Como Ser Criado Por Um Maroto [SENDO REPOSTADA] escrita por MFR


Capítulo 37
Memórias


Notas iniciais do capítulo

Bônus para Hideki:

"Tem certas perguntas que fazem qualquer um gelar. A situação piora quando não podemos fugir delas, quando não aceitam um 'não sei' ou um 'porque não', ou quando a pessoa que questiona não tem idade ouvir uma resposta exata e sincera.
Para mim as piores perguntas sempre vieram de Harry.
'Por que eu não tenho papai e mamãe?' foi a mais complicada e acho que já contei essa história. E depois de 'Por que meus presentes de Natal estão escondidos aqui?' bom velhinho perdeu um crente.
'Por que aquele homem esta com vestido?', 'Quem é essa mulher? Cadê as roupas dela?', 'O que acontece quando alguém morre?', 'Minha professora te chamou de cachorro, ela viu você como animago?', 'Por que existem pessoas com magia e outras sem?', 'Por que o milho verde é amarelo?', 'Por que meus olhos são verdes?'...
Por aí vai, meu afilhado é curioso demais.
Porém, até o momento que as palavras saíram de sua boca, eu nunca pensei que teria problemas para responder a mais recente pergunta de Harry:
'Da onde vêm os bebês?'.
Diferente do imaginado, ser sexualmente ativo não ajuda nessa situação. E ficar travado com aqueles olhinhos verdes me encarando curiosos também não.
Tomo fôlego, puxando Harry para se sentar comigo no sofá. Lá vai.
— Ok, Harry, falando a verdade, nada de aboboras e entregas por corujas... — começo.
— O que? — meu afilhado pergunta, confuso.
— Nada. — digo, gesticulando com as mãos, nervoso. — Quando... um homem e uma mulher se gostam de... de alguma forma, eles... eles... Ah, meu Merlin. — travo de novo, passando a mão no cabelo, mais nervoso ainda. Ergo os olhos de novo para Harry, ele me observa naquela curiosidade inocente que em nada me conforta. Suspiro e grito mentalmente: Não trate esse assunto como um tabu, Sirius! — Quando um homem e uma mulher se gostam, de alguma forma, eles namoram de uma forma mais intima. — explico com mais firmeza.
— Como você e suas amigas?
— Exatamente. — assinto.
— Mas por que vocês não têm bebês?
— Porque tem algumas formas de impedir que a mulher engravide. — Esta ficando fácil...
— Como?
— O homem tem um tipo de semente que precisa... Entrar na mulher, para impedir que a mulher fique gravida se usa alguns tipos de barreiras para que essa semente não chegue.
— Aaah... — Harry murmura, entendendo minha paca explicação. Não faça mais perguntas. Não faça mais perguntas, eu não entendo tanto de anatomia... — Tudo bem! Entendi, obrigado padinho.
E descendo do sofá some no corredor aos pulos. Suspiro de alivio, até que não foi tão difícil."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/498359/chapter/37

Parabéns para mim, nessa data querida, muita felicidade, muitos anos de vida ♪♫♪♫♪♪♫♪♫♪♫♪♫♫♪♫. Sim, hoje, dia 26/05/2015, é meu aniversário de 15 anos, e vou adorar receber comentários de presente

.

.

.

— Hei, Potter, é verdade que alguém quer seu pescoço?

Reviro os olhos, claro que uma hora Draco ia voltar ao assunto. Demorou quatro dias, mas acho que finalmente voltar a receber a puxada básica de saco de Snape trouxe sua marra de volta.

Babaca.

— É, sua tia quer se vingar de Voldermort em mim, deseje boa sorte a ela no jantar de natal de vocês, ok? — rebato me virando um momento e fazendo "joinha" com os polegares das duas mãos.

Não entendam minhas ações como se eu não me preocupasse com minha segurança. Não, eu conheço bem o perigo que Lestrange representa, só não estava com paciência para aguentar Draco e suas alfinetadas logo após a primeira aula de poções do ano - diferente de seu nariz que só crescia, as aulas de Snape não ficam mais agradáveis com o tempo.

