Como Ser Criado Por Um Maroto [SENDO REPOSTADA] escrita por MFR


Capítulo 30
A Câmara


Notas iniciais do capítulo

Bônus para The Giovanna

"— ...Quer moços de pernas raladas, / Temos as cabeças precisadas / De idéias interessantes / Pois estão ocas e cheias de ar / Moscas mortas e fios de cotão / Nos ensine o que vale... — Eu ouvia Harry cantarolar na sacada do nosso apartamento.

A mesma canção que deu início a todo o problema.

— Para dentro, Harry. — Mando sem tirar os olhos da TV.

Mesmo sem olhar, eu sabia que ele bufou antes de vir e se sentar no tapete.

Harry não olhava para mim de jeito nenhum, ora me encarava como se quisesse que eu fosse comido por téstralios. E diferente do que pode parecer, ter um menino de sete anos irritado não é tão simples assim, não é só ignorar, ainda mais quando ele é mais teimoso que uma porta.

Eu disse, eu repeti, eu tornei a falar e eu insisti mais um pouco, eu expliquei a importância disso tudo um monte de vezes! Mas ele me ouviu? Não, claro que não!

Harry foi lá, cantou para quem quisesse ouvir o hino de Hogwarts e ainda disse para a professora (ainda bem que foi só para ela!) sobre a escola! E ainda ficou bravo por eu ter que apagar a memória da professora e por eu ter brigado com ele!

E não pediu desculpas, mesmo sabendo que estava errado. Moleque teimoso! Parece até que a teimosia do James e da Lily se acumulou nele!

Tá... Eu sabia que ele era pequeno e que corria mesmo o risco disso acontecer. Só esperava que acontecesse quando ele era mais novinho, e não agora que ele já entendia, que já sabia da história dos pais e de que já mostrava sinais sérios de magia. Harry já tinha colegas que vinham nos visitar em casa e nunca houvera qualquer incidente, mas foi contar um pouco mais sobre Hogwarts e sobre o mundo bruxo que ele foi lá e abriu a boca!

Embora minha vontade fosse prendê-lo no quarto para aprender a lição, de esbravejar aos gritos e de impedir que ele brincasse até com a Héstia, eu me mantinha calmo, sério, para que Harry entendesse o quão errado era o que ele tinha feito, e que nem sempre eu poderia consertar a situação como dessa vez.

Estava um pouco decepcionado também, confesso. Não por ele ter errado e contado, mas por ele não entender que tinha errado.

É, eu acabei o mimando. Harry sempre teve tudo; todo o carinho e todo o apoio... E mesmo assim continuou sendo um garoto bom, só que teimoso.

Muito teimoso...

Tento passar a mão em seu cabelo, mas ele se esquiva bicudo.

Teimoso. Como o pai, a mãe e o padrinho."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/498359/chapter/30

— Você tem certeza disso? — Rony pergunta incerto, dês de que descobrimos que Gina foi capturada ele está com essa cara apavorada barra arrasada. Não podia culpa-lo, mas isso só aumentava ainda mais minha ideia de que isso era perigoso demais, irresponsável demais.

Antes que nos chame de estúpidos, saibam que eu contara tudo aos professores. Logo que Rony e eu acordamos, na primeira oportunidade livre de professores supervisionando nossos passos, fomos até a enfermaria "conversar" com Mione, nosso plano era depois de vê-la fossemos pesquisar sobre monstros serpentes, Hermione, no entanto já tinha a resposta escondida em sua mão.

Se não fosse dada a situação me perguntaria como ela podia ser tão genial, como que eu sendo um ofídioglota pude demorar mais tempo para descobrir qual era o monstro do que ela, e como exatamente ela conseguira descobrir que era um basilisco e ainda saber exatamente como ele se locomovia pela escola.

Claro que logo depois fomos avisar aos professores, eles nem ao menos prestaram atenção no que dizíamos! "Ah, a escola está sendo fechada, que lástima", "Uma perda tão grande, como ficará a educação dos nossos jovens bruxos?", "Ôh, não! A doce Gina, não! Ela era tão esperta".

Até Rony que estava entrando em choque parecia mais são que eles.

Enfim, eles não nos deram atenção. Fechariam a escola, descobririam qual era o monstro e tentariam trazer o corpo de Gina de volta para seus pais.

Toda a descoberta de Mione foi inútil e qualquer chance que tínhamos de pelo menos avisar que tipo de monstro era foi descartada quando Snape nos expulsou da sala dos professores nos acusando de querer atenção como no primeiro ano e com uma sonora porta fechada em nossas caras.

— Ou pulamos ou Gina morre. — O lembro.

— Ela pode já estar morta. — Ele murmura amargurado. — Podemos entrar em perigo apenas para encontrar seu corpo.

— Rony termina dando um chutinho no canto do buraco.

