– Damon? – Elena o encarou com expectativa. Queria estar errada, mas a expressão de Damon dizia ao contrário.

– Vai ter o famoso “Posso explicar”? – Jeremy soou irônico.

– Olha o que diz, Pequeno Gilbert, você traiu sua namorada com um fantasma.

Jeremy rosnou e puxou Elena para mais perto, mas ela se soltou.

– Você transou com Isabella?

– Eu... – Damon respirou fundo e fechou os olhos. Esperava os gritos e tapas de Elena, mas ela estava parada, irritada. De certa forma, aquilo era pior.

– Agora fica interessante. – Katherine disse sorridente enquanto se ajeitava no sofá, Stefan se aproximou do irmão, cauteloso.

– Depois de tudo que passamos, você ainda me trai?

– Elena eu... eu não...

– Por que? Não era o suficiente? Depois de tudo que passamos para ficarmos juntos você me traí com a primeira vadia que aparece?

– Epa, olha como fala dela. – Katherine se levantou, na defensiva. – Sou a única que pode xingá-la.

– Quem te contou, Jeremy? - Damon perguntou, irritado. Pretendia contar a Elena, mas não dessa forma.

– Kol Mikaelson contou a mim e a Bonnie. – ele respondeu enquanto encarava Elena. Queria tirar a irmã dali, levá-la para o mais longe possível dos Salvatore's, livrá-la de toda essa encrenca.

– Foi só pra conseguir informação, não foi?

– AH, iludida. – Katherine soltou uma gargalhada, Stefan resolveu que o melhor era tirá-la dali e deixar que Damon e Elena se resolvessem. Jeremy relutou, mas, por fim, deixou que fosse levado pelo Salvatore caçula.

Damon tentou responder, buscar uma forma coerente de dizer que não foi só por informação. Antes que a primeira palavra saísse, Elena o acertou com um tapa.

Ótimo. Pensou Agora vem os gritos, tapas e choros.

– O que você quer comigo? – Bonnie perguntou desejando que Isabella viesse checar o que estava errado, mas parecia que ela estava entretida demais em uma conversa com Elijah.

– Não a espere, Elijah é preocupado e gosta de conversar, eles demorarão algumas horas. Tempo o suficiente para nós duas, não acha?

– O que você quer de mim?

– Ora, Bonnie, apresentar-lhe minha versão da história. Você sabe tão pouco, deveria estar do lado de suas irmãs, não de uma traidora sanguinária como Isabella.

– Não, estou do lado certo.

– Quem lhe contou a história toda? O amantezinho dela? É uma pena que ele esteja morto, Bennett.

Antes que Marissa continuasse sua falação, Isabella entrou no quarto e encarou Bonnie. A imaginem da bruxa se desfez e Bonnie agradeceu mentalmente por isso.

– Tudo bem? – Perguntou com careta confusa, a âncora assentiu.

– Só... mortos, enchendo o saco.

Bella sorriu gentilmente e estendeu a mão.

– Vamos conhecer a cidade. Temos alguns minutos de diversão antes do trabalho pesado começar.

Bonnie respirou fundo e assentiu, dando-se o luxo desses poucos minutos divertidos.

– Nós já estávamos quebrados. – Elena disse secando as lágrimas que ainda escorriam, não conseguia se controlar mais.

– Eu sei.

Damon estava afastado e com lágrimas nos olhos. Minutos se seguiram de discussão, gritos e choros de ambos lado.

– Talvez tenha sido para o bem, não? Talvez tenha sido melhor, não? Nunca daríamos certo, de qualquer forma.

Aquilo doía em Damon, era um término doloroso. Depois do tanto que sofreu para conquistar a garota, um erro seu a fazia ir embora. Se recusava a pensar que já estavam quebrados, que querer um ao outro era uma paixão temporária, algo como desejo impossível, amor proibido e que tudo estava desmoronando há tempos. Elena não era o tipo de Damon, Damon não era o tipo de Elena. Não tinha como darem certo, de qualquer forma.

– Eu realmente amei você, Elena. – ele soltou o copo na mesinha e se aproximou de Elena, segurando-a delicadamente. – Eu realmente quis você.

– Eu também Damon, eu... eu realmente amo você Damon. Mas não daríamos certo. Não podemos...

– EU sei.

