Os Encantos De Anúbis escrita por Sarah Colins


Capítulo 2
Capítulo 1 - A divindade mora ao lado


Notas iniciais do capítulo

Oi galera, tudo bem!?
Primeiro capítulo pra vocês! Seguindo o mesmo esquema que eu fazia nas outras fic's, postarei um capítulo por semana sempre aos domingos. Lembrando que essa fic foi pensada para ser curta, então provavelmente não passará dos 10 capítulos. Em seguida postarei mais fanfic's, mas num estilo totalmente diferente. Aguardem ;)
Boa leitura!!



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Foram as semanas mais tediosas e barulhentas de toda a minha vida. Nunca pensei que aquela obra fosse levar tanto tempo para ser feita. E principalmente nunca pensei que ela causaria tantos transtornos. Diversos cômodos da Casa do Brooklyn tiveram que ser reformados devido aos estragos causados pela batalha que houve entre nossos aprendizes e os magos da Casa da Vida, quando pensaram que estávamos compactuando com as forças de Apófis. Tudo havia virado uma bagunça só. O salão principal estava praticamente em ruinas, a biblioteca fora parcialmente incendiada, por sorte os títulos ali presentes são protegidos por um feitiço poderoso e não se danificaram. Houve também prejuízos em outras cômodos. Sendo assim, muitos tiveram que deixar a casa e passar um tempo fora.

Infelizmente eu não estava incluída nessa lista. Mesmo o meu quarto também precisando de alguns reparos, eu tinha que ficar lá para supervisionar tudo. Ai você pensa: pelo menos ela tem seu querido irmão Carter para dividir a responsabilidade. E eu te respondo: não, ela não tem! Meu amado e insuportável irmão havia viajado durante a reforma. Hoje eu desconfio que talvez tenha sido proposital da parte dele, pois cuidar da reconstrução daquela casa, que era praticamente um palácio, não estava sendo nada fácil. Só não fiquei mais brava com ele e lhe dei uma lição logo que voltou porque ele tinha ido numa missão que até eu considerei justa. Acompanhar Zia até sua terra natal no Egito e ajudá-la a encontrar seus familiares. Também não seria a tarefa mais fácil do mundo, mas eu sabia que ninguém a faria melhor do que Carter Kane.

Sendo assim, eu havia virado a “encarregada” oficial de supervisionar a reforma da Casa do Brooklyn. O que pode até soar importante, mas era uma chatice! Por sorte alguns de meus amigos magos ficaram para ajudar. A magia deles quebrava o maior galho, mas não resolvia tudo. Boa parte das obras teve de ser feita do jeito tradicional. Segundo nosso tio Amós, um lugar com tanta magia não pode simplesmente ser reconstruído com magia, usando um feitiço simples como aquele que junta os pedaços de um objeto quebrado. Toda a proteção que fora criada magicamente ao redor da casa teria que ser refeita depois que as paredes fossem reerguidas. E é claro que eu também seria a responsável por isso. Mas enquanto nada ficava pronto, só o que eu podia fazer era zanzar pelos cômodos e conferir se tudo estava sendo feito direito. Como eu já disse, quase morri de tédio.

Outra coisa também estava contribuindo com meu mal humor naquela semana. E não tinha nada a ver com a poeira no ar, o cheiro de tinta nem com o barulho dos serrotes e martelos. Tinha a ver com meu mais novo namorado, o deus da morte. Aparentemente devia estar acontecendo algo muito importante no mundo dos mortos, pois ele não dava as caras desde aquele último jantar, onde aceitei ser sua namorada. Será que deveria começar a me arrepender de minha decisão? Na hora eu não tinha pensado nas consequências, ele me convencera só com o seu sorriso avassalador. Mas já havia se passado mais de um mês, e nem mesmo uma carta, nem mesmo um encontro “paranormal” através de um sonho havia acontecido. Eu estava com um péssimo pressentimento. Meu pai, que hospeda o deus Osíris, o deus e senhor do reino dos mortos, devia tê-lo castigado por seu atrevimento. Era isso, eu nunca mais poderia vê-lo de novo! Quis me punir fisicamente ao sentir uma lágrima escorrendo por meu rosto. Não seja uma bebê chorona, Sadie, repreendi a mim mesma, você sabia que isso não podia dar certo.

