Worse Than Nicotine escrita por Dama do Poente


Capítulo 30
You Know How It Is Life Can Be A Bitch


Notas iniciais do capítulo

*mostra só a cabeça* Oi, gente! Desculpe os transtornos causados no último capítulo ~apesar de eu ter adorado ver a discórdia nos comentários ^_^~, mas essa história jamais seria apenas um romance água com açúcar!
Agradeço de coração a todos os reviews que deixaram! Eu os responderei daqui a pouco, quando terminar de postar!
Espero que gostem desse capítulo aqui!



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P. O. V Thalia:

Contar carneirinhos nunca me ajudara com a insônia, e também não funcionava contra a ansiedade. Fumar geralmente ajudava, mas não se pode fumar em hospitais e, depois daquele dia, eu prometera a mim mesma nunca mais por um cigarro na boca.

Podia ouvir Hera rezar baixinho, assim como ouvia Atena murmurando no celular — talvez contando tudo para Zeus, ou quem sabe para Dona Le —, ouvia também Zöe confortar um cara e passar para Bianca um número de telefone. Eu ouvia tudo, mas não registrava nada.

Até que um corpo forte e conhecido se chocou contra o meu, e todos os sons chegaram ao meu cérebro de uma só vez. Foi nesse momento que desabei, e me pus a chorar.

Consigo sentir os braços de Nico me aninharem mais forte contra ele, sentando-me em seu colo. Sinto seus lábios contra minha têmpora, o que sempre fora o suficiente para me acalmar, mas que de nada adiantava no momento.

— Eu to aqui! — diz ele, simplesmente. Nada de pedir por calma, ou que eu não chorasse. — Eu estou aqui! — me aperta mais forte, depositando mais beijos em meu rosto.

As lágrimas não aliviaram o peso em meu peito, a angústia não se dissolvia, porque não havia nada que eu pudesse fazer além de lamentar.

Meu vício em nicotina me impediu de doar sangue, minha falta de sensibilidade me permitiu deixar que Allie fizesse o que queria, e por tê-la deixado na casa de Artie ao invés de arrastá-la para usa própria casa... Se bem que, mesmo que ela estivesse segura, nada garantiria que a tragédia seria menor: ainda havia Ártemis. Milagrosamente, ela estava viva, mas se não estivesse, Apolo estaria igualmente destruído.

— Meu amor, quer me contar o que está acontecendo? — ouço Nico me perguntar.

Não, eu não queria, mas o fiz assim mesmo. Disse tudo o que soube sobre como Órion assassinou Phoebe, roubo-lhe a chave do necrotério e seqüestrou Ártemis e Allegra, que deu a má sorte e estar no lugar errado, na hora errada. Isso foi fácil de contar, sem derrubar lágrimas, mas quando cheguei à parte em que Órion atirou Allie contra a parede, como se descartasse algo, os soluços voltaram de forma arrebatadora.

Dio mio! — Nico murmura, bem baixo.

— Ele atirou nela, Nico! Atirou na perna dela, quase atingiu a porra da veia femoral. E, quando a jogou, ela bateu com a cabeça nos computadores e tem fragmentos de vidro, concussão e a porra toda que eu não entendo. Ela precisou de sangue e eu não pude doar. — minha voz se eleva na mesma proporção que meu desespero e minha agonia. — Não pude porque sou uma medíocre viciada, e por causa disso posso perder a única coisa imaculada de minha vida.

— Você não vai perdê-la! — Ártemis surge, jogando-se em uma das cadeiras.

Sua roupa estava ensopada de sangue e ela parecia derrotada. Fizera questão de participar da cirurgia, o que lhe exigiu muito determinismo e frieza — principalmente na hora em que precisou expulsar e mandou sedar Apolo.

— Conseguimos conter a hemorragia e retirar todos os estilhaços de vidro da cabeça dela. O neurocirurgião conseguiu reduzir o inchaço, não me pergunte como, e agora ela está em coma induzido. Estável!

Um suspiro coletivo ecoa na sala de espera, tomada por nosso grupo e um número ainda maior de policiais.

— Como estão os rapazes? — minha madrasta pergunta, a voz rouca de tanto chorar.

— Jason está bem, poderá ir pra casa hoje. Quanto a Apolo, bom, naturalmente que ele quer ficar com Allegra, mas ele estava muito estressado quando chegamos e ficou assim durante boa parte da cirurgia e, como vocês sabem, eu mandei sedá-lo. Ele deve acordar logo, eu... Eu vou vê-lo daqui a pouco, só preciso tirar essa roupa.

