Worse Than Nicotine escrita por Dama do Poente


Capítulo 9
Adorável....


Notas iniciais do capítulo

Minhas demoras estão se tornando um pouco imperdoáveis, né?! Mas mesmo assim, peço desculpas, acrescentando um item à lista de desculpas: BOO!!!
Gente, que livro maravilhoso! Os capítulos do Nico são destruidores, e os da Reyna também!! Jason e Piper estão incríveis, viu?!
Mas, enfim, agradeço aos que acompanham essa história e aos que comentaram no último cap: pudim, Juju, Mylla Thompson, JMcastro e Matthew Clarke Grayson. Espero que gostem desse capítulo, guys. Ah, e vejam os links dos looks: descrevê-los foi tão bom quanto montá-los :3



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P. O. V Autora:

Dia de folga: mesmo para aqueles que não trabalham, é um dia especial! Dia do descanso, de dormir até tarde, sem se preocupar com nada e com ninguém.

Apolo prezava tanto esse dia, que se esquecia de ser responsável e fingia que sua filha não precisava ir à escola ou qualquer outra atividade no dia: ele a deixava dormir e também dormia, até que ela o acordasse pedindo o café da manhã ou o almoço.

Ele estava acostumado a fazer isso e sua raiva não poderia ser maior quando foi despertado pelo celular tocando, anunciando a chegada de uma mensagem.

– Tomara que não seja nenhuma cirurgia agendada para o fim da tarde! – ele pediu, enquanto tateava o criado mudo, buscando pelo celular e pelos óculos.

Não, não se tratava de uma cirurgia – felizmente –, mas sim de uma mensagem de seu pai, solicitando sua presença “em casa” naquela noite.

– Em casa! Minha casa é aqui! Isso significa que ele quer que eu fique quietinho no meu canto, dormindo e aproveitando a folga? – perguntou, pronto para voltar a dormir...

Mas aquele parecia não ser seu dia de sorte: quando estava confortavelmente deitado, no meio de todos os travesseiros e edredom, a porta de seu quarto quase é arrancada do batente e ele quase pula da cama, quando duas outras pessoas a invadem.

– Agora ta falando sozinho? – ele reconhece a voz da irmã

– Estou resmungando, o que é algo diferente! – ele se defende, tentando não perder o sono – Zeus acabou de me enviar uma mensagem, para me convidar para algo que vai acontecer de noite... Ele não podia esperar pela tarde?

– Papai, já são três horas da tarde de uma linda quarta-feira! – Allegra aponta, ainda grogue de sono

– Por que vocês estão me acordando a essa hora, em um dia de folga?

– Porque eu queria alguém para me acompanhar ao shopping, já que eu sou obrigada a ir nesta adorável reunião de família que papai está planejando! – Thalia revira os olhos, distraída enquanto fazia cachos nos cabelos do irmão

– Ah, e você pretende me levar para tomar um banho de loja? Que amor! – Apolo ironiza, batendo na mão de Thalia para que ela o soltasse

– Você pode continuar dormindo! Meu interesse é na sua filha! – a irmã lhe responde, e isso o preocupa mais do que se ela continuasse a penteá-lo.

Ele olha para a filha – que a cada dia que se passava, parecia mais com a tia – perguntando-se, como todo pai se pergunta, porque ela tivera que crescer: se ainda fosse um bebê, totalmente dependente dele, ele teria motivos para não deixá-la ir. Mas ela já tinha 12 anos e todo o direito de querer sair com a única tia; e ele não teria argumentos para negar. Afinal, o que diria: “Não, não sei o que de fato aconteceu com sua tia, e não confiarei nela enquanto não descobrir a verdade”, ou ainda “Não, você não vai! Volte para seu quarto, durma e vá ser feliz com seus sonhos”?

– Você quer ir? – ele pergunta, respeitando algo que ela prezava: democracia.

– Sim! Mas não me importo se quiser que eu fique! – ela responde, obediente como sempre.

E essa era mais uma das razões pela qual ele não lhe negava certas regalias: Allegra não era o tipo de criança birrenta, que bate o pé e inferniza a todos até conseguir o que quer; pelo contrário: ela se contentava com o que lhe era concedido ou batalhava por aquilo que queria.

– Você pode ir! Mas tome conta de sua tia: se ela fizer algo ilícito, ligue para um adulto responsável! – ele ajeita seus travesseiros, se preparando para voltar a sua soneca.

