Worse Than Nicotine escrita por Dama do Poente


Capítulo 16
You Still Mean Everything To Me


Notas iniciais do capítulo

Deu trabalho, mas consegui finalizar esse capítulo!!
Obrigada aos que comentaram no último capítulo: Mrs Irônica, pudim, Victoire, Ping Pong Blue, Roberta Costa, Carolina Rondelli, Marih Yoshida, Winky, Felipe Valentim, Matthew Clarke Grayson e Sra. Maddox. Amei cada review, e o capítulo é todo de vocês!!
Mas vai especialmente para a Roberta, que está fazendo aniversário hoje!! Então, parabéns, e espero que goste de seu capítulo de aniversário!!!
Peço, encarecidamente, que ouçam a música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=Z3cS1UusPPw



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P. O. V Autora:

Vinte e dois anos: dentro de dois dias ele estaria completando tal idade. Deveria celebrar com a família, ou pelo menos com todos os amigos, mas...

– Ok, você está levando o notebook e o pendrive... Para onde vai? – Bianca, que estava por ali de passagem, aproveitando que uma pista a levou à ruas perto do apartamento, pergunta.

– Não é óbvio? – Hazel pergunta, parando a colher cheia de doce a meio caminho de seus lábios – Onde acha que ele estava ontem? Com Thalia, é claro!

– Mas já vão morar juntos? – um sorriso zombeteiro se abre no rosto da irmã, e ele sente vontade de fazer cosplay de avestruz: esconder o rosto em chamas em algum buraco, e só o tirar de lá depois que a irmã saísse.

É claro que suas irmãs não perderiam a chance de zoá-lo. Ele não podia pensar no nome de Thalia, que lá estavam as duas – isso quando o pai não se juntava ao grupo –, tirando uma com a cara dele.

– Só vou passar alguns dias com ela. Parece que desde aquele assassinato, a vizinhança tem ficado um pouco estranha... – não era uma desculpa, mas tampouco deixava de ser. – Aliás, como andam as investigações?

– Feitas em total sigilo, como sempre! – Bianca sorri, e ele apenas revira os olhos. – Quando algum progresso surgir, avisaremos!

Essa era uma das situações que Nico costumava escrever sobre: a máscara do profissionalismo! Ele não precisaria ser nenhum especialista para saber que sua irmã estava escondendo algo dele, muito menos para saber que ela queria contar o que era. Mas ele também sabia que ela nunca poderia: era arriscado e antiético, ainda mais quando envolvia pessoas próximas... Envolvia Thalia, o que imediatamente envolvia Nico.

– Quando você volta? – elas perguntam em uníssono, vendo-o sair.

Ele queria ter uma resposta, mas aquela pergunta era um mistério para ele também... Então, apenas acenou para as irmãs, antes de voltar para o carro – que já estava em seu poder de novo – e percorrer as ruas que o levariam para os braços de sua... Seja lá o que eles fossem no momento.

Parecia até mesmo que eles eram um casal clichê de algum filme de comédia romântica: melhores amigos que transavam, e que chegaram ao ponto de não saber mais se eram apenas amigos ou algo a mais. Era como estar preso dentro do enredo de Amizade Colorida...

– Mas é claro que eu sou melhor que o JT!

– Não basta falar sozinho, o sujeito ainda tem que falar besteiras... – e se suas coisas quase caíram, a culpa só podia ser da supermodelo parada na sua frente, vestindo nada mais, nada menos, que uma velha camisa sua. – Fico feliz que tenha aceitado meu convite, e que eu tenha lhe dado a chave certa.

– Digamos que não era o tipo de convite que eu desconsidero! Mesmo que fosse sensato desconsiderá-lo... – tomando cuidado com o notebook, Nico se livra de sua mochila, sentando-se em uma das poltronas do estúdio.

A arquitetura daquele prédio era estranha: era possível entrar no apartamento tanto pelo estúdio, quanto pelo prédio de apartamentos... Ele se perguntava quem construiu aquilo, e que tipo de droga consumia... Talvez lhe fosse útil saber.

