Como Ser Criado Por Um Maroto [SENDO REPOSTADA] escrita por MFR


Capítulo 34
"Minha familia"


Notas iniciais do capítulo

Capitulo postado sem revisão para que eu não me atrasasse muito. Qualquer erro me avisem que depois corrijo.



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"Que sejam só dois dias" estava se tornando um mantra de tanto que se repetia em minha cabeça. Mesmo que meu padrinho tenha dito três, eu não queria ter que dormir outra vez nessa casa. E minha esperamça não era assim tão sem fundamento, afinal ele disse no máximo três dias, má-xi-mo.

Por termos chegado muito cedo, pegamos meus tios ainda tomando café da manhã, os adultos estavam devidamente vestidos e arrumados, mas meu primo estava de pijamas com um prato gigantesco de bacon na frente enquanto assistia embasbacado a televisão colocada na cozinha.

Só na primeira vista pude perceber que não me parecia de forma alguma com nenhum deles, nem mesmo no formato do queixo ou no jeito das mãos, nada, éramos incrivelmente diferentes - alívio resume o que senti.

Tia Petúnia era pescoçuda e tinha olhos muito grandes, comparando com as fotos que eu tinha de meus pais, a única semelhança que encontrei entre ela e minha mãe foi sua boca, e até esse pequeno detalhe poderia ser ignorado já que (provavelmente pelo envelhecimento) os lábios da minha tia eram mais muxos e bem menos corados; tio Vernon e "Duda" - que droga de apelido para um garoto! - eram tão parecidos que eu tive dificuldade de acreditar que meu primo não era filho apenas do coroa gordo.

E como eram gordos! Eles deviam ter sérios problemas de saúde com tamanho sobrepeso.

E se não bastasse à obesidade dos dois, a família inteira sofria de algo muito pior e que com certeza faria muito mais mal para os três: Ignorância, arrogância e falta de respeito com os outros. Vernon, depois de gritos, ameaças sem cabimento e de quebrar um vasinho dali, disse que não me aceitaria ali. Disse que eu era uma aberração e mesmo que o pagasse eu não ficaria em sua casa - minha vontade naquela hora era de pular em cima dele e gritar todos os xingamentos e ofensas que podiam passar por minha cabeça, em português, inglês ou qualquer outra palavrinha que em dado momento eu possa ter escutado em outra língua, mas Sirius, no entanto, como o bom pai que ele sempre foi, estuporou o velho e o prendeu dentro de um armário debaixo da escada, ameaçando matá-lo caso minha tia e primo abrissem a boca...

Tudo bem, essa parte do Sirius não foi verdade. Mas aposto que algo bem parecido se passou pela cabeça dele.

Com todo o mau humor e ódio reprimido dentro dele, ao ouvir aquele “grande e inútil trouxa estúpido” - palavras do próprio - me ofender, meu padrinho calou-o empunhando sua varinha. Sirius com poucas palavras deixou subentendido que eles poderiam pensar o que fosse eu iria ficar naquela casa enquanto ele estivesse fora e que se eu fosse tratado mal eles pagariam. E depois com um movimento da varinha o vaso de decoração que Vernon havia quebrado pouco antes, voltou inteiro para onde ele estava.

Meus tios não contestaram mais nada depois daquilo, acho que ser ameaçado por um homem alto, musculoso, vestido quase inteiramente de preto, com uma arma que além de completamente anormal era extremamente perigosa, e com um olhar de puro ódio, não era assim uma experiência tão desagradável.

Não contestaram, mas Vernon ainda tentou pedir dinheiro. Sirius com um olhar passado para o desprezo o ignorou e se despediu de mim, e murmurou ainda alguns pedidos de cuidado e de que não deixassem os trouxas me machucarem. A única parte boa nele indo embora foi a ultima frase que ele disse alto e claro, para que meus tios ouvissem, “Não se esqueça, Harry, caso algo aconteça, você pode fazer magia fora da escola”. Se minha tia tinha qualquer esperança de se manter longe de magia mesmo comigo ali, ela se dissipou.

