Como Ser Criado Por Um Maroto [SENDO REPOSTADA] escrita por MFR


Capítulo 3
Mudanças




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No outro dia eu faltei à aula, mas fui com Sirius a escola e enquanto ele pegava meus documentos eu me despedia de Lucas e Sérgio.

Nunca fui de ter muitos amigos, eu estudava numa escola de mauricinhos que nem olhariam na minha cara se eu não fosse o garoto mais rico da cidade. Mesmo assim eu tinha dois colegas que dava para conversar sem virar a cara deles numa parede.

Voltamos para casa depois de tudo pronto, passamos antes no sitio da Dona Bina - a senhora, embora com quase sessenta anos, quase enforcou a gente em abraços apertados demais.

Sentiria falta dela, dos seus pães caseiros e das vezes que ela fazia paneladas de brigadeiro ou de doce de leite para mim.

E quem dera eu fosse sentir falta só de sua comida, pois também tinha as suas histórias cheias de cantigas e misticismo que ainda me dariam pesadelos de vez em quando pois não dava para esquecer essas coisas.

E nem das vezes que ela batia sua colher de madeira na cabeça do meu padrinho, claro. Inesquecível.

Chegando em casa, com tudo preparado para a viagem e Sirius usa um feitiço para colocar todas as coisas em caixas de madeira fina. Deixamos tudo na casa, logo elas seriam levadas para a nova casa... assim que a arrumássemos.

– Tudo pronto? – Sirius pergunta.

Aceno e pego sua mão, ele Desaparata me levando junto. Não fico tonto, acostumado.

Aparecemos no meio de uma lavoura, a chave de portal era um balde de plástico velho que parecia sujo de algo - pela inscrições do lado devia ser fertilizante, o que explicava o cheiro.

Se eu estava acostumado a Aparatar eu odiava Chaves de Portal! A sensação invasiva de ser puxado pelo umbigo e depois ser jogado de volta como um ioio um humano não era das minhas favoritas.

– Odeio chaves de Portal. – Sirius murmura, ele tinha caído sobre um joelho.

– Onde estamos? – Pergunto olhando envolta.

Uma rua movimentada e cheia de lojas, pessoas andavam apressadas com pastas e documentos em mão. Carros cruzavam as estadas com uma velocidade que eu não estava acostumado - crescendo numa cidade tão pequena, onde a maioria saía de casa cinco minutos antes e chegava ao seu destino, mesmo que do outro lado da cidade, com tempo de sobra, era estranho ver tanta gente apressada. Nunca gostei de cidades grandes.

E, quem diria!, as vozes que nos cercavam falavam apenas em inglês! Bendito seja meu padrinho por ter me ensinado desde o berço.

Sinto a mão de meu padrinho me puxando para ficar em pé - talvez preocupado em ter o afilhado pisoteado por um daqueles saltos que as mulheres usavam - ele tinha de novo aquele brilho nostalgico nos olhos, e essa luz só aumentou quando eles foram direcionados para um ponto exato.

Um pequeno bar sujo e parecendo quase abandonado, encolhido entre duas grandes lojas.

Sirius nos guia até lá, ignorando uma pergunta curiosa que fiz. E mal passamos pela porta e todos olharam para gente.

Todos bruxos, é claro. E metade daquela gente toda era mais do que todos os bruxos que eu já tinha visto (ou que eu lembrava).

De inicio, quando de pouco em pouco todos viraram sua cabeças em nossa direção, eu pensava ser pelas roupas trouxas, mas aí eu percebi que olhavam para minha testa.

Olho para Sirius, ele coloca o braço sobre meus ombros e nos direciona para trás do bar e saíram num pequeno pátio murado, onde não havia nada exceto uma lata de lixo e um pouco de mato.

Sirius começa a contar tijolos na parede por cima da lata de lixo.

— Três para cima... Dois para o lado... — murmurou. — Certo, chegue para trás, Harry.

Ele bateu na parede três vezes com a varinha. E o tijolo que tocou estremeceu, torceu-se. No meio apareceu um buraquinho, que se foi alargando cada vez mais. Um segundo depois se viram diante de um arco bastante grande, um arco que abria para uma rua de pedras irregulares, serpeava e desaparecia de vista.

— Bem-vindo — disse Sirius— ao Beco Diagonal.

Sorrio assombrado, nunca vira tantos bruxos juntos.

– O que viemos fazer aqui? – Pergunto.