– Ah sim... Por que você não pode se distrair... Mas o que há aqui que possa, remotamente, chamar-lhe a atenção? – sua voz era tão dissimulada quanto seu caminhar até sua mesa de trabalho. – Veja só o meu exemplo: desde que você veio pra cá, e não faz muito tempo, consegui imaginar uma coleção inteira de lingerie. – ela tinha alguns croquis na mão, e os observava com admiração – Quer vê-las?

Não precisava respondê-la; apenas ergueu-se e seguiu na direção dela, parando na sua frente. Ela lhe entrega os desenhos e ele se espanta um pouco com o talento da garota: traços firmes mostravam como a lingerie ficaria no corpo, dando uma vista frontal e outra de costas; devia ter uns cinco em suas mãos, mas ele foi capaz de escolher o preferido.

– Quando esse fica pronto? – apontou para um modelo preto, cujo fecho do sutiã era frontal.

– Quando eu escolher o tecido, a costureira... Por que a pergunta? Animado para me ver com ela? – uma de suas perfeitas sobrancelhas é erguida, um claro sinal de desafio

– Na verdade – ele se aproxima o suficiente para depositar o desenho sobre a mesa, aproveitando a oportunidade para prendê-la ali –, estou mais entusiasmado para saber quando vou poder tirá-la de você... – sussurra ao ouvido dela, aproveitando para dar-lhe uma mordidinha ali – Aliás, eu vou sentir falta dessa camisa!

Mostre-me um homem que não seja escravo das suas paixões, Shakespeare criara há tempos e ela citara no dia anterior... Certamente ele não servia de exemplo. Se servisse, não estaria agora mesmo rasgando as roupas de sua melhor amiga, sentindo uma fome digna de um vampiro.

Mas não era de sangue que ele precisava: era dela!

E talvez isso explicasse o modo como a deitou sobre a mesa, admirando seu corpo desnudo como se observasse uma obra prima. Em sua opinião, Michelangelo o invejaria por ter tal criatura encantadora para ele. Sorriu ao pensar nisso, e seu sorriso apenas cresceu ao notar o quão rápido ela respondia aos seus toques: seus olhos fecharam e seus lábios entreabriram-se – um convite claro para um beijo, que ele não desperdiçou –, e um suspiro foi abafado quando ele a puxou para mais perto, chocando seus quadris.

– Isso está um pouco injusto, não acha?

– Estou agradecendo a hospedagem! – ele sorriu, se afastando minimamente, apenas dando espaço para que sua mão alcançasse o espaço entre os dois

E foi com prazer que ele viu os olhos elétricos escurecerem e girarem em suas órbitas, enquanto ele brincava com sua intimidade. Era lindo vê-la se contorcendo de prazer, tentando suportar cada onda que a atingia; os arranhões em seus braços mal eram sentidos, embora ao fim provavelmente estivessem sangrando.

Todos os músculos no corpo esguio de Thalia se contraíram e relaxaram quando ela atingiu seu ápice, respirando sofregamente: os lábios entreabertos, ainda avermelhados; a pele do pescoço ainda com marcas da última noite. Totalmente entregue a ele; totalmente dele.

– Acho que vou cobrar por hora e não por dia! – ela comenta, entre ofegos. – E vou aumentar o preço a cada hora. – ergue-se minimamente, o suficiente para ver os olhos negros em chamas.

– Ta aí um aumento do qual não reclamarei! – puxou-a para perto mais uma vez, erguendo-a e entrelaçando suas pernas ao redor de sua cintura. – Aliás... Aceita adiantamentos?

P. O. V Nico:

Definitivamente eu me sentia em uma versão bizarra de Amizade Colorida. E eu fazia questão de fazer desta uma versão estendida.

Eu tive chances de fugir no dia do meu aniversário, quando saí com o povo da faculdade e fomos todos para o pub de Dionísio – e eu ainda não acredito que ele era diretor de uma escola religiosa: ele conseguia ser mais profano que a Taylor Momsen. –, mas assim que Jason chegou, ela logo apareceu e eu fui obrigado a ouvir todo o tipo de coisa... Desde “vocês namoram?”, dito em tom de deboche como era dito há oito anos, a “o presente de Nico chegou”, gritado aos berros por meus amigos bêbados.