De qualquer forma eu não usei nenhum tipo de magia. Pois mesmo sendo forçados a me hospedarem, eles não chegaram a fazer grandes coisas contra mim. Duda me alfinetava ás vezes, não tendo qualquer conhecimento sobre magia até a mãe contar sobre o mundo bruxo, ele não tinha ideia do perigo que corria caso eu perdesse a paciência; Tia Petúnia preparou o quarto extra do meu primo para que eu dormisse e ainda fazia comida para mim, todavia, ela apenas colocara a tralha de Duda para o canto e numa tentativa falha de me atingir, me servia menos da metade do que meu primo comia, o que ainda era muito comparado com o que eu comia normalmente; e Vernon preferiu me ignorar, usando a tática do desprezo. E eu não podia estar mais grato por isso.

Depois que pude entrar, eu não coloquei um pé para fora do quarto sem que fosse para ir ao banheiro, comer ou sentar no banco do jardim e tentar, inutilmente, achar alguns dos aurores que me observavam – eu não os via, mas eles estavam ali.

Na tentativa de me salvar de um morte lenta por tédio, eu me entredia lendo os dois livros que eu trouxera, o de poções (é sempre melhor começar o ano conhecendo um pouco da matéria) e O Leonino de Bretão.

E com Meliodas eu me sentia menos solitário. Relendo repetidas vezes um pequeno trecho de um poema sobre a relação sanguínea, eu procurava me conformar com a minha situação.

"O sangue clama,

por mais que tentemos dizer o contrário.

Não somos obrigados a seguir os mesmos caminhos,

ou termos de conviver com nossos aparentados.

Mas nosso corpo e nossa alma pedem,

uma hora ou outra, por contato.

Porém, uma hora é bem pouco comparado,

com uma vida repleta de amigos que escolhemos."

Eu não precisaria conviver muito tempo com esses trouxas. Eram algumas horas que ajudariam a me manter vivo para amar aqueles a quem eu escolhi ou que me escolheram. Eram alguns dias que me permitiriam crescer. Viver. E esse pequeno sacrifício era tão pouco comparado com a dor que minha família, minha verdadeira família, sofreria caso me perdesse, que eu me contentaria em comer na mesma mesa que esses trouxas desprezíveis.

Mas eu ainda queria estupora-los. Enfim.

— Onde está o meu Dudoca? Onde está o meu sobrinho fofo?

Os berros vinham do andar de baixo. Aparentemente ter um bruxo de treze anos refugiado em sua casa não era o bastante para causar desespero em meus tios, a irmã de Vernon necessitava ter escolhido logo esses dias para uma visita.

Me levanto da cama minúscula que eu me encontrava deitado lendo OLB e procuro uma camisa mais descente do que o meu velho e surrado suéter Weasley, encontro uma branca lisa e com botões pretos lustrosos. Volto a calçar meus novos sapatênis e continuo com a calça preta de antes. Talvez eu tentasse arrumar o cabelo... se eu me importasse com a opinião de alguém no andar debaixo.

Desço rapidamente os degraus sem fazer muito barulho e quando chego a um ponto que dá para ver a sala e a família que ali se encontrava falando alto sobre coisas inúteis para me encostando no corrimão e esperando alguém me notar enquanto eu estudava a mulher.

Guida era uma mulher com um corpo quase igual ao do irmão, a semelhança era tanta que se ela deixasse o bigode crescer mais um pouco poderiam ser considerados clones. E pela forma bruta e deselegante que se portava, não era apenas fisicamente parecida com o irmão.

Cansado de esperar e de ouvir aquela conversa chata que nem meu primo obeso prestava atenção – não tenho nada contra gordinhos, tenho contra Duda – pigarreio alto.

Observo a senhora se virar em minha direção e elevar as sobrancelhas em descaso. E o pequeno buldogue ao seus pés rosnou irritado para mim.

─ Então é esse o moleque que falou, Vernon?

Meu tio não esboça muita reação, então desdenho descendo o resto dos degraus até o chão.

─ Provavelmente sou eu sim. ─ Respondo sorrindo de forma fria. ─ Prazer, Harry Potter. ─ Cumprimento com a maior cortesia possível e ainda estendo a mão.

Minha mão é ignorada. Fazer o quê?

─ Por que não leva minhas malas até meu quarto, moleque? ─ Ela manda com um tom arrogante.

Umedeço os lábios. Isso seria engraçado.

─ Porque não sou seu empregado.

Por quase 36 horas eu me questionei se tinha mesmo um pescoço debaixo de tantas papadas, e, se não fosse algo fruto da minha imaginação, eu ouvira o som do pescoço de Vernon - e de Guida – se estalarem de tão rápido que viraram o rosto para me encarar.

