Qual é a cor do amor? escrita por hollandttinson


Capítulo 13
Nada nunca foi tão certo.


Notas iniciais do capítulo

Podem me xingar, me bater, mas não me matem! Eu sei que tinha prometido postar o capítulo novo o mais rápido possível, e eu quebrei a promessa, mereço tudo de ruim. Mas calma! Eu posso me explicar: eu tinha escrito o capítulo e quando foi procurar pra postar, cadê? O capítulo tinha sumido, apagado mesmo! Procurei nos arquivos do meu computador e não achei, então tive que escrever um novo, o que me deu trabalho em dobro. O capítulo não ficou tão bom quanto o anterior que eu tinha escrito, mas eu espero que vocês gostem mesmo assim.



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No capítulo anterior:

– Eu sei que eu prometi á mim mesmo que nunca mais o faria, que eu te roubaria porque você sabe que eu sou um bom ladrão, mas...- Ele parou de falar, encostando o nariz no dela. Os olhos dela estavam abertos, pareciam mel derretido, e os olhos dele pareciam o céu azul á noite, e o brilho pareciam estrelas cadentes, e ela queria fazer um pedido: me beije Rudy Steiner.

– Rudy...- Ela ia pedir, mas ele falou antes que ela pudesse pensar em alguma coisa.

– Que tal um beijo, Saumensch?

Liesel respirou fundo e fechou os olhos, esperando que aquilo significasse para Rudy uma resposta positiva. O garoto respirou fundo e fechou os olhos também, preparado para beijar a garota.

– Jesus, Maria e José!- Hans praticamente gritou na porta. Os dois se afastaram num pulo. Liesel levou a mão ao peito, respirando com dificuldade. Rudy fez uma careta de desgosto, irritado pela aparição do papai de Liesel. Hans levou a mão á boca e depois percebeu o que tinha feito e engoliu em seco.- Desculpa garotos, eu não queria atrapalhar, posso voltar outra hora...

– Deixa Herr Hubermann, estragou o clima mesmo.- Disse Rudy levantando-se da cama e indo até a porta, antes de sair se virou para Liesel, que já tinha se recomposto e agora tinha um rubor muito forte no rosto. Ele sorriu.

– Até amanhã, Saumensch.- O garoto foi para o quarto, deixando Liesel sozinha com o pai, que fechou a porta e foi até a sua cama onde dormia com Rosa. Liesel, Rosa e Hans dormiam num quarto, Alex em um e Rudy no outro.

– Sorte sua que fui eu, se fosse a sua mãe ela daria um chilique!- Disse Hans, balançando a cabeça e sorrindo.

– O senhor não vai me dar uma bronca?- Liesel perguntou confusa.

– E porque eu faria isso? Já não era sem tempo de Rudy conseguir fazer você ceder aos seus encantos, que não são poucos! Sinto tanto por tê-lo atrapalhado!- Disse Hans levando a mão ao peito com a lamentação no olhar.

– Papai!- Liesel arregalou os olhos enquanto o repreendia.

– O que foi?- Ele perguntou rindo dela, que riu também, passando a mão no cabelo.

– Posso descer para falar com Max?- Perguntou Liesel, que queria que Max fosse o primeiro á saber disso. Hans concordou com a cabeça e a garota desceu correndo até o porão, bateu na porta 3 vezes até que o judeu abriu a porta, com a maior cara de sono Max mandou que Liesel entrasse.

– O que houve?

– Eu e Rudy quase nos beijamos.- Disse Liesel rapidamente, no mesmo instante Max despertou, abrindo um sorriso gigante que fez a garota sorrir também.

– E porque ficou só no quase?- Ele perguntou, ainda sorrindo. Ela suspirou.

– Papai apareceu, mas ele está arrependido de ter estragado o nosso momento.- Disse Liesel balançando as mãos em frente ao corpo, como se explicasse a atitude do pai. Max concordou com a cabeça.

– Eu quero detalhes, Liesel Meminger, detalhes.

– Vou te contar tudo!