Eu sabia que meu melhor amigo só estava triste e preocupado, e que ele escondia isso debaixo de uma tonelada de marra e amargura. Além do medo de não conseguir salvar a irmã e acabar morrendo. Então, para tentar dar uma injeção de força recomeço a falar:

— Ou ela pode estar lá embaixo, encolhida no escuro, com frio. Sem saber se vai conseguir sair e com medo de abrir os olhos e morrer. — Rebato e ouço um suspiro. — Não vamos parar aqui, eu não vou desistir. Ela é sua irmã e uma das minhas melhores amigas, ou eu trago ela de volta saudável ou trazemos seu corpo para ter um enterro digno.

Ergo a cabeça para olhar nos olhos de meu amigo e passar um pouco de confiança.

Se deu certo ou não, se Rony pularia comigo ou se desistiria, eu não tinha certeza. Mas... bem, eu já tinha pulado.

Foi como descer num escorrega escuro, viscoso e sem fim. Com a pouca luz existente pude ver outros canos saindo para todas as direções, mas nenhum tão largo quanto aquele, que virava e dobrava, sempre íngreme para baixo, e percebo que estava descendo cada vez mais fundo sob a escola, para além das masmorras mais fundas.

O escuro a minha volta dava uma terrível sensação de claustrofobia, a velocidade da queda me faz questionar como eu não perdi meus óculos assim que pulei e me assustava o tempo de queda.

Ouvi dizer uma vez num filme que a cada segundo caímos cerca de dez metros - ou era mais? Não lembro direito - então, se eu estava caindo a já muitos segundos, quantos metros eu cruzei? E como continuaria vivo depois do impacto?

Me desespero por meio segundo. Com a adrenalina pulsando em minhas veias imagens aparecem no escuro. Algo como aquelas cenas de filme onde as pessoas sonham que estão caindo - eu realmente não sei de onde isso veio.

Antes que eu me perdesse totalmente em meu medo, o túnel nivela e sou jogado do outro lado de um túnel úmido com chão de pedra.

Rolo no chão tentando recuperar o fôlego, antes disso, porém, ouço Rony batendo nas curvas do mais antigo e estupidamente assustador escorregador de Hogwarts. Por muito pouco o ruivo não cai em mim.

— Mas que... — Rony xinga socando o chão e tentando levantar.

— Devemos estar a quilômetros abaixo de Hogwarts. — Murmuro ajudando ele a se por em pé.

Rony aperta sua varinha velha antes de acende-la com um solen. Acho que depois de Aragogue esse feitiço se tornaria um tipo de "cobertor protetor" contra os medos de Rony, do tipo que crianças se escondem para dormirem mais sossegadas.

— Como vamos sair daqui depois? — Ele questiona irritado.

— Se concentra no Basilisco, ok? — Aconselho começando a andar pelo caminho. — E a qualquer sinal de movimento feche os olhos.

Seguimos pelo túnel assustador, mesmo com a luz forte vindo de Rony, ainda faria muita gente tremer de medo - eu não, é claro. Humpf, claro que não.

O silêncio só é quebrado pelo ruído de Rony pisando sobre um velho e seco crânio de rato. Percebemos então o chão salpicado por ossos de pequenos animais.

— Se o basilisco come bichinhos pequenos como esses ele não deve ser tão grande, não é? — Rony tenta se convencer, mas sua ideia positiva é quebrada quando encontramos uma antiga e enorme pele de cobra.

Felizmente - e tão infelizmente quanto - o dobrarmos mais uma curva, nós deparamos com uma parede sólida com duas cobras entrelaçadas talhadas em pedra, os olhos com duas enormes esmeraldas brilhantes pareciam estranhamente vivos.

— Abram — digo em voz baixa, segurando mais firme a varinha que em algum momento no frio eu peguei.

As cobras se separaram e as paredes se afastaram, as duas metades deslizaram suavemente, desaparecendo de vista e com uma ultima troca de olhar entramos.

A famosa câmara era muito comprida e mal iluminada, altas colunas de pedra entrelaçadas com cobras em relevo sustentavam um teto que se perdia na escuridão, projetando longas sombras negras na luz estranha e esverdeada - quase que fluorescentes - que iluminava o lugar.

O solen de Rony continuava firme, reforçando minha tese de que ele seria um tipo de amuleto de coragem. E eu tinha que admitir que estava começando a me afeiçoar a esse feitiço também.

Imaginando se o basilisco estaria de tocaia em algum canto ou onde Gina estaria, começo a andar pela câmara com Rony ao lado.

Assim que cruzamos o ultimo par de colunas damos de cara com uma gigantesca estátua, tive que esticar o pescoço para conseguir ver o rosto dela.

Salazar Sonserina. - Penso reconhecendo o rosto de pedra de uma ilustração. Depois de tantos contos inspirados nele e nos outros Quatro de Hogwarts eu tinha certa dificuldade em separar o ancião bruxo de um personagem de ficção.

Enquanto eu ainda observava embasbacado, Rony tinha corrido em direção aos seus pés. O grito desesperado de meu amigo me tira do torpor.

Rony tinha deixado a varinha de lado e balançava a irmã inerte aos gritos. Os cabelos flamejantes de Gina - e talvez o de Rony se o dele não fosse tão curto - se destacavam por ser a única coisa que não era verde, preta ou cinzenta no lugar.