E qual era a reação dela a tudo isso? Muito simples: sorrir, gargalhar, me zoar e me sequestrar antes do fim da noite – mas não antes de me mostrar Reyna e Leo se agarrando em um canto, e me perguntar se aquele era o “boyfan de Doctor Who versão que ela não sabe qual”

E onde a noite terminou? Claro que foi recebendo o senhor dos presentes, ou melhor dizendo, a senhora: Thalia vestia uma cópia exata da lingerie que eu elogiara, mas eu podia jurar que o tamanho era menor... Ou talvez suas curvas fossem mais lascivas do que havia notado – porque, de fato, não percebera muitas coisas nesses últimos dias ou nos últimos encontros.

– Buon Compleano, Nico! – e essa deve ter sido a última coisa nítida que Thalia murmurou naquela madrugada.

P. O. V Autora:

Na intro da segunda temporada de Castle, o personagem homônimo dizia que todo autor precisava de inspiração, e ele dissera encontrar tal inspiração na detetive Beckett. Ele estava certo, obviamente, e tal conceito se aplicava fora das telas também: um bom roteirista precisa de inspiração para criar algo, e... Digamos que Thalia era um santo remédio para o bloqueio criativo de Nico, mas também uma grande tentação.

Escrever, ou ceder às manhas de Thalia? Digitar, ou analisar cada movimento de cada ensaio feito no estúdio? Ele tinha deveres a cumprir, e ela também. Os dois tentavam aterem-se as suas respectivas tarefas – ele de preparar o tal roteiro, ela de desenhar e ir fotografar para marcas famosas –, mas bastava um olhar cruzado, e todo o esforço ia por água a baixo!

Entretanto, ainda havia uma parte de Nico que ainda raciocinava perto de Thalia, e em uma manhã no fim de janeiro, tal parte estava determinada a finalizar pelo menos uma cena... Mas Thalia continuava surgindo com convites...

– Mathias Lauridsen nos convidou para sua festa de aniversário. – ela sai do quarto, completamente arrumada... Algo estranho para um sábado à tarde, quando ela geralmente vestia pijamas e se encolhia no sofá para ver séries.

– Mathias me conhece tanto quanto eu o conheço! – Nico comenta, digitando freneticamente.

– Mas ele me conhece e eu conheço você: exijo sua companhia! – ela toma o notebook das mãos dele, sentando-se em seu colo.

Instantaneamente, a atenção de Nico se tornou refém das prisões que são os olhos azuis de Thalia. Pura tentação, isso é o que eram. Fora por causa da súplica neles que deixara o próprio apartamento e há uma semana estava vivendo sob o mesmo teto que Thalia. Era por eles que, agora, perguntava – mesmo sabendo que se arrependeria em algum momento – onde era a festa.

– Apenas se vista e ponha um agasalho resistente! – ela responde, lhe dando um selinho.

Foi aí que percebeu que, de fato, se arrependeria. E só precisou de uma hora para isso!

Di-na-mar-ca! Ele estava a caminho da Dinamarca, em um jatinho particular lotado de modelos residentes de Nova York. E isso porque, na segunda anterior, ele mal queria sair de seu apartamento e ir para o dela.

– Diga-me: por que não quero te matar? – ele pergunta sarcástico.

– Porque você me ama! E, se eu morrer, quem vai... – e a última parte, sussurrada em seu ouvido, foi motivo suficiente para se acalmar.

Mas não muito. Porque, apesar de estar acostumado com a fama e com modelos – créditos fama por associação, por ser um di Angelo –, ele ainda se incomodava por estar em público desse jeito. Uma coisa era se divertir com os amigos e ela em Las Vegas, outra bem diferente era comemorar o aniversário de um modelo desconhecido por ele.

Aceitar participar da vida de Thalia Grace tinha dessas coisas

[...]

