Qual é a cor do amor? escrita por hollandttinson


Capítulo 9
That face.


Notas iniciais do capítulo

Vou começar dizendo que tenho consciência de que demorei o diabo para escrever esse capítulo, também sei que boa parte dos meus amorzinhos(vocês) devem ter desistido da fanfic, e não os culpo por isso. Foi um pouco difícil conciliar todas as coisas que estão ao meu redor ao fato de que eu sou uma escritora de fanfics, mas estou tentando resolver tudo isso agora. Espero que vocês gostem do capítulo e prometo compensar vocês com um próximo capítulo enorme e cheio de coisas legais, aliás já estou trabalhando nele e espero que vocês gostem muito.



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Rudy estava ansiando pelo grande momento, que podia ser agora ou segundos depois, onde iria roubar o beijo de Liesel. Aquilo não podia esperar tanto, no entanto ele queria que fosse inesquecível, que valesse mesmo á pena todo o tempo que ambos esperaram. Não encontrava uma forma de fazer isso enquanto estivessem sozinhos, já que agora Liesel sabia do desafio e era provavel que ela fizesse tudo para anular seus planos, então alguém teria de ajudá-lo.

Apenas Max podia fazer isso, já que ele parecia ser uma das únicas pessoas do mundo que estava totalmente de acordo com o romance e faria qualquer coisa para ver os dois juntos. Rudy não sabia da minha existência inerte e da minha vontade quase insaciável de que eles ficassem juntos logo, que esse bendito beijo acontecesse.

– Ela gosta de mim, Max. Eu juro que gosta, mesmo que ela negue milhões de vezes. Está escrito naquele inferno de caderno!- Rudy argumentava. Max concordou com a cabeça, nunca duvidando do que o loiro dizia.

– Eu sei que gosta, fui um de seus confidentes uma vez, lembra-se? Ela nunca declarou abertamente o seu amor, mas é sempre evidente. Mas você tem que lembrar que ela era um criança e isso pode ter mudado.- Max tentou explicar, mas Rudy não ouvia.

– Não se passaram mais do que 5 anos, ela ainda é a mesma de sempre, não vejo diferença nela, só o fato de que ela está mil vezes mais bonita.- Rudy disse, sorrindo para si mesmo. Ela estava mesmo maravilhosa, afinal de cotas.

– Liesel passou por muitos choques desde que veio para cá, é normal que as coisas mudem por dentro.

– Ela nunca me esqueceu, me disse isso quando nos reencontramos. Porque você está fazendo de tudo para que eu esqueça a minha ideia, deixe tudo de lado e não queira mais ficar com Liesel?- Perguntou Rudy, cruzando os braços decidido. Max suspirou, balançando a cabeça.

– Só não quero que vocês dois saiam magoados nisso. São jovens, é comum a desilusão. Por favor, Rudy, considere todas as opções. Você não vai querer perder a amizade de Liesel.- Max disse, colocando um livro em cima da sua cama improvisada. Rudy balançou a cabeça, sorrindo.

– Ela não vai acabar a nossa amizade, devia ver a cara que ela fez quando eu propus o beijo, ela quer isso também.- Disse Rudy, com toda certeza no que dizia, já Max não tinha certeza nenhuma e a única certeza que eu tinha era de que isso tudo devia ser resolvido logo. Que impasse mais agoniante!

– Mas não uma coisa roubada! Ela quer algo que seja especial, porque você é especial para ela.- Disse Max, jogando as mãos para o alto em desespero para que Rudy entendesse a gravidade da situação.

– Eu sei, é por isso que eu estou conversando com você. Não quero que alguma coisa saia errada entre nós dois, quero que tudo fique bem no final. Mas fica difícil com a Frau Hubermann aqui reclamando e lhe dando ordens o tempo todo.- Disse Rudy, passando as mãos nos seus cabelos de limões.

– Você espera que eu te ajude á ficar sozinho com Liesel, é isso? Sabe que isso exige um grau de dificuldade além do meu alcance, certo?