Ficamos tão silenciosos quanto Ártemis parecia perdida em pensamentos. Se nem mesmo Apolo, a racionalidade personificada, estava acreditando na medicina...

— Ártemis, como você está? — pergunto, a voz ainda embargada.

E, enfim, as lágrimas escorrem pelo rosto lívido dela, intensa e ininterruptamente.

— Eu não sei! Eu acabei de trazer minha filha de volta a vida, ouvi todos me parabenizarem por isso e me dizerem que ela vai ficar bem, mas ainda assim me preocupo: e se ela ficar com alguma seqüela? Se deixar de falar, andar? E se o dano na perna a impedir de dançar? Ela ama dançar, ela morreria se não pudesse fazer mais isso. — sua voz saía abafada. — E se estiverem errados e ela não acordar? Ou, se acordar, levar anos para isso? Eu não quero ver meu bebê preso em uma cama para sempre, mas continuo vendo em meus pensamentos e não consigo evitar.

Eu queria poder confortar a mulher que me ajudou quando minha mãe faleceu, mas eu também precisava de conforto e não tinha palavras para acalmá-la. O que, felizmente, Hera tinha.

— Você está sendo mãe, Ártemis. Uma mãe brutalmente abalada e psicologicamente violentada. — Hera murmura ternamente, abraçando-a pelos ombros — No fundo, você sabe que esses medos não passam de subterfúgios do seu subconsciente. Sabe que Allie vai ficar bem e que vai voltar para nós.

As palavras de Hera eram reconfortantes, mas não o suficiente para nos acalmar; para acalmar Ártemis.

— Venha! Vamos dar um jeito nessas roupas, prima. — Zöe intercede, levando a prima pelas mãos.

Eu não tinha mais lágrimas para derramar quando Jason apareceu, um tanto pálido, e se jogou nos braços abertos de Hera, que apesar da tristeza aparente, mantinha-se forte para nós.

Olhei para Nico, que sempre fora minha fonte de lucidez em momentos como esse, buscando uma saída para tanta dor. Em 24 horas o meu paraíso ruíra; minha felicidade por ter, finalmente, entendido meu amor por Nico fora ofuscada pela recente tragédia e sequer havia em quem descontar a raiva: o culpado já estava morto.

— Vamos para casa! — não era exatamente uma pergunta.

— Meu... Meu irmão... — eu sabia que precisava e que queria ver Apolo, mas a tentação de fugir de tudo aquilo era muito maior.

— Você pode vê-lo depois, Thalia! — Nico sussurra — Ele precisa descansar, se acalmar. Se a ver agora, vai presumir o pior.

Nico tinha razão: eu estava a cara do luto. A maquiagem que eu usara num photoshot aquela tarde estava borrada, as roupas desencontradas... Se Apolo, com sua sensível alma de poeta, me visse, pensaria que era tarde demais. Por isso não reclamei quando Nico me carregou para o carro e dirigiu em silêncio até seu apartamento; muito menos disse algo quando, após tirar minha roupa, entrou comigo embaixo do chuveiro.

— Vai dar tudo certo, ma bene! Tudo certo. — ele sussurra, deixando a água encharcar suas roupas.

Decido confiar nele, como sempre fiz, e deixar a água lavar não o cansaço, mas a desesperança também.

P. O. V Autora:

Sua prima havia levado um conjunto de roupas limpas para ela, que lhe era muito grata por tal coisa. Também havia ligado para seu pai e contado o que ocorrera, tranqüilizando-o ao dizer que estava tudo bem com ela, quando na verdade não estava.

Sua assistente e amiga morrera, assim como o ex-namorado. A filha estava internada, em estado estável, e o melhor amigo ali, preso num sono nada tranqüilizador.

— Shiuu, você pode acordar agora. Está seguro. — sussurrou calmamente, tocando-lhe a fronte.

Os olhos tremeluziram uma, duas vezes, antes que se abrissem, mostrando duas íris incandescentes azuis, assustadas.

— Aonde...? Ah, droga! — Apolo se ergue na cama do hospital, sentando-se. — Então realmente aconteceu?

— Sim! — ela engole o choro — Mas Allie vai ficar bem: conseguimos estabilizá-la. Ela vai ficar bem.

— Tenho fé de que vai. — ele responde, vazio. Quebrado por dentro.

— Você nunca foi um homem de muita fé...

— Sempre acreditei em você, Ártemis. Não vai ser agora, quando mais preciso de um milagre, que vou deixar de acreditar. — ele a olha nos olhos. Azul no castanho-esverdeado.