Me preocupo ao ver que ela não se mexia, mas antes que eu pudesse me aproximar um vulto se faz presente perto dos irmãos. Vejo ele se abaixar e pegar a varinha de Rony e antes que eu pudesse impedir mandando um protego, meu melhor amigo é jogado do outro lado da câmara por um feitiço saído da própria varinha.

Entro em posição de defesa e me aproximo para ter uma melhor visão do atacante.

Eu não tinha exatamente um modelo de como vultos em câmaras hiper escondidas deviam se parecer. Mas confesso que ser um adolescente boa pinta que eu conheci em um diário falante... Me surpreendeu.

— Tom? — Pergunto reconhecendo-o.

— Olá, Harry. — Ele me cumprimenta cortês, quase como se não tivesse atacado meu melhor amigo.

— Me deixe adivinhar, você estava andando pela escola a cinquenta anos e se perdeu? — Pergunto com sarcasmo.

O jovem dá um passo em minha direção e uma baixa risada ecoa pela câmara.

— Tenho que admitir que sarcasmo combina com você. — Ele diz.

— Por que atacou meu amigo? — Pergunto deixando brincadeiras para lá e me aproximando mais um pouco. Também abaixo a varinha, deixar ela levantada cansava um tico.

— Oh, eu apenas gostaria de conversar a sós com o grande Harry Potter. — Ele responde com um tom quase que ofendido e ainda assim colocando um pouco de desprezo.

— Você teve outra oportunidade. — Acuso.

Tom continuava girando a varinha roubada de Rony, numa calma que só poderia ser fruto de uma autoconfiança bem elevada.

— Eu queria que você olhasse bem meus olhos e ouvisse as palavras saindo diretamente da minha boca.

Continuo andando, dando a volta em Tom para que eu pudesse me ficar entre ele e Gina.

Tenho vontade de me aproximar dela, ver se consigo ajudá-la. Mas com Tom me encarando, eu não baixaria a guarda. Pelo meu pescoço e o dela... E o de Rony também, é claro.

— Aqui estamos, fale o que tiver que falar. — Peço.

— Oh — Ele murmura parecendo decepcionado. — Eu esperava uma reação mais irracional... Bem, eu posso me contentar com isso. Mas tem certeza que não tem nenhuma pergunta?

Eu sabia que ele estava brincando comigo. E o que mais me irritava era como ele agia mesmo um monstro podendo estar a espreita.

Mas se Tom queria brincar...

— O que você é?

— Uma lembrança, preservada naquele diário por cinquenta anos. — Tom responde calmamente, indicando com o queixo Gina no chão.

Dou uma rápida olhada e vejo que ela segurava o antigo diário contra o peito.

É claro que o diário parecia tão familiar quando o peguei, Gina andava com ele para cima e para baixo dês de que estivemos na Floreios e Borrões. Naturalmente eu precisei que Tom Riddle aparecesse na minha frente para entender.

—O que aconteceu com ela? — Pregunto em voz baixa com medo de ela falhar.

— Bom essa é uma pergunta interessante — diz Riddle em um tom agradável. — É uma história bastante comprida. Suponho que a razão de Gina Weasley estar assim é porque abriu o coração e contou todos os seus segredos para um estranho invisível.

— Sem idiotices. Do que está falando, maldito? — Pergunto começando a ficar irritado.

— Do diário. Do meu diário. A pequena Gina anda escrevendo nele há meses, me contou suas tristes preocupações e mágoas, como os irmãos implicavam com ela, como teve que vir para a escola com vestes e livros de segunda mão, como... — os olhos de Riddle brilham — como achava que o bom, o famoso, o importante Harry Potter jamais iria gostar dela... É muito chato ter que ouvir os probleminhas bobos de uma garota de onze anos. Mas fui paciente. Respondi. Fui simpático, gentil. Gina simplesmente me adorou. Ainda que seja eu a dizer, Harry, sempre fui capaz de encantar as pessoas de quem precisei. Então Gina me revelou sua alma, e por acaso essa alma era exatamente o que eu queria... Fui ficando cada vez mais forte com a dieta dos seus medos mais arraigados e segredos mais íntimos. Fiquei poderoso, muito mais poderoso do que a pequena Srta. Weasley. Suficientemente poderoso para começar a alimentá-la com alguns dos meus segredos, e começar a instilar nela um pouco da minha alma...

— Não... — Murmuro, sentindo a boca muito seca.

— Já adivinhou, Harry Potter? — pergunta Riddle baixinho. — Gina Weasley abriu a Câmara Secreta. É claro que ela não sabia o que estava fazendo no início. Era muito divertido. Eu gostaria que você tivesse visto as anotações que a garota fez no diário depois... Ficaram muito mais interessantes... — Ele continua. Meus dentes se apertam, eu só podia estar querendo morde-lo de tanta raiva. — Levou muito tempo para a burrinha da Gina parar de confiar no diário. Mas ela finalmente desconfiou e tentou jogá-lo fora. E foi aí que você entrou, Harry. Você o encontrou e eu não poderia ter me sentido mais satisfeito. De todas as pessoas que podiam tê-lo apanhado, foi você, exatamente a pessoa que eu estava mais ansioso para conhecer...

