Worse Than Nicotine escrita por Dama do Poente


Capítulo 28
Surprise....


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente: MARIIIIIH, MINHA LINDA, MUITO OBRIGADA POR RECOMENDAR, MAIS UMA VEZ, WORSE THAN NICOTINE! Eu que agradeço por ter leitores como você! São os que me mantém postando e tentando melhorar cada vez mais! Aliás, eu editei esse capítulo graças a você, Marih!
Aliás, obrigada pelos reviews no capítulo passado. 11 pessoas comentaram... Vamos tentar, pelo menos, manter esse nível, pessoal? Por favorzinho :3
De qualquer forma... Vocês VÃO querer falar comigo sobre esse capítulo...
Então, vamos ao capítulo!



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P. O. V Ártemis:

Nunca pensei que pudesse me afogar em culpa, mas ver Allegra chorando era desesperador. Ela era, como todos os seus parentes, intensa demais, o que só piorava quando a situação era pessoal demais.

— Eu odeio meu pai! — ela gritava/chorava.

— Não odeia, não, meu bem! — a abraço mais forte, puxando-a para meu colo.

Depois que Thalia e Nico a encontraram, escondida perto da confeitaria em que Nico lhe dá aulas, trouxeram-na para meu apartamento. Eles me contaram, enquanto ela tomava banho, que ela dissera que havia visto o pai por ali, mas preferiu se esconder do mesmo.

— Odeio, sim! Eu não quero mais vê-lo, mamãe! Ele sempre se esquece das coisas quando tá com uma namorada: esquece de mim, briga com você...

— Ele é apenas humano, Allie, não um deus. Nem mesmo deuses são perfeitos. — beijo o alto de sua cabeça. — Diz pra mamãe o que aconteceu.

E entre lágrimas e soluços, Allie me conta tudo o que aconteceu desde o fatídico dia em que descobrimos o relacionamento de Apolo e Laurel: as inúmeras brigas, o estresse constante, a pressão da professora sobre ela, minhas brigas com Apolo, o modo como tudo a afetou. Enquanto ela me contava, eu pedia desculpa por tudo e, quando ela enfim dormiu, fui eu quem desabou em lágrimas e arrependimento.

Não por ter brigado com Apolo ou por ter jogado algumas verdades na sua cara — embora confesse que nunca pretendi jogar na minha própria cara a verdade sobre o que sinto por ele —, e nem por ter magoado Allie indiretamente. Arrependia-me de ser tão impulsiva e instintiva.

No dia que descobri sobre o relacionamento de Apolo e enlouqueci de ciúmes, Órion acabara de volta de sua viagem. Ele estava lindo com seu uniforme cáqui e incrementara o visual usando um chapéu idêntico ao de Indiana Jones, que eu lhe dera quando ainda estávamos na faculdade. Ele estava lindo e eu com uma quantidade exorbitante de vodka no sangue, além de muita raiva.

Queria dar o troco em Apolo pela traição, e nada melhor do que fazer isso com o cara que ele mais odiava e sentia ciúmes; então, naquela noite quando Órion sorriu para mim, não hesitei em puxá-lo e tomar seus lábios nos meus. Não reclamei quando os lábios dele passaram, rudemente, pelo meu corpo, ou quando me tomou como sua, sem um pingo de carinho. Como se me usasse.

Mas chorei quando acabou, e o expulsei, dizendo que estava tudo acabado entre nós. E chorava agora, pensando em quão idiota havia sido: eu nunca amara Órion. Meu coração sempre pertenceu à outra pessoa. Desde o primeiro dia.

P. O. V Thalia:

O que você faz quando finalmente assumiu o namoro com o melhor amigo? Muda o status do facebook? Sai pra jantar com ele? Transa?

Não. No meu caso e no de Nico nós viramos equipe de resgate: achamos Allie na mesma confeitaria de sempre, onde Nico lhe ensinava italiano, e a primeira coisa que ela fez quando nos viu foi pedir, com muito ardor, que não a levássemos para casa de Apolo.

Eu me vi presa a um impasse: Allegra era a coisa mais importante na minha vida, superava até o amor que eu sentia por Nico — nem tanto, mas é a verdade —, e o que eu mais admirava nela era o amor que sentia por Apolo, o quão unidos eram. Eu queria ter sido assim com meu pai, e vê-la me implorar para não levá-la para casa era como ver a mim mesma cometendo erros.

— Allegra, mia cara, você tem certeza? — Nico pergunta baixinho, ajoelhado na frente dela.

Ela não verbaliza sua resposta, mas a mesma é afirmativa. Suspiramos e Nico se afasta, pedindo para falar comigo.