Sorrio, dessa vez de verdade, as caras deles eram cômicas.

─ Quem você pen-

─ Com licença. ─ Peço interrompendo e me virando para minha tia. ─ A senhora precisa de ajudar com o jantar?

Minha tia me encara por um momento e murmura um fraco e gaguejado “claro”. Me encaminho em direção da cozinha passando por Guida e Vernon que me olhavam irritados.

Me decepciono quando percebo que ninguém ia me repreender por responder a senhora daquela forma, talvez fosse o medo que tinham do meu padrinho ou a velha simplesmente se achava demais para responder a um garoto.

O importe era que eu não ia ficar quieto, não ia abaixar a cabeça. Sirius não me criou assim.

E enquanto eu ajudava lavando algumas louças que foram sujas durante o preparo do jantar, ensaiava repostas que eu poderia dar para qualquer alfinetada. Afinal, eles eram tão previsíveis que não era difícil imaginar o que eles falariam.

Guida e Vernon conversavam na sala, Duda assistia TV na cozinha e minha tia finalizava o jantar já o colocando na mesa – e mantendo um olhar para impedir que o filho atacasse antes da hora.

Suspiro entediado. Vim ajudar para ter o que fazer, mas parece que só serviu para me entediar ainda mais. Termino a ultima vasilha e lavo as mãos para tirar o cheiro e a sensação do sabão, com as mãos devidamente secas me sento numa cadeira próxima de Duda assistindo sem interesse o programa que ele via tão abobalhado.

─ Vernon, Guida, venham jantar, está tudo pronto. ─ tia Petúnia avisa com sua voz de taquara rachada e um sorriso forçado.

Logo todos se sentam, fico entre meu primo e minha tia esperando ela me servir, eu seria o ultimo, sabia. Minha atenção é desviada quando o cachorro nanico se aproxima ficando na batente da porta e latindo muito irritado para mim. Guida parece satisfeita por seu cachorro compartilhar seu desdenho por mim, meus tios parecem temerosos – “o que seu padrinho faria conosco caso esse cachorro mordesse esse moleque?”

─ Chega, Estripador. ─ Guida manda, não colocando qualquer autoridade e esbanjando um sorriso maldoso.

Quando volto meus olhos para o cachorro, encarando-o, ele late agudamente e pula em minha direção.

Rapidamente, antes que seu focinho molhado me alcançasse, rosno forte, bem do jeito que eu aprendera com meu padrinho. O naniquinho para no meio do caminho.

Sorrio, sendo filho de quem era não seriam cachorros que me meteriam medo.

Volto a atenção para a mesa, até meu primo bobão olhava para mim agora. Me seguro para não falar algo como “sou magrinho, mas mordo” ou “rosno, mas não mordo”, afinal, podia até parecer, mas eu não tinha a cara de pau de Sirius.

Tia Petúnia podia ter lá seus defeitos, todavia sua comida era ate bem saborosa, talvez gordurosa demais, só que saborosa.

Depois do jantar a sobremesa e uma grande garrafa de vinho foram servidos na sala, os irmãos conversava/criticavam sobre os outros e parabenizando pessoas que não deviam ter qualquer motivo de honra.

─ Você. ─ Tia Petúnia me chama, ela estava sentada numa poltrona perto da porta. ─ Por que não vai dormir?

Reviro os olhos, começando a andar. Aparentemente eu ia ter que dormir aqui de novo, meu padrinho ia ter que me levar numa viagem muito boa depois disso tudo.

Começo a subir a escadas sem pressa, brincando com o pingente da Grifinória no meu colar. Mas antes que eu perdesse a sala de vista a campainha toca e minha tia se levanta para atendê-la, passando a mão no avental para tentar desamassá-lo.

Paro no lugar, a esperança se acendendo em meu peito e quando minha tia abre a porta e meu padrinho a cumprimenta com um sorriso de lado.

─ Sirius! ─ Grito descendo a escada correndo passando por minha tia. Me jogo contra meu padrinho que passa seus braço em minha volta e me erguendo um pouco do chão.

─ Ah, meu filhote! ─ Ele suspira me apertando e então me soltando para poder me olhar. ─ Então, como você esta? Vou ter que matar alguém?