– Nova York: 17h45min

– Dinamarca: 23h45min

Seis horas do dia perdidas! Seis horas que poderia ter aproveitado para trabalhar no projeto, mas que passaram sem ele sequer perceber. E agora ele estava ali, sentado num bar de uma boate qualquer, bebendo enquanto via Thalia conversar animadamente com o tal modelo.

Se ele ao menos soubesse que não havia nada de animador no assunto...

– Então, você e Silly brigaram por causa de um cara? – o amigo aniversariante ri, incrédulo. Seu sorriso era tão jovial que jamais acreditariam que ele era, agora, um senhor de 31 anos.

– Eu sei: inacreditavelmente estúpido! – Thalia suspira, olhando na direção do introspectivo moreno, sentado ao bar saboreando uma dose dupla de uísque.

Era estranho vê-lo quieto numa festa: não conhecer o anfitrião nunca o impediu de aproveitar uma festa em que os dois estavam juntos... Quantas vezes não invadiram festas?!

– Espero que não seja por aquele ali. Se tiver escolhido ele ao invés de uma amiga, eu te interno! – o modelo a traz de volta a conversa.

– Não... – ela sorri – Nico é meu melhor amigo!! – sua voz treme um pouco, como se contasse uma mentira, ao notar que Nico erguera o olhar de seu celular e a encarava descaradamente.

Algumas doses de uísque, e ele passava do modo cineasta depressivo para o modo cineasta tarado.

– Melhor amigo... Sei! E quantas vezes por semana vocês dormem juntos? E não me refiro a apenas dormir, é claro...

– Mais fácil você perguntar quantas não dormimos.

– Me parece um casamento... – ele assovia, como se fingisse que não havia dito nada.

– Se fosse, não daria tão certo! – ela resmunga, e o amigo apenas ri de sua expressão.

– Se arrepende? – e o sotaque dele pareceu apenas intensificar o significado daquela frase.

– Por tê-lo deixado todo esse tempo? Desesperadamente.

– Redima-se, então! Deixo você sair daqui agora, se me convidar pro casório depois. – se Math soubesse que ele não era o único a falar sobre o assunto...

– Não posso prometer nada, mas serve se eu apenas por tudo em pratos limpos?

– Serve! – ele a abraça – E pare de idiotice e volte a falar com a Silly: o cara é o culpado, não as duas.

– Um esforço por vez, Math! E aquele ali está muito mais perto.

P. O. V Thalia:

– Realmente não entendo você, por mais que eu tente. Você me arrasta de Nova York para a Dinamarca, me faz participar de uma festa de aniversário em que não conheço o aniversariante e, então, me arrasta para fora da festa antes do fim e pior: antes do bolo! Aliás, para onde está me arrastando dessa vez? – Nico tagarelava ao meu lado

– Para o hotel, é claro! – respondi, me sentindo um pouco nervosa. – Vamos passar a noite lá, e voltamos amanhã. Não vou fazê-lo perder um dia de faculdade.

– Minha professora agradece; eu lamento! Aquela aula consegue ser mais chata que a de Latim. – ele comenta, puxando o maço de cigarros do bolso.

– Nico, você não pode fumar dentro do táxi!

– Nem se eu abrir a janela?

– Abrir a janela nessa nevasca? – pergunto abismada – Você só pode estar bêbado. – tomei os cigarros e o isqueiro de suas mãos, recebendo um olhar birrento em troca.

Eu estava disposta a contar-lhe sobre tudo: o porquê do meu afastamento, o que aconteceu ao longo dos dois anos, meus sentimentos por ele. Mas Nico di Angelo bêbado é um perigo! Torna-se duas vezes mais volátil e sombrio; isso nunca me incomodou, mas devido ao assunto, era melhor espera pela sobriedade.

Chegamos ao hotel, e o motorista foi sensato o suficiente para dizer que “tinha ordens diretas do senhor Lauridsen, que pedia que seus convidados não ficassem na nevasca nem por um segundo”; com isso, ele nos deixou na garagem, onde Nico e eu entramos no elevador e fomos para o quarto reservado.