— O que você acha? — ele pergunta, olhando para minha sobrinha sentada no paralelepípedo da calçada.

Eu achava que estava na hora de Apolo embarcar na Tardis e consertar o que quer que tivesse acontecido entre ele e a filha. Ou que eu embarcasse nela, voltasse há dois anos e ficasse de vez com o Nico: agora, talvez, essa situação não existisse.

— Eu sinceramente não sei! — suspiro — Não tenho idéia do porque de ela ter fugido, só sei que Apolo estava desesperado... Acho que ele gostaria de vê-la e se certificar de que está bem, mas ela não parece nem um pouco bem para ver o pai!

— Ela pediu para ir pra casa da Ártemis...

Volto a suspirar. A ruiva sempre tivera o poder de acalmar Allie, como se de fato fosse sua mãe biológica. Eu estava prestes a sugerir que levássemos minha sobrinha para minha casa, mas aquele não era um lugar para crianças, então concordei que seria melhor levá-la para a casa da mãe.

Chamei-a para junto de nós e Nico lhe entregou o celular para que ela ligasse para Artie; enquanto isso, eu ligava para Apolo e lhe contava o que estava acontecendo. Não sabia o que me cortava mais o coração: o choro de Allie ou a tentativa de ser forte de Apolo.

— Não era assim que eu planejava passar meu primeiro dia com meu namorado! — murmuro, horas depois, quando estamos apenas Nico e eu na saída de incêndio de meu quarto.

— Sei que não, mas está tudo bem! — ele murmura também, me puxando para seus braços e enrolando o cobertor ao nosso redor — E, tecnicamente, esse não é seu primeiro dia comigo... — sinto seus lábios fazendo cócegas em meu pescoço.

— Oficialmente é... — sussurro, brincando com seus dedos longos.

Sinto um calafrio quando o hálito quente de seu suspiro atinge minha nuca, antes de ele me virar para si.

— Thalia Grace, nossos anos de amizade, incluindo os anos de amizade colorida, são bem mais importantes do que um primeiro dia oficial como namorados, ok? Aliás, vamos deixar algo claro: independentemente de nosso atual status de relacionamento, eu sou seu melhor amigo, e uma das minhas funções, além de te amar demais, é estar contigo pro que der e vier! — ele diz, segurando as laterais de meu rosto.

— Se você não existisse, homem, eu te desenhava e dava vida só para te amar e ser sua! — reflito, recebendo um olhar divertido de Nico — Eu disse isso alto?

— E em bom som! — ele sorriu

— Oh droga! Ainda não me acostumei a me sentir apaixonada! — escondo o rosto em seu peito, sentindo-o gargalhar e me dar um beijo na cabeça.

— Sabe, não quero que fique estranho entre nós... Tipo aqueles casais de amigos que começam a namorar e ficam agindo como idiotas! — ele diz, erguendo-me e cruzando minhas pernas ao redor de sua cintura.

A noite em Nova York estava fria demais para ficarmos até tarde na saída de incêndio, por mais confortáveis que estivéssemos.

— Você quer dizer que não quer ficar abobalhado como o Percy? Ou como o Travis? Porque, minha nossa, pelo que me contou desse último e pelo que vi na festa...

— Os homens da minha família têm a tendência de ficarem meio bobinhos quando estão apaixonados... — ele faz uma careta fofa quando se senta na cama comigo no colo — Não que você já não saiba!

— Não sei lhe dizer a reação das mulheres da minha família quando se apaixonam, mas a minha é... — mas não consigo terminar.

Nico me cala com um beijo calmo e romântico, enroscando uma de suas mãos em meu cabelo e me puxando para mais perto com a outra.

— Não diga qual é! — ele sussurra — Permita-me te decifrar... Permita-me isso todo dia!

Não falei! Não disse nem mesmo o quanto o amava! Apenas o permiti! Permiti que me decifrasse em beijos, carícias e suspiros.

P. O. V Autora:

— Bom dia, doutor Grace! — a ruiva errada o cumprimenta naquela manhã, sentada atrás do balcão da recepção.

— Bom dia, senhorita Dare! — tenta sorrir ao passar por ela, mas sabendo que não conseguiria, apenas aperta o passo em direção a sua sala.

Que já estava devida e lindamente ocupada.

— Bom dia! — sussurra, perplexo demais para elevar o tom de sua voz. O tenor estava, pela primeira vez, mudo.

— Primeiramente, senta aí! — a ruiva certa aponta para uma das cadeiras destinadas aos pacientes, e ele a obedece sem pestanejar — Segundo, não abra a boca para retrucar, apenas me escute, entendeu bem? — ele confirma com um sim, e a observa se endireitar em sua cadeira — Ótimo, lá vamos nós.