— O que temos agora, Mione? — Rony pergunta a nossa amiga. Hermione tinha sumido no final da aula de Snape, mas já tinha voltado para nosso lado - estranhamente, ela não vestia mais seu cardigã e seu cabelo agora estava "preso" num coque numa tentativa falha de tirar o cabelo volumoso do rosto. Falha, pois muitas mechas já se soltaram.

— DCAT. — responde ofegante, como se tivesse corrido metade do castelo até ali.

Antes que eu perguntasse qual o problema, ela já tinha virado o rosto e prestado atenção no que suas mãos faziam ao tentar amarrar o cabelo, outra vez. Por que ela não o cortava logo de uma vez?...

— Animado em receber aulas do seu tio, Harry? — Rony pergunta.

— Ele e Sirius já passam muito tempo me ensinando durante as férias, Rony, então não tanto. E não fique achando que ele vai tratar a gente diferente, tudo bem? Não vá passar vergonha. — Aconselho com os olhos em Hermione, para o caso dela sumir no ar de repente.

Vai saber, ela estava estranha a semana inteira. E eu ainda não conseguia entender o que ela estava fazendo para participar de mais de uma aula ao mesmo tempo, e não importa o quanto eu perguntasse ela não abria a boca.

...A não ser pela vez que ela começou a formar uma azaração para lançar em mim, irritada pela insistência.

— Que saco, pelo menos você acha que ele vai ser legal? Como professor, quero dizer.

Paro um segundo - não fisicamente, apenas meus pensamentos que se desprendem da morena que seguia em nossa frente - pensando. Diferente de Sirius que não tinha lá tanta paciência para ensinar muita gente (sou uma exceção para o pulguento) Remus sorria daquele jeito cansado sempre que tinha que repetir algo, não parecia o tipo professor carrasco.

— Acho que ele vai ser um professor maravilhoso. — respondo sorrindo e parando de andar.

— Tomara. — Rony murmura coçando a nuca.

— O que há com vocês? Vamos logo, é a primeira aula de Defesa Contra As Artes Das Trevas do ano. Você não quer perder a aula do seu tio, quer, Harry? — reclama Hermione alguns metros a nossa frente.

Rony rola os olhos em minha direção.

— Hermione, quando alguém dava uma de irritada com meu padrinho, ele sempre dizia que era tensão pré-menstrual, não é o seu caso, é?

— Cale-se, Harry. — rebate a menina voltando a andar.

Quando chegamos à sala de Defesa Contra As Artes Das Trevas, parte de mim logo aprovou a nova decoração. No ano anterior cada parede dessa sala era enfeitada por no mínimo dez retratos do antigo professor, agora fora os moveis escolares, só haviam cortinas cinzentas nas janelas. As duas filas de carteiras estavam postas bem afastadas uma da outra, formando um largo corredor para se passar - ou treinar.

Nas carteiras, alguns alunos já estava sentados com seus livros e penas a mão. O lobisomem que chamo de tio, porém, ainda não estava presente.

Seguimos até uma carteira perto de uma janela, e no pusemos a esperar. Rony começou a rabiscar as laterais de um pergaminho, enquanto puxo uma conversa sobre aritmância com Mione.

Um ótimo assunto, aliás.

Depois de alguns minutos, meu tio aparece. Ele vestia uma calça branca, com uma camisa cinza e o colete verde petróleo que meu padrinho tinha lhe dado no ultimo natal. Sem a capa que fazia conjunto com o colete, até parecia um professor universitário trouxa comum.

— Bom dia, alunos. — meu tio nos cumprimenta se encostando a sua mesa. — Sou Remus Lupin, e serei seu novo professor de DCAT.

Sorrio. Algo se aquece em meu peito; orgulho.

Na maior parte da minha vida só foram Sirius e eu. Sempre nós dois, sozinhos; Black&Potter versus o mundo.

Mas quando nos mudamos do Brasil, algo mudou. Eu vim para Hogwarts e fiz laços quase tão fortes com Hermione e Rony, eles se tornaram meus melhores amigos, e vão continuar sendo. Houve toda a confusão com Quirrel, e ela só serviu para fortalecer nossa amizade. No entanto, fui para casa naquelas férias, e quando Sirius me recebeu na estação vi que não importa quantos amigos eu faça, nada mudaria minha relação com meu pai.