– Arrumar uma casa. – Ele responde abrindo espaço entre as pessoas, seu porte alto e musculoso ajudava.

– Vamos morar aqui? – Pergunto sem acreditar.

Tudo bem, eu tinha adorado esse lugar, mas uma coisa é vir aqui outra é morar nessa bagunça.

– Não. – Ele ri. – Mas aqui deve ter alguém que saiba de algo.

– Só viemos por isso? – Pergunto.

– Também quero dar uma cara de bruxo nesse seu visual urbano.

Olho para o meu padrinho.

– “Visual urbano”?

– Cala a boca, Harry. – Ele diz me empurrando para uma loja chamada “Madame Malkin”

A loja estava vazia com exceção de uma senhora meio gordinha, ela logo se levanta.

– Como posso ajuda-los... Oh, meu Deus, Harry Potter! – Eu estava começando a me irritar com essa atenção toda, mesmo assim sorriu gentilmente à senhora. - Entrem, entrem o que precisam? – A senhora pergunta.

Eu responderia, mas Sirius é mais rápido.

– Quero fazer esse garoto parecer um bruxo.

A aparentemente-Madame Malkin me olha dos pés a cabeça com ar de “nada bom”.

Olho para minhas roupas, qual o problema de parecer trouxa? Eu até tinha colocado uma camisa! Uma xadrez, porém ainda uma camisa.

– Entendo, entendo. O que você pensou? - A aparentemente-Madame Malkin pergunta.

– Dar um ar mais forte e magico para ele. – Sirius responde.

Encaro Sirius.

– Sinceramente, estou começando a te estranhar! – Implico.

– Se eu faço sucesso com as mulheres é por que tenho estilo. – Ele pisca e se volta para a aparentemente-Madame Malkin – Vamos ao trabalho.

As ultimas horas tinham sido um pesadelo.

Para começar Sirius explicou detalhadamente como ele queria que eu ficasse e depois saiu para ver a casa. Depois que Madame Malkin chamou uma sobrinha dela para arrumar meu cabelo e a ajudar a escolher roupas

As duas passaram horas separando roupas me mandando vesti-las para logo depois me mandar tira-las.

Agora eu vestia uma calça preta, uma bela camisa bruxa vermelha, e botas de couro de dragão preto.

Saio do provador e percebo que Sirius voltara.

– Voltou traíra? – Pergunto mal humorado.

Ele ignora meu mau humor e diz:

– Eu achei o lugar perfeito para a nossa casa!

Continuo olhando para ele e acabo perdendo a raiva. Ele estava feliz demais para irritação.

– Ótimo. – Digo.

– E não é só isso. – Ele diz tirando óculos do bolso do casaco.

Estranhando eu me aproximo, ele arranca o meus óculos e me entrega novos.

Eles eram redondos, feito de metal preto. Coloco-os, minha visão fica perfeita.

– São óculos mágicos vão normalizar sua visão não importa quão cegueta você seja.

Eu tinha adorado os óculos, eram perfeitos!

– Obrigada, pai. – Digo sem pensar.

Mas aí percebo o que falei. Faço uma careta. Eu não gostava de chama-lo de pai e nem ele gostava de ser chamado, nunca conversamos sobre isso, mas eu sabia que ele sentia que estava traindo meu pai, eu sentia a mesma coisa.

Ótimo, consegui acabar com o bom humor do meu padrinho – penso, mas percebo que ele mantinha a mesma cara.

Ele se vira para Madame Malkin e para sua sobrinha.

– Adorei o trabalho, ficou ótimo!

Me viro para o espelho e fico boquiaberto.

A camisa vermelha contrastava com meus olhos verdes e os óculos ficavam bem em meu rosto. Nunca fui de me importar com isso, mas pela primeira vez eu podia dizer que me achava bonito.

– O que achou das roupas? – Madame Malkin pergunta.

– Adorei. – Digo sincero.

– E do cabelo? – A sobrinha pergunta.

Com um pouco de magia finalmente foi possível cortar meu cabelo e deixa-lo bem mais curto. Ele se mantinha bagunçado, só que para cima invés se para baixo.

– Vai ser impossível esconder minha cicatriz agora, mas eu também adorei.

Sirius paga pelas muitas roupas e saímos.

– Aonde vamos agora?

– Que tal passearmos por Londres? – Ele propõe.

– Okay, mas antes quero comer até quase explodir.

Eu acabo concordando, alugamos um quarto no Caldeirão Furado e saímos Londres adentro para só voltarmos tarde da madrugada.


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