Qual é a cor do amor? escrita por hollandttinson


Capítulo 22
Again.


Notas iniciais do capítulo

Recebi uma crítica, a primeira desde que comecei a fanfic. Admito que fiquei meio bolada, porque eu faço essa fanfic com todo carinho e todo o amor do mundo, e eu achava que estava agradando todo mundo; mas depois eu fiquei feliz, porque isso quer dizer que eu sou uma escritora de verdade, até porquê, que escritor não recebe críticas? Então, vamos lá: se vocês acham que “não limparia minha bunda com a sua história”, então pode parar de ler, porque ninguém liga. Eu estou postando por quem está gostando, e se você for alguém que está gostando, obrigada. A fanfic É PRA VOCÊ. Um beijo.



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Tento pensar em minhas opções, no que eu poderia fazer para evitar que os dois morressem, mas sei que não há nada que eu poça fazer. Meu trabalho é chefiado, não sou independente dos meus atos. Eu preciso que eles façam algo para que eu seja privada da dor de perdê-los, que no caso seria ganhá-los para meus braços.

Da mesma forma que não posso escolher quem levar comigo, ou a hora que farei; também não posso me recusar á fazer. Quando chegar a hora, eu terei de carregar os corpos deles nos meus ombros, não importa quanta dor isso me cause, eu farei.

Nada nunca mais será como o dia em que bombardearam a rua Himmel. Foi pura sorte! Vivo me gabando, dizendo que eu, por birra, deixei que Rudy vivesse, mas nós sabemos que não é verdade. Se Liesel não tivesse ido embora, ela teria sobrevivido e ele teria morrido, pois ela estaria no porão e ele, em seu quarto. Se ele não estivesse tão triste por ela ter ido embora, não teria ido até o porão da casa dos Hubermann, e então morreria com seus irmãos, ainda em seu quarto. Eu não posso mais fingir que eu fiz o trabalho sozinha, na verdade, o garoto do cabelo da cor dos limões se salvou sozinho, mesmo sem saber, mesmo sem querer. Ele teve uma segunda chance, e agora ela está chegando ao fim.

Tento me despedir deles enquanto os vejo correndo felizes pela rua, o ar frio faz Liesel tremer um pouco, mas a adrenalina e o sangue correndo em suas veias não permite que ela se preocupe com isso. Rudy está se sentindo livre, liberto, e não quer pensar sobre o que pode acontecer depois. Vocês podem gostar mais do Rudy por isso, eu sempre gosto mais dele quando me lembro das suas qualidades imensas. E olha que eu pensava que não era possível gostar mais dele... mas até que é.

Liesel perdeu a corrida, é claro. Rudy gargalhou da cara dela, que estava vermelha pelo cansaço, e um pouco suada. Ela também riu, mas jogou neve derretida na cara dele. E então eles começaram á jogar um no outro, era mais lama do que neve, e eles estavam ficando muito sujos, porém não se importavam. As pessoas passavam por eles e os viam como loucos, e eles continuavam nem aí para isso.

Depois de cansarem de jogar lama um no outro, Rudy se aproximou de Liesel e a puxou pela cintura, dando-lhe um beijo forte no meio da rua, as pessoas apontavam para a vulgaridade, mas eles não estavam prestando atenção, apenas o lábio um do outro era o foco no momento. Eu suspirei, essa podia ser a última vez, eu também aproveitaria se estivesse no lugar deles.

Quando precisaram de fôlego e tiveram de se afastar, Rudy grudou suas testas e abriu os olhos. Ficaram se encarando por segundos, talvez minutos, sem dizer nada, apenas ouvindo a respiração ofegante um do outro.

– Eu amo você.- Ela disse baixinho, mas ele ouviu e abriu um sorriso.

– Eu também amo você.- Ele disse, dando um beijinho na sua testa e pegando a sua mão, caminhando para casa. Ela o olhou confusa.

– Vamos para casa?

– Quer ir para outro lugar?

– Nós estamos cabulando aula, Rudy, mamãe vai me matar!- Liesel disse, parando no lugar e o puxando para trás, ele balançou a cabeça.

– Você realmente acha que ela vai se importar por você estar cabulando aula quando vir o seu estado? Vamos dizer que um carro passou e jogou lama na gente, ela não vai prestar atenção o suficiente para duvidar. Acho que ela está muito interessada em ver Hans Júnior.- Rudy deu de ombros. Liesel mordeu o lábio inferior, não gostava da sensação de rejeição, mas se isso significasse uma bronca á menos nesse dia conturbado, ela aceitava.