E com isso percebido e gravado, conheci Gina, e logo depois Lupin.

Lupin! Quantas vezes eu ouvi falar do lobisomem do bem que tanto foi amigo dos meus pais, de todos os meus pais?

E, quer saber?, já se passaram muitos meses desde que Aluado me entregou um livro de DCAT básico numa festa de aniversário, e eu ainda fico surpreso por conhecer tal lobisomem. Afinal, ele era com certeza um bruxo para se admirar; sábio, inteligente e forte o bastante para continuar sendo bom e gentil mesmo com uma vida cheia de discriminação desnecessária.

Então ao vê-lo em frente a sala, parecendo tão confiante e disposto a nos passar todo o conhecimento possível, eu realmente senti orgulho dele, de conhecê-lo e de ser íntimo o bastante para tratá-lo como parte da minha família.

Mas, oras!, ele realmente era parte da minha família! Quando é que foi necessário qualquer laço sanguíneo para isso, afinal?

— Guardem seus materiais, nossa aula será prática. Apenas varinhas.

Sorrio para meu tio, e ele manda uma piscadela discreta para mim.

Quase não tivemos qualquer uso de varinhas em DCAT, então provavelmente só com aquelas palavras, Remus Lupin se tornou o melhor professor de Defesa Contra As Artes Das Trevas que já tivemos.

.

Oh, droga, por que eu estou na enfermaria?

... Ah, é. O jogo.

Aparentemente não era uma boa ideia fazer jogos em meio a grandes tempestades. Só que depois que os jogos eram marcados, e já que o campeonato de Hogwarts era semi-profissional, não podiam ser adiados por pouca coisa. Mas onde exatamente uma tempestade daquele tamanho era pouca coisa, eu não saberia dizer.

Grunho ao sentir uma pontada em meu ombro e volto a fechar meus olhos.

— Ei, ele está acordando!

Quis pedir para que não gritarem, só que minha voz não saiu.

— Ele parece mal...

— Não, idiota...

— Ele caiu da vassoura e quase morreu, ele está maravilhoso.

— Paspalho...

— Sem falarmos da vassoura dele...

Abro os olhos, ignorando completamente a alfinetada de dor no fundo deles que sofri.

— Minha vassoura. O que aconteceu com a minha vassoura?

Todo o time de quadribol, fora nosso capitão, mais meus colegas de dormitório e Hermione estavam em volta da maca. E eles trocam olhares depois da minha pergunta.

Com o desespero começando a crescer em meu peito, eu já ia repetir minha pergunta quando outra pessoa se faz presente.

— Não é hora para se preocupar com isso, filhote.

Viro o pescoço em sua direção, e acabo soltando um guincho estrangulado. O movimento fez os músculos de minhas costas doerem. Suspiro me aconchegando de volta no travesseiro, e nisso Sirius se aproxima empurrando meus amigos para ter acesso a mim.

— O que há, velhinho? — pergunto tentando diminuir sua preocupação fazendo piada.

— Fraturas nas costelas, ombro deslocado e hematomas por todas as costas. Você não é o Coiote para sobreviver a quedas assim, amigão. — ele responde, sorrindo de lado.

— Juro que foi sem querer, eu já tinha pego o Papa-léguas mas-

— Você desmaiou, eu sei. — Sirius afirma interrompendo. Seu tom de voz era sério, e enculo em seco por isso. — Podem nos deixar sozinhos, por favor. — meu padrinho pede e meus amigos saem, mas Rony deixa algo no chão perto dos meus pés.

— Aquilo é, não é?... — pergunto em negação apontando para os restos mortais da minha vassoura.

— Sinto por sua perda. — Sirius dramatiza. Ele pula sentando-se perto dos meus pés, batendo em minha canela numa forma de carinho. — Mas acho que as metáforas com os Looney Tunes, é só uma forma de fugir do assunto.

