Os Encantos De Anúbis escrita por Sarah Colins


Capítulo 4
Capítulo 3 - Carter e seu timing perfeito


Notas iniciais do capítulo

Oi amigos, tudo bem!?
Postando o capítulo de semana passada, que não deu pra atualizar porque o NYAH estava fora do ar. Postei no facebook ele, mas tbm tem que atualizar aqui né, lógico! :D



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Ponto de vista de Carter

Quando alguém diz que está prestes a conhecer a família da namorada, já se imagina uma situação no mínimo constrangedora. Imagina então se essa família for uma das mais tradicionais do Egito e que inclusive são descendentes de magos poderosos da Casa da Vida. Acrescente o fato de que a sua namorada também não os conhece e está ainda mais nervosa do que você pelo encontro. O resultado é nada menos do que um garoto apavorado. Sim, muito prazer, sou Carter Kane. Como se ainda desse para piorar, eu não podia deixar transparecer que estava com tanto medo. Tinha que dar suporte a Zia. Era um momento difícil para ela e eu tinha que estar lá para apoiá-la, não para preocupá-la ainda mais.

Então fiz o que normalmente faço. O que na verdade havia se tornado algo comum para mim. E eu estava ficando bom naquilo. Manter a pose de confiança, como se tivesse todo o controle da situação, como se soubesse exatamente o que estava fazendo, como se nada pudesse me assustar. Não sei se Zia iria acreditar na minha farsa, meus inimigos normalmente o faziam, mas ela me conhecia tão bem que eu não tinha certeza. Aquela pista sobre seus parentes havia chegado tão de repente, tão “do nada”. Ambos sabíamos que podia ser uma armadilha. Algum servo de Apófis que tivesse sobrevivido a batalha do “Juízo Final” e estivesse querendo vingança. Mas a perspectiva de que algum familiar de Zia pudesse realmente ter escapado vivo da tragédia que destruiu sua vila, era boa demais para ser ignorada. E o lugar para onde estávamos indo era conhecido e estava cercado de magos conhecidos. Teríamos muita ajuda se por acaso houvesse algum ataque.

Eu realmente esperava que não fossemos atacados. Não que eu temesse o confronto ou estivesse enferrujado para lutar. Mas é que já estava com coisas demais na cabeça. E acredite, se fosse apenas por mim, e eu pudesse escolher entre lutar e encarar a família da minha namorada eu já estaria escolhendo minhas armas. Só que eu sabia o quanto aquilo era importante para ela, então do fundo do meu coração, por mais que estivesse tremendo de medo, eu queria que a pista fosse verdadeira. Zia ficaria arrasada se não fosse. Ela estava cheia de esperança, eu nunca a vira desse jeito. Seria terrível se fosse mentira. Só de pensar na decepção que ela sentiria eu já tinha vontade de matar outra serpente do caos.

– Acho que é aqui - falou Zia me fazendo voltar ao planeta terra. Parecia que meu bá tinha abandonado meu corpo enquanto eu refletia sobre aquilo tudo.

De repente tínhamos atravessado todo o Cairo e estávamos em frente ao endereço que o “correspondente anônimo” tinha nos passado. Zia Rashid, uma das garotas mais bravas e destemidas que já conheci, transparecia um receio e uma vulnerabilidade que eu jamais vira ao olhar para mim. Senti vontade de abraça-la e confortá-la naquele momento, mas sabia o que ela achava de demonstrações públicas de afeto. Então apenas lhe devolvi o olhar tentando transparecer segurança e conforto. Assenti e esperei até ela reunir coragem suficiente para bater na porta. Esperamos apenas alguns segundos até uma mulher morena de cabelos escuros vir atender. Não precisava ser nenhum gênio para saber que ela era parente de Zia, a semelhança era impressionante. A mulher sorriu ao vê-la, mas Zia não retribuiu o gesto. Evidentemente a mulher sabia quem ela era, mas Zia nunca a havia visto na vida.

– Zia. Ah, não acredito que é mesmo você! - exclamou a mulher em voz baixa parecendo estar emocionada.

– Me desculpe, eu conheço você? É que não me lembro... - ela falou insegura. Apesar de ter recuperado suas memórias depois de ficar tanto tempo “congelada”, Zia ainda tinha receio de não ter se lembrado de todo seu passado.

– Sim. Mas você não teria mesmo como se lembrar, era apenas um bebê - respondeu a moça deixando-nos ainda mais confusos - Me desculpem, vou explicar exatamente quem sou e como tudo aconteceu. Mas primeiro entrem e fiquem à vontade.