– Eu sei que você é um judeu que sobreviveu á um campo de concentração, você fugiu da morte milhões de vezes, Max, Rosa Hubermann vai ser fichinha pra você.- Disse Rudy. Max negou com a cabeça.

– Você não conhece Rosa... Mas eu não aguento ver vocês nessa brincadeira de não saber o que querem da vida. Vou ajudar você se me prometer cuidar bem dela quando estiverem juntos.- O dedo indicador de Max estava de pé e as suas sobrancelhas estavam arqueadas, ele estava miseravelmente falando sério. Rudy sorriu.

– Eu sempre cuido dela.

(...)

Na manhã seguinte, todos tomavam café em silêncio na pequena mesa da casa dos Steiner. Hans cantarolava uma musiquinha e Liesel parecia evitar os olhares furtivos de Rudy, que se divertia com a timidez da garota.

– Como foi a escola ontem, garotos?- Hans que chegara tarde na noite anterior por conta de um bico que tinha feito num restaurante, não sabia como tinha sido o dia de sua garotinha.

– É estranho estar de volta á uma escola depois de tanto tempo, o lugar é um pouco misterioso, as pessoas são bem exibidas e tem um garoto que eu juro que vou matar se ele continuar sendo tão imbecil. Mas tudo correu bem.- Disse Rudy, dando de ombros. Liesel concordou com a cabeça sem olhar para ninguém.

– E quanto aos amigos, fizeram alguns?- Perguntou Hans.

– Mal tiveram tempo de chegar á escola, é claro que não fizeram amigos! E é melhor assim, já deixei que Liesel se misturasse com esse Saukerl, me desculpe por isso, Alex. Não quero que ela se misture com mais ninguém.- Disse Rosa.

– Obrigada, Frau Hubermann, isso é muito reconfortante. Também acho que Liesel não precisa se misturar com mais ninguém.- Disse Rudy, sorrindo.

– Eu não sou sua prioridade, Saukerl.- Disse Liesel, finalmente levantando os olhos para o garoto que deu de ombros.

– Isso não me faz gostar menos de você ou querer que você faça milhões de amizades.- Ele disse e ela ignorou.

– Sei que vocês vão se dar bem na escola, sei sim.- Disse Hans. Mais uma vez, quis soprar no ouvido dele que ele estava enganado e que era melhor tirar Liesel de lá antes que fosse tarde demais. Não pude fazê-lo de novo. É terrível não poder ajudar os meus sobreviventes maravilhosos, terrível.

Depois de finalmente terem terminado o café, os dois saíram de casa. O silêncio era desconfortável para ambos os lados, e os dois lados da moeda não sabiam o que dizer. Na cabeça de Liesel se passava um filme de todas as vezes que Rudy pediu-lhe um beijo, todas as vezes que desejo beijar Rudy e o dia de ontem, todos parecendo muito irreais para a garota que não acreditava estar vivendo por esse momento mágico, ao seu modo.

Já na cabeça de Rudy, milhares de planos iam e vinham, como a memória de um idoso. Nada se encaixava e ele sabia que estava indo mal, talvez não conseguisse o seu tão esperado beijo tão cedo. Também pensava em quanto tempo Liesel demoraria para pedir isso á ele, se levasse em conta a sua promessa de anos atrás.

– Quando éramos mais novos as coisas eram mais facéis, mesmo com a espada pairando sobre as nossas cabeças. Eu sabia o que falar quando estávamos em situações contrangedoras como essa.- Ele disse, apontando para os dois. Era verdade que Rudy sempre foi bom em um dialógo e em levar tudo na brincadeira, mas crescer tira isso de meio mundo.

– Eu sei, também me sinto estranha por isso, mas é um pouco inevitável, não é?- Perguntou Liesel fazendo uma careta. Rudy concordou com a cabeça.

– Você devia saber que eu quero te beijar e não ficar irritada comigo.

