Let it be escrita por Algodão doce
Notas iniciais do capítulo
Tenho feira de ciências na escola amanhã, portanto estou adiantando o capítulo. E também porque eu não aguentei de ansiedade, haha. Não, sério, eu realmente gostei de escrever essa parte da história. Espero que vocês gostem de ler ela (ou a ler, sei lá. Whatever.).
Deve ser horrível usar calça de couro. Sério, se um casaco já te impossibilita de fazer muitos movimentos imagine a calça! É de parar a circulação, socorro. Mas era exatamente assim que a Valentina estava vestida: Com uma calça preta de couro, uma blusa branca com o símbolo do Batman e botas. Enquanto isso, o Jake babava. Era a festa de aniversário de um colega nosso, o Clark. Não, esse não é o nome dele. O chamam assim por causa do Clark Kent, o super homem. Para mim não faz nenhum sentido, já que ele é magrelo e feioso. Talvez seja ironia ou coisa do tipo.
Uma semana depois de eu ter me “declarado” para o dragão ocidental, nada aconteceu. Ele sequer dirigiu uma palavra para mim após isso. E é claro que eu me importava, por mais que procurasse esconder.
– Oi. – a Mel falou, sentando-se comigo à mesa. Ela tinha ido pegar uns copos de refrigerante e alguns salgados, enquanto eu fiquei sentada sozinha e deprimida.
– Não gosto de bolinhas de queijo. – resmunguei.
– É claro que você gosta de bolinhas de queijo! Você poderia comer umas cem dessas se deixassem. – ela contestou.
– Tudo bem, mas não quero bolinhas de queijo agora.
– Ai, Alice! Come isso logo e para de reclamar!
Eu comi as bolinhas de queijo. Na verdade, é um dos meus salgadinhos favoritos, depois de coxinha. Cara, eu amo coxinha.
– Tem coxinha? – perguntei, ainda com a boca cheia.
– Ter até tem, mas é sua vez de pegar. Já estou ficando com vergonha! – a Melissa respondeu.
– Tanto faz. – falei.
Fiquei hipnotizada quando vi os docinhos. Mas ainda não é hora, falei para mim mesma. Se bem que... Alice, controle-se! Você está aqui pelas coxinhas. À direita. Ah, ninguém vai reparar se eu pegar só um brigadeirinho.
– Largue os doces e nada de ruim vai acontecer com você – ouvi alguém dizer atrás de mim, antes mesmo que eu pudesse pensar um pouco mais em minha decisão.
– O que? Eu não ia assaltar os docinhos, só estava vendo a decoração. Lindo granulado! – comentei, me virando para ver quem era o intrometido. Jake. Maldito. Ele estava um pouco rouco, na verdade. Tipo um Willian Bonner. Ai, alguém me segura.
– Sim, eu reparei isso também – ele disse – no granulado.
– É, ele é ótimo. Deve ser de uma marca maravilhosa.
– Não duvido.
–Eu gosto daqueles granulados de casamento, sabe, aquelas bolinhas mastigáveis.
– É, eu também. – ele falou. Estávamos mesmo conversando sobre granulado?
– Eu meio que tenho que ir agora. – falei – a Mel está me esperando.
Não peguei uma coxinha sequer, mas o que eu podia fazer? Havia sido encurralada!
– Então? – a Melissa perguntou, quando voltei.
– Não quero falar sobre isso. – resmunguei.
* * *
Se você nunca tropeçou em um degrau e caiu de joelhos no chão, não sabe o que é pagar mico. O pior era que eu estava de vestido, e melequei toda a minha perna. De algo que eu esperava mesmo que fosse lama.
– Estou bem! – gritei para a Melissa e um grupinho de garotos, que, graças aos duendes, eram minha única plateia.
– Porque você se jogou no chão, maluca? – a Mel perguntou, me ajudando a levantar.
– Ah, sim, eu me joguei! Estava me sentindo limpa demais, aí resolvi dar uma sujadinha. Bem melhor agora. – respondi. Ela deu uma risadinha. Vai, ri da desgraça alheia. Humf.
– Alice? – a Valentina perguntou, brotando do chão. Estávamos do lado de fora do prédio do Clark, onde havia acontecido a festa.
– Não, a Madonna. – respondi, dando um sorriso cínico – E essa aqui é a minha amiga, Lady Gaga. Imagino que você seja a Adele, com essa sua forma redonda.
A Valentina então deu uma risadinha ácida e continuou sorrindo, como se eu tivesse lhe dito um elogio ou coisa assim. Quer dizer, a Adele diva totalmente e tem aquela voz incrível, mas não da para negar que ela é um pouquinho... Grande.
– Você é tão fofa! – a bruxa do cabelo de fogo comentou.
– Fofa é a sua avô! – berrei, louca para empurra-lá na lama também.
– E eu adoro o jeito como você trata as pessoas, é tão adorável.
– Cala essa boca! – exclamei.
– E o seu sorriso é tão meigo! – ela continuou.
Isso me revoltou. A empurrei de um jeito nada meigo, e ela caiu com seu traseiro no chão. Antes que eu pudesse rir ou fazer qualquer coisa, fui puxada pela Valentina, e nós duas saímos rolando naquela poça suja e nojenta. Era a segunda vez na minha vida que eu brigava por causa de um garoto. Não diretamente, já que da primeira vez fui provocada pela Priscila e dessa vez igualmente, provocada pela Valentina. Mas era meio que isso, já que haviam garotos envolvidos e tal. Posso dizer que tenho uma leve experiência.
– Parem! – a Melissa gritou, olhando desesperadamente para o grupinho de garotos, provavelmente esperando que eles nos ajudassem. Mas eles pareciam estar se divertindo, isso sim. – Jake!