Quando chegaram na rua Himmel, Rosa estava na construção, recebendo o telhado novo, assinando alguns papéis, e Hans Júnior estava levando os telhados para um lugar mais afastado, onde não pudessem roubar. Ela não viu quando Rudy e Liesel entraram na casa, muito menos quando tomaram banho rapidamente, tirando toda a lama, e lavaram as suas roupas do lado de trás, para que ela não notasse a sujeira, e nem mesmo viram quando Liesel limpou o chão por onde passaram. Devem se perguntar o que a estava prendendo na construção, bem ela estava com saudades imensas do filho, e qualquer história que ele inventasse para contar á ela, seria digna de aplausos.

Liesel e Rudy foram para o porão de Max, pois sabiam que ninguém entrava lá quando ele não estavam. Liesel escolheu alguns livros para ler, e Rudy ficou contente em apenas ficar ao seu lado, observando seu rosto. Em algum momento eles sentiram fome, e pela primeira vez, Liesel “roubou” dentro de casa. A garota esperou a mãe ir ao banheiro para pegar vários biscoitos, dois copos e uma jarra d'água.

– Acho que íamos nos virar se fugíssemos do país.- Liesel deu de ombros, divertida. Rudy concordou com a cabeça.

– É, e logo depois seríamos presos por furtos. Quer dizer, você seria presa por furto, e eu seria preso por acobertar.- Ele disse, fazendo uma careta. Ela sorriu para ele.

– Eu diria que te enfeiticei e pediria para te soltarem, então você ia pedir esmola na rua para pagar minha fiança e me tirar de lá.- Ela disse, dando de ombros. Ele estreitou os olhos.

– Ou eu usaria o dinheiro para ir para os Estados Unidos e virar alguém importante, um astronauta quem sabe... Você sabia que estão querendo ir á lua? Acha que conseguem?- Rudy perguntou, ansioso. Liesel pensou um pouco, fazendo barulhos com os lábios, e depois deu de ombros.

– Se eles conseguem tecnologia suficiente para detonar com o Japão do jeito que foi... Acho que ir para a lua é quase piada.- Liesel disse, bebendo da água. Rudy concordou com a cabeça.

– Acha que eu posso ser a próxima pessoa á ir á lua? Quero dizer, daqui á uns 50 anos?- Perguntou, mordendo o lábio inferior. Liesel suspirou.

– Você prefere ir á lua do que ficar comigo?- Ela perguntou, fingindo decepção. Ele riu.

– Eu posso ir correndo, eu sou o homem mais rápido do mundo, lembra? Volto em alguns segundos, não vai dar nem tempo de sentir minha falta.- Ele disse, dando de ombros. Ela revirou os olhos.

– Não vou pagar para ver, obrigada.- Disse, ele riu ainda mais.

– Eu estive pensando... Acho que vou me inscrever para algum campeonato de corrida.- Rudy disse baixinho, olhando para os dedos dos pés. Liesel paralisou, e eu também. Ela engoliu o biscoito ruidosamente e arregalou os olhos.

– Sério?

– Acha que vão me aceitar?

– Se eu acho que vão te aceitar? Está brincando! Eu acho que você devia ter feito isso á muito tempo! Ah Rudy!- Ela estava feliz demais, pulou no seu pescoço, abraçando-o, dando beijos estalados por todo o seu rosto, sorrindo aberto como se nada pudesse estragar a sua felicidade. Rudy ficou vermelho.

– No fim de semana eu vou para Munique me inscrever. Se eles me aceitarem, no ano que vem eu acho que vou ter de ir para Berlim para treinar, então você pode vir comigo, não pode? Quero dizer, se você não puder, eu não vou.- Ele disse, olhando para ela intensamente. Ela deu de ombros.

– Eu vou para onde você estiver.- Ele sorriu.

– Que bom, porque eu não quero ir á lugar nenhum sem você do meu lado.

(…)

O dia não teve mais nenhum desespero para Liesel e Rudy, que tinham decidido deixar as coisas rolarem, apesar de estarem morrendo de medo. Max percebeu que os dois estavam estranhos, mas achou que não seria bom falar em voz alta. Também sabia que os dois estiveram o dia todo em seu porão, pois encontrou farelos de biscoito e as coisas estavam mexidas, apesar de Liesel e Rudy jurarem ter arrumado tudo quando saíram.

– Como foi o dia de você?- Max perguntou quando Rudy e Liesel foram lhe dar boa noite antes de dormir, era um ritual que eles vinham fazendo alguns dias, principalmente porque era melhor do que ter de ficar dando bom dia para Hans Júnior. Liesel e Rudy se entreolharam e Max revirou os olhos.- Eu posso saber o porquê de vocês terem cabulado aula? E o que danado ficaram fazendo o dia todo, sozinhos, aqui?