– Eu não estou irritada com você.- Ela disse sorrindo. Não conseguiria se quisesse, pensou ela.

– E também não quer me beijar.- Ele queria pelo menos ouvir uma comprovação vinda dela, até porquê Max podia estar certo e as coisas tinham mudado entre os dois. Liesel abaixou a cabeça, com os olhos fixos nos pés sem realmente olhá-los. Ela não queria dizer sim e deixar na cara que estava apaixonada por ele, que sempre fora apaixonada por ele. Também não queria dizer não e fazer com que ele se afastasse ou ficasse magoado, e seria uma mentira sem tamanho.

– Rudy...

– Eu sei bem qual é o meu nome! Será que você pode parar de fugir de mim e disso aqui?- Ele perguntou aumentando um pouco o tom de voz. Segurou as mãos dela, fazendo-a parar de andar. Á essa altura estavam perto do rio Amper, o que me trazia umas ótimas memórias. Respirei fundo o cheiro de livro molhado. Liesel pareceu lembrar-se também, mas expulsou aquilo.

– Eu não estou fugindo de nada, não há nada que mereça um fuga entre nós dois.- Ela disse. Rudy soltou as suas mãos, não escondendo a mágoa em seu suspiro pesado. Liesel abaixou os olhos, é claro que ela odiava mentir para ele. Me sentei aos pés dos dois e os fiquei observando enquanto o vento bagunçava os cabelos dela e as roupas dele. Não sou só eu quem cometo erros nessa história, querido leitor.

– Ótimo.- Rudy murmurou após alguns minutos de silêncio. Liesel não ousou levantar os olhos para o amigo, teve medo do que encontraria nos olhos sáfira. Doía no seu coração saber que estava fazendo Rudy sofrer, doía um pouco mais saber que não tinha motivos para isso.

Mas que diabos! Se gostavam, ele estava ali e ela também, sozinhos como se o mundo tivesse conspirado ao favor de ambos, e eu realmente acredito que aconteceu. Mas não conseguia simplesmente olhar nos olhos dele e dizer "Rudy, eu amo você também, você sabe que eu amo você Jesse Owens, eu amo você". Se tem uma coisa que eu nunca vou compreender é a capacidade humana.

– Eu não queria magoar você.- Ela disse. Um sorriso frio estava beirando nos lábios de Rudy, foi tão frio que fez a garota tremer, sorte dela não poder ver seus olhos.

– Um pouco tarde para isso não é?- Ele perguntou, se afastando com as mãos no bolso. Chutou alguma coisa que estava no chão, não pude indentificar o que era porque estava um pouco magoada com a situação. Eu não tenho um livro onde eu escrevo quem vai morrer agora, quando, como e quem vai presenciar isso. Acontece, eu chego e vou embora...

Era assim que costumava ser antes de Liesel aparecer na minha existência. Mas a vida é outra coisa, meu amigo. Ela está escrita, cada palavra e momento já foi premeditado no livro Dela, não tem como apagar. Adoraria ser uma roubadora de livros agora e poder roubar o livro mais precioso e invejado do mundo, poder saber o que vai acontecer seria encantador, eu acredito. Mas eu não sou Liesel e a vida é difícil, como todos os poetas descrevem: "Mas meu caro, a morte é rápida, fácil, a vida é que é difícil." Pois bem.

– Você percebe que não tem uma forma de você não fazer isso? Quer dizer, eu acredito que você tente, de verdade, juro que acredito, mas nunca é assim não é? Você me olha e diz "Rudy, eu não queria magoar você" minutos depois de acabar comigo. Quantas vezes mais eu terei meu coração partido por você, Liesel Meminger?- Ele perguntou. O rosto dele estava torturado, tanto quanto o meu coração. Seus olhos estavam triste e frios, sua boca numa linha reta e dura, seu queixo travado e as mãos estendidas. Ele era a perfeita imagem da minha derrota. Ele acaba comigo, esse garoto.