Eu precisava que Nico ficasse sóbrio – e de preferência sem ressaca – o mais rápido possível, então fiz tudo o que estava dentro de meu conhecimento para que isso acontecesse: dei-lhe banho frio – algo terrível naquele inverno –, o fiz comer coisas saudáveis e tomar algumas xícaras de café, além de um ou dois comprimidos. Por fim, o fiz deitar-se para dormir.

– Vou tomar banho: não demoro! – avisei, pegando meus artigos de toalete.

– Não vai querer ajuda hoje? – ele me lança uma tentativa de sorriso malicioso, que acabou ficando fofo com sua expressão de sono.

– Hoje não! – retribui o sorriso, entrando no banheiro e tomando o banho mais rápido que consegui.

Quando voltei, Nico dormia tranquilamente. Deitei-me ao seu lado, como muitas vezes antes, e pus-me a acariciar seus cabelos.

P. O. V Autora:

Neve: linda e perigosa, além de nem sempre ser uma boa paisagem. Para viajantes, como Thalia e Nico, nunca é: não importa o quanto você precise descansar, nem o quanto você goste da companhia, é ruim ser impedido de voltar para casa por causa da neve.

É pior ainda quando se sente um clima pesado no ar...

– Ok, qual o problema agora? – o moreno senta-se próximo aos pés da amiga, que estava deitada em um dos sofás da suíte.

Thalia reluta em responder, até que, enfim solta um suspiro profundo e se senta no sofá. Parecia pronta para praticar yoga – as pernas posicionadas como as de Buda –, mas seu rosto estava tenso.

– Nico, você se lembra de quando fui convidada para dançar na escola? Quando apresentei Body Electric?

E ele se lembrava com clareza de detalhes...

Não a viam há algum tempo. Desde que passara a residir na Tríade da Moda: Nova York – Londres – Tóquio. Mas lá estava ela, exuberante como sempre, mostrando a todos um talento que poucos conheciam.

Ela dançava! Dançava muito bem! Tão bem quanto seu irmão mais velho tocava e cantava; só não mostrava aos que não lhe interessavam.

Mas havia mostrado a ele! Ele conhecia e admirava aquele talento mais do que poderiam admirá-la por tanta beleza.

Era a semana de talentos da Loyola School – a qual ela frequentou até o momento em que se mudou –, e ela era a convidada de honra do ano. Todos se perguntaram o porquê disso, e logo se surpreenderam quando a viram no palco, apresentando-se ao som de Body Electric.

As batidas sensuais da música, junto com sua letra bastante significativa para aquela garota de corpo tão sensual quanto queria mostrar ter, a forma como dançava como se apenas sentisse a música, e não ligasse nem um pouco para as normas... Aquilo o cegou!

Prometera a irmã mais nova que ficaria para vê-la se apresentar, mas simplesmente não suportou a ideia de ver a garota desaparecer no backstage. Precisava segui-la, mas sabia que se sentiria culpado por não ver sua irmãzinha se apresentando.

– Apenas vá! Está me torturando vê-lo aqui! – sua irmã mais velha disse – Direi que se sentiu mal!

E ele realmente se sentia mal: por perder a apresentação e por ser tão ingênuo em se tratando da moça que seguia; mas o que poderia fazer? Seguiu-a, como um predador segue sua presa!

– Esperava que viesse! – ela sussurra, tirando seus acessórios.

– Fez de propósito? – perguntou ofegante.

– Senti sua falta! – foi tudo o que ela disse, antes de continuar seu caminho.

Sabia que ele a seguiria – ele sempre a seguiria! Ela o tinha na palma de suas mãos e apreciava isso, embora às vezes se sentisse culpada: ele merecia mais, ela o queria, mas não o merecia e ficava trapaceando com seu coração.

Ela se sentia culpada agora, enquanto ele a jogava no banco traseiro de seu carro, mas não ouviria ao monstro da culpa: não enquanto as mãos dele subiam por seu corpo, livrando-a de sua roupa. Era muito prazer para renegar: poderia compensá-lo de outra forma no futuro.

Mas no momento, nada passava por sua mente, a não ser o sussurro dos lábios do moreno, beijando todo o seu corpo: seus lábios, seu pescoço, o vale de seus seios e o recanto mais íntimo dela. Unicamente dele! Jamais merecedora dele.