E Ártemis repassa toda a conversa que tivera com Allegra na noite anterior, destacando a tristeza e desamparo da menina, fazendo com que o arrependimento de Apolo apenas crescesse.

— Isso é tudo, mas creio que seja o suficiente para fazê-lo perceber como é ridiculamente idiota. — e Ártemis sorri, com desdém, acentuando-lhe a dor.

Era mais, muito mais, que o suficiente.

— Como ela está?

— Tentando segurar as pontas. Foi para a escola hoje, e não estava mais chorando no café da manhã.

— Como você está?

— Bem o suficiente para enfrentar os mortos. E você está mais acabado que eles; espero que não assuste às criancin...

— Chega Ártemis! — e a poderosa voz de tenor se eleva em exaspero — Eu já entendi que está com raiva, e eu sinto muito, mas é inútil ficar jogando isso na minha cara ou me ofender: não tem como eu ficar pior do que já estou, ok? — ele passa a mão sobre o rosto, e encara a porta quando volta a falar — Eu estou mais arrependido do que minha irmã ficou quando deixou o namorado. Tão arrependido que poderia morrer, e não tenho a menor idéia do que fazer para isso passar ou para reconquistar a sua confiança e a de Allie.

— Pedir desculpas é sempre um bom começo. — ela diz, como se receitasse um remédio.

— Eu te conheço o bastante para saber que pedir desculpas não vai adiantar. Você é teimosa e se acha certa em tudo. E nunca esteve tão certa quanto agora! — ele admite.

— Eu sei!

— Não está ajudando, Ártemis!

— Nunca pretendi ajudar em nada. Vim te fazer se sentir culpado, arrasado e estúpido. — ela pisca os grandes olhos esverdeados.

— Meus parabéns: está conseguindo!

— Ótimo! — ela se levanta, pendurando sua bolsa no ombro — Meu trabalho moral está feito, então estou indo!

Ele não podia deixá-la ir assim, com tanta raiva dele. Não podia perder a filha e a melhor amiga de uma só vez.

— Ártemis, o que acha de irmos ao Modern Pinball hoje à noite? — arrisca-se a perguntar.

— Nada romântico aos 31 anos de idade!

— Com a Allie? — completa o raciocínio.

— Ela tem aula amanhã...

— Não tem importância: ela pode perder um dia de escola. É uma boa aluna! — ele a tranqüiliza.

Mas não era exatamente por esse motivo que Ártemis estava receosa...

— Ela... Ela não vai querer ir! Ela está furiosa com você, Apolo!

— Eu sei... Eu quero me desculpar com ela... — ele sabia bem o quanto a filha adorava os pontos de jogos oferecidos em alguns shoppings ou que simplesmente estavam espalhados por Nova York. O tal fliperama era o seu favorito.

— Ela não vai querer ouvir...

— Ártemis, por favor! — ele suspira desesperado — Ela é minha família, é tudo para mim. Não posso viver com ela me odiando.

O silêncio toma conta do ambiente, enquanto os dois se encaram. Mágoa, traição, tristeza e arrependimento se intercalavam na escala do silêncio, em um crescendo sem fim.

— Por favor? — ele repete, num sussurro, totalmente sem forças para mais discussões.

Ela suspira e fecha os olhos, balançando minimamente a cabeça, concordando com o plano, antes de sair.

Um gesto mínimo, mas grande o suficiente para despertar a esperança de Apolo.

–-------------------∞--------------------

— Está tudo bem, Ártemis?

Horas haviam se passado, e as ruivas estavam debruçadas sobre um corpo recém chegado. Tratava-se de uma criança, dez anos no máximo, violentada por algum lunático, e assassinada em seguida. Não sabia se tinha família, mas ainda era triste ver tal coisa. E irônico: naquela manhã ela estava em um consultório cheio de crianças saudáveis e felizes, e pela noite ela examinava o corpo de uma pequena sofredora.

Não estava nada bem com Ártemis.

— Mais ou menos, Phoebe! — suspira a líder dos legistas

— Problemas com o boy? — a assistente pergunta, preparando a linha para a sutura.

Boa pergunta, Ártemis pensa. Sim, estava tendo problemas com garotos, mas qual exatamente?

Seu melhor amigo, o tolo poeta racional, incapaz de enxergar algo explícito em sua frente, ou seu ex-namorado e todas as longas viagens e desculpas mal dadas? Além das ligações incômodas que vinha recebendo dele desde que pusera um fim no relacionamento...