— Por que eu fugiria do assunto? Eu caí da vassoura porque um monte de lençóis voadores estavam atrás de mim.

— Você podia ter fugido.

— Eu fugi!

— Não, você continuou.

— E-eu só queria pegar o pomo, e eu peguei! — me defendo, mas Sirius continua me medindo. — Sirius, a Grifinória contava comigo! Não podia dar chance para Draco pegar o pomo no meu lugar!

E embora eu fosse sincero (em parte) Sirius continuava a me encarar esperando que eu admitisse logo.

— Harry, a gente vai falar sobre seu problema com os dementadores. Não adianta tentar fugir.

Desvio o olhar. Que seja, então. Peço ajuda para ficar sentado e ele ignora quando gemo pela dor.

— Eu... eu não tenho problemas, eles só me afetam a mais...

— Não estou me referindo aos desmaios, você sabe. — interrompe. — Agora sem mentir, filhote, e sem contar meias verdades. — Sirius manda e eu aceno — Quer contar sobre o bicho-papão?

— Tio Remus já contou. — rebato.

— Conte da sua forma. — Sirius pede. Meu padrinho se acomoda mais na maca, pondo seus pés sobre ela

— Era a primeira aula do tio, e ele nos levou para combater um bicho-papão. Eu pensei que ia ser Voldemort de novo, como quando estudei ano passado, então não me importei demais. Só que... só que o bicho-papão se transformou num dementador.

Meu padrinho assente e depois pergunta:

— Você usou o riddikulus ou desmaiou?

— Eu quase desmaiei, então foi meu tio que usou o riddikulus.

— Remus não me contou desse jeito. — Sirius acusa.

— Você pediu a minha versão. — retruco.

— Eu pedi pelas suas palavras.

Bufo impaciente e solto a verdade:

— Eu não soltei o riddikulus, eu esperei tempo demais e então já não conseguia mais.

— Por que não usou o feitiço?

— Porque... — Mordo a língua para não soltar a mentira já formada. — Porque eu queria ouvir minha mãe de novo, como no trem. — admito irritado. Sirius torce a boca descontente — Pare de agir como se já não soubesse, droga. — vocifero.

Sirius fica quieto um momento, pensando em alguma coisa. Não falo nada, eu estava meio constrangido em admitir isso.

— Harry, hoje você tentou ouvir sua mãe de novo? — Sirius pergunta. Fico em silêncio, se admitisse, eu iria ouvir uma bela bronca. — Durante o jogo, Harry, você se pôs em perigo para ouvir Lily? — ele insiste. Fico quieto, me negando a responder ou olhar em seu rosto, mas ele ergue meu rosto em sua direção. — Harry!?

— Sim. — respondo rápido. Suspiro. — Mas, Sirius, eu precisava mesmo pegar o pomo, quando o peguei tentei voltar pa... — começo a tentar me justificar.

Mas me calo, pois Sirius se move alcançando minha cabeça para aplicar um cascudo.

Gemo pela dor.

Isso era tão Sirius! Eu era constantemente superprotegido, mas se eu me machucasse num nível inferior a “perigo mortal” ou “extrema dor”, ele não se continha em me dar lições.

— Você é um idiota, Harry. — ele afirma. Engulo em seco, surpreso com a reação e ainda mais por ele não parecer irado e sim... conformado? — Nunca mais pense em fazer uma besteira desse tipo, me ouviu? Você já tem problemas o bastante para ficar arrumando mais perigos. — Aceno com a cabeça. Meu padrinho respira fundo antes de continuar. — Seus pais não iam querer que você se colocasse em perigo, filhote, — Murmuro um "eu sei", não precisa usá-los, não jogue na cara o papo de sacrifício de-... — então vamos ter que achar outra forma de você conhecê-los.

Encaro Sirius incrédulo.

— Como assim?

— Existe uma técnica. — Sirius explica.

Continuo olhando para ele esperando uma resposta. Ele fica quieto, focando seus olhos em um ponto acima de meu ombro. Silêncio.

— Você está bem? — pergunto achando bem estranha sua falta de atenção.

