1505

– Isabella. – Klaus chamou enquanto se aproximava.

– Niklaus. – Isabella o cumprimentou enquanto guardava a espada, Emmett suspirou e fez uma breve referência ao pequeno rei. – Por que interrompe meu treino?

– Treino que não deveria existir. Se me lembro bem, a proibi de o fazer. – Com um aceno de mão, Klaus dispensou Julian, seu soldado. – O senhor McCartney deveria estar em sua cela como qualquer prisioneiro acusado de diversos roubos na aldeia, e não te ensinando a lutar com espadas, coisa que donzela alguma deveria aprender.

Isabella ajeitou a trança de seu cabelo e se aproximou de Klaus, estava tão próxima que podia sentir o cheiro dele.

– Você não suporta, não é? – Perguntou com um sorriso irônico. Com um breve “Eu vou indo”, Emmett se afastou dos dois, escondendo-se pelo castelo enquanto procurava por Jacob. Isabella continuou encarando Klaus, cada vez mais animada. – Não suporta que alguém possa vencê-lo em algo.

– E esse alguém me venceria em que? Sou o rei, nada pode me derrotar. – Klaus ergueu os braços e depois deixou as mãos baterem ao lado de seu corpo, sorrindo á altura de Isabella.

– Nos sentimentos. Qual é, Niklaus, você não me suporta. Eu sou uma mulher, humana, e mesmo assim consigo te contrariar. Eu sei todas as armas, eu lindo bem com minha mente e com alguns... Feitiços. Eu sei onde pisar, o que falar, e lutar pelo que quero.

– Vejo que lhe ensinei bem, garota atrevida. Mas não ouse usar sua sabedoria contra seu mestre, você pode perder.

Isabella revirou os olhos e se aproximou um pouco mais de Klaus, colocando a mão no rosto dele.

– Emmett McCartney deveria perder a mão por todos os roubos, mas provavelmente a corte o condenará á morte, por tudo. Ele não tem família, Princesa das Trevas, é um caso perdido. – Klaus se afastou e andou ao redor de Isabella. Mesmo irritada, a garota conseguiu se controlar.

– Ele tem a mim. Eu sou a família dele.

Klaus soltou uma risada irônica.

– Você se acha o suficiente, mas não é. Não pode dar uma família ao garoto pobre só porque o ama.

– Na verdade, eu posso. Emmett McCartney é meu amigo, meu irmão. Ele viverá nesse castelo como um hóspede e não um prisioneiro. Se seu querido povo questionar, olhe-os nos olhos e os convença, não é como se você não tivesse feito isso tantas outras vezes. – Sorrindo irônica, ela se virou para Klaus e entrelaçou as mãos na frente do corpo. – Você gosta de ter um reino, mas teme sair do trono. Eu sou sua filha, Niklaus, fui criada, educada e amada por você. Sou sua mais perfeita cópia, mas mantenho uma coisa que você não consegue conquistar por aí sendo rei.

–-E o que seria? – Klaus perguntou enquanto se apoiava no tronco perto das espadas.

– Lealdade. Eu não quero seu lugar, quero estar ao seu lado. Não vou interromper meus treinos, minhas aulas ou me livrar de Emmett. Não deixarei que tire de Jacob a liberdade de transitar por essa casa, ele não é seu escravo.

– Os Blacks foram criados para me honrar, me servir. – Klaus se exaltou um pouco, mas tentou manter o controle após algumas respiradas, então retornou a falhar. – Você, mais do que ninguém, é culpada pela morte de Billy Black. Jacob perdeu o pai pois você queria salvá-lo de algo que foi destinado a ser; meu servo. Eu os acolhi, não os tirará de mim mais. Eu não gostei de matá-lo, Isabella. Mas as vezes temos que fazer coisas ruins para manter o controle.

Bella suspirou e baixou a cabeça, rendida. Uma coisa que Elijah havia a ensinado, era reconhecer quando estava errada. Esse era o momento de se desculpar para Klaus.

– Eu errei, Niklaus. – Se aproximou de cabeça baixa. – Eu o julguei errado, não percebi o quão poderoso era e o que precisava para manter o controle. Achei que tratava os Black como seus servos apenas por diversão e para estar no poder, mas isso significava manter a ordem, a paz entre os lobos e sua origem de vampiros. Achei que... estava os deixando livre, bem, e acabei por matar o pai do meu melhor amigo.

– É bom ver que reconhece seus erros. – Klaus sorria irônico, Isabella o encarou um tanto irritada, mas soltou um sorriso sincero.

– Não se vanglorie tanto, Niklaus, eu estou reconhecendo meus erros, mas isso não me faz mais fraca.

Klaus riu e retirou duas espadas do suporte, entregando uma a Isabella.

– Você não deveria aprender a lutar com um ladrãozinho humano, eu posso lhe ensinar muito mais.

– Ótimo. – Isabella disse sorrindo enquanto se afastava alguns passos.

– Segure a espada direito, princesa, ou posso arrancá-la facilmente.

Isabella riu e investiu contra Klaus. Com agilidade, o mesmo se desviou do ataque e retrucou, com um sorriso sincero no rosto. Não precisavam de mais desculpas, de acertas as contas ou conversar a sério sobre os defeitos e acertos de cada um, Niklaus e Isabella estavam acostumado com isso á tanto tempo que preferiam não mudar em nada.