Precisava tornar eterno aquele momento que logo se tornaria cinzas do passado, pois não via outra saída que não fosse deixar tudo para trás. Mas antes, queria a memória da melhor coisa que tivera: ele!

Eram como uma tempestade de verão: rápida, brutal, mas que quando se apaziguava, tornava-se apenas uma garoa leve e relaxante. Eram os verdadeiros extremos!

– Pode sentir minha falta com mais freqüência: eu deixo! – ele sussurra, deitado no banco, com ela sobre si.

Ela podia ouvir as batidas de seu coração, e jurou que jamais ouvira melodia mais bela: queria dançar ao som da mesma, mas era tarde. Tarde demais!

– Sentirei muito a sua falta! – ela olhou uma última vez na escuridão daquele olhar – Sentirei imensamente!

Ele sorri lindamente, acreditando que essa era a forma d’ela confirmar que se veriam mais vezes. O quanto doeria descobrir que, aquele beijo, seria o último?

– Sentiu minha falta, no fim das contas? – ele pergunta

– Tentei de tudo para sentir uma “saudade saudável”, mas eu sentia sua falta desesperadamente.

It’s difficult to say goodbye (É difícil dizer adeus)
And easier to live a lover’s lie (E mais fácil viver a mentira de uma amante)

– Então por que nunca voltou para nos visitar? Me visitar?

– Porque isso nunca esteve em meus planos. – ela confessa, erguendo os olhos. Era surpresa o que se via no rosto de Nico – Eu fui embora por querer: Afrodite me oferecera uma vaga em Nova York, mas eu troquei com Drew e fui para Londres.

P. O. V Thalia:

Eu não deveria ter dito assim, de uma só vez, mas acho que não há uma maneira certa de se contar ao melhor amigo, ou sei lá o que Nico era meu no momento, que você se afastou de propósito.

Ele tinha todo o direito de gritar comigo, como de fato o fez.

I played with your heart (Eu brinquei com seu coração)
And I could treat you better but I’m not that smart (E eu poderia ter te tratado melhor, mas eu não sou tão esperta assim)

– Então, todo o tempo que você passou longe, foi de propósito? – eu podia ouvir a incredulidade em sua voz, e certamente isso doía mais do que qualquer coisa.

– Eu não podia ficar! Você estava começando a faculdade, estava de volta aos braços de sua família: eu era uma péssima influência. Sempre fui!

– E sempre foi minha melhor amiga, mas acho que não pensou muito nisso quando resolveu sumir por mais de dois anos!

– Eu arruinaria sua vida se continuasse por aqui. Eu precisaria deixar você livre de toda a minha paranoia.

And I’ve tried to say (E eu tentei te dizer)
Babe, I’m gonna ruin you if you let me stay (Querido, eu vou te arruinar se você me deixar ficar)

– Lamento informar que não funcionou! Nunca vai funcionar – sua voz estava mais calma, mas pelo modo como mexia nos cabelos, eu podia imaginar a fúria que se passava por sua mente.

– Eu também queria ser livre da minha dependência! Fiz tudo para me livrar de minhas manias, vícios, mas tudo parecia piorar.

I’ve been doing things I shouldn’t do (Tenho feito coisas que não deveria ter feito)

– Por que voltou? Você tem fama, prestígio, está livre de seu pai por aqui e livre de toda a confusão. Por que voltou para Nova York?

Don’t wanna keep a secret but I don’t know how to keep it fair (Não quero manter um segredo, mas não sei como manter isso justo)

Não podia mais mentir. Eu já contara tudo, não podia chegar tão longe à toa.

– Porque você estava lá. E eu sempre vou precisar de você!

Without you I am afraid I'll fall (Sem você, eu tenho medo de que eu vá cair)


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Notas finais do capítulo

E então, pessoal? O que acharam?
Ah, e essa versão de I'm A Ruin é a completa, não a versão do rádio, por isso esses outros versos que não estão no clipe :'( O que é uma pena!
Espero que tenham gostado! E espero que comentem também!!!
Mil Beijoos!!