– A gente só ficou conversando.- Rudy cruzou os braços. Max ergueu uma sobrancelha para ele. Max tinha imaginado outra coisa, imaginava que os dois tinham sucumbido aos desejos dos seus hormônios adolescentes, mas nem por um momento isso se passou pela cabeça de Rudy e Liesel. Eles estavam muito preocupados para isso.

– Mesmo? E você precisavam cabular aula para isso? E não podiam conversar em outro lugar? Tinha que ser sozinhos aqui?- Ele estreitou os olhos, crispando os lábios. Liesel mordeu o lábio inferior, sua garganta estava travada, a vontade de chorar era grande. Ela queria contar para ele, desabafar. Ele era seu melhor amigo. Mas se abrisse a boca, choraria.

– Não estávamos muito no clima para aula hoje.- Rudy disse de cabeça baixa, ele também estava se sentindo péssimo. Guardar isso para si seria muito difícil, principalmente porque ele começava á sentir a necessidade de ter alguém protegendo-o, abraçando-o, dizendo para não ter medo.

– O que aconteceu?- Max perguntou, pois percebeu que eles não estavam estranhos porque passaram a tarde juntos. Algo errado tinha realmente acontecido, e não tinha nada a ver com hormônio adolescente. Liesel e Rudy se olharam, Liesel negou com a cabeça rapidamente, pedindo para que ele não fizesse o que seus olhos denunciavam que faria. Ele suspirou.

– Evan falou conosco hoje. Ele nos disse coisas... Perturbadoras.- Rudy disse, sentando na cama, bem do lado de Max, colocando as mãos na cara, respirando fundo. Quando tirou as mãos, todas as palavras saíram da sua boca como uma torrente e Liesel apenas suspirou, levando as mãos á cabeça, desesperada.

O rosto de Max era uma máscara de choque e desespero. Quando Rudy parou de falar, ele não sabia o que fazer. Sua boca estava escancarada, e seu coração perdia algumas batidas. Evan tinha que estar mentindo!

– Isso não pode ser verdade.- Max disse, sua voz era baixinha e rouca, ele estava com vontade de chorar. Meu peito se apertou. Liesel negou com a cabeça, limpando uma lágrima que escorreu silenciosa pelo seu rosto.

– Não está, eu também tentei me convencer disso, mas não está. Encaremos os fatos: alguém é louco e vingativo, quer nos matar. Eu não consigo pensar em nada que faça as pessoas quererem nos matar. Muito menos alguém! Todo mundo que nós conhecemos já morreu.- Liesel disse, fungando. Rudy estreitou os olhos.

– Nem todo mundo.- Ele disse baixinho. Max e Liesel olharam para ele rapidamente, eu engoli em seco. Ele tinha descoberto? Me ajoelhei no chão ao seu lado, se ele tinha descoberto, não devia estar tão calmo assim.

– Você tem alguma ideia de quem seja?- Max perguntou, nervoso. Rudy mordeu o lábio inferior.

– Bom, o prefeito e a sua mulher são as únicas pessoas que tiveram contato conosco antes de tudo, e que podiam ter algum motivo para nos matar. Quero dizer, o prefeito não vai muito com a minha cara, e ficou muito irritado quando soube que Liesel furtava a sua casa constantemente.- Rudy disse, eu revirei os olhos. Sério, Rudy? Foi só nisso que você conseguiu pensar? Liesel negou com a cabeça fervorosamente.

– Ele não ficou irritado o suficiente para querer me matar, Rudy! Não acho que seja ele.- Liesel disse, Max concordou com a cabeça, pensando em qualquer pessoa que pudesse querer matá-los, mas não vinha ninguém, porque era impossível que alguém quisesse matá-los! Hans Júnior era um doente, sádico, que devia morrer dolorosamente.

– Nós precisamos ficar calmos.- Max disse e Rudy e Liesel olharam para ele como se ele fosse maluco, ele fez uma careta.- Vocês deviam contar aos adultos.

– Você é adulto.- Liesel deu de ombros, Max revirou os olhos.

– Eu estava falando de seus pais, Liesel. Eu não sou responsável por vocês.- Disse Max, colocando a mão no ombro de Rudy, que desabou os ombros.

– Não podemos contar isso para as pessoas. Meu pai já perdeu muitas pessoas, toda a minha família morreu com uma bomba, o meu pai teria um ataque cardíaco!- Rudy começou á ficar nervoso, sua mão tremia e suava. Eu engoli em seco, não tinha parado para pensar ainda em Alex. Fiquei tanto tempo me preocupando com Hans e Liesel, que esqueci totalmente de Alex e seu passado sombrio. Eu suspirei, pobre Alex, pobre Rudy.

– A dor não vai ser menor do que quando você morrer, Rudy.- Max disse, estreitando os olhos para ele.