— Ai meu Deus: desculpe-me, Apolo! — e Ártemis desaba em lágrimas, apoiando o rosto nas mãos.

— Desculpar pelo que, Artie? Não foi você quem a machucou. Você é tão vítima quanto ela. — Apolo murmura, tentando acalmá-la — Nada disso é culpa sua.

— É sim: eu deixei que ele entrasse em nossas vidas, que ele nos separasse. Éramos uma família, e nos últimos anos apenas brigamos e nos separamos cada vez mais. Olha pra gente agora: infelizes, sozinhos... — mas Ártemis não termina sua lamentação; Apolo não a deixa terminar.

— Nunca diga que está sozinha, ouviu bem? Nós ainda somos uma família. Sempre seremos. E nunca estivemos separados: nada pode nos separar, entendeu Ártemis? Nada!

As lágrimas ainda se acumulavam nos olhos de Ártemis quando esta se jogou contra Apolo, abraçando-o. Ele, por sua vez, a puxou para se deitar a seu lado na cama, abraçados bem perto, sussurrando no topo das longas madeixas rubras, que nada jamais os separaria.

Tão ocupado estava em acalmá-la que mal escutou as palavras que escaparam daqueles lábios cansados. Mal acreditou quando as ouviu, sussurradas contra seu peito, e quase pediu que as repetisse, mas era tarde demais e Ártemis já adormecera em seus braços.

Eu te amo, ela dissera, e nunca haviam sido ditas palavras mais belas.

P. O. V Nico:

Fora uma longa e insone noite. Thalia se recusava a comer e foi preciso muito jogo de cintura para convencê-la a tal coisa, e depois muita calma para não sucumbir e chorar com ela. E eu precisava ser forte por nós dois, embora me sentisse como ela... Talvez pior.

Já era terrível ter Allegra hospitalizada. Allegra, que como dizia o nome, era motivo de felicidade em nossas vidas e que, para mim, sempre seria a menininha que me chamou de titio sem sequer me conhecer direito, e mesmo naquela época já me alertava sobre meus sentimentos. A menina que me alertou sobre eles e agora não estava ali para me dizer que sempre estivera certa. Era horrível ser privado de seus olhinhos serelepes. Mas era pior ainda saber que convivi, por anos, com o assassino de minha mãe. Que eu jamais o veria pagar pelo que fez.

Minha noite foi longa. Revezando entre cuidar de Thalia, que acordava de tempo em tempo, e manter meus pensamentos para mim mesmo. Ela não precisava de mais sofrimento, embora eu soubesse que ela o aceitaria numa boa, e me acalentaria como eu fazia com ela.

No entanto, para minha própria surpresa, não era do abraço de Thalia que eu precisava.

— Ei, ei, o que foi?

— Acabou, pai! Acabou! — consegui murmurar entre soluços, abraçado a Hades naquela manhã, da mesma forma que estive há quatro anos.

— Eu sei filho, eu sei! — sinto os braços de meu pai me envolverem e desejo voltar a infância, quando ainda podia ser pego no colo.

Entro na casa em que passei a maior parte de minha vida, em que vivi emoções variadas, a maioria delas envolvendo meu pai. Sentamos no sofá, ainda abraçados. Todas as muralhas entre nós ruindo, permitindo-me contar tudo o que acontecera nos últimos dias.

— Eu a deixei no hospital antes de vir para cá, por mais que eu quisesse estar lá com ela. Pra ser sincero, queria ter poderes, como nos filmes, e tirar Allie do coma, trazendo alegria para Thalia, pai. Eu a amo demais para vê-la sofrer.

— Isso é algo que tento lhe mostrar tem anos. — meu pai ri, bagunçando meu cabelo — E também gostaria de tirar aquela criança do hospital: ela é um amorzinho, e me lembra tanto sua irmã Bianca: o cabelo e o jeito de falar são idênticos.

Ok, aquilo era novidade. Entretanto, não há como não amar Allegra... Lembro-me que quando ela era bem novinha, e Apolo teve que passar pelo período de residência médica, Thalia e eu ficávamos com ela durante o dia, enquanto Zeus e Hera trabalhavam. Havia um lado de Thalia que gostava de brincar de casinha, e esse lado dizia que Allie era sua filha, e eu seu marido.

Eu queria ser o marido de Thalia e ter filhos como Allie!

— Não dá pra sair imune de um convívio com os Grace! — Hades suspira, me soltando e se levantando.

Nem me incomodo em sair do sofá. Apenas afundo ali, tomando cuidado apenas para não por os pés no estofado.