— E para que você queria me conhecer? — Pergunto. A raiva corria por minhas veias, e por mais esforço que eu usasse não consigo manter a voz firme.

— Bem, veja, Gina me contou tudo sobre você, Harry. Toda a sua história fascinante. — Os olhos de Riddle percorreram minha cicatriz e sua expressão se tornou mais voraz. — Senti que precisava descobrir mais a seu respeito, conversar com você, conhecer você, se pudesse. Então, decidi lhe mostrar a minha famosa captura daquele bobalhão do Hagrid para ganhar sua confiança...

— Hagrid é meu amigo — interrompo a voz trêmula. — Por que o incrimina-lo?

— Eu precisava tirar qualquer suspeita de mim e já que ia ser minha palavra contra a de outro aluno... Que fosse o tapado do Hagrid. Bem, você pode imaginar o que pareceu ao velho Armando Dippet. De um lado, Tom Riddle, pobre, mas brilhante, órfão, mas muito corajoso, monitor, aluno modelo... Do outro lado, o trapalhão do Hagrid, que vivia se metendo em encrencas, tentava criar filhotes de lobisomens debaixo da cama, fugia para a Floresta Proibida para brigar com trasgos... Mas admito que até eu mesmo fiquei surpreso que o plano tivesse funcionado tão bem. Achei que alguém devia perceber que Hagrid não poderia ser o herdeiro de Sonserina. Eu gastara cinco anos inteiros para descobrir tudo que podia sobre a Câmara Secreta e encontrar a entrada... Como se Hagrid tivesse cabeça, ou poder para tanto! Só o professor de Transfiguração, Dumbledore, pareceu pensar que Hagrid era inocente. E convenceu Dippet a conservar Hagrid aqui e treiná-lo para guarda-caça. E, acho que ele talvez tivesse adivinhado... Dumbledore nunca pareceu gostar de mim tanto quanto os outros professores...

— Aposto que Dumbledore não se enganar por você — digo com os dentes cerrados.

Minha paciência estava menos zero, pessoas como eles sempre me irritaram mesmo que eu só tivesse.

— Bem, não há dúvida de que ele ficou me vigiando de maneira incômoda depois que Hagrid foi expulso — diz Riddle, indiferente. — Percebi que não seria seguro tornar a abrir a Câmara enquanto ainda estivesse na escola. Mas não ia desperdiçar os longos anos que passei procurando por ela. Resolvi deixar aqui um diário, preservando o meu eu de dezesseis anos em suas páginas, de modo que um dia, com sorte, eu pudesse conduzir alguém pelas minhas pegadas e terminar a nobre tarefa de Salazar Sonserina.

Engulo em seco tentando me acalmar.

— Bem, você não a terminou — digo dando um pequeno sorriso — Desta vez ninguém morreu, nem mesmo a gata. Dentro de algumas horas a Poção de Mandrágoras estará pronta e todos que foram petrificados voltarão à normalidade outra vez...

— Acho que ainda não lhe disse — Riddle começa em voz baixa — que matar sangues ruins não me interessa mais. Há muitos meses agora, meu novo alvo tem sido... Você. — O encaro — Imagine a raiva que tive quando na vez seguinte que alguém abriu o meu diário, era a Gina que estava me escrevendo e não você. Ela o viu com o diário, sabe, e entrou em pânico. E se você descobrisse como usá-lo e eu contasse tudo o que ela fez? Ela não podia perder sua confiança. Então a boba da pirralha esperou o seu dormitório ficar deserto e roubou o diário. Mas eu sabia o que precisava fazer. Tinha ficado claro para mim que você estava na pista do herdeiro de Sonserina. Por tudo que Gina tinha me contado, eu sabia que você não mediria esforços para solucionar o mistério, principalmente se um dos seus melhores amigos fosse atacado. E Gina tinha me contado que a escola inteira estava alvoroçada porque você sabia falar a língua das cobras... Enfim, fiz Gina escrever o bilhete de adeus na parede e descer aqui para esperar. Ela resistiu, chorou e ficou muito chateada. Mas não resta nela muita vida... Ela transferiu muita força para o diário, para mim. O suficiente para eu poder finalmente deixar aquelas páginas... Estive esperando você aparecer desde que chegamos aqui. Sabia que você viria pela garota. Tenho muitas perguntas a lhe fazer, Harry Potter.

— Por exemplo? — Pergunto com rispidez.

— Bem — começa Riddle, dando um sorriso agradável — como foi que você conseguiu derrotar o maior bruxo de todos os tempos? Como foi que você escapou apenas com uma cicatriz, enquanto os poderes do Lord Voldemort foram destruídos?

Surgia agora em seus olhos vorazes um brilho estranho e avermelhado.

— O que lhe interessa como escapei? — pergunto lentamente. — Voldemort foi depois do seu tempo...

— Voldemort — interrompe Riddle com indulgência — é o meu passado, presente e futuro, Harry Potter...