Pensando em como eu havia sido estúpida por acreditar que poderia namorar um deus sem problema algum, caminhei pelos corredores da casa do Brooklyn de cabeça baixa. Se eu estivesse no Duat naquele momento minha aura com certeza estaria negra e minhas feições muito escurecidas. Cheguei ao final do corredor passando pela porta do meu quarto, e logo adiante havia mais um quarto. Era menor que o meu e de Carter e lá costumava ficar um garoto que veio do Kansas há cerca de quatro meses atrás. Ele usara pouco aquele ambiente já que decidiu se mudar para o Cairo e treinar seus poderes na sede do décimo quinto nomo, local onde tinha diversos ancestrais. Logo, eu não consegui entender o que tanto faziam dentro daquele quarto. Eu não estava presente na batalha, mas podia imaginar que ele provavelmente não fora um dos lugares mais afetados. Ainda assim, eu via trabalhadores entrando e saindo de lá a todo momento. Muito barulho podia se ouvir, e sempre que eu tentava entrar para checar como estavam os reparos, um dos aprendizes me impedia, dizendo que estava tudo sobe controle.

E lá estávamos nós, em vias de finalizar as obras, e o cômodo afastado continuava recebendo muita atenção. Mesmo com minha cabeça conturbada pela ausência de Anúbis, eu não pude deixar de reparar naquilo. Estava estranho demais. Eu ia descobrir o que estava acontecendo de uma vez por todas. Bati na porta e como sempre quem veio atender foi Elliot, um aprendiz de 12 anos de idade. Ele havia deixado bem claro desde que a reforma começara, que ele era o responsável por aquele cômodo. Controlava todos que entravam e saiam e parecia ter um cuidado extremo para não deixar ninguém ver o que se passava á dentro. Alguns dias atrás isso não havia despertado minha curiosidade, nem dei bola para o fato. Mas de repente eu parecia ter me tornado mais cautelosa e precisava verificar o que estava acontecendo. Afinal, se algo de ruim ocorresse naquela reforma, a culpa seria minha!

– E ai, Sadie, tudo certo? - me cumprimentou Elliot saindo e logo fechando a porta atrás de si - Posso te ajudar com alguma coisa?

– Pode sim - respondi ríspida já enrugando a testa muito desconfiada - Quero saber o que está pegando ai dentro. Na verdade, quero entrar e dar uma olhada.

– Não tem necessidade disso, sério - se apressou em responder o garoto - Eu estou tomando conta de tudo. Na verdade está quase tudo pronto mesmo, não se preocupe, senhorita Kane, vai ficar tudo pronto a tempo.

– Qual é essa de senhorita Kane, Elliot? - estranhei na mesma hora a forma de tratamento tão formal - Você nunca me chamou assim, aliás, ninguém nunca me chamou assim aqui. E você não me engana garoto, está escondendo alguma coisa. Como é que esse quarto, que é o mais afastado do salão principal está demorando mais do que os outros para ser reparado? Tem alguma coisa errada ai e eu queria saber o que é!

– Por favor, senhori... Sadie - se corrigiu rapidamente antes de continuar - Confie em mim, está tudo sob controle. Tenho certeza que tem coisas mais importantes para verificar na reforma então...

– Elliot, eu vou entrar nesse quarto agora mesmo.

– Não! - exclamou ele com um tom apavorado que logo tentou disfarçar - Você não pode entrar!

– E porque não?!

– Porque... porque... Porque ocorreu um infiltração. É isso! - exclamou o garoto como se tivesse acabado de se lembrar daquele “pequeno” detalhe” - Isso mesmo, uma infiltração horrível, está tudo alagado lá dentro. Não dá nem pra andar direito. Você não ia querer nem ver.