— É, eu estava pensado, aqui. Desculpe. — pede, faço uma careta. — Bom, a técnica consiste em retirar suas memorias e coloca-las em um recipiente chamado penseira. É uma ótima forma de guardar, se livrar ou reviver experiências. — enrugo a testa acompanhando. — Com isso eu poderia levar você para algumas memorias que eu tenho de seus pais, sem que você corra risco de perder sua alma num primeiro beijo.

Ignoro a clara alfinetada sobre eu nunca ter beijado, e pergunto preocupado:

— Isso não vai ser desconfortável para você? Ver papai e mamãe?

Meu padrinho sorri, agora genuinamente.

— São as minhas memorias, filhote, elas já estão na minha cabeça. — me lembra.

— Você tem uma penseira aqui?

— Desde que você contou sobre as lembranças de sua mãe eu estou me preparando para isso. — meu padrinho responde puxando sua varinha e mais algo de sua capa.

Ele aponta a varinha para o pequeno objeto que se expande ate se mostrar um tipo de bacia rasa, com inscrições nas bordas. Um tipo de substancia enchia a penseira, e eu não consigo identificar se o material é liquido ou gasoso. Meu padrinho acomoda a penseira sobre o colchão e eu me inclino sobre ela a observando. Sirius empurra minha testa revirando os olhos, me afastando da penseira. Ele tira um frasco do bolso da calça, dentro dele um tipo de nevoa prata brilhava e despeja essa nevoa na penseira. Como um pó num liquido viscoso, a nevoa foi se espalhando em formas.

Olho para meu padrinho, o interrogando em silêncio.

— Mergulhe de cabeça. — instrui.

— Sirius, eu estou com dor... — tento.

Eu queria ir, mas minhas costas pareciam que iam se abrir pelos machucados da queda. E também não queria fazer meu padrinho passar por algo assim. Sabia o quanto Sirius nunca superara a morte do meu pai, não queria fazê-lo reviver coisas só porque eu era egoísta o bastante para ter arriscado meu pescoço por lembranças.

— Você nem vai sentir seu corpo direito aí dentro, pirralho. — Sirius sorri pondo sua mão em meu ombro que não estava machucado. Faço uma careta, desconfortável. — Vamos?

O encaro e aceno. Meu padrinho ergue a penseira para que eu não tivesse que me curvar demais, assim que encosto a testa na substancia ali dentro sinto um solavanco (que doeu sim) e logo me vi em pé num lugar completamente diferente da enfermaria de Hogwarts. Sem dor.

Era uma cozinha branca e bem iluminada, um rock um tanto triste e romântico era ouvido a distancia. Reconheço a banda bruxa; Sídero, a favorita dos meus pais de acordo com Sirius.

Olho envolta por um momento, e então sinto a mão pesada de meu padrinho me virando em uma direção. Franzo as sobrancelhas, olhando confuso para Sirius. Vejo que ele observava algo, sorrindo tristemente. Sigo seu olhar e meu queixo cai.

Mamãe colocava um pequeno pudim sobre a mesa, ela sorria e começa a servir um pedaço grande num pratinho ali. Meu pai logo ataca o doce e sorri com os dentes meio sujos da cobertura roxa.

“Está divino, amor.”

Engulo em seco ao ouvir meu pai; sua voz era grave assim como o riso que se seguiu. O vejo puxando minha mãe para que ela sentasse em suas pernas, ela ri quando ele beija seu rosto a sujando com o doce. E esse som me fez sentir o tempo parar e minha mente se esvaziar, somente a repetição do som ecoava em minha cabeça.

Sem perceber dou um passo para perto deles, mas Sirius me para.

— Si...

— Eles não estão aqui mesmo, Harry. — murmura resignado. O começo de um “mas” se forma em minha língua, a mordo para ficar quieto.

Abaixo um pouco a cabeça com olhos começando a ficar úmidos.

Talvez não fosse mesmo uma boa ideia — penso.

“Não sei para quê você faz doces, Lils. O grau de glicose entre vocês é o bastante para dar diabetes.”

Rio um pouco esganiçado (graças ao inicio de choro) ao ver quem observava o casal da porta da cozinha. Um Almofadinhas muito mais novo sorria maldoso para os amigos.

