Let it be escrita por Algodão doce


Capítulo 24
Sou desagradável, para variar


Notas iniciais do capítulo

Oops! I Did It Again. Sério, eu juro que esse sábado também estive muito ocupada ^.^
Mas vai ter capítulo ainda essa semana sim, esse sábado mesmo se der. Feliz dias das crianças e boa leitura! *-*



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A minha vida está bem mais enrolada que o fio do carregador do meu celular, e não há muita coisa que eu possa fazer em relação a isso. Primeiro: As provas do terceiro trimestre vão começar, e terei que dar meu melhor mesmo. Segundo: Tenho curso de inglês toda maldita semana, o que significa que meu tempo livre praticamente se esvaiu. Terceiro: Estou gostando do dragão ocidental. Ou tipo isso.

Certo, eu comecei um novo plano. Porém, sou a rainha dos planos inacabados, então... Argh. A parte um consistia em descobrir o que sinto. Passei duas horas pensando e não funcionou, então pulei essa etapa. A parte dois é dar um chute na bunda da Valentina Cabelo De Fogo. É a minha parte favorita. Ela tem tipo o cabelo mais incrível do universo (cheira a limão – e não me pergunte como descobri isso. Ta legal, eu cheirei a cabeça dela, mas faz mais sentido dentro do contexto) e olhos adoráveis, com cílios gigantes (os meus são curtos e claros, chorei) e uma cor perfeita. Ótimo, vou colocar olhado na garota.

Plano pronto, hora de ir para a escola. Não estou obcecada, só obstinada. E também não estou com ciúmes, só acho que o Jake merece alguém melhor. É isso. Os primeiros horários foram mais que tortura, e quando estava prestes a tocar passei um bilhetinho para a Valentina.

"Tina, amor! Podemos conversar no recreio? Não é nada demais, só quero te atualizar sobre algumas coisas que estão acontecendo. A propósito, eu adoro esse seu batom vermelho! Fica lindo em você! Quando tocar me espera aqui na sala, ta? Beijos, Alice."

Ok, foi a coisa mais falsa que eu já escrevi. Mas eu gosto mesmo do batom dela. Será que ficaria bom em mim? Será que se eu usasse o batom o Jake ia me prefirir? Ai, eu me odeio.

– Alice? – ouvi a Valentina chamar (acho que também é importante frisar que ela tem uma voz doce e meiga. Eu até tenho uma voz doce e meiga, mas soa mais como a voz de uma garota mimada, a da Valentina é do tipo sou decidida, linda, e amo os animais!) – Oi.

– Tina, querida! – exclamei, tentando sorrir. Será que minha voz soou aguda demais? – Possivelmente isso vai ser estranho, mas é que eu te chamei para conversar sobre o dragão... Sobre o Jake.

– O Jake? Ah, ual. – ela arqueou levemente as sobrancelhas. Onde será que ela faz as sobrancelhas? Gostei do design. – Tudo bem, estou curiosa.

– Certo, sem rodeios, foco e... Ta, vou direto ao assunto. Você... Gosta dele? Não, isso foi meio pesado. Deixa eu começar de novo. Humm. Numa escala de um a dez, que nota você daria pro meu coleguinha? – perguntei, e minhas bochechas deveriam estar no tom mais aceso de rosa.

– Nove e meio, eu acho. – ela respondeu. É uma nota bem alta. – Mas não gosto dele dessa forma, Alice! O vejo como um... Coleguinha.

– Claro. – exclamei – Bem, obrigada.

Só pude respirar fundo quando estava no final do corredor. A Valentina Cabelo De Fogo não gosta do Jake daquela forma, mas talvez ele goste. Ta, tenho três opções. Falo para o dragão ocidental que a Valentina só o vê como um amigo e pergunto o que ele acha disso ou fico quieta e espero ele se declarar com relação a isso. Ou, esqueço tudo e me caso com um árabe rico. Posso fugir para Dubai, mas... E se ele pirar e resolver virar homem bomba? Essa não parece ser um tipo de coisa fácil de superar. E se eu estiver grávida? O que vou dizer pro meu filho quando ele nascer? “Seu pai era um homem maravilhoso, Altair, mas um dia resolveu largar tudo para fazer o que sempre sonhou. Agora, ele é uma estrelinha lá no céu. Uma estrela radioativa”. Acho que não radioativa, talvez, ah, que seja, não fugirei.

* * *

Eu fugi. Não para Dubai, mas fugi. Evitei o dragão ocidental. Evitei até a Melissa. E quer saber? Eu passei mesmo o dia todo pintando minhas unhas de rosa e tirando o esmalte, milhares de vezes, repetidamente, até o esmalte acabar. E daí? Talvez eu tenha TOC ou algo do tipo, mas quem se importa? Tudo bem, eu preciso de um hobbie.

Talvez eu seja boa em algum esporte. Sou ótima em dança, é claro. Mas do que adianta? Não tenho ninguém para dançar comigo. Esportes individuais são melhores. Assim, não dependemos de ninguém. Surf é legal. Mas eu provavelmente seria engolida por um tubarão na minha primeira vez em uma prancha. Ai.

– Alice! – ouvi alguém exclamar.

– Quero ficar sozinha. – eu disse, para o Pedro zumbi que já invadia meu quarto.

– Nem pensar! Hoje é dia de rock, bebê. – atrás dele, é claro, estava a senhora cabeça de palmito, conhecida também por Melissa Frases Clichês.

– Odeio casais felizes. Vão embora.

– Sem chance! – os dois falaram ao mesmo tempo. Acho que vou vomitar. Ah, eles estavam usando camisetas iguais também, de cor branca com um gigante coração vermelho bem no meio. Argh.