– Isso inclui o tio Jason ou o vovô? – a garota pergunta

– Não, meu anjo! Apenas a mim e a Artie! – o pai responde – Boas compras, vejo vocês mais tarde!

– Obrigada pelo voto de confiança, irmãozinho! – Thalia se levanta, dando um tapa na cabeça do irmão, que apenas ri.

O eixo estava voltando ao normal.

P. O. V Thalia:

Perturbar Apolo e ver Allegra se divertindo enquanto experimentava roupas e mais roupas foi um santo remédio para esquecer a cena que ocorrera hoje mais cedo, e também para me distrair do que estava por vir.

Afinal: o que Zeus queria chamando-nos para sua casa naquele dia? Afirmar sua culpa na morte de minha mãe? Desculpar-se com Apolo por tê-lo tirado da companhia da mãe? Desculpar-se por não ter dado atenção a Jason quando esse precisava?

Ou enfim ele anunciaria o fim de seu casamento com Hera?

– Acho que vou com esse aqui! – Allegra me tira de meus devaneios, aparecendo na saleta de espera dos provadores.

Era quase como ver uma versão mais feminina de mim, quando eu tinha 12 anos. Era assustador o modo como nos parecíamos fisicamente, e como nos diferíamos psicologicamente: minha sobrinha era muito mais calma e ligada a diversas culturas, enquanto eu, na minha época, só me importava em infernizar a vida de meu pai e minha madrasta.

– De qual coleção de bonecas você saiu? – sorri para aquela criaturinha adorável, que sempre tivera o poder de trazer o meu lado “humano” à tona.

Ela usava um vestido floral, que se destacava em sua pele clara, e que combinava com seus oxfords vermelhos e delicados. Tinha prendido o cabelo em uma trança espinha de peixe, dando destaque a seu rosto meigo, pontuado por sardas, e seus olhos azuis tão escuros, que mais pareciam negros.

– Vim de alguma coleção britânica! – ela sorriu e sentou-se ao meu lado. – É sua vez, tia!

Sem que ela precisasse me pedir duas vezes, voltei ao provador em que havia deixado as roupas que eu comprara e escolhi uma que combinasse com a situação. Um jantar na casa dos Grace era algo digno, do qual eu seria chutada caso aparecesse com uma calça de couro e uma blusa com dizeres punks; então, uni o útil – algo clássico, a altura de Zeus e Hera Grace – ao agradável – ligado ao meu estilo.

– Então sobrinha? – voltei à saleta, já usando o look escolhido.

Um fundo azul escuro era o palco para algumas linhas e flores em meu vestido, que eu usava com um par de sapatos pretos de salto. Permaneci com meu ear cuff dourado com spikes e com o anel de rosa negra: uma herança de minha mãe.

– Bem Thalia Grace! – ela responde, como se estivesse me avaliando.

– Vamos, pirralha! Depois peço para enviarem essas roupas para sua casa! – a tomo pela mão, e juntas saímos do shopping onde havíamos passado o resto da tarde.

Dirijo com calma até a Mansão Grace, que continuava tão imponente como quando eu a abandonei anos atrás: as mesmas paredes marmóreas, as portas gigantes. Parecia um edifício da segurança nacional, e não uma casa para um casal.

– Mais cinco minutos e eu teria ido atrás de vocês! – Apolo sibila, assim que nos aproximamos dele, que estava na porta de casa.

– E como você saberia onde estávamos? – pergunto, desafiadoramente

– Pelo GPS no celular da minha filha! – ele dá de ombros, levando a mesma pela mão.

Respirei fundo antes de atravessar aquela imensa porta e entrar nos domínios de Zeus. Aquele não era mais meu lar há muito tempo, e mesmo se tratando da casa de meu pai, e eu não me sentia confortável ali. Nunca me sentira, se eu fosse parar pra pensar.

E de fato, naquela noite, eu não conseguiria me sentir confortável.

Usava um vestido mix estampas, que ia do xadrez miudinho ao floral leve, os cabelos soltos estavam levemente desfiados; seu rosto continuava como o de uma boneca de porcelana, com a maquiagem leve e delicada, como se ela fosse uma adolescente e não uma mulher de 22 anos.

– O que ela está fazendo aqui? – perguntei, parando subitamente

– Bom, ela me fez o favor de contar o porquê de sua volta repentina, Thalia! – Zeus sai de seu escritório, elegantemente vestido em seu terno risca de giz. – E agora eu quero ouvir a sua versão!