— Pai? — o chamo, quando o escuto por gelo em um copo.

— Esse tom de voz curioso só pode significar uma coisa...

— Como você e Zeus se conheceram? — repetimos a pergunta de um milhão de dólares.

Uma pergunta repetida inúmeras vezes ao longo dos 12 anos que conheço Thalia. Nem meu pai, nem Zeus, jamais a responderam, embora tenhamos sido bastante persistente.

Até agora...

— Sabe, sua mãe era uma linda comissária de bordo. Linda, educada, engraçada, gentil. Quando a conheci, estava morando em Veneza, aperfeiçoando minhas técnicas de desenho e artes em geral, e me sentia o próprio Da Vinci aprendendo com Verocchio. — meu pai inicia a narrativa — Na época, eu tinha um amigo, ele era piloto de aviões e vivia escrevendo para mim e seu tio Poseidon, contando suas aventuras... Principalmente as amorosas e, através de uma carta, soube de sua mãe: alta, pele morena, beijada pelo sol da Toscana, cabelos negros e curtos, olhos astuciosos e uma elegância incompreensível para as outras moças, mas encantadora para todos os rapazes da companhia, a quem ela nunca dera atenção.

― Nem mesmo ao seu amigo?

― Ela o detestava. Achava-o prepotente e arrogante, e ele jurava que todos os xingamentos dela eram, na verdade, uma forma de declarar seu amor.

― Pelo visto ele também era ingênuo...

― Era... Ás vezes inda é, mas, enfim: lá estava eu, em Veneza, quando recebo a carta desse amigo, dizendo que estava para desembarcar na Itália, e fui encontrar-me com ele. Fiquei horas no aeroporto e, quando ele enfim apareceu, estava apanhando de uma garota que o chamava de maledet pezzi di mierda.

― Mamãe sempre foi tão espirituosa...

― Nem me fale: ela me viu rindo e já foi me batendo também, mas consegui fugir, arrastando meu amigo comigo.

― Que, como já deu para entender, era Zeus Grace. ― digo, como se estivéssemos em um programa de entrevistas: di Angelos Watch ― Prossiga, caro pai.

― Como bons amigos, saímos para tomar uns drinks naquela noite e, para minha surpresa, um grupo de aeromoças ali estava. E, entre elas, sua mãe.

― Claro... Faz parte do clichê!

― E a mãe de Apolo. Mostrando fotos do bebezinho loirinho e rechonchudo. Pois é filho: Apolo já foi gordo, eu já fui sarado, e você já foi fofo... As coisas mudam, não é mesmo?

Mas eu não estava chocado pela ex-constituição física de meu cunhado, mas pelo fato de ele já ter nascido.

― Zeus tentou chifrar a Dona Le com a mamãe? ― eu estava chocado. Como Allie bem gosta de dizer: me amarrotem, pois estou passado.

― Sim, e eu fui doido o suficiente para avisar as duas sobre isso. ― realmente, Hades fora doido ― Leto não ligou: era um hippie que pregava o amor; já sua mãe, discutiu com Zeus, aconselhou Leto e me escolheu pra confidente.

― E você?

― Eu perdi o amigo, que nem casado era, ganhei a garota e mantive minha moral intacta. ― papai ajeita a gola da camisa, que só agora notei ser de pijama, como se ajeitasse uma lapela

― E não se esqueça que ganhou um assunto novo para discutir em reuniões escolares. ― bocejo, enfim sentindo o peso da noite anterior ― Além de um filho incrível...

― Verdade. ― ouço-o dar uma risadinha ― E agora, anos depois, nossas famílias se unem, provando que não adianta tentar conduzir o destino na dança da vida. ― mais sinto do que vejo meu pai tirar meus sapatos e jogar uma manta sobre mim.

― A vida é uma vadia! ― resmungo.

― É sim, mas é uma vadia que sabe o que faz, tesoro! ― ele cita o velho a apelido que mamãe me dera ― Fico feliz que tudo esteja dando certo entre Thalia e você, garoto!

― Eu também, papai. Eu também! ― murmuro, antes de cair no sono, em paz comigo mesmo, como há muito não me sentia.


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Notas finais do capítulo

*Qualquer erro me avisem, porque o Nyah tá bugando. Esse capítulo foi editado*
Enfim, digam-me o que acharam! Eu realmente nem sei muito o que dizer sobre esse capítulo, exceto que espero que tenham gostado! Esses últimos capítulos foram os meus favoritos! Sim... Pois é... Faltam 4 capítulos e um epílogo para o fim.
Já estou com saudades de vocês!
Beijoos!!



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