– Então fiquem. Tanto faz. – falei, me deitando novamente, cobrindo até meu rosto com o lençol.

– Temos ingressos para um show! – a Melissa exclamou, e pude apostar que ela estava com um sorriso gigante no rosto. Argh número dois. – É de uma banda fofa, toda romântica. Temos três ingressos para um show! E você vai, é claro.

– Nem se vocês me pagarem. – retruquei.

– Eu acho que vou esperar lá fora. – o Pedro falou, depois de bagunçar todos os meus bichinhos de pelúcia. São de quando eu era criança, ta?

– Ai, Alice, deixa de ser deprê! Se te ajuda um pouco, algumas outras pessoas que conhecemos estarão lá. – ela disse, e, tudo bem, isso me animou.

– Quem? Pode fazer uma lista? Tipo assim, a cenoura ambulante vai estar lá? E o Jake? Não, não que o Jake seja importante, ele não é, mas... Ai, ele vai?

– Ah, bem, o Jake eu não sei... Mas alguns caras legais vão! Levanta, eu trouxe uma camisa para você.

– Não vou usar essa coisa brega. – resmunguei, antes de levantar e prender meu cabelo. – Ta, estou pronta.

– Você está de pijama. – ela contestou, fazendo uma careta.

– Ah. Esqueci.

* * *

Foi realmente ótimo ficar presa em um veículo de apenas duas portas com dois idiotas cantando músicas melosas, só para não dizer o contrário. Chegar ao local do show foi um alivio, porque mesmo que eu não quisesse estar ali era melhor do que no carro. Adquiri claustrofobia!

– Ai, Alice, anima! – a Mel gritou para mim, um pouco antes de sumir. Agora eu estava sozinha, perdida, com fome e usando uma camiseta brega igual a da Melissa e a do Pedro. Além disso, no meio de uma multidão de pessoas felizes, o que me enjoou milhões de vezes mais.

Para piorar, o barulho era tanto que pensei que o fim do mundo estava acontecendo. Tentar sair do local – que era uma área fechada – se tornou impossível. Pensei em chorar, gritar, correr. Mas nada ia adiantar. Então alguém segurou meu braço. Podia ser um terrorista, um assassino, mas ao invés de fugir eu me virei e disse “oi”. Parabéns, Alice.

– Oi. – o possível assassino respondeu. Boas noticias: Ele era bonito. Mas do que importaria, se ele me matasse?

– Hã, eu tenho que ir. Desculpe.

– Não consigo te escutar aqui dentro – ele sussurrou no meu ouvido. – Podemos ir lá fora?

– Estou tentando isso a horas! – respondi, mesmo sabendo que ele não me ouviria.

O garoto bonito-alto-forte conseguiu abrir caminho para mim, o que me deixou eternamente grata. Mas eu ainda precisava encontrar a Melissa, certo? Ah, ela deve estar bem. Chegamos ao lado de fora do local e então pude ver meu herói de maneira melhor. Não era do tipo deus grego com olhos verdes e músculos definidos, mas tinha um sorriso adorável e cabelo preto bagunçadinho. Tipo um Zayn Malik, mas sem todas aquelas tatuagens e com um metro e oitenta. Será que ele também canta? Ai, seria um sonho uma declaração ao som de “more than this”.

– Olá de novo. – comecei, meio tonta – Eu sou a Alice e não deveria estar falando com um estranho, mas você praticamente salvou minha vida então seria educado agradecer. Bem, obrigada.

– Oi, Alice. Eu sou o Lucas. De nada. – ele falou, e sorriu. Morri.

– Não estou respirando pela terceira vez no dia. É um recorde. – falei sem pensar, batendo com força na minha testa depois. – É só que... Tem a Valentina, aquela bruxa que ao mesmo tempo é perfeita, e o show, que me deixou sem oxigênio, essas coisas. Não a sua beleza incandescente, eu... Estou acostumada com garotos bonitos. Ai, não. Quer saber? Eu desisto. Estou nervosa mesmo, minhas mãos estão suando. Meu rosto está queimando e minhas orelhas ardendo. Meu coração está acelerado e tem trezentas e duas borboletas no meu estomago. Não vou fingir ser fofa.

– Você parece fofa para mim. – ele disse.

– Não me faça desmaiar. – pedi.

– Alice? – ouvi alguém dizer, ao longe. Virei-me para ver quem era. Vi primeiro a cenoura ambulante, depois o dragão ocidental.

– Oi. – respondi, com um sorriso falso. Ele estava ali, afinal. E a Valentina também. Juntos. Em um show de uma banda romântica. – Ah, Valentina! Vejo que você e o seu coleguinha estão se divertindo!

Não resisti a alfinetar o casal. A Valentina foi tão mentirosa! Ela havia dito que não sentia nada pelo Jake! Fiquei revoltada, e aproveitei para segurar a mão do Lucas. Humpft.

– Veio aproveitar o show, querida? – ela perguntou.

– Sim, mas já estou de saída. Foi ótimo te ver. Vamos, amor? – falei, me dirigindo ao Lucas no final. Apertei a mão dele com mais força e o arrastei até o outro lado da rua. Se eu fazia ideia do que estava fazendo? Realmente não.


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Notas finais do capítulo

Alice com inveja? Alice com ciúmes? Ih, a Val provoca uns sentimentos ruins nela, né? E esse tal de Lucas? Haha, to deixando vocês ansiosas? Porque agora eu to viciada em pretty little liars sabe, aí tem todos aqueles mistérios que estão me enlouquecendo... Affff! Mas é tão legal :D
Boa semana para todos! Beijos :)