E, erguendo a varinha de Rony, ele escreveu no ar três palavras cintilantes:

TOM SERVOLO RIDDLE

Em seguida, agito a varinha uma vez e as letras do seu nome se rearrumaram:

EIS LORD VOLDEMORT

— Entendeu? Era um nome que eu já estava usando em Hogwarts, só para os meus amigos mais íntimos, é claro. Você acha que eu ia usar o nome nojento do meu pai trouxa para sempre? Eu, em cujas veias corre o sangue do próprio Salazar Sonserina, pelo lado de minha mãe? Eu, conservar o nome de um trouxa sujo e comum, que me abandonou mesmo antes de eu nascer, só porque descobriu que minha mãe era bruxa? Não, Harry, criei para mim um nome novo, um nome que eu sabia que os bruxos de todo o mundo um dia teriam medo de pronunciar, quando eu me tornasse o maior bruxo do mundo.

Meu cérebro parecia ter enguiçado. Chocado, fixo Riddle, o garoto órfão que crescera para assassinar meus pais e tantos outros... Não era apenas um bicho papão como antes, eu não tinha meus professores para me socorrer. Era só eu.

E ainda teve gente que disse que o universo não me odiava.

Finalmente forço-me a falar.

— Não é — Contesto, minha voz baixa cheia de ódio.

— Não é o quê? — Riddle pergunta com rispidez.

— Não é o maior bruxo do mundo — digo, respirando depressa. — Desculpe desapontá-lo, e tudo o mais, mas o maior bruxo do mundo é Alvo Dumbledore. Todos dizem isso. Mesmo quando você era poderoso, você não se atreveu a tentar dominar Hogwarts. Dumbledore viu através de você quando frequentou a escola e o amedrontou até o dia de sua morte.

O sorriso desaparecera da cara de Riddle, substituído por um olhar muito sinistro.

— Dumbledore foi afastado do castelo meramente pela minha lembrança — Tom sibila.

— Ele não está tão afastado quanto você poderia pensar! — Eu rebato.

Falava sem pensar, querendo apavorar Riddle...

Afinal, de qualquer forma, no futuro, foi ele que matou meus pais, por sua causa que Sirius sofreu tanto e por causa dele que eu cresci sem papai e mamãe.

Tom Riddle abre a boca, mas congela.

Ouvimos uma música vinda de algum lugar. Riddle se vira para percorrer com os olhos a câmara vazia. A música se tornava cada vez mais alta.

Era misteriosa, de dar arrepios, sobrenatural; fez meus cabelos ficarem em pé e o meu coração parecer inchar até dobrar de tamanho. Então a música atingiu tal volume que senti vibrar dentro do estômago, e chamas irromperam no alto da coluna mais próxima.

Um pássaro vermelho do tamanho de um cisne apareceu, cantando aquela música esquisita para o teto. Tinha uma cauda dourada e faiscante, comprida como a de um pavão e garras douradas e reluzentes que seguravam um embrulho esfarrapado.

Um segundo depois, o pássaro voava direto para mim, deixando cair nos meus pés o embrulho que carregava, depois pousou pesadamente em meu ombro. Quando fechou as asas enormes, ergo os olhos e vejo que tinha um bico tão dourado quanto o da minha coruja, longo e afiado e olhos redondos e escuros.

O pássaro parou de cantar. Sentou-se imóvel e cálido junto à minha bochecha, olhando com firmeza para Riddle.

— É uma fênix... — constata Riddle, encarando-o de volta com um olhar astuto.

— Fawkes? — sussurro meio lerdo, e sinto as garras douradas do pássaro apertarem gentilmente meu ombro.

— E isso — começa Riddle, agora examinando o embrulho esfarrapado que Fawkes deixara cair — seria o velho Chapéu Seletor...

E era. Remendado, esfiapado, sujo; pronto para ter sido jogado fora 900 anos atrás, o chapéu jazia imóvel aos meus pés.

Riddle começa a rir outra vez. Riu tanto que a Câmara ecoou com o seu riso, como se dez Riddles estivessem rindo ao mesmo tempo...

Dez Voldemort’s, meu Deus.

— Isto é o que Dumbledore manda ao seu defensor! Um pássaro canoro e um velho chapéu! Você se sente cheio de coragem, Harry Potter? Sente-se seguro agora? —Pergunta com desprezo. Não respondo. Talvez não entendesse qual era a utilidade de Fawkes ou do Chapéu Seletor, mas já não estava tãããão sozinho. — Aos negócios, Harry — falo Riddle, ainda com um largo sorriso. — No seu passado, ou no meu futuro, nós nos encontramos. E não consegui matá-lo. Como foi que você sobreviveu? Conte-me tudo. Quanto mais tempo falar — acrescenta brandamente — mais tempo continuará vivo.