– Vai sim! Vai ser muito pior! Porque ele vai saber que eu vou morrer, e mais uma vez ele não vai poder fazer nada para impedir! E eu sei o que eu estou sentindo, e tenho certeza que morrer dói muito menos quando você não espera que aconteça.- Rudy disse, agitado. Ficou de pé rapidamente, indo para a porta do porão. Virou-se para Max.- Tenha uma boa noite.- Saiu.

– Meio irônico me desejar uma boa noite depois de me dizer que a minha melhor amiga vai morrer.- Max sussurrou, ficando de pé e se aproximando de Liesel, que abaixou a cabeça.

– Eu sinto muito.

– Eu não vou aceitar que você morra depois de tanto tempo longe um do outro, não vou! Demorei muito para conseguir ser feliz, e quando eu finalmente tenho alguma pretendente á namorada, e você tem um namorado incrível, as pessoas querem estragar isso? É inaceitável!- Max estava revoltado, a sua voz declarava toda a sua ira. Ele socou a parede do porão, e Liesel deu um pulo. Na sala, Hans, que estava enrolando cigarros enquanto conversava com Alex, se assustou, levantando-se para checar o que era. Quando abriu a porta, encontrou Max chorando no chão, sendo amparado por Liesel, que balançou a cabeça e pediu para que eles saíssem.

– A gente não pode fazer nada, Max.- Ela falou baixinho para ele, esperando que alguém estivesse ouvindo. Max soluçou inconformado, meu coração estava apertado, eu saí dali pois não era capaz de suportar. Não sei o que acontece quando eu chego no meu limite, mas acho que é algo parecido com o que eu estou sentindo agora.

Alex e Hans estavam conversando, se perguntando o que tinha acontecido, mas imaginavam que tinha algo á ver com Marieta, e que Rudy tinha saído para dar privacidade. Eu subi as escadas, passei pelo quarto onde os Hubermann estavam hospedados, Rosa dormia tranquilamente na cama. Seu semblante era calmo, coisa que não é comum. Me entristece o coração saber que a sua alegria se dá pelo fato de seu filho está de volta, e ela nem desconfia que ele é um assassino.

No quarto ao lado, Rudy estava trocando de roupa, sem se importar de estar sendo vigiado por Hans Júnior, pois ele não conseguia pressentir o perigo que exalava do rapaz. Eu me sentei na cama de Rudy, esperando ele terminar de vestir o pijama para se deitar, cobrindo todo o corpo.

– Boa noite, Steiner.- Hans Júnior falou com um sorriso no canto do lábio. Crispei meus lábios, eu queria dar um soco nele. Qual deve ser a sensação de levar um soco da morte? Um dia você descobrirá, Hans Júnior...

É verdade quando digo que, quando a morte conta uma história, você deve parar para ler. Mas agora eu vou contar algo para vocês: eu queria convencê-los á continuar comigo, mas eu não tenho certeza de que vocês serão capazes de sofrer a torrente de emoções que virá á partir de agora na história dos nossos sobreviventes. Ainda quero continuar contando sobre Liesel e Rudy, e quero que todos saibam o que aconteceu com eles. Quero que vocês imaginem como foi que aconteceu cada detalhe, mas alerto de imediato: Eu tenho um coração, é verdade, mas ele está partido. Tente imaginar como é a morte com o coração partido. Não é algo muito bom de se imaginar, não é?

Agora imagine esta mesma morte alertando sobre a raiva que sente. Eu não sabia que era capaz de sentir tanta raiva, tanta repulsa de alguém, mas olhando para este homem. Olhando para esta criatura hostil e asquerosa... Eu estou certa quando digo que estou sendo constantemente surpreendida pelos humanos.

Você pode parar agora, se quiser, e ficar sem saber o que pode ter acontecido. Ou você pode continuar comigo, ser meu ombro amigo, e me deixar desabafar com você sobre o desfecho dessa história que nós acompanhamos e amamos tanto. Mas eu não vou te obrigar á nada.

Viu?

Até a morte tem coração.

De novo.

(…)


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Notas finais do capítulo

Opa, olha só quem voltou com essa pequena bomba. Eu já consigo prever vocês me mandando NÃO MATAR Liesel e Rudy, e não fazer vocês sofrerem. E mais uma vez eu repito: Não posso prometer nada. Grandes emoções estão por vir, vocês podem achar que é por causa da morte deles, ou pode ser exatamente o contrário. Acho que, apesar do apelo da Morte, vocês vão ficar aqui comigo até o fim, que está próximo. De qualquer forma, espero vocês nos comentários e vou logo avisando: segurem o coração, porque os próximos capítulos vão ser de matar. Literalmente.