Entramos, apesar de ainda estarmos um pouco receosos. Mesmo com toda a hospitalidade e simpatia, aquela ainda podia ser uma armadilha. Fomos cautelosos, como sempre, preparados para reagir a qualquer momento. A possível parente de Zia percebeu nosso desconforto e tentou nos tranquilizar, o que não mudou em nada nossa postura. Então ela simplesmente pediu que a gente se sentasse e começou a contar uma longa e interessante história. Ela dizia ser Reyna Rashid, irmã do pai de Zia, que morreu junto com toda, ou quase toda a família dela, quando destruíram sua vila. Era muito difícil acreditar naquilo, mesmo com a grande semelhança entre a mulher e Zia. Mas continuamos a ouvir atentamente o que ela dizia.

Segundo seu relato, ela havia tido uma briga muito séria com o irmão anos atrás, pouco depois de Zia nascer. Ela mal pode conviver com a sobrinha, pois decidiu deixar a vila e se afastar da família, pois sempre teve ideias diferentes das deles. Ela viveu muitos anos afastada e chegou a acreditar que jamais voltaria a vê-los. Quando soube que tudo havia sido destruído, ela se arrependeu e tentou voltar para lá. Tentou procurar algum sobrevivente mais não encontrou ninguém. Ela achou que todos tivessem morrido até ouvir falar de Zia e seu envolvimento com a Casa da Vida. Com toda a confusão que estava com a ascensão de Apófis, ela não pode procura-la até então. A “pista” que tinha nos guiado até lá fora mandada por ela e ela estava realmente muito feliz em termos atendido seu chamado.

– Ok, mas como vou saber que está dizendo a verdade? Como vou saber que não está inventando tudo isso e na verdade é um inimigo que quer nos destruir? - questionou Zia de forma bem direta.

Reyna sorriu com a falta de pudor da minha namorada. Não pareceu se incomodar com a desconfiança dela. Na verdade parecia já esperar por isso. A mulher então pediu que esperássemos enquanto deixou o cômodo indo até os fundos da casa. Troquei um olhar de dúvida com Zia. Era a hora da verdade. Ou ela traria algo que provaria que estava dizendo a verdade, ou então estava convocando reforços ou algum deus do mal para nos aniquilar de vez. Felizmente Reyna voltou sozinha, apenas com uma caixa nas mãos. Qual era a probabilidade de haver ali alguma arma secreta, ou algum monstro perigoso o bastante para nos matar? Antes que eu pudesse terminar os cálculos mentais ela tirou da caixa um enorme álbum de fotos.

– Trouxe isso comigo quando fui embora. Por mais carrancuda que eu fosse, não podia simplesmente ficar sem nenhuma lembrança da minha família - falou ela entregando o álbum a Zia.

Do jeito cuidadoso com que ela pegou o objeto devia estar achando que podia ser uma “bomba” ou algum outro tipo de arma. Ou talvez fosse o fato de ela ter medo de ver a prova de que tudo que ouvira era verdade. Acho que descobrir que existe um parente seu vivo, quando acreditava que todos estavam mortos, seria mais apavorante que qualquer coisa. Corajosamente a garota abriu o álbum e folheou as páginas. Sentado ao seu lado eu pude ver as fotos. Não reconheci ninguém, mas eram todos parecidos com Zia. Quando voltei a olhar para ela vi que estava chorando. Gravei aquela imagem bem em minha mente. Zia Rashid chorando não é algo que se via todo dia.

– Esses são meus pais - apontou ela para que eu visse. E ao lado da foto dos pais de Zia havia uma foto de Reyna. Era antiga, mas eu a reconheci facilmente. Ela estava com um bebê no colo.

– E essa é você - informou Reyna que havia se aproximado para olhar as fotos também.

Soube que era a hora de dar um pouco de privacidade a elas. Então disse que precisava ir ao banheiro. Demorei mais tempo do que o necessário. Esperei que elas estivessem se entendendo enquanto isso. Sabia que em questões emocionais Zia não era exatamente uma expert. Talvez fosse demorar bem mais para sua tia conseguir quebrar o gelo e se entender com a sobrinha. Resolvi voltar mesmo assim, antes que alguém pensasse que eu estava passando mal. Quando retornei à sala de estar em que estávamos já não havia ninguém. Meu instinto logo me fez pensar no pior: Zia havia sido raptada! Aquela mulher era uma farsante e aquelas fotos eram algum produto de ilusão para nos enganar!

