Worse Than Nicotine escrita por Dama do Poente


Capítulo 14
Violento Triunfo


Notas iniciais do capítulo

Eu deveria ter postado há muito tempo. E estava tudo quase pronto para postar, mas uma sequência trágica me impediu de vir antes: em resumo, uma morte me levou ao bloqueio. Então, me desculpem pela demora.
Alasca Di Angelo, Mylla Thompson, pudim, Pandinhaw, Victoire, FerTempH e Matthew Clarke Grayson: obrigada pelos reviews no último capítulo.
Espero que gostem desse aqui!
P.S.: vejam o clipe da música citada! Por favor! AAh, tem um Poseidon que dança nesse vídeo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/497772/chapter/14

P. O. V Autora:

Estava se preparando para algo que não fazia há muito tempo. Afinal, há muito que não se sentia perdido, necessitando por seus sentimentos para fora e até mesmo recorrer à autoflagelação para isso.

Costumava ter calos nos dedos de tanto tocar violino, principalmente na época que sucedeu a morte de Dafne; mas desde que conhecera a ruiva, nunca mais sentiu necessidade de tal coisa: a libertação que sentia ao executar acordes difíceis era a mesma que sentia quando os dois passavam horas e horas conversando.

Entretanto, há semanas que não sentia esse tipo de liberdade, há semanas que uma culpa sem fim o atingia, e ele não tinha idéia de como se libertar dela... Até que, ao passar uma tarde com sua filha, viu como.

Ela fora visitá-lo na clínica em que trabalha, apenas para matar o tempo enquanto esperava pelo último ensaio antes de sua esquete. Assim como ele, estava desolada pelo desaparecimento repentino de Ártemis.

– Então, somos dois abandonados pela mesma mulher! — a filha se joga no sofá em seu consultório.

– Você ao menos recebe ligações. Eu fui abandonado de vez. — ele suspira, checando sua agenda no computador.

– Seria legal se meu pai me contasse por que brigou com a melhor amiga... Vocês estão estranhos desde o aniversário de tia Thalia... — ela levanta, lançando um olhar desconfiado. — Posso usar seu notebook?

– Pode! — ele se vira para sua pasta, pegando o computador portátil e entregando a filha. — Espera, eu te dei um notebook de presente de Natal: não me diga que já está ruim?!

– Não, pai! Eu apenas deixei em casa: não sou louca de sair por aí, com um notebook na mochila! Nova York está uma loucura.

Apolo se orgulhava da sensatez da filha, o que compensava a irritação que sentia por ela perguntar, a cada dez minutos, porque ele e Ártemis não estavam se falando. Por que Ártemis deixaria a cidade no meio de um caso, apenas para visitar o pai. Visitar o pai, e levar o namorado junto.

– Droga, preciso de um fone. — a filha o despertara de seus devaneios, enquanto procurava pelo objeto na mochila. — Por que o áudio do seu notebook é melhor que o do meu?

No dia, ela estava ouvindo alguma coisa sobre violinos. Disse ser sobre uma violinista que dançava, e ouvia sua música favorita dela: Master Of Tides. Chegou a salvar o vídeo na página dos favoritos no canal dele no youtube.

E agora, após a assistir quase todos os vídeos de Lindsey Stirling, Apolo sentia uma imensa vontade de voltar ao tempo em que era o melhor violinista que conheciam. Era aclamado, até que preferiu parar e se dedicar a uma única pessoa, que foi sua platéia mais entusiasmada por muito tempo antes de ele parar de tocar.

E aqui estava ele, tocando um simples arranjo, quando sua platéia chegou.

– Sabia que ia se interessar pelos vídeos, mas não ao ponto de querer fazer covers deles. – a filha comenta, se livrando dos inúmeros casacos que vestia.

– Violino sempre foi uma dos meus grandes amores. — ele comenta, avaliando o arco há muito intocado. — Você tomou o lugar de muitos, princesinha!

Ele esperava que ela lhe dissesse algo reprovador, como sempre dizia quando tinha seu apelido de infância revelado, mas apenas recebeu o silêncio. Silêncio que precedeu uma torrente de lágrimas.

– Allie, o que houve? — ele deixa o instrumento sobre a mesa e vai até ela, que ainda estava em pé ao lado da porta. — O que aconteceu, amorzinho?

Embora fosse pai de uma garota, nunca sabia ao certo o porquê das crises de choro dela. Quando pensava ser TPM, era apenas por causa de uma série qualquer; quando pensava ser por um personagem, era por sentir falta da mãe, que nem conhecera; quando já não tinha mais idéia do porque, era por TPM. Esperava que agora fosse por tal coisa.

– Adiaram a Semana Literária. O diretor precisou viajar por motivos pessoais! — ela responde, em meio ao choro, aceitando o abraço do pai.

– Está chorando por isso? — a confusão toldava sua mente. Detestava vê-la chorando, mas nunca sabia ao certo como ajudá-la.

– Não! — ela funga e escorrega até se sentar no chão — E também não estou de TPM! Nem estou sentindo falta da mamãe, e nenhum personagem que eu gosto morreu.

Se toda a lista de motivos havia se esgotado, só havia uma pessoa que merecia tais lágrimas.

– Eu também sinto falta dela, Allie! — ele se senta ao lado da filha, passando um braço sobre seus ombros.

Ártemis! A ruiva tomara conta dos dois de uma maneira incorrigível. Se fossem obrigados a se separarem por muito tempo, sofreriam como se presenciassem a morte de um ente querido... Agora mesmo: poucos dias se passaram desde que se viram, e mesmo assim, o frágil equilíbrio emocional de Allie estava ruindo.

Sensível! Como todo artista, sua filha era dona de uma sensibilidade incompreensível por aqueles que não compartilhavam seu amor por artes. Tudo em sua volta, e nela mesma, era intenso: sua voz, a forma como apunhala as teclas do piano, o modo como seus sentimentos são demonstrado... E tudo tendia a triplicar quando se tratava de sua família.

– Se está sentindo falta, por que não conversam mais pelo telefone como antigamente? – e, ao que parece, ainda havia racionalidade por trás daquelas lágrimas.

O motivo era o segredo que ele mais queria contar ao mundo e o que não tinha licença para fazê-lo. Antes de partir, sem sequer se despedir dos amigos, ela o fez prometer que jamais contaria. E por mais que se calar proporcionasse uma dor sem igual, havia poucas coisas no mundo que ele lhe negava: e a chance de ser feliz era inegável.

Por tanto, não respondeu. Contentou-se em beijar os cabelos escuros da filha – definitivamente isso ela herdara da mãe –, que lhe lançou um olhar confuso, banhado por lágrimas.

– Tudo se consome em um beijo! E esse vai consumir toda essa saudade, está bem? – os olhos, tão iguais, prenderam-se um no outro, naqueles momentos em que ele tentava transmitir que a protegeria sempre e te todo o mal, e em que ela acreditava no pai. – Ela logo vai estar de volta, para matar de vez esse sentimento! – e beijou-lhe novamente os cabelos.

Queria dar certeza sobre a volta da ruiva, mas o velho Shakespeare tinha razão: alegrias violentas têm fins violentos, que falecem no triunfo, como fogo e pólvora. Que num beijo se consomem...

Fogo e pólvora consumiram-se em um beijo triunfantemente violento, que, agora, era a real razão para seus tormentos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? E da vídeo? Perceberam o Poseidon dançarino?
Contem-me tudo nos comentários! Os responderei com prazer!!
Beijoos!!