito nada meigo, e ela caiu com seu traseiro no chão. Antes que eu pudesse rir ou fazer qualquer coisa, fui puxada pela Valentina, e nós duas saímos rolando naquela poça suja e nojenta. Era a segunda vez na minha vida que eu brigava por causa de um garoto. Não diretamente, já que da primeira vez fui provocada pela Priscila e dessa vez igualmente, provocada pela Valentina. Mas era meio que isso, já que haviam garotos envolvidos e tal. Posso dizer que tenho uma leve experiência.

– Parem! – a Melissa gritou, olhando desesperadamente para o grupinho de garotos, provavelmente esperando que eles nos ajudassem. Mas eles pareciam estar se divertindo, isso sim. – Jake!

Ah não, Jake não.

– O que está acontecendo? – ele perguntou, com uma expressão aterrorizada. Eu e a Valentina ainda estávamos brigando na lama.

– Elas enlouqueceram! – a Melissa respondeu.

– Ótimo. – ele murmurou. Paramos para respirar por um segundo. – Vocês têm problemas.

Ela tem problemas! – eu e a Valentina exclamamos ao mesmo tempo, apontando uma para a outra.

– Levantem-se! – o Jake ordenou. Como se eu fosse conseguir fazer isso!

– Ela ficou me chamando de Adele – a Valentina choramingou.

– O que? Ela que ficou me fazendo elogios! – me queixei.

– Como as duas esperam ir para casa? Porque nenhum táxi vai deixa-lás entrar desse jeito. – a Melissa disse, fazendo uma careta.

– Vou andando. – respondi, mesmo sabendo que minha casa ficava umas trezentas ruas depois daquela – Mas, hã, preciso de uma ajudinha aqui.

O Jake me levantou primeiro, e eu mostrei a língua para Valentina. Mas depois ele a ajudou.

– Vou falar com o Clark – ele disse, suspirando – Vou perguntar a ele se as duas podem tomar um banho aqui antes de ir. Conseguem ficar juntas por dois segundos sem se matarem? - respondemos um não, novamente ao mesmo tempo. - Então a Valentina vem comigo.

Ela sorriu. Eu não tinha a esganado por tempo suficiente. Droga!

– Onde você estava com a cabeça? – a Melissa indagou, me olhando como se eu tivesse colocado fogo no Empire State.

– No granulado. – murmurei.

* * *

Mesmo depois de três banhos, continuei com cheiro de porco. Esperava não pegar nenhuma doença. A parte boa é que meus pais não ficaram sabendo de nada. Nem muitos machucados adquiri, apenas alguns arranhões e ronchas no corpo. Podia manter eles escondidos. A parte é ruim é que tive uma espécie de arrependimento do dia seguinte. Talvez tenha sido idiotice brigar com a Valentina. Na verdade, estou em dúvida. A cara de horror dela foi ótima...

Se eu recebi trezentas mil ligações da Melissa? Certamente. Do Jake também. O Lucas havia desistido, bem quando eu decidi que iria o atender. Agora só me restava esperar ele dar as caras novamente, pois eu é que não ia tomar iniciativa. Ainda não estou tão desesperada.

Infelizmente, sabia que não poderia me esconder para sempre. Não dá para fugir da escola. E então, na segunda-feira, o dragão ocidental veio me interrogar.

– Está satisfeita, Alice? – ele perguntou inicialmente.

– Claro. – respondi.

– É mesmo? Porque imaginei que estivesse arrependida ou envergonhada. – o Jake disse.

– E estou, um pouco. Mas acho que não devo me preocupar com isso agora. O carma só vem em outras vidas. – falei.

– Na verdade, eu acho que não – ele contestou – “Para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário”. Isso é carma. Basicamente, significa que cada pessoa receberá o resultado das suas ações.

– Basicamente significa que eu vou me dar mal na vida, é, entendi.

– Acho que você deveria se esforçar mais.

– Como? – perguntei, aturdida. Eu me esforço!

– Em ser legal com as pessoas, Alice. Talvez aprender a controlar sua raiva ou coisas do tipo.

– Não sou raivosa! – exclamei. Ele me chamou de descontrolada e estressada em uma frase só!

– É sim – ele disse – Muito. Ah, e... Eu queria conversar com você sobre algumas outras coisas também. Pode ser depois da aula?

– Depende das coisas – murmurei, sentindo meu rosto esquentar. Eu sabia do que ele estava falando. Mesmo.

– Nos vemos mais tarde, então. – o dragão ocidental falou, ignorando completamente o que eu havia dito. Ele beijou minha testa e saiu. Que atrevido!

* * *

Enviei uma mensagem com um pedido de socorro para a Melissa. Não funcionou. Eu só queria não ter que conversar com o Jake!

– Sabe, quando você disse... – ele começou. Eu não queria falar nada. Eu não queria ouvir nada. Lalalala. Havia tampado meus ouvidos e começado a cantar essa canção irritante. Não funcionou. Só o fez gritar meu nome. – Presta atenção, maluca.

– Eu não sou maluca. – resmunguei

– Ta, tanto faz. É só que eu meio que fiquei pensado tipo a Alice está a fim de mim a noite toda daquele dia, e tipo... Foi um pouco esquisito.

– Esquisito – repeti.

– É – ele afirmou – Durante muito tempo eu achava que você era incapaz de ter sentimentos, sabe.

– Ótimo. Sou uma robô estressada e descontrolada. Ah, e maluca. – falei.

– O lance é que eu meio que gosto de você também. – ele assumiu. Precisei de uns dois minutos para assimilar aquilo, o que foi mais do que suficiente para criar um clima estranho. – Devemos fazer alguma coisa sobre isso?

– Provavelmente – eu disse. – Acho que eu e você...

– Humm. – ele cortou. Estranhooo.

– Jake. – murmurei.

– Alice. – ele falou. Definitivamente: Somos imbecis.

– Jake – repeti.

– Ei. – ele chamou. – Alice. Será que você namoraria comigo?

– Vou pensar no seu caso. – respondi, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Tcharam! Digam o que acharam, senão vou fazer uma bomba cair sobre os dois antes da Alice dar a sua resposta. CABUM! Hehehe, ai como eu to malévola!
Beijos e até o próximo sábado! Aproveitem o fim de semana!