Todo o meu alarme pareceu muito estúpido quando ouvi vozes vindo da cozinha. Reconheci uma delas como a de Zia. Era impressão minha ou ela estava rindo? Por Rá, aquela tal de Reyna devia ser uma maga poderosa. Zia rindo era uma das coisas mais raras que eu já vira. Era um dos meus sons favoritos no mundo também, então esperei alguns instantes para ir até onde ela estava. Sabia que minha chegada poderia quebrar a descontração entre elas. Mas antes que eu decidisse me juntar as Rashid, ela me chamou. Reyna nos ofereceu um café da tarde muito generoso e delicioso. Comemos e conversamos muito. Mais tarde Zia descobriu que também tinha um tio e um primo. Um garotinho de 4 anos de idade que pareceu se apaixonar por Zia no mesmo instante que a vira. Eu não podia culpa-lo por isso.

Saímos de lá quando já havia escurecido. Tanto Reyna como Zia prometeram manter contato e voltar a se ver em breve. O que eu achei ótimo, afinal não me importaria nenhum pouco de contar com a hospitalidade deles cada vez que viéssemos para o Egito. Agora que o “pior” já havia passado, sugeri a Zia que aproveitássemos o tempo que ainda tínhamos ali para nos divertir. O obelisco por onde havíamos passado só estaria pronto para um novo portal dali a um ou dois dias. Arrumamos um lugar para ficar, um hotel no centro do Cairo. E depois saímos para jantar. Não éramos de fazer coisas muito românticas, mas naquele dia havia acontecido algo muito importante e precisava ser comemorado.

– Obrigada - disse Zia em certo ponto da noite.

– Não tem nada que agradecer - respondi.

– É claro que tem - retrucou ela - Não é qualquer namorado que viria até o outro lado do mundo só para ir atrás de um pista tão pouco provável como essa.

– Mas valeu a pena, a pista era verdadeira afinal. E mesmo se não fosse, mesmo se fosse um armadilha, mesmo se estivéssemos presos agora, sendo reféns de magos inimigos. Não me arrependeria de ter vindo. Teria ido até o fim do mundo, e além dele se me pedisse. Sabe que faria qualquer coisa por você.

– Eu sei - ela sorriu e eu perdi totalmente a minha capacidade de raciocinar - E é por isso que é meu namorado. Por isso eu te amo.

Ela chegou mais perto com sua cadeira e me beijou. Ali na frente de várias pessoas. Fiquei sem reação. Como Zia havia mudado tanto em um só dia? Conhecer seus parentes parecia ter dado um novo sentido para a vida dela. Apesar de eu sempre ter gostado dela do jeito que era, também gostava dessa nova Zia. Depois do jantar fomos dar um passeio pelo centro comercial. Era muito bonito ali a noite. O clima estava perfeito. Perfeito até minha querida irmã interromper tudo com uma ligação. Ela queria saber quando eu voltaria para casa. O estranho foi que ela somente perguntou isso. Não reclamou de estar tendo que cuidar de tudo sozinha nem nada. E quando eu disse a ela que talvez voltasse dali a dois dias, ela pareceu desapontada, o que não me surpreendeu nenhum pouco.

Felizmente a pequena intromissão de Sadie não estragou o resto da noite. Continuamos caminhando de mãos dadas até encontrarmos um lugar tranquilo para nos sentarmos. Conversamos e nos beijamos muito. Mais nos beijamos que conversamos na verdade. Depois, quando começou a ficar tarde, voltamos para o hotel. Estávamos no mesmo quarto, afinal não tínhamos dinheiro para alugar dois, mas dormimos em camas diferentes. Ainda não havíamos dado esse “passo” na nossa relação. E eu não estava com pressa. Ainda era tudo muito ressente. Às vezes eu acordava e tinha que convencer a mim mesmo de que era tudo verdade, eu realmente estava namorando a garota dos meus sonhos.

Passamos mais momentos incríveis no dia seguinte. Fomos visitar alguns locais históricos e até as pirâmides do Egito. Ainda bem que o deus do caos não tinha conseguido destruí-las, eram realmente muito bonitas. A noite encontramos alguns magos da Casa da Vida que arrumaram um jeito de voltarmos para a casa sem ter que esperar o obelisco “esfriar”. Era um pouco tarde, mas achei que não haveria problema. Sadie com certeza não ficaria feliz em me ver tão cedo de volta, mas ela teria que aceitar isso. E eu já estava ficando com saudade de irritá-la um pouco.