(…)

Liesel acordou animada na manhã seguinte, tinha sonhado com o tão esperado beijo de Rudy, e queria ver o seu Saukerl o mais rápido possível. Quando chegou á mesa do café da manhã, já estavam todos reunidos e conversavam animadamente sobre algo que ela não se importou em saber o que era. O único espaço vago era ao lado de Max, de frente para Rosa, mas isso não impediu de olhar para Rudy do outro lado da mesa, que piscou maroto para ela.

Quando se despediram da família para ir para a escola, ficaram em silêncio até chegar á esquina, onde Rudy finalmente se pronunciou.

– Acho que a gente precisa conversar sobre o que aconteceu ontem... Ou sobre o que não aconteceu.- Ele disse, fazendo Liesel corar mais uma vez. A garota não olhou para ele, estava constrangida demais para isso, mesmo assim o olhar de Rudy ainda era atento á sua expressão.

– Não tem nada á ser dito.- Disse Liesel, e antes que Rudy pudesse protestar, eles ouviram o ronco de uma moto. Evan parou do lado de Liesel com um sorriso sereno no rosto, ele estava calmo, lívido. Se eu não o conhecesse, desconfiaria que fora abduzido e outro Evan tomara o seu lugar, pois não parecia o mesmo rapaz.

– Bom dia, gatinha. Bom dia, Steiner.- Ele disse, sorrindo para os dois igualmente. Rudy acenou com o queixo e Liesel revirou os olhos.

– Será que não vai haver um dia sequer em que você não estacione a sua moto ao meu lado? Sinceramente Evan, eu já o vejo o dia todo na escola, não precisa disso para chamar atenção.- Disse Liesel, irritada. Rudy segurou o sorriso de vitória, pois sentia seu peito explodir com essas pequenas palavras de Liesel. O assassino não se abalou, apesar de não sorrir mais e olhar para o horizonte.

– Você deve achar que eu estou te perseguindo, mas eu acabei de comprar uma casa aqui perto, então eu sempre passo por aqui. Não tenho culpa se nós saímos de casa na mesma hora.- Ele disse dando de ombros e voltando á olhar para os meus sobreviventes. Rudy bufou.

– Que coincidência você ter comprado uma casa por aqui, logo depois de ter visto onde Liesel mora!- A ironia habitava a voz de Rudy. Evan sorriu sacana.

– Não existem coincidências. Bem, eu estou indo, nos vemos logo mais.- Disse Evan, colocando o capacete e indo para a escola. Rudy chutou algo no chão e Liesel balançou a cabeça.

– Porque não fingimos que esse momento não aconteceu e vamos para a escola?- Ela perguntou, já caminhando. Não viu quando Rudy sorriu e acompanhou-a na caminhada.

– Bem, se eu assim fizesse, esqueceria também de como foi maravilhoso ver você lhe metendo um fora na fuça, e eu quero mesmo lembrar disso para sempre.- Disse Rudy, balançando os braços ao lado do corpo. Liesel revirou os olhos.

– É sério que você quer que suas memórias eternas sejam com Evan? Estou começando á estranhar você, Saukerl.- Ela disse e ele gargalhou, depois balançou a cabeça.

– Na verdade, eu quero que todas as minhas memórias eternas sejam com você.

(…)

A professora não faltou aquele dia, tudo correu perfeitamente normal na escola. Ninguém falava sobre a morte do zelador, pois ele não era alguém muito importante para merecer ser citado. Eu fiquei um pouco triste por isso, ele era um homem bom, sua alma era pura e leve, e ele tinha uma cor bonita, ele era azul. Eu gosto de analisar as cores das almas que carrego, e o azul daquela alma me lembraram o céu sem nuvens, o céu que eu vejo na américa latina, era maravilhoso.

Mas voltando ao que realmente interessa nessa história, Evan não mais tentou puxar assunto com Liesel, pelo contrário! Se uniu á uma garota na classe e com ela ficou rindo e se esbaldando por todo o dia, o que deixou Rudy e Liesel felizes. Finalmente ele tinha desencantado? Esperavam que sim.