– Pelo contrário, Elliot. Agora é que eu quero mesmo ver! Você diz que está tudo sob controle, que vai ficar pronto a tempo e agora me diz que ocorreu uma infiltração?! - questionei severamente enquanto via o sangue fugir do rosto do pequeno garoto. Não era minha intenção assustá-lo, mas eu havia conseguido. Ele começou a tremer e já não sabia o que responder. Cheguei à conclusão de que era melhor não tentar argumentar mais com ele - Ok, estou entrando, e espero não ter que usar magia para isso...

Ouvir aquilo fez com que o garoto despertasse e saísse imediatamente do meu caminho. Nem o mais novato dos aprendizes era inocente o bastante para se atrever a me enfrentar. Todos os magos sabiam da minha reputação. Poucos eram bravos o suficiente para encará-la e nenhum para subestimá-la. Abri as portas com um empurrão forte e me deparei com uma cena pouquíssimo comum. Anúbis media a largura de uma janela com uma trena. E muitos trabalhadores se moviam a sua volta. Muitos mesmo. Por Ísis, tinha mais gente trabalhando ali naquele pequeno cômodo do que no restante da casa. E eu podia afirmar isso com certeza, afinal eu conferia aquela obra todo santo dia! E o quarto não estava inundado, muito pelo contrário. Ele reluzia devido ao excelente acabamento que estavam dando nas paredes e no chão de madeira, fora a absurda quantidade de objetos de ouro. Quando Anúbis me viu, seus olhos fuzilaram o garotinho as minhas costas.

– Elliot, eu disse para não deixa-la se aproximar daqui - ele tinha um tom autoritário, mas ao mesmo tempo calmo. Repreendia o garoto mas ao mesmo tempo não parecia culpa-lo tanto pelo ocorrido. Pelo jeito eu havia acabo de descobrir seu segredo sombrio.

– Me desculpe, senhor Anúbis. Não pude impedi-la, ela foi muito insistente e...

– Tudo bem garoto não se preocupe. Sei como essa moça aqui pode ser irritantemente persistente quando quer - ele riu e acenou para dispensar seu “comparsa” - Vá descansar, amigo. Vocês também, nos deixem a sós - ele se dirigia aos outros trabalhadores que, como numa espécie de transe, pararam imediatamente o que faziam e deixaram o quarto numa fila milimétricamente organizada, passando por ambos os lados do meu corpo.

Acompanhei tudo aquilo apenas com um pequena parte do meu cérebro, já que a outra estava totalmente concentrada no garoto incrivelmente lindo e frustrante em minha frente. Ele mantinha aquele sorriso confiante que só um deus da morte com um “avatar” tão bem feito poderia ter. Eu ainda não conseguia me decidir se o xingava, se tentava lhe lançar um feitiço ou se me jogava em seu pescoço para beijá-lo. Meu cérebro entrava em combustão espontânea diante daquele cena: Anúbis claramente trabalhando na reforma de um quarto que agora parecia mais um templo divino. Enquanto isso ele se aproximou e ainda teve a audácia de rir e segurar uma de minhas mãos. Era tão injusto, eu não tinha forças nem sequer para afastá-lo.

– Era para ser uma surpresa para daqui há alguns dias quando a reforma acabasse - começou explicando ele - Mas já que você é tão estraga prazeres e descobriu tudo, então a surpresa pode ficar para agora. O que achou?

– O que achei do que? - eu realmente não tinha entendido onde ele queria chegar. Certamente tinha algo a ver com ele estar enfurnado naquele quarto enquanto eu me corroía por dentro sem saber notícias dele. Mas ainda não consegui ligar os pontos e chegar a uma conclusão. Minha cabeça literalmente latejava com o esforço que estava fazendo.

