Let it be escrita por Algodão doce


Capítulo 19
Jake modelo?


Notas iniciais do capítulo

Bom dia! Título do capítulo esquisito? É para combinar, haha. Vocês vão entender quando lerem, eu acho. Bem, boa leitura.



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– Isso foi...

– Bom.

Errado. – corrigi. – Não deveríamos ter feito isso. Estamos na escola.

– Então não deveríamos ter feito isso porque estamos na escola?

– E por mais um monte de coisa. – completei.

– Ah. – o Jake disse.

Ficamos em silêncio por um tempo, e eu sabia que meu rosto deveria estar muito vermelho. Então passou pela minha cabeça que talvez eu esteja, tipo, gostando do dragão ocidental. Mas isso é tão impossível quanto um camelo passar pelo fundo de uma agulha. É, não é? Ai, droga.

– Ei, Alice – o Jake chamou – E agora?

– E agora tipo e agora nesse instante, ou e agora tipo cara, acabamos de nos beijar, e agora?

– E agora nesse instante.

– Ah. Acho que deveríamos voltar para sala.

– É.

–Hã, você sabe, a gente podia esquecer isso. – sugeri – Esse lance do beijo... Porque, você sabe, as coisas ficariam tipo super esquisitas entre a gente e...

– Aham.

– Mas foi bom. – eu disse. - Esquisito. Errado. Mas bom.

Ele deu um leve sorriso, e eu fiz o mesmo. Ok, as coisas já estavam esquisitas. Descemos as escadas da biblioteca, levamos uma super bronca do diretor e depois outra da professora, mas usamos a mesma desculpa, de eu não estar me sentindo bem e o Jake ter ficado comigo, para nos safarmos. A Priscila ficou cochichando coisas com a sua gangue a tarde toda, e tive que resistir a vontade de arrancar um por um os fios de cabelo cor de petróleo dela. Quando acabou a aula eu simplesmente joguei todo o meu material dentro da bolsa, de um jeito nada organizado, e fui tirar satisfações com a garota de cabelo azul.

– Isso foi ridículo, Athena. – comecei – Sem escrúpulos e ridículo. Além disso, seu cabelo está desbotando. E posso ver suas pontas duplas do outro lado da sala. – conclui, jogando meus cabelos para trás e lhe dando as costas no estilo Alice.

– Mas você gostava do... Como é mesmo o nome? Ah, Augusto. E olha só, acabou que ele não existia. Agora está com dor de cotovelo, querida? – Me virei novamente, para encarar a garota metida. Já disse que odeio ser provocada?

– Não, não estou. Mas você... Ah, tenho certeza que vai sentir dor em muito mais lugares se falar isso novamente.

– Falar o que? Que ninguém realmente gosta de você? Mas, ué, você sabe disso.

– Sua cretina! – eu gritei, e, certo, esse não é um xingamento muito usado, mas eu estava com raiva. Porém, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, o Jake e o Luis ruivo sardento apareceram e me arrastaram para longe da Athena do mal. – Seus manés!

– Ei, fica calma – o Jake disse, e o Luis se afastou, provavelmente para ir falar com a Athena do mal. O dragão ocidental estava ainda me segurando, perto demais para mim, como se o fato de termos nos beijado aumentasse nossa intimidade. O que não era sensato, já que nenhum de nós dois queria que aquilo acontecesse de novo. Mentira, eu queria. Mas... Argh.

– Odeio você. Odeio a Athena. Sabe, eu odeio o universo inteiro. Até os alienígenas! Menos os meus duendes... Eles nunca fizeram nada de ruim para mim.

– E eu já fiz algo de ruim para você?

– Quer que eu faça uma lista?

– Por favor.

– Ta, legal. Bem, primeiramente, você me deixa confusa com mais frequência do que é normal. Principalmente agora.

– É?

– Sem interrupções! – exclamei – E você é tão tão irritante. Ah, deixa para lá. Essa lista vai ficar brega.

– Você é muito esquisita.

– E você é ridículo! Ai meus duendes, eu preciso ir. Vou perder a besta escolar! – falei, antes de descer as escadas correndo, tropeçar no meus cadarços, que, ei, estavam desamarrados, e obrigada por ninguém me avisar, e encontrar o Vinicius com cara de bravo esperando no portão, e, tipo, deixar absolutamente todo o meu material cair dentro da vã, no corredor, onde todos os malditos pirralhos pisam todo santo dia, e ter que catar todos eles enquanto criancinhas ridículas gritavam “Sai do meio, desmiolada”.

Cheguei à minha casa e só fiz almoçar, tomar banho, colocar uma blusa cinza de mangas compridas e um short jeans composto, escovar meus cabelos e prende-ló em um rabo de cavalo. Assim, fui até a casa do Pedro idiota, mesmo sabendo que ainda era cedo e que provavelmente a festa não tinha começado. Toquei a campainha e a mãe dele atendeu. Sem querer me gabar, mas ela me ama.

– Olá. – eu disse.

– Oi, querida. Entre, por favor. O Pedro está lá em cima, fique a vontade. A Melissa já está aqui.

– Obrigada. – agradeci, me infiltrando na casa e já subindo as escadas. A porta do quarto do Pedro estava encostada. Humm. Sem nem me preocupar em bater, empurrei a porta, e peguei o Pedro e a Mel se beijando. Não resisti e comecei a dar risada. – Ahn, eu sinto muito. Vou dar uns segundos para vocês. – então sai e fui rir do lado de fora.