Liesel parou no rio Amper, sentou-se á margem do Rio, estava fazendo um calor particular, provavelmente o último do ano, já que o inverno estava próximo. Tirou os sapatos e molhou os pés na água eternamente fria. Deitou-se no chão gramado, fechou os olhos e lembrou-se de momentos á anos atrás, quando ela era menina que roubava livros e escondia um judeu no seu porão. Quando a vida lhe dava tapas constantes e ela se sentia exausta o tempo todo. Agora não havia cansaço, ela respirava a pura paz. Fico triste quando me lembro que essa paz não será pra sempre, todos nós sabemos, mas não vamos estragar esse momento.

Rudy sorriu para a imagem pálida da garota deitada aos seus pés, como se o mundo fosse dela e nada mais importasse. Deitou-se ao seu lado, os pés de ambos tocavam a água doce e fria do rio, e ambos agora lembravam de um livro descendo pelo rio.

– Rudy?

– Sim.- Ele disse, não abrindo os olhos. Ele sabia que alguma coisa estava tapando o sol, sabia que era Liesel, mas achava melhor continuar de olhos fechados, pois a paz era imensa quando assim estava.

– Acho que agora eu quero falar sobre o que aconteceu ontem.- Disse ela, fazendo-o abrir os olhos. Ela estava á uma distancia saudável dele, seus olhos eram meio agitados pelos sentimentos que transpassavam, e ao mesmo tempo calmos, pela paz que exalava do local onde se encontravam. Eu me sentei ao lado do corpo de Rudy, achando que podia ficar aqui por mais um tempo, sem que ninguém me chamasse para exercer meu árduo trabalho braçal.

– Eu pensei que não houvesse nada para ser dito.- Rudy comentou, voltando á fechar os olhos, a tensão era exposta em cada músculo do corpo do garoto, e Liesel podia ver o quanto aquelas suas palavras tinham magoado o garoto. Não importa quanto tempo passe, as palavras de Liesel terão sempre um poder que a mesma não pode explicar, ele simplesmente está ali.

– Rudy por favor, abra os olhos, vamos conversar como duas pessoas civilizadas.- Ela disse, e ouviu o garoto suspirar devagar, sentando-se com a mesma lentidão, e levando uma mão aos olhos, isso tudo com os olhos fechados. Depois abriu-os, encarando-a.

– Sobre o que você quer falar exatamente, Liesel? Teve algum sonho misterioso que lhe disse que não devia estar tão próxima assim de mim? Porque eu sei que você vai falar que tudo aquilo foi um erro, apesar de eu acho que nada nunca foi tão certo no mundo.- Ele disse, cruzando as pernas e começando á mexer na grama do chão, desviando o olhar da menina. Liesel negou com a cabeça, mas ele não viu.

– Eu não acho que tenha sido um erro, não tive sonho nenhum.- Ela disse, mas ele não se mexeu, deixando-a preocupada.

– Então sobre o que você quer falar?- Ele perguntou.

– Quero saber porque você queria me beijar.- Ela disse e ele finalmente levantou olhos para ela. Uma sobrancelha erguida, olhos meio confusos meio gozados, como se ele acreditasse que ela estava brincando com ele. Porque ele queria beijá-la? E não sabiam todos que o motivo para Rudy se submeter á quase uma escravidão ao lado de Liesel, era que ele a amava sem precedentes? Sim, ela devia estar brincando.

– Você está falando sério?

– Não quero que você me responda que é porque você gosta de mim, porque eu sei que gosta, mas não é isso que leva uma pessoa á beijar a outra. Gosto de muitas pessoas, mas não saiu beijando ninguém por aí.- Ela disse, erguendo as mãos para o ar enquanto falava. Ele concordou com a cabeça, enquanto tentava assimilar sobre o que ela estava perguntando.

– Você quer saber porque eu quero beijar você agora, sendo que eu já gostava de você antes e não a tinha beijado assim mesmo?- Ele perguntou, olhando para um ponto atrás da cabeça de Liesel, onde o rio parecia infinito. Ela concordou com a cabeça.