Riu, feliz por tê-lo ali e me esquecendo, por ora, de cada alfinetada que recebi nos últimos dias.

─ Não. ─ Respondendo.

Tia Petúnia ainda estava ali perto e o resto da casa já encarava, o silencio pesava, mas com Sirius ali estava pouco me importando se eles ainda respiravam.

E com um pigarreio, outra pessoa entra na casa meio constrangido.

─ Com licença.

─ Tio Remus! ─ Constato me esticando para cumprimenta-lo com um abraço rápido. E logo me volto para meu padrinho perguntando: ─ Então, vamos? Minhas coisas estão todas arrumadas, inclusive meu casaco.

─ Ei, ei. Calma, cegueta, temos um horário a seguir! ─ Sirius responde.

─ Daqui a um minuto os aurores vão avisar e podemos ir embora, Harry. ─ Tio Remus completa, ainda mais baixo.

Suspiro alto e aceno.

─ Vou buscar as minhas-

Sou interrompido pela voz áspera de Guida, que num rompante se levanta a apontando seu dedo para nós.

─ Quem são esses homens, Vernon?

Ela claramente esta deslumbrada, se pelas roupas extravagantes de Sirius ou pela simplicidade das de Tio Remus, eu não sabia, também podia ser pela beleza de meu padrinho, mas tinha dificuldade de imaginar uma mulher tão amarga prestando atenção nele.

─ E-eles são... ─ Tio Vernon tenta.

─ Eu sou o guardião de Harry e esse aqui é meu melhor amigo, Remus. ─ Sirius toma a palavra e indica meu tio que acena com a cabeça. ─ Tive alguns problemas com uma parente minha e tivemos que...

─ Ah, eu não me importo com a vida de vocês. ─ Ela rebate, e num tom mais maldoso continua. ─ Eu tenha é pena de você por ter que cuidar desse moleque. É, Petúnia, essa sua irmã só serviu para dar problemas para os outros. Mas o que poderia vir de uma convivência como aquela que ela tinha com aquele moleque imprestável do Potter! Hun, acho que ela até viveu muito, vai saber que tipo de gente...

Ela teria continuado, mas temendo uma reação mais agressiva vinda do meu padrinho eu a corto:

─ Ah, cala a boca sua velha gorda, antes que eu vire essa vasilha de pudim em sua cara.

Dessa vez eu sabia que ela ia rebater, meu padrinho, no entanto me segura pelo ombro.

─ Chega. Vá buscar suas coisas, já estamos indo.

Maneio a cabeça e obedeço. No quarto só visto um suéter cinza por cima da camisa e desço com a mochila nas costas e O Leonino de Bretão na mão.

O clima estava tenso quando volto, eu quase podia sentir os pensamentos assassinos na cabeça do meu padrinho e tio Remus parecia muito constrangido com a situação, talvez tenha tentado começar uma conversa, quem sabe.

─ Tudo pronto. Podemos ir? ─ Dessa vez meu pedido é mais suplicante e meu padrinho responde com um aceno seco e silencioso. ─ Então... obrigada por me receberem. ─ Agradeço.

Sirius não se despede ou agradece, simplesmente saí pela porta me puxando, tio Remus ainda acena antes de fechar a porta. A rua estava muito escura, mas eu podia distinguir a Harley encostada no meio fio e um homem segurando uma vassoura, o auror acena seriamente antes de entregar a vassoura ao meu tio e desaparatar.

─ Aqui. ─ Sirius indica me entregando o capacete.

Assim que termino de prender o capacete e agarrar sua cintura a Harley abandona o chão, meu tio estava perto e assim que alcançamos uma altura segura contra olhares trouxas pergunto:

─ Para onde vamos?

─ Para a praia! ─ Meu padrinho responde alto ─ Preciso urgentemente tomar um sol e ver algumas mulheres de biquíni.

Sorrio diante dessa resposta e vejo que meu tio também ouviu e riu.

Essa era a minha família.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a pressa, quase não consegui escreve-lo, mas espero que tenha ficado bom aos seus olhos.
Muito obrigada por todo o apoio, gente, mesmo.

Ah, a fic foi divulgada no site Livros On-line, se puderem ir lá darem uma força ao site, que é maravilhoso e que eu amo já que li HP inteiro lá, eu agradeceria ♥

Mil beijos, povo que eu amo!