– Eu sinto muito.- Liesel sabia muito bem o peso que essas três palavrinhas tinham e quis se chutar segundos depois de tê-las pronunciado. Rudy balançou a cabeça, passando a mãos nos cabelos e colocando a outra dentro do bolso da calça.

– Não, você não sente. Você não sente ainda.- Ele disse. Liesel encolheu os ombros, sentindo a ameaça vindo dele.

Os dois ficaram se olhando por alguns segundos até que, como se tivesse escutado toda a conversa e decidido que aquele era o momento perfeito para aparecer na cena, Evan Lawrence parou a moto bem na frente de Liesel. Quis levá-lo agora, mas não sou eu quem comando isso, eu sou mandada.

– Oi, gata.- Ele sorria sensualmente para ela, mas Liesel o ignorava com fervor, fazendo-o querer mais a sua atenção. Mal tinha se aproximado e já sabia bem quem era a pessoa perfeita para ele naquele lugar, seu sorriso parecia estar mais aberto agora.- Ele está te incomodando?- Perguntou apontando para Rudy que ergueu o queixo e uma sobrancelha.

– Não sei, mas não vou mais fazê-lo. Aproveite e conheça pessoas novas, Lawrence.- Disse Rudy, apontando para Liesel com o queixo estendido. Ele não sabia a grande besteira que estava fazendo, é claro.

(...)

Não demorou muito tempo para que Rudy se arrependesse do que tinha feito, na escola Evan parecia estar empenhado em ficar plantado ao lado de Liesel o tempo todo. Plantado não seria bem a palavra certa, tendo em vista que plantas não falam, não andam, não dão risadas irritantes e não fazem a garota que você gosta rir. Isso tudo foi observado de longe pelo orgulhoso Rudy Steiner. Naquele momento ele preferia estar morto, mais uma vez, ele não sabia a besteira que estava fazendo.

Tive de ficar ausente na vida dos dois por uns instantes, quando milhares de vozes pareceram gritar na minha mente. Eu estava num beco escuro agora, parecido com o da última garota com Lawrence, mas este era menos estreito e mais movimentado. Um grupo de curiosos estavam ao redor do corpo morto, me abaixei e levei o garoto. Devia ter uns 22 anos no máximo, segurava uma espingarda na mão, tudo mostrando um assassinato, mas todos nós sabíamos que não era isso.

Comecei á pensar que Munique estava enfrentando uma crise de assassinos adolescentes quando vi a morte do garoto passar pelos meus olhos. A garota que o matara tinha mesmo uma mente de psicopata, mas não era uma serial killer como Evan, apesar de estar nessa com ele. Sabia que tinha visto esse rosto em algum lugar, mas não conseguia me lembrar de onde, afinal eu já tinha visto o rosto de tantos assassinos antes, mulheres eram a menor porcentagem, é verdade, mas ainda eram muitas.

Foi muito fácil levá-lo até lá, ele estava completamente bêbado e não parecia estar se preocupando muito com o lugar que ela levaria, com tanto que se divertissem. Não foi muito divertido para ele, no entanto. Não foi divertido para ninguém. Ela não seduziu ele ou abusou do seu corpo, como fizera Evan com a garota. Apenas o levou até lá e atirou na sua cabeça, colocando a espingarda na sua mão logo depois e simulando um suicídio. Nenhuma emoção nisso, não era algo que me interessasse, ou pelo menos, eu não devia ter interessada.

Mas eu sou assim, eu sou uma burra.

E aquele rosto... Eu sabia que já o tinha visto em algum lugar. Mas onde?

(...)


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Notas finais do capítulo

Alguma especulação de quem é a nova assassina do pedaço? Não tem Hittler mas tem Evan e a nossa nova amiguinha(da onça). P.s: Minha amiga é meio fã de livros de serial killer então estou ouvindo muito sobre isso ultimamente, o que me levou á escrever sobre o assunto, mesmo nunca tendo lido ou assistido nada sobre eles.