O Sirius-real do meu lado não mudou muito e nem foi prejudicado pelo passar dos anos, isso era fato. Só o cabelo que estava (muito) mais longo, suas marcas de expressão e músculos estão mais visíveis e, estranhamente, sua pele parecia melhor atualmente. Só que o antigo antigo-Sirius tinha um olhar muito mais brilhante que o meu padrinho de 35 anos agora.

E ele usava umas calças engraçadas.

— Belas calças. — comento.

— Concentre-se. — Sirius manda empurrando meu ombro de brincadeira.

Dirijo meus olhos para ele bem no momento que o cenário muda, e perco meus pais de vista. Agora o lugar era uma sala de estar, havia um castiçal simples no teto com velas e a lareira estava acesa. Era inverno ou algo perto disso, pois quando vejo as pessoas do lugar, elas estavam vestidas com suéteres mesmo com o fogo.

Papai, Sirius e Remus riam olhando a escada e dela minha mãe descia sorrindo. Ela pula no colo do meu pai - devia ser algo deles – abraçando seu pescoço.

“Estou grávida!” ela grita alegre. Isso faz que os marotos pulem surpresos, no começo de uma comemoração.

— Ela esta falando de... — começo a pergunta Sirius apenas assente.

Rio me voltando para a cena. Não apenas era a voz dela como era seu riso, seu sorriso, sua felicidade, em dizer que me esperava.

“Eu vou ser o padrinho!” o antigo-Sirius grita.

“Até parece!” tio Remus retruca.

Os lábios do lobisomem continuam a se mexer quando ele continua a falar, mas não o ouço, pois a memoria muda de novo. Agora estávamos no meio de um tipo de festa, procuro meu padrinho e seguro seu braço.

As pessoas dançavam passando por meu corpo. A situação não era confortável, se eu reconhecesse alguém depois, lembraria que durante um momento, eu estive dentro deles; nojento.

Volto a ouvir sons; a musica e os gritos altos demais me davam a impressão que o barulho batia em meu estomago. Depois de um momento de confusão por causa do barulho, reconheço a musica. Sídero, outra vez, e quem quer que estivesse gritando a musica parecia se divertir.

Olho em todas as direções procurando meus pais, até que sinto Sirius me erguendo pela cintura como se eu fosse um saco de batata. Desse jeito tenho uma visão boa do palco e de quem cantava.

Meus pais riam cantando ali em cima. Era a festa do casamento deles, eu não poderia ficar sem reconhecer o vestido da minha mãe; ela estava linda de branco. E seu cabelo era realmente vermelho, bem diferente do tom alaranjado e flamejante de Gina... Digo, dos Weasleys.

Queria chorar e rir com aquela visão.

— Ela era linda, mas agora eu vejo da onde veio minha falta de afinação. — comento, dando uma risada anasalada.

Ouço Sirius rir. Ele começa a me colocar no chão e antes disso os sons somem dando lugar a um novo cenário: uma sala de aula. Não reconheço qual, mas era definitivamente de Hogwarts. E pelos caldeirões e ingredientes sobre as carteiras, devia ser poções.

“Fique longe de mim, seu inseto malacafento.”

“Credo, Evans, assim me magoa!”

“Eu vou azara-lo, estou avisando, Potter.”

Encaro de queixo caído a versão das discussões entre Rony e Hermione, protagonizada por meus pais. Eles deviam ter uns quinze, talvez dezesseis anos. De verdade, pelo jeito irado que minha mãe olhava meu pai, se eu não fosse filho deles, eu não acreditaria que eles viriam a se casar depois.

Um professor começa a falar assim que mudamos de memoria. Agora sim haviam gritos e barulhos, me vejo sobre o palco em que são entregues os troféus de quadribol e encaro Dumbledore alguns anos mais jovens. Viro me caçando meus pais e dou de cara comigo mesmo erguendo o troféu de quadribol.