Raciocino depressa, avaliando minhas chances. Riddle tinha uma varinha e ele, mesmo que no futuro - ou passado, argh - era um dos maiores bruxos da história. Eu tinha Fawkes e o Chapéu Seletor, nenhum dos quais adiantariam muito em um duelo, mas eu ainda tinha minha varinha e um acervo nem tão grande de feitiços defensivos e de ataque. A situação parecia ruim, não havia dúvida... Mas quanto mais tempo Riddle ficasse ali, mais depressa a vida de Gina se esgotava... Entrementes, reparo de repente que os contornos de Riddle estavam ficando mais nítidos, mais sólidos... Se tinha que haver uma luta entre ele e Riddle, quanto mais cedo melhor.

— Você não pôde me matar pois meus pais morreram para me salvar. — Respondo, sacudindo-me de raiva reprimi — Eles impediram você de me matar. E agora você, assim como meus pais, está morto, sem nem ao menos ser enterrado.

O rosto de Riddle se contorceu. Então ele deu um horrível sorriso amarelo.

— Então, seus pais morreram para salvar você. É, isso é um contrafeitiço poderoso. Estou entendendo agora... Afinal de contas você não tem nada de tão especial. Admito que há uma estranha semelhança entre nós, porém, até você deve ter notado. Nós dois somos órfãos. Provavelmente, desde o grande Sonserina, somos os dois falantes da língua das cobras a frequentar Hogwarts. Somos muito mais poderosos que a maioria dos bruxos com a nossa idade... Aliás, parabéns pelo curso, você é poderoso, merece, sinto por não o terminar. E até nos parecemos bastante fisicamente... Mas no final, foi um simples acaso que salvou você de mim. Era só o que eu queria saber. — Ele dizia. Ser comparado com o assassino dos meus pais não era legal. Espero tenso que Riddle erguesse a varinha. Mas o sorriso demoníaco de Riddle voltou a se alargar. — Agora, Harry, vou lhe dar uma liçãozinha. Vamos medir os poderes do Lord Voldemort, herdeiro de Sonserina, com os do famoso Harry Potter, e as melhores armas que Dumbledore pôde lhe dar.

Ele lança um olhar divertido a Fawkes e ao Chapéu Seletor, em seguida se afasta.

Com o medo se espalhando pelas minhas pernas dormentes, entrando em posição outra vez, observo Riddle parar entre as altas colunas e olhar para o rosto de pedra de Sonserina, muito acima dele na obscuridade.

O futuro Voldemort abriu bem a boca e sibilou – mas entendo perfeitamente que ele estava dizendo...

— Fale comigo, Sonserina, o maior dos Quatro de Hogwarts.

Me viro para olhar a estátua, Fawkes balançava em meu ombro. O gigantesco rosto de pedra de Sonserina se mexe. Engolindo em seco vejo sua boca abrir, cada vez mais, e formar um enorme buraco negro.

E alguma coisa estava se mexendo dentro da boca da estátua. Alguma coisa começava a escorregar para fora de suas profundezas.

Com os pés firmes - mas tremendo como gelatina por dentro - fecho os olhos com força, sentindo a asa de Fawkes roçar minha bochecha quando o pássaro levantou voo. Queria gritar de raiva, mas que chance tinha uma fênix contra o rei das serpentes? Se pelo menos fosse um galo!

... O canto dos galos é mortal para basiliscos. Eu não contei isso, né? Oh, puxa.

Algo descomunal bateu no piso de pedra da Câmara. Ouvia ele trepidar, sabia o que estava acontecendo, sentia, podia quase ver a cobra gigantesca se desenrolar para fora da boca de Sonserina.

— Mate-o. — Riddle sibila.

O basilisco estava vindo em minha direção; o som daquele corpo gigantesco deslizando era obvio.

Com os olhos ainda fechados grito lançando com todas as forças o feitiço defensivo mais forte que eu conhecia.

— Murus ignis!

Sinto as chamas me cercarem e abro os olhos, ainda os mantendo no chão. Gina estava perto de meus pés como esperado, mas por hora me concentro em fechar o alto da muralha de chamas para que o basilisco não atacasse por cima.

Era a segunda vez que eu usava esse feitiço essa semana, ele funcionava. Sabia que o feitiço não era o bastante para retardar a serpente para sempre, no entanto cobras são seres de sangue frio que odeiam calor, e eu só precisava de um pouco de segurança para pensar num plano.

Tiro a capa rapidamente e a jogo no chão, solto um pouco a gravata e abro o primeiro botão da camisa.

— Levicorpos! — Digo apontando para Gina, as chamas se extinguem no mesmo momento que o pequeno corpo de Gina sai do chão.

Forçando meu braço consigo de alguma forma lança-la em direção ao seu irmão no canto da câmara. Seria uma pancada feia se Rony não amortecesse.

Agora com a testa e o pescoço úmidos fecho os olhos outra vez entrando em posição.

— Você deve se importar mesmo com essa garota burra... — Riddle começa quase com desinteresse.

— Não fale dela. — Murmuro com raiva.

Logo acima houve um som alto, explosivo e aquoso e então alguma coisa pesada bateu em mim com tanta força que me jogou contra a parede - o universo cobrando por ter machucado a linda e delicada Gina.

Esperando ter o corpo atravessado por presas, ouço mais sibilos raivosos cheios de xingamentos antigos.