– Qual é Sadie, não tem nem ideia do que seja? - ele esticava os braços com as palmas da mão para cima, girando o tronco levemente, me mostrando o cômodo recentemente reformado.

– Tá, você ajudou a arrumar esse quarto aqui. E porque isso seria uma surpresa para mim? - Assim que terminei de dizer aquilo me arrependi. Podia ter soado como uma grosseria. E se era exatamente aquilo que ele havia feito para mim. Ajudar na reforma, ser útil e prestativo. Eu com certeza passaria por um completa idiota. Mas pelo seu olhar vi que provavelmente não tinha acertado. Ele não parecia ofendido. E não podia ser mesmo aquilo. Fala sério, ele era um deus. Você normalmente espera uma coisa no mínimo incrível quando um deus diz que tem uma surpresa para você!

– A surpresa não é a reforma do quarto, amor. A surpresa é quem vai viver nele.

Espera ai, ele tinha me chamado de amor? Era isso mesmo que eu tinha escutado? Não, acho que minha cabeça estava tão afetada que eu já estava começando a ouvir coisas. Só podia ser isso. E o que mesmo ele tinha dito em seguida? Quase não conseguia me lembrar. Claro, sobre quem ia viver no quarto. Espera, mas isso não fazia sentido nenhum! Como poderia ser uma surpresa quem ocuparia o quarto? Como ele poderia saber quem iria morar ali. A não ser que algum novo mago aprendiz tivesse chegado a Casa do Brooklyn e eu não estava sabendo ainda. O que era muito pouco provável, pois eu controlava essa questão de perto. Bom, se não era isso então eu não sabia. A não ser que... prendi a respiração e arregalei os olhos. Encarei Anúbis que parecia se divertir ao reparar que minha ficha havia enfim caído.

– Não pode morar aqui! - exclamei quase como uma acusação quando ficou claro que ele não falaria nada.

– Eu posso fazer o que me der na telha, Sadie - respondeu ele calmamente voltando a se aproximar e acabando com a minha sanidade. Aquilo era jogo sujo, com ele tão perto não conseguiria pensar direito e dizer o que era preciso ser dito. Aquela hipótese de ele viver ali era no mínimo errada. Absurdamente maravilhosa, mas ainda assim, errada.

– Mas isso não está certo, está? Quer dizer, você é um deus, não poderia conviver com os mortais tanto tempo. Aliás, Osíris realmente lhe deu permissão para isso, ou está fazendo tudo às escondidas?

– Certo, preciso lhe explicar algumas coisas - começou ele me puxando pela mão para nos sentarmos na grande cama, que mais parecia um templo, cheia de ornamentos - Como eu havia te falado da última vez que nos vimos, muitas coisas mudaram no mundo dos deuses. Eu posso sim transitar entre esse e o outro mundo muito mais facilmente. E sim, Osíris sabe que irei viver aqui. Bom pelo menos durante o tempo que eu puder ficar nessa forma. Não há nada de errado no que estou fazendo, acredite em mim - pediu ele acariciando minha mão. Fazia um esforço tremendo para me concentrar no que ele dizia e não apenas ficar admirando seu bole rosto - Só não te falei porque queria fazer uma surpresa, só isso. Não há nada que me impeça de ficar. Quer dizer, a não ser que você não me queira aqui...

– Não seja idiota, é claro que quero você aqui! - afirmei antes que pudesse pensar mais a respeito - Anúbis, pode ter certeza, quero que fique. É só que é tão surreal que isso esteja acontecendo que as vezes é difícil me forçar a acreditar.

– Quase me esqueci o quão amorosa você é - brincou ele enquanto mexia no meu cabelo, me fazendo deixar escapar um sorriso contra a minha vontade - Não se preocupe, para mim também não é assim tão fácil me acostumar ao mundo mortal e todas as suas peculiaridades.

– Só você usaria essa palavra numa conversa tão informal - zombei dele e em resposta ganhei o melhor beijo que uma garota poderia receber.


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Notas finais do capítulo

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