Bom, essa foi a primeira impressão que tive ao ver meu pai ali. Éramos iguais! Se não fosse a forma e cor dos meus olhos e por meu cabelo ser um tanto mais curto, eu seria uma fotocópia. Mesma altura, cor de cabelo, de pele e até os uniformes do time são vestidos do mesmo jeito. E ele também usava visor para jogar!

— Agora que você vê, nunca mais reclame quando falarem que se parecem, filhote. — Sirius diz, aceno ainda observando boquiaberto meu pai comemorar com a taça de quadribol.

Meu padrinho segura firme meu antebraço e logo me sinto cuspido para fora da penseira.

Fico em silencio absorvendo aquelas imagens e tentando não esquece-las. Não devíamos ter demorado mais do que cinco minutos, mas a carga emocional daquilo tudo valeu como uma tarde inteira de treinos. Sirius respeita meu silencio ficando quieto, mas faz questão de senta ao meu lado na maca. Me encosto em seu braço e ele puxa o cobertor para minhas pernas de novo.

— Sirius... — começo, só que eu não sei o que dizer.

— Foi uma ideia ruim? — ele pergunta apreensivo.

Nego, sorrindo triste.

— Foi uma ideia maravilhosa, pai. — contesto. — Eu só tenho... Só preciso de um momento. — explico abraçando-o.

— Eu sei... Eu sei, exatamente, filhote.

Engulo o choro. Aquilo ótimo! Eu agora conhecia a voz da minha mãe, não precisava recorrer a dementadores! E mais, eu vi e ouvi papai! Eu nem esperava isso... Agora nunca mais esqueceria papai e mamãe, e estava feliz em “conhecê-los”, mas... mas eles continuam sendo meus falecidos pais!

Saber o tom de voz de papai, ou como o cabelo da minha mãe era, não faria Voldemort matá-los menos.

Eu não iria me colocar em perigo por Sirius, e além disso eu também não queria mais ficar remoendo a dor de ver meus pais sem poder realmente estar com eles. Eu continuaria a ama-los como sempre, como meus heróis.

Grupo no Facebook: (Clique aqui)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

"E os anjos vão rezar, rezar, rezar, rezar, rezar. E os demônios vão odiar, odiar, odiar, odiar. E eu vou mexer, mexer, mexer, mexer!" - paródia adorável :3

Gente, se eu não receber "parabéns" vou ficar realmente magoada! Vocês são mais de 400 leitores, não vai machucar darem parabéns para a debutante aqui, Tá? - debutante, Morganna? Sério? ¬¬' ¬¬' ¬¬'

Viram o bônus nas notas iniciais, né? ;)
E o capítulo ficou um pouco grande, e também houve um grande time skip no meio do capítulo. E eu gostei de escrever um pouco de Jily ^w^

Sídero, a banda favorita de James e Lily, é uma banda inventada '-' mas a música que tocava na primeira memória, na minha cabeça era Nothing Else Matters - Metallica. Se eu não citar nomes, não podem reclamar que eu usei uma música criada muito depois da época da FIC.

B O M . . . Eu queria muito fazer esse capítulo, e postar ele no dia do meu aniversário. Espero que entendam o atraso (e ME DEEM PARABÉNS)
mas de qualquer forma, quero agradecer por todo o apoio que me deram até agora, quando uma data assim aparece, me faz pensar nas coisas que me importam e fazem diferença em minha vida.

Ah, ano passado eu terminei minha primeira Fanfic no meu aniversário - 26 capítulos, terminados no dia 26 de maio, me assustei quando eu vi aquilo - se alguém quiser ler, esse é o endereço:
A Viajante: http://fanfiction.com.br/historia/402050/A_Viajante/
Sinopse: " Onde tudo começou? Vamos ver, talvez... quando eu morri.
Mort era uma garota apaixonada por livros. Seu maior sonho era poder entrar nos livros e conhecer seus personagens favoritos, o que nunca aconteceria... Não até ela morrer pelo menos." — Leiam, é um crossover de Harry Potter, Percy Jackson e os Olimpianos, Jogos Vorazes, Crepúsculo e Ciclo da Herança. Não tem a mesma qualidade de CSCPUM, mas aquele universo é um xodô meu :3

Beijos, até daqui duas semanas.