E com um olhar compreensivo, eles se deram o luxo de um último beijo, um ultimo abraço. Abraço que demorou longos minutos para acabar, eles não queriam que o paraíso deles acabassem de vez.

– Eu tenho que ir. – Elena se afastou e encarou o irmão que descia as escadas, a expressão preocupada. – Preciso saber para onde Bonnie foi...

– Bella a levou para New Orleans, vão atrás de bruxas e pedir para Klaus resgatar Caroline e Enzo.

Elena o encarou confusa, então o desespero de saber como suas amigas estavam a deixou sem ação. Damon tentou tranquilizá-la, mas parecia difícil.

– EU me concentrei tanto em mim mesma que esqueci sobre elas! Meu Deus! Caroline... tem alguma notícia dela? Precisamos...

– Isabella resolverá isso. – Damon lhe mandou um sorriso fraco. – Caroline e Bonnie ficará bem. Agora... você tem...

– Voltar pra faculdade. – Stefan se aproximou dos dois e colocou a mão no ombro de Elena. Katherine resmungou da escada e decidiu ir pro seu quarto, se arrumar. – Vá para a faculdade e faça sua lição, concentre-se em você, ok?

Após um pouco de teimosia, Elena decidiu seguir o conselho de Stefan. Após uma ultima olhada em seus ex-namorados, chegou a conclusão de que precisava realmente voltar para a faculdade e tentar ter sua vida humana. Não sabia por quanto tempo isso duraria, a preocupação sobre Caroline e Bonnie a deixou inquieta. Ela queria ser um pouco egoísta, queria procurar uma cura para o vampirismo e se tornar humana, tentar uma vida normal com Jeremy e bem longe de Mystic Falls, mas não podia deixar sua família e seus amigos para trás.

Toda essa confusão estava a matando, ainda mais saber que Damon havia a traído com sua suposta inimiga. Cansada de tanto pensar, Elena decidiu se esconder debaixo das cobertas de seu quarto e chorar até cair no sono.

– Bella?–- Stefan perguntou do outro lado da linha, confuso. Isabella suspirou e se encostou na parede perto do restaurante.

– Sim, Stefan?

– Como vão as coisas aí? Você e Bonnie estão bem?

– Sua bruxinha está bem, até agora ninguém tentou matá-la. Tudo ocorre... perfeitamente bem.

Observou Klaus sujo de sangue das duas bruxas que atacou até fazer um tratado de examinar Isabella e assumirem que, embora não fossem causadoras do que acontecia com Isabella, estavam satisfeitas com o estado dela.

– Eu... bem, Elena soube sobre a traição de Damon.

Bella soltou um suspiro e massageou sua cabeça em várias partes, até sentir as mãos de Elijah em seus ombros. Sorriu satisfeita enquanto as mãos do Original a massageavam nos ombros, nuca e cabeça.

– E como agiu?

– Choro, grito e alguns tapas em Damon.

– Hum...

– Você a torturou.

– Stefan, não estou com cabeça para lidar com problemas, não agora.

– Queria saber se, de alguma forma, você tinha uma cura para o vampirismo. Você que, bem, é você. – Stefan soltou um riso nervoso. – Sei que não gosta de Elena, ainda mais pelo o que ela fez com Kol, mas... Será que...

–-Eu gosto de Elena, Stefan. O que me impede de matá-la é justamente isso. Não se preocupe, tenho cada passo calculado.

Sem esperar por respostas, Bella desligou o telefone no exato momento em que Klaus voltava, irritado.

– Espero que sua querida filha não tenha feito Caroline sofrer tanto.

– Acho que a loura merece. E, pense bem, você salvando a donzela em perigo lhe dará uma credibilidade, príncipe encantado. – Bella soou irônica, mas sorria verdadeiramente feliz.

– Não sou príncipe, meu amor. Sou o rei.

Sem dizer mais nada, Klaus se afastou de toda a sujeira.

Bella mandou um olhar duro para a dezena de bruxas que se recusavam a dizer o que Isabela tinha, mas não foi causado por elas. Segurou a mão de Bonnie e Elijah e então se afastaram daquela área de New Orleans. As duas tinham alguns grimórios para ler e algumas bruxas para conversar. Pelos cálculos de Bella, as duas ficariam em New Orleans por três longos dias.