Abro os olhos, eu não ia poder lutar sem ter pelo menos uma pequena ideia do oponente. Tomando cuidado para não levantar o olhar muito rápido vejo que a enorme cobra, de um verde brilhante e venenoso, grossa como um tronco de carvalho, erguia-se no ar e sua enorme cabeça balançava entre as colunas. Fawkes sobrevoava sua cabeça e o basilisco tentava abocanhá-la, furioso, com as presas afiadas.

Fawkes mergulhou. Seu longo bico dourado desapareceu de vista e uma chuva repentina de sangue escuro salpicou o chão. O rabo da cobra chicoteou, me errando por pouco e, antes que pudesse fechar os olhos, ela se virou – olho direto para a sua cara e vejo que os olhos, os dois olhos bulbosos e amarelos, tinham sido furados pela fênix; o sangue escorria no chão e a cobra espumava de dor.

— NÃO! — Riddle grita. — DEIXE O PÁSSARO! DEIXE O PÁSSARO! O GAROTO ESTÁ ATRÁS DE VOCÊ! VOCÊ AINDA PODE FAREJÁ-LO! MATE-O!

Para um adolescente que no futuro seria conhecido como Lord das Trevas, tom era bem estressadinho.

A cobra cega balançou confusa, ainda letal. Fawkes descrevia círculos em volta de sua cabeça, cantando aquela música estranha, atacando aqui e ali o nariz escamoso da cobra, enquanto o sangue jorrava dos seus olhos destruídos.

O rabo da cobra voltou a chicotear o chão, me abaixo. Uma coisa macia bate em meu rosto.

O basilisco varrera o Chapéu Seletor para meus braços.

Me preparando para lançar algum feitiço na serpente, sinto o chapéu se movimentar em meus braço e começar a pesar. Aperto-o com as mãos e sinto uma coisa comprida e dura em seu interior.

Enfiando a mão dentro e torcendo para não ser outra cobra puxo uma bela espada de prata de dentro do chapéu, o punho cravejado de rubis rutilantes do tamanho de ovos.

— MATE O GAROTO! DEIXE O PÁSSARO! O GAROTO ESTÁ A TRÁS DE VOCÊ!FAREJE, FAREJE!

Se não fosse dada a situação, eu choraria só de pôr os olhos encima dessa preciosidade. Era a espada de Godric Grifinória! Eu passei meses lendo praticamente só sobre ele e os outros Quatro de Hogwarts! Quantas vezes eu fiquei arrepiado apenas por ler sobre Grifinória lutando? Ter sua espada nas mãos me dava a sensação de ter engolido fogos de artifícios, afinal Godric se consagrara como o maior duelista de seu tempo sendo um grande usuário em kenjutsu - o estilo japonês de duelo mágico que usava espadas no lugar de varinhas.

Eu estava de pé, pronto. A cabeça do basilisco foi baixando, o corpo se enroscando, batendo nas colunas ao se torcer para me matar. Percebo o corpo imenso, as órbitas ensanguentadas, a boca escancarada, grande suficiente para me engolir inteiro - eu sei que cobras sempre engolem todas as coisas que comem inteiras, ta? - cheia de dentes compridos como a espada de Grifinória, pontiagudos, faiscantes, venenosos...

Se eu tivesse mais tempo talvez lembranças viessem em minha cabeça, algo como Sirius cuidando de mim criança ou algum momento alegre entre mim, Rony e Mione. Mas a maldita serpente era rápida.

A cobra atacou às cegas... Me jogo no chão girando e bato na parede da Câmara. Ela ataca de novo e sua língua bifurcada golpeia minhas costelas. Ergo a espada com as duas mãos...

O basilisco tornou a atacar, e desta vez na direção certa... Coloco toda minha força na espada e enfio-a até a guarda no céu da boca da cobra...

Mas quando o sangue quente me encharca, sinto uma dor se espalhar logo acima do cotovelo. Uma presa comprida e venenosa estava se enterrando cada vez mais fundo em meu braço e se partiu abrindo mais o corte quando o basilisco tombou para o lado e caiu, estrebuchando no chão.

Escorrego pela parede. Agarro a presa que espalhava veneno pelo meu corpo e arranco-a do braço. Mas percebo que era tarde demais. Uma dor terrível se irradiava do ferimento de modo lento e contínuo. Na hora em que deixo cair a presa e vejo meu próprio sangue empapar as vestes negras, minha visão se embaçou ainda mais. A Câmara se dissolveu num rodamoinho de cores opacas.

Um vulto vermelho veio em minha direção e ouço unhas baterem no chão ao meu lado.

— Fawkes — digo com a voz enrolada. — Você foi fantástica, Fawkes... — Sinto o pássaro deitar a bela cabeça no lugar em que a presa da serpente o furara. Passos ecoaram e depois uma sombra escureceu ainda mais minha visão.

— Você está morto, Harry Potter — diz a voz de Riddle do alto. — Morto. Até o pássaro de Dumbledore sabe disso. Você está vendo o que ele está fazendo, Potter? Está chorando.

A cabeça de Fawkes entrava e saía de foco. Lágrimas grossas e peroladas escorriam por suas penas de cetim.