— Você tem namorado ou namorada, Phoebe? Ficante, peguete, qualquer tipo de relacionamento amoroso?

— No momento não, por quê? — pergunta, desconfiada

— Antes de ter, certifique-se de que está com a pessoa certa! De que não entregou o tempo e o coração a alguém que não gosta tanto, e, principalmente, que não o entregue a alguém que tenha segredos extremamente sujos.

— Nossa mulher! O que teu boy te fez?

— Ex-boy, e é melhor nem tocarmos no assunto: não quero dizer nada sem ter provas. — suspira, fechando o peito aberto da jovem morta — Terminei. Pode levá-la para a geladeira, enquanto eu limpo as coisas por aqui?

— Pode deixar! — a assistente joga, no lixo tóxico, os instrumentos usados na autópsia, antes de levar o corpo.

Ártemis se põe a limpar o ambiente, e seus pensamentos fluem tão rápido quanto a água com sangue que corria por ali. Se estivesse 100% certa, Órion Hunter tinha uma longa lista de segredos obscuros, disfarçados sobre todas as viagens e “trabalhos internacionais”.

Para um oceanógrafo, Órion passava muito pouco tempo no mar. Viajava sempre de avião e pouco falava sobre as aventuras; nem tirava fotos quando visitava grandes arquipélagos.

Como ela pôde não ter percebido essas coisas antes?

— Odeio dizer isso agora, mas meu pai tem razão: teria sido melhor se tivesse optado por neuropsiquiatria. Seria menos nojento, mãe! — a voz de Allegra a desperta de seus pensamentos.

— O que está fazendo aqui? Pensei que fosse repor as aulas de italiano e comer torta com seus tios...

— Eu ia, mas eles estão muito ocupados comemorando o namoro e fazendo juras de amor... É romântico demais para mim: estou num clima mais violento.

— Zöe aprovaria...

— Já discuti e tudo com o Will hoje. Acredita que ele brigou comigo por ter fugido? Disse que, se fôssemos irmãos, ele me colocaria de castigo — Allie revira os olhos.

— E o que você fez? — Ártemis pergunta, resistindo ao impulso de concordar com o menino.

— Disse que, se fôssemos irmãos, eu o torturaria constantemente e fugiria com freqüência. Daí ele disse que eu não sabia aproveitar a família que tenho. Daí eu disse que não tinha culpa de ele ser filho da vadia da Laurel, aí ele riu, disse que conversaríamos depois, beijou minha testa e se foi.

Ártemis ri, mordendo a língua para não fazer nenhum comentário maldoso.

— Garotos são assim mesmo, filha: complicados! Não importa a idade...

— Principalmente os gays...

O quê?

— O quê? Como assim gay? — pergunta chocada.

Aquilo não era série para o ship dela ser impossível.

— Will é gay, mãe! — a menina esclarece — O que você pensava, dona Ártemis?

— Pensei que estava apaixonada por ele, sabe... Vivia reclamando dele e brigavam toda a vez que se viam...

E a menina, enfim, riu. Sua risada era clara, como sinos de vento, como se fosse uma fada abençoando, com sua presença, uma humana.

— Mãe, apesar dos pesares, Will e eu nos amamos. Muito, mas ele e eu nunca vamos ser mais que amigos... A não ser que nos apaixonemos pelo mesmo cara... Aí pode ser que nos tornemos inimigos.

— E eu achando que, em breve, teria que discutir com seu pai se você poderia namorar ou não...

Mãe e filha riram, um paradoxo interessante em relação à noite anterior.

Ainda rindo, Ártemis termina de lavar a sala e pede para a ilha esperar enquanto arrumava suas coisas e se trocava, evitando tocar no assunto fliperama. Seria mais fácil contar tudo quando estivessem no metrô e Allie não pudesse fugir. Por mais raiva que Ártemis tivesse de Apolo, ele ainda era o pai de Allegra e não queria vê-los separados.

— Vamos? — a ruiva pergunta, sorrindo para a garota.

Mas antes que Allie pudesse responder, ou perguntar para onde iriam, as luzes do necrotério piscaram, assustando-as. Instintivamente, as duas se abraçam, temendo o que quer que estivesse acontecendo.

— Phoebe, é você? — Ártemis pergunta, a voz tão trêmula quanto ela.

— Receio que não! — e aquela conhecida risada foi apenas o início daquela noite de terrores.


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Notas finais do capítulo

Quem era? O que vai acontecer? Quem poderá defendê-las?
Digam o que acharam pessoal, realmente quero saber o que acharam porque nunca escrevi algo assim...
Beijoos e até!
P.S.: Marih, meu amorzinho, obrigada mais uma vez