Stefan mordeu os lábios enquanto se aproximava de Damon na varanda, ele tinha uma garrafa de uísque já vazia nas mãos e olhava para o céu como se buscasse alguma resposta.

– Quer conversar? – perguntou cauteloso enquanto se sentava no batente.

– Não.

– Damon...

– EU disse; não. Qual sua dificuldade de entender a droga de uma simples palavra?! – exclamou revoltado, ainda sem desviar o olhar do céu fracamente colorido pelo pôr do sol.

– Você está magoado.

– E ainda não matei ninguém, salve a mim que poupa a humanidade. – ergueu a garrafa e depois tomou as últimas gotas da bebida. Irritado, atirou a garrafa no quintal.

– Tentei pedir a Bella uma cura pra Elena.

– Quando você tentou salvá-la de ser vampira, não era por você, era? – Damon o encarou agora, um tanto magoado. Stefan olhou ao redor enquanto falava;

– Eu não me importaria se Elena quisesse ser vampira, mas simplesmente não é da natureza dela. Elena... quer ser humana, mas vive nesse show de horrores e teve que fazer parte. Ela é humana por dentro. Queria salvá-la de se tornar algo que não quer.

– Você sempre foi o melhor para ela. Enquanto eu... sou apenas o cara mal que corrompe as pessoas e mata inocentes.

– Você foi a melhor coisa que aconteceu na vida dela, Damon. – A confissão fez com que Damon ficasse confuso, e agora os Salvatore se encaravam sem ousar quebrar o contato visual. – Elena me amou e eu amei Elena, tudo o que ela era, a bondade, a confiança e a vontade de salvar o mundo. Eu honrei todos os desejos dela, mas você... Você a desafiou, você despertou um lado selvagem e animado dela, a fez se sentir ainda mais especial. Deu sentimentos reais a ela. Você sempre a salvava no fim do dia e a amava de qualquer forma; humana ou vampira. Eu lutei pelo que Elena queria ser, não pelo que ela se tornou. Em vez de ajudá-la a aceitar o que era...

– Você quis consertá-la.

– Exato, e isso acabou conosco. Por que ela cresceu, mudou. Não era mais a garota confusa que ainda sonhava em ter uma família. Era uma mulher que perdeu demais. E você esteve lá em todos os momentos que ela precisava.

– E estraguei tudo. – Damon disse enquanto fechava os olhos. Stefan soltou um riso fraco e balançou a cabeça.

– Vocês não dariam certo, qualquer um podia ver isso. Elena quer ser humana novamente, você nunca foi o cara romântico. O romance acabaria logo, de qualquer forma.

– E ela voltará para você.

– Eu acho que minha história com Elena chegou ao fim.

Olhando para a entrada da mansão, Stefan desejou que Katherine voltasse. Ela tinha saído após toda aquela confusão; algo haver com “Matt” e estava fora há duas horas, sem qualquer sinal de que ainda estava viva.

– Você se apaixonará pela Katherine. De novo. Vai quebrar seu coração.

– Katherine está presa, Damon. Ela aprisionou a garota que havia dentro de si por ter que fugir dos Mikaelson, ter uma filha roubada, a família morta.

– É uma vadia que nos fez sofrer.

– Ela não tinha escolha, ou deixava de sentir, ou...

– Stefan, Stefan, sempre acreditando no melhor das pessoas. Vai se magoar.

– Damon, sempre acreditei que um dia você se magoaria e ficaria apenas refletindo sobre isso, não descontando sua raiva em inocentes. Após décadas e muitas decepções, aqui estamos nós. Eu acredito no verdadeiro lado das pessoas, luto por elas. E a recompensa é gratificante.

Com dois tapas no ombro do irmão, Stefan se levantou e foi para o quarto esperar que Katherine voltasse segura.

Damon continuou por algumas horas no quintal, refletindo sobre o que seu irmão disse. Embora o impulso de sair matando qualquer um que aparecesse em sua frente fosse grande, ele sentia uma tremenda vontade de reprimi-lo. Sentia-se cansado dessa rotina.

Olhou para a porta fechada de sua casa como um agradecimento silencioso para Stefan. Então decidiu que precisava dar uma caminhada para acalmar os nervos e refletir sobre o que tinha feito e o que faria agora. Sorriu enquanto murmurava a baixa frase para si mesmo;

– Quando fizer merda, vá dar uma caminhada. Tenho um longo caminho para percorrer então.