— Desgraçado. — Sussurro baixo.

— Vou me sentar aqui e apreciar você morrer, Harry Potter. Pode demorar à vontade. Não tenho pressa. — Ele diz e ouço/sinto ele cair sentado ao meu lado, quase como se fossemos amigos revezando uma cuia de tereré

Me sinto sonolento. Tudo à minha volta parecia estar girando. Agora sim eu tinha tempo para lembrar, para me confortar com a lembrança do som da risada do meu padrinho que tanto parecia com um latido.

— Assim termina o famoso Harry Potter — Diz a voz distante de Riddle — Sozinho na Câmara Secreta, abandonado pelos amigos, finalmente derrotado pelo Lord das Trevas que ele tão insensatamente desafiou. Você vai voltar para a sua querida mãe de sangue ruim em breve, Harry... Ela comprou para você mais doze anos de vida... Mas Lord Voldemort acabou por vencê-lo, como você sabia que ele faria...

A dor me abandonava aos poucos enquanto minha raiva só aumentava junto com minha vontade de enfiar a espada no meio das pernas do tão grande Lord Voldemort.

Mas será que isto era mesmo morrer? Em vez de escurecer, a Câmara parecia estar voltando a entrar em foco... Ou tão em foco quanto podia está para alguém com astigmatismo. Faço um pequeno movimento com a cabeça e lá estava Fawkes, ainda descansando a cabeça em seu braço. Uma pocinha de lágrimas peroladas brilhava em torno do ferimento – só que não havia ferimento.

— Afaste-se dele, pássaro — diz a voz de Riddle inesperadamente. — Afaste-se dele, eu falei, afaste-se...

Levanto a cabeça recobrando a presença de espírito. Riddle estava apontando a varinha de mim para Fawkes; Fawkes levantou voo outra vez num redemoinho dourado e vermelho.

— Lágrimas de fênix... — Riddle murmura baixinho, olhando meu braço — É claro... Poderes curativos... Me esqueci... Mas não faz diferença. Na realidade, prefiro assim. Só você e eu, Harry Potter... Você e eu...

Ele ergueu a varinha antes que eu pudesse pensar em alcançar a minha, só que, antes que eu pudesse pensar (de novo) que ia morrer, num farfalhar de penas, Fawkes nos sobrevoa e uma coisa cai em meu colo – o diário.

Por uma fração de segundo, eu e Riddle, a varinha dele ainda erguida, olhamos para o diário. Então, sem pensar, sem raciocinar, como se tivesse pretendido fazer isso o tempo todo, agarro a presa do basilisco no chão ao meu lado e enterro-a direto no centro do livro.

Houve um grito longo e cortante. Tom tremia apertando onde estaria seu coração... Se ele não fosse apenas uma lembrança. Um rio de tinta jorrou do diário, escorreu pelas minhas mãos, inundou o chão e espirrou no meu rosto. Riddle estrebuchava e se contorcia, gritando e se debatendo e então...

Desapareceu. A varinha de Rony caiu no chão com estrépito e em seguida fez-se silêncio. Silêncio, exceto pelo pinga-pinga da tinta que ainda escorria do diário. O veneno do basilisco abrira a fogo um buraco no livro.

Com meu corpo inteiro tremendo, me levanto. Minha cabeça rodava como se tivesse acabado de viajar quilômetros numa montanha russa. Lentamente, recolho as varinhas e o Chapéu Seletor e, com um violento puxão, retiro a espada faiscante do céu da boca do basilisco. Era preferível enfiar outra presa de basilisco no braço do que deixá-la.

Enquanto ainda seguia em direção aos irmãos ouço um gemido fraco lá do fundo da Câmara. Gina estava se mexendo. Faço meu melhor para correr em sua direção. Seus olhos espantados ziguezaguearam do enorme vulto do basilisco morto para mim, com minhas vestes encharcadas de sangue, e daí para o diário em sua mão. Ela inspirou profundamente, estremecendo, e as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto.

Gina suspira meu nome e quando me ajoelho ao seu lado, antes que eu pudesse perguntar se ela estava machucada ou ver como seu irmão estava (mesmo que eu já pudesse ouvir os roncos de Rony - ele dormira!) ela se estica me abraçando. Calmamente, apenas rodeando-me tronco com os braços e afundando o rosto em meu pescoço enquanto chorava.

♦ Grupo no Face: Clique aqui


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desabafo:
Espero mesmo que tenham gostado. Sei que não estou merecendo muito, mas por favor comentem!!!
Estamos chegando a 300 leitores! Eu to muito feliz com isso! Tipo, eu to contando para minha familia inteira. Muito obrigada pelo apoio!
E essa semana recebi a 9ª recomendação ^w^
É, eu to bem feliz hj kk

Bom, sobre o capítulo, ele foi meio dificil de escrever. A situação do Harry foi preocupante, ele não podia deixar a futura esposa morrer, né?

Espero que tenham gostado e que não achem Harry tão irresponsável.

SPOILERZINHA BÁSICO: Sirius vai ficar uma fera. E não no sentido animago da palavra.