Depois de tipo um minuto o Pedro abriu a porta e veio reclamar comigo. Ué, a culpa não era minha. Eles que estavam se agarrando. A Melissa pediu a ele um tempinho para conversar comigo e me arrastou até outro quarto, que eu sabia ser o de hóspedes já que havia estado outras vezes na casa do Pedro cabeção.

– Ei! – ela disse.

– O que?

– Você podia ter avisado que estava para entrar! E, também, você podia não ter me ignorado o dia todo. O que fez no recreio?

– Hã... – engoli em seco. – Não é dá sua conta. – senti meu rosto esquentar.

– Ai meu Deus! Ai meu Deus! Você e o Jake... Ai meu Deus! – após isso, ela deu um de seus gritinhos estridentes.

– Não aconteceu nada!

– Qualé, All, você pode confiar em mim!

– Não. Quer dizer, eu posso. Eu contaria se tivesse acontecido.

– A-ham. Oi, eu sou a Alice, e estou com vergonha da minha melhor amiga. – ela falou, em uma imitação ridícula da minha voz.

– Chega. Chega, chega, chega. Você me estressa. – eu disse.

A festa do Pedro foi entediante, como direito a cachorro quente e garotos chatos que discutiram a tarde toda sobre filmes de super heróis e livros de ficção cientifica. Não sei como a Mel consegue. Depois de duas horas aguentando aquilo, me despedi e fui embora. Tinha sido um dia cheio.

* * *

No dia da minha sessão de fotos, sábado, levantei-me às cinco da manhã, completamente entusiasmada e sem sono. Seria aqueles books de fotos que as modelos fazem no inicio da carreira. Mas era para eu estar no estúdio de fotografia apenas de 10 horas (da manhã, claro). De qualquer forma, eu não conseguiria dormir novamente. Então, resolvi me aprontar. Tomei café da manhã, sozinha, depois tomei banho e coloquei um moletom azul marinho do papai – que, por acaso, estava no meu armário. Fazendo o que lá eu não sei - e uma calça jeans. O moletom ficava tipo um vestido em mim, mas não liguei muito pra isso. Eu havia falado com o Pierre do falso sotaque francês no dia anterior, e ele disse que eu poderia vestir as roupas que eles têm lá.

Ainda eram seis horas. Tentei assistir um pouco de TV, mas eu estava agitada demais para isso. Liguei para o Jake. Ele estava sem falar comigo desde... Bem, terça feira. Quando aconteceu aquela coisa esquisita entre a gente.

– Oi. – eu disse, quando o dragão ocidental atendeu.

– São seis da manhã. – ele retrucou.

– Seis e dez. – falei – Mas você estava acordado. – supus, já que sua voz não era do tipo “ei, acabei de acordar”.

– É. Eu faço basquete nos sábados, pela manhã. Começa às sete.

– Ah, ual.

– E você?

– Se eu faço basquete?

– Não, maluca. O que faz acordada.

– Ah. Eu tenho uma sessão de fotos daqui a pouco.

– Como?

– Sessão de fotos, manezão. Sou modelo, ué. – falei, e ouvi risadas do outro lado da linha. O que, não tenho cara de modelo?

– Ah, é claro. – ele respondeu. – Ei, tenho que ir. Boas fotos para você.

– Hum, tchau. Bom... Basquete.

Ele desligou. Eu ainda estava entediada. Levantei-me e entrei furtivamente no quarto dos meus pais. Eles dormiam e roncavam como se não houvesse amanhã. Sequestrei algumas revistas de moda da mamãe e fiquei as lendo até às nove e meia, quando a mamãe e o papai finalmente acordaram. Em breve, eu seria uma dessas modelos famosas. Pode anotar.

* * *

– Sorria para a câmera, bebê. – o fotógrafo disse. Ele era tipo, super gato. Mas usava aliança. E havia me chamado de bebê. Eu sorri para a câmera, como ele mandou. Esse lance todo de fotografar era muito cansativo. A roupa que eu estava usando era um vestido xadrez vermelho e preto, a terceira que eu vestia em menos de duas horas. E eu já tinha feito milhões de poses na frente de uma tela verde. Mesmo assim, o fotógrafo não parecia satisfeito. Queria resmungar um “estou cansada”, mas sei me comportar quando é necessário.

Depois de mais um tempão, finalmente acabou. Gostei dos resultados. Eu estava fabulosa, sem querer me gabar. Fui trocar de roupa, e havia deixado meu celular com a mamãe. Quando voltei, ela avisou que estava tocando. Era o dragão ocidental. O Pierre apareceu atrás de mim quando eu estava prestes a atender.

– Mon Dieu! Quem é esse garoto? – ele exclamou. Bem, já que era o Jake ligando, aparecia uma foto dele na tela inicial, a mesma que ele usa no email. Assim também com todos os meus contatos.

– O que? É só o dragão... O Jake. É um colega. – respondi.

– Ele é fabuloso! – o Pierre disse, entusiasmado. – Daria um ótimo modelo, assim como você.

Isso é que amor pela profissão, pensei em dizer. Mas fiquei quietinha. Tipo, o Jake não. O Jake definitivamente não serve para modelo. Mas eu só respondi:

– É, talvez.

– Talvez? Oh, minha Coco Chanel, vocês dois... Formam um casal tão lindo.

– Mas não somos um casal. – retruquei.

– Você por acaso não teria uma foto de vocês juntos?

– Não, não tenho. E sabe o que mais...

– Perfeito! Fabuloso! – ele continuou despejando adjetivos. E o Jake ainda estava esperando que eu atendesse sua chamada. O que aprendi hoje? Atenda seu celular longe de falsos franceses.


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Notas finais do capítulo

Tchanam! Quero opiniões, hein? Comentem :)