…

Meses Depois.

Duas batidas ecoaram pelo quarto de Isabella. A garota desviou o olhar de seu desenho e encarou Elijah com um sorriso no rosto.

– Atrapalho? – O original perguntou enquanto se aproximava de Isabella.

– Não, estava apenas desenhando para passar o tempo.

Elijah pegou o papel da mesa e observou o desenho; era Jacob em forma de lobo. Isabella o vira tantas vezes transformado desde que o incidente ocorreu, mas mesmo assim não acreditava na beleza e na mágica dele.

– Você realmente gosta do seu melhor amigo, não? – Elijah puxou a cadeira para se sentar ao lado de Isabella.

– Jacob é meu irmão, eu o amo. Ele e Emmett são... Mais do que eu mereço.

– Não diga isso, você merece muito mais do que tem. – Sorrindo amigável, Elijah lhe entregou o desenho. – Ele superou a morte do pai e o assassinato?

Isabella respirou fundo com aquelas palavras e fechou os olhos. Lutou ao máximo para impedir que a cena a perturbasse novamente; Os escravos de Klaus revoltados com a arrogância dele e se manifestando, o sequestro de Bella para atingir Klaus e Jacob a resgatando, matando um homem comum para impedir que sua melhor amiga morresse. Condenado á ser lobisomem por seu ato, mas não era algo que ele se arrependia.

– Ele matou alguém por mim, se transformou em lobo e eu o agradeci enviando seu pai à morte. – Isabella resmungou enquanto apoiava os braços na mesa.

– Não empurrou o pai dele a morte, Billy Black sabia que, ao tentar livrar a si e todos os lobos de Klaus era algo irremediável e impossível, mas ele queria tentar. Tanto ele quanto você não sabia que tudo que Klaus fez era para manter o controle. – Elijah a tocou no ombro, tentando acalmá-la. – Klaus mantém os lobos no controle, são submissos a Klaus e, embora pareça uma prisão, isso os impede de virarem prisioneiros. Diferentes de nós, vampiros, quando um lobisomem se irrita e começa a matar, ele não para.

Isabella sabia bem disso. Klaus a aterrorizava quando pequena contando histórias de lobisomens que destruíram vilas inteiras em seu acesso de raiva. Quando um lobo se irritava e se transformava, a raiva o cegava a ponto de estraçalhar quem estiver perto, até que não haja mais ninguém ou que seja parado por alguém mais forte.

– De qualquer forma... Ele me perdoou por isso. Mas...

– Você não se perdoou. – Elijah se levantou e deu alguns passos ao redor do quarto. – Estou preocupado com seus sentimentos, você e Jacob são muitos amigos, mas Emmett também.

– Tio Elijah...

– Eu sei que eles são só seus amigos, não me preocupo com isso. – Elijah se aproximou a sobrinha que agora se levantava, com um suspirar triste. – Mas existe Kol...

Isabella resmungou baixo e ajeitou a postura.

– Eu sei que é meio errado me envolver com meu... tio. – Disse Isabella, cautelosa. – Mas eu gosto de Kol, ele é lindo, e incrível.

– Você o ama? – A pergunta de Elijah a deixou calada. Mas não era um silêncio de confusão, era um silêncio de culpa. – Meu irmão acredita que você tem sentimentos a mais por ele. Se envolvendo com ele por anos, mas nunca assumindo nada. Ele mesmo já conversou comigo sobre achar que esconde seus sentimentos por causa do Klaus pensará. Mas, Isabella, isso é verdade?

Isabella suspirou e foi até sua cama, se sentando na beira. Sentiu a cama afundar ao seu lado, mas não levantou o rosto. Sua voz foi fraca e quase inaudível por Elijah;

– EU amo Kol, realmente amo, mas... Não é dessa forma. Somos divertidos, mas...

– Eu entendo. – Elijah tentou acalmá-la.

– Não quero que o que temos acabe, mesmo que não seja algo oficial. – Isabella agora o encarava, assustada. – Eu não quero magoá-lo, mas eu realmente gosto dele, só que não da forma esperada.

– Nós entendemos, só precisávamos esclarecer. As pessoas, nós, e até mesmo ele se sente confuso. Até porque você sempre se guardou, a única pessoa que tocou em seus lábios, foi Kol, embora você pudesse ter quem quiser.

– Não estou apaixonada por ele, não quero me casar ou viver juntos. – Isabella suspirou e abraçou Elijah. – Mas eu gosto de estar com ele. Podemos parar de falar sobre isso?

– Claro.

Elijah a beijou de leve na cabeça. Alguns segundos após esse momento de afeição, Isabella se levantou e parou na frente de Elijah, agora séria.

– Bom, já que estamos conversando sobre assuntos importantes... Eu tenho um para discutir e chegaremos em uma conclusão ainda hoje.

Confuso, Elijah se remexeu na cama.

– E qual seria esse assunto?

Isabella respirou fundo e criou o máximo de coragem para finalmente entrar nessa luta e vencer.

– O assunto é sobre Katerina Petrova. Eu quero conhecer minha mãe. E quero conhecê-la agora.