Ah não, Jake não.
– O que está acontecendo? – ele perguntou, com uma expressão aterrorizada. Eu e a Valentina ainda estávamos brigando na lama.
– Elas enlouqueceram! – a Melissa respondeu.
– Ótimo. – ele murmurou. Paramos para respirar por um segundo. – Vocês têm problemas.
– Ela tem problemas! – eu e a Valentina exclamamos ao mesmo tempo, apontando uma para a outra.
– Levantem-se! – o Jake ordenou. Como se eu fosse conseguir fazer isso!
– Ela ficou me chamando de Adele – a Valentina choramingou.
– O que? Ela que ficou me fazendo elogios! – me queixei.
– Como as duas esperam ir para casa? Porque nenhum táxi vai deixa-lás entrar desse jeito. – a Melissa disse, fazendo uma careta.
– Vou andando. – respondi, mesmo sabendo que minha casa ficava umas trezentas ruas depois daquela – Mas, hã, preciso de uma ajudinha aqui.
O Jake me levantou primeiro, e eu mostrei a língua para Valentina. Mas depois ele a ajudou.
– Vou falar com o Clark – ele disse, suspirando – Vou perguntar a ele se as duas podem tomar um banho aqui antes de ir. Conseguem ficar juntas por dois segundos sem se matarem? - respondemos um não, novamente ao mesmo tempo. - Então a Valentina vem comigo.
Ela sorriu. Eu não tinha a esganado por tempo suficiente. Droga!
– Onde você estava com a cabeça? – a Melissa indagou, me olhando como se eu tivesse colocado fogo no Empire State.
– No granulado. – murmurei.
* * *
Mesmo depois de três banhos, continuei com cheiro de porco. Esperava não pegar nenhuma doença. A parte boa é que meus pais não ficaram sabendo de nada. Nem muitos machucados adquiri, apenas alguns arranhões e ronchas no corpo. Podia manter eles escondidos. A parte é ruim é que tive uma espécie de arrependimento do dia seguinte. Talvez tenha sido idiotice brigar com a Valentina. Na verdade, estou em dúvida. A cara de horror dela foi ótima...
Se eu recebi trezentas mil ligações da Melissa? Certamente. Do Jake também. O Lucas havia desistido, bem quando eu decidi que iria o atender. Agora só me restava esperar ele dar as caras novamente, pois eu é que não ia tomar iniciativa. Ainda não estou tão desesperada.
Infelizmente, sabia que não poderia me esconder para sempre. Não dá para fugir da escola. E então, na segunda-feira, o dragão ocidental veio me interrogar.
– Está satisfeita, Alice? – ele perguntou inicialmente.
– Claro. – respondi.
– É mesmo? Porque imaginei que estivesse arrependida ou envergonhada. – o Jake disse.
– E estou, um pouco. Mas acho que não devo me preocupar com isso agora. O carma só vem em outras vidas. – falei.
– Na verdade, eu acho que não – ele contestou – “Para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário”. Isso é carma. Basicamente, significa que cada pessoa receberá o resultado das suas ações.
– Basicamente significa que eu vou me dar mal na vida, é, entendi.
– Acho que você deveria se esforçar mais.
– Como? – perguntei, aturdida. Eu me esforço!
– Em ser legal com as pessoas, Alice. Talvez aprender a controlar sua raiva ou coisas do tipo.
– Não sou raivosa! – exclamei. Ele me chamou de descontrolada e estressada em uma frase só!
– É sim – ele disse – Muito. Ah, e... Eu queria conversar com você sobre algumas outras coisas também. Pode ser depois da aula?
– Depende das coisas – murmurei, sentindo meu rosto esquentar. Eu sabia do que ele estava falando. Mesmo.
– Nos vemos mais tarde, então. – o dragão ocidental falou, ignorando completamente o que eu havia dito. Ele beijou minha testa e saiu. Que atrevido!
* * *
Enviei uma mensagem com um pedido de socorro para a Melissa. Não funcionou. Eu só queria não ter que conversar com o Jake!
– Sabe, quando você disse... – ele começou. Eu não queria falar nada. Eu não queria ouvir nada. Lalalala. Havia tampado meus ouvidos e começado a cantar essa canção irritante. Não funcionou. Só o fez gritar meu nome. – Presta atenção, maluca.
– Eu não sou maluca. – resmunguei
– Ta, tanto faz. É só que eu meio que fiquei pensado tipo a Alice está a fim de mim a noite toda daquele dia, e tipo... Foi um pouco esquisito.
– Esquisito – repeti.
– É – ele afirmou – Durante muito tempo eu achava que você era incapaz de ter sentimentos, sabe.
– Ótimo. Sou uma robô estressada e descontrolada. Ah, e maluca. – falei.
– O lance é que eu meio que gosto de você também. – ele assumiu. Precisei de uns dois minutos para assimilar aquilo, o que foi mais do que suficiente para criar um clima estranho. – Devemos fazer alguma coisa sobre isso?
– Provavelmente – eu disse. – Acho que eu e você...
– Humm. – ele cortou. Estranhooo.
– Jake. – murmurei.
– Alice. – ele falou. Definitivamente: Somos imbecis.
– Jake – repeti.
– Ei. – ele chamou. – Alice. Será que você namoraria comigo?
– Vou pensar no seu caso. – respondi, sorrindo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Tcharam! Digam o que acharam, senão vou fazer uma bomba cair sobre os dois antes da Alice dar a sua resposta. CABUM! Hehehe, ai como eu to malévola!
Beijos e até o próximo sábado! Aproveitem o fim de semana!