P. O. V Jason:

Eu passara a manhã tentando encontrar algo para fazer a noite, mas todos pareciam ocupados ou simplesmente me evitando – como Reyna fez, sem sequer me dar uma desculpa plausível. E quando eu finalmente encontrei alguém disponível, fui obrigado a mudar totalmente de planos.

– O que foi? – Piper pergunta, quando desligo o celular após receber o telefonema de Hera.

– Aparentemente meu pai descobriu que a Thalia voltou e não falou com ele, agora o velho está pirado e está “convocando um conselho” de família. – reviro os olhos, não acreditando na minha má sorte – Ele chamou até mesmo a Allegra!

– Aquela sua sobrinha? – ela pergunta, a voz ainda carregada do sotaque francês.

– Sim! – suspiro, sentindo pena de Allie, que agora era obrigada a conviver com os problemas

Tinha pena de minha sobrinha: ela não merecia passar pelo furacão de problemas que era a família Grace; ela não merecia o mesmo pelo qual meus irmãos e eu passamos... E nem Piper merecia ser deixada de lado porque concordara em sair com um cara que tinha uma família problemática...

E por essa minha preocupação, que ela agora quase me batia, ou quase morria de vergonha:

– Por que não me disse que era irmão de Thalia Grace? – ela sussurra entre dentes.

– Não é algo que as pessoas costumam me perguntar quando as chamo para ir ao cinema! – defendi-me. – Aliás, qual o problema de ser irmão dela?

Se ela dissesse qualquer coisa que ofendesse minha família, eu esqueceria que seus olhos multicoloridos eram tão belos quanto qualquer outro de seus traços, esqueceria que me sentia estranho ao seu lado e a expulsaria de vez da minha vida.

– Problema algum! Mas talvez eu perca um ente querido hoje... – ela suspirou, apontando para a sala – Sabe a garota com que sua irmã está conversando? – conversando era um eufemismo muito gentil de Piper

– A Silena? O que tem ela?

– Ela é minha irmã!

– Como assim ela é sua irmã? Vocês nem têm o mesmo sobrenome! E como você não sabia que sou irmão de Thalia Grace? Ela estava na mesma festa que nós há alguns dias... – tinha um desespero desnecessário na minha voz, que a fez se elevar ao ponto de chamar a atenção da pessoa mais distraída do lugar.

– O que tanto os dois cochicham? – Allie pergunta, abaixando o celular. Ela estava deitada no sofá, na melhor posição de tédio que seu vestido lhe permitia.

– Filha, por favor, comporte-se pelo menos agora! – Apolo pede, sentando-se ao seu lado, com algum artigo acadêmico em mãos.

Mas antes que Piper e eu pudéssemos por tudo em pratos limpos, ou que Apolo pudesse ler seu artigo, ou que Allie conseguisse se sentar, ou ainda: que Thalia conseguisse, enfim, dirigir blasfêmias à Silena e papai... Antes de tudo isso, a matriarca da família surge, pondo ordem em todos ali.

– Nem pensem em estragar esse jantar, como fizeram com vários outros! Zeus, não se surpreenda pelo comportamento de Thalia: ela é maior de idade, e pode fazer o que quiser. – Hera encosta-se ao batente do portal que nos levaria à sala de jantar, e analisa a cena de sua família.

A esposa que mais tempo permaneceu ao lado de Zeus, dar o ar de sua graça vestindo tons pastéis e sóbrios, dignos de uma primeira dama! Superou até mesmo Leto, que sempre fora bastante gentil com o ex-marido, embora ele não merecesse. Hera estava ao lado de Zeus desde que eu tinha pouca idade e ainda não precisava de óculos; desde antes de Apolo ter uma filha ou Thalia virar punk. Ela não era exatamente adorada por ali – embora, depois de um tempo, eu tenha aprendido a gostar um pouquinho dela –, mas quando se tratava de dar ordens... Bom, apenas Thalia ia contra elas!

– O destino desse jantar foi dado há muito tempo! – minha irmã diz, esquivando-se de Silena e indo até nossa madrasta – Só os ponteiros do relógio separam sua, provavelmente, amável recepção, de um desastre iminente.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? O que vai rolar nesse jantar?
Beijos!! E assistam How To Get Away With Murder: essa série derruba todos os forninhos!