Ponto de vista de Sadie

Não sei porque Anúbis havia construído um quarto só para si na Casa do Brooklyn sendo que ele passava a maior parte do tempo no meu. Confesso que não me importaria se ele quisesse dividir o quarto e cama comigo. Eu tentava não pensar nele dessa forma, por ele ser um deus de não sei quantos milhões de anos, mas não conseguia. Além de ele ser lindo, era meu namorado. Não tinha como não me perguntar: o que faríamos quando as coisas começassem a ficar mais... “quentes”? Eu sabia que, de acordo com a história dos deuses egípcios, relacionamentos amorosos e sexuais eram possíveis entre humanos e deuses, e que eles até podiam ter filhos. Mas como será que isso realmente acontecia? Será que era exatamente igual a relação entre humanos, ou será que era algo apenas espiritual? Ou havia algum tipo de ritual estranho?

– Sadie? - chamou Anúbis enquanto passava a mão na frente do meu rosto - Ainda está aqui comigo, ou seu bá deixou seu corpo estando acordada?

– Estou aqui - respondi depois de sacudir a cabeça e afastar meus pensamentos pervertidos - Só estava distraída, o que você disse?

– Eu disse que é sua vez de escolher o filme.

Claro, o filme. Como se escolher o filme fosse assim tão importante. Eu geralmente não prestava a mínima atenção a televisão enquanto Anúbis estava no meu quarto. Deixávamos ela lá ligada e ficávamos nos beijando a maior parte do tempo. Em cima da minha cama. É, eu ia escolher um ótimo filme! Olhamos a lista do pay per view e escolhi um romance. Não seria a minha primeira opção de jeito nenhum. Mas eu estava me sentindo meio sentimental aquela noite. Queria deixar o clima propenso para o romance, se é que me entende.

– Achei que não gostava desse tipo de filme - perguntou o garoto dos olhos tristes me encarando.

– Não gosto - resmunguei sem olhar para ele - Mas achei que você gostasse então escolhi.

– Achou que eu gostava é, sei... - brincou ele chegando mais perto e me roubando um beijo - Admita que está começando a curtir coisas românticas.

– Mas é claro que não, está louco?

– Bom, se não gosta então melhor eu voltar para o meu quarto e irmos dormir os dois.

– Ei espere - falei quando o vi virar e tentar levantar da cama - Aonde pensa que vai? Volte aqui!

O puxei pela blusa e quando ele veio em direção a mim o inevitável aconteceu. Nos beijamos e sem perceber me deitei sobre o monte de travesseiros que havíamos colocado para nos encostar enquanto víamos o filme. Anúbis estava em cima de mim e eu estava bem consciente de suas mãos na minha cintura. Meus dedos se enterraram em seus cabelos negros e sedosos. A gente sempre acabava se beijando uma hora ou outra enquanto ele estava ali. Não era algo exatamente incomum. Mas dessa vez a coisa estava mais intensa. Nem sequer tínhamos dado o play no filme. Não havia o som da tevê ao fundo para disfarçar os ruídos que fazíamos enquanto a pegação rolava. E digo assim de forma bem clara para que você entenda como a coisa estava realmente boa!

Não sei quanto tempo tinha se passado. Quando eu beijava Anúbis eu perdia totalmente a noção do tempo, as horas e minutos deixavam de ter importância. Só pensava nele e em nada mais. Só sei que eu não estava nem perto de querer me afastar dele quando alguém entrou no meu quarto sem bater na porta e nos pegou no flagra. Vou te dar só uma chance para adivinhar quem foi... Se você disse o imbecil e terrivelmente inconveniente do meu irmão Carter, você acertou! Parabéns!! Retire seu prêmio na Casa do Brooklyn a partir de amanhã em horário comercial.

– O que está fazendo aqui?! - foi tudo o que consegui dizer enquanto ele me olhava com aquela cara de assombro como se eu tivesse cometido algum crime.

– Eu é que pergunto! - exclamou ele de volta parecendo incrédulo.

– Estou no meu quarto com meu namorado, oras! - rebati enfurecida - E desde quando entra no meu quarto sem bater na porta?! Aliás, você não disse que voltaria em dois dias?!!!

– É, acho que já vou indo - falou Anúbis com uma cara de puro constrangimento, levantando da cama e desaparecendo.

Me irritei ainda mais com isso. Ele não devia ter ido embora. Era como se estivéssemos fazendo algo errado. Como se Carter tivesse razão em ficar tão chocado com a cena que vira. E era tudo exatamente o contrário! Virei o olhar novamente para meu irmão e ele continuava me encarando e me julgando com olhar. Devolvi um olhar furioso e me preparei para brigar. Ele iria ouvir poucas e boas e eu não estava nem ai se ele tinha acabado de voltar de viagem. Aquilo não ia ficar assim. E eu usaria magia se fosse preciso.


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Notas finais do capítulo

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