– Mais ou menos por aí.

– Eu não te beijei antes porque eu não tinha certeza dos seus sentimentos por mim, assim como ainda não tenho. Não acho que você goste de mim tanto quanto eu gosto de você, e eu não sabia se queria que o seu primeiro beijo fosse com alguém que você não gostasse de verdade. Fora aquele quesito que nós somos melhores amigos e eu não quero estragar nossa amizade. Isso responde a sua pergunta?- Ele olhou para ela e a viu corar diante aquele olhar. Os olhos de Rudy eram de um tom azul belíssimo, por causa da claridade, seus olhos não eram mais de um safira forte, agora eles mais se pareciam com o tom azul de um daqueles oceanos que rodeiam a terra, aqueles onde tudo é transparente. Inclusive, tudo transparecia pelo olhar do meu garoto.

– Sim, obrigada.

– Agora eu quero fazer minhas perguntas.- Ele disse, indo se sentar mais perto dela. Os joelhos dos dois se tocavam, e Liesel sabia que se ele se inclinasse agora, o beijo aconteceria, mas tentou não ficar nervosa com isso.

– Pode fazer suas perguntas.

– Porque você queria me beijar?- Ele perguntou, analisando as expressões no rosto de Liesel mudar, e as maçãs do rosto dela ficarem mesmo da cor de maçãs, vermelhas e suculentas. Ele quis rir daquilo, mas sabia que ela ficaria brava, então se reprimiu.

– Eu... Quem disse que eu queria beijar você?- Na defensiva para fugir da pergunta, típico! Rudy riu.

– Porque eu já sabia que você faria isso?- Ele perguntou balançando a cabeça, ela suspirou, sabia que uma hora ou outra teria de admitir seus sentimentos por ele. Mas será que não podia ser outra hora?

– Acho que eu não quero mais responder suas perguntas, Rudy.

– Porque você continua fugindo do que sente por mim? Desde o começo, desde aquela corrida improvisada, porque você foge?- Rudy perguntou, se inclinando devagar, era quase imperceptível. Liesel não percebeu.

– Eu não sei lidar com o que eu sinto por você.- Ela admitiu, se sentia hipnotizada por aqueles olhos, não sabia como conseguiu falar aquilo. Ele sorriu para ela.

– Eu também não, acho que isso não é só coincidência.

– E o que a gente vai fazer sobre isso?- Ela perguntou, percebendo só agora o quanto ele estava próximo á ela. Uma das mãos de Rudy estava ao lado da perna de Liesel, o apoiando para que ele conseguisse ficar perto do rosto dela. Mesmo assim, ainda havia certa distancia, uma distancia segura.

– Eu acho que eu tenho uma boa ideia.- Disse Rudy, sorrindo. Até parecia que ele não estava super nervoso, mas estava. Liesel engoliu em seco.

– É mesmo?

– O que você acha de um beijo, Saumensch?- Ele perguntou. A respiração de Rudy bateu no rosto de Liesel, trazendo um cheiro bom de hortelã com menta. Liesel fechou os olhos, curtindo a sensação, Rudy interpretou isso como uma resposta positiva e respirou fundo, se aproximando mais. Liesel sentiu o nariz de Rudy tocar o dela e abriu os olhos, encontrando um Rudy totalmente entregue á sensação, então ela fechou os olhos também.

Devagar, como se estivesse se preparando para a sensação, Rudy encostou os lábios nos de Liesel, levemente, e depois com mais pressão. A garota ficou parada, quieta.

Rudy se ajoelhou na grama, levando-a com ele, deixando o corpo um do outro colados. Rudy colocou as mãos na cintura de Liesel, enquanto a mesma enlaçava o pescoço dele com os braços.

Em algum momento, Liesel sentiu algo tocar a sua língua e sabia que era a língua de Rudy. Os lábios deles se encaixavam e dançavam entre si, como se tivessem nascido um para o outro.

Rudy tinha razão, nada nunca foi tão certo no mundo.

(…)


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e muito desculpa por não ter postado antes. Amo vocês!