Worse Than Nicotine escrita por Dama do Poente


Capítulo 10
Feels Like You're Making A Mess


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que não posto há um bom tempo, e pensei que ficaria mais tempo ainda sem postar, mas enfim, consegui terminar o capítulo! E vou me organizar para escrever mais rápido: a escola acabou! Não mais ensino médio! Semi-liberdade (o trabalho ainda me chama), o que significa, provavelmente, capítulos mais rápido e uma surpresa que espero conseguir lhes proporcionar.
Victoire, Amanda Di Angelo, JMcastro, Mylla Thompson, Ping Pong Blue, Matthew Clarke Grayson, Felipe Valentim, Carolina Rondelli e FerTempH: muito obrigada pelos reviews maravilhosos de vocês e aproveitem o capitulo!!



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P. O. V Nico:

A melhor sensação do mundo foi saber que Bianca estava voltando para casa. A briga acabara, não estávamos nem mesmo em período de trégua, simplesmente voltáramos a ser como antes: unidos, apenas os três.

Mas a parte ruim de tê-la voltando para casa, foi a correria para arrumar a mesma, antes da chegada da senhorita perfeitinha! Hazel – que estava quase melhor –, Frank - que eu ainda não entendia o que estava fazendo ali – e eu corríamos como velocistas pelo perímetro da casa, na tentativa de transformá-la em um lugar mais habitável.

– Ah, não! Ela chegou antes do previsto! – Hazel se desespera, quando a campainha da casa toca. – Finjam que não estavam fazendo faxina! – ela sussurra, antes de caminhar até a porta.

Rapidamente, Frank e eu escondemos os sacos de lixo na cozinha, e nos sentamos nas bancadas de lá, tentando ignorar a tensão entre nós e o suor escorrendo por nossas testas.

– Qualquer coisa, podemos dizer que estávamos lutando! – dou a idéia.

– E ninguém tem uma marca de soco? – ele pergunta confuso.

Vendo que ele estava certo, tomei uma decisão para encobrir nossa farsa: dei-lhe um soco no olho.

– Sabe como é: precisamos manter as aparências! – dou uma desculpa esfarrapada, mantendo uma expressão de inocência, enquanto por dentro eu triunfava: ele não me dizia quais eram suas intenções com minha irmãzinha, logo merecia aquele soco...

Ele estava prestes a reclamar mais ainda, ou talvez revidar, quando ouvimos passos e tentamos agir da forma mais natural possível.

– Que lindos! Olhando assim, até parece que estão tentando agir como se não estivessem fazendo nada de errado! – Percy ri, sentando-se de frente para nós.

– Por que não disse que era você, sua Sardinha desenlatada? Poderia ter evitado uma agressão aqui! – Frank levanta, indo pegar gelo.

– Por que estão trocando carinhos, rapazes? – a desgraça ambulante, também conhecida como meu primo, pergunta. Suas bochechas vermelhas mostravam o quanto ele se esforçava para não rir.

Com um sinal de mão, pedi que ele esquecesse o assunto ou simplesmente perguntasse depois.

– Enfim, está pronto? – e ele segue, como se nada de estranho estivesse acontecendo.

– Pronto para o quê? – acho que de tanto chamá-lo de lerdo, acabei me transformando em um também.

– Depois eu que sou o lerdo... – ele revira os olhos – Não se lembra? Levar a Rachel para tomar um porre e esquecer o Espantalho de Administração? Idéia sua e do Valdez...

Então, de súbito, lembrei-me da grande idéia que tive. Era sexta à noite, dia de happy hour e da inauguração de mais um dos Pubs de Dionísio – ele era simplesmente “O Cara” no quesito ter bares maneiros, com programações incríveis –, que por um acaso é pai de dois colegas meus de Arte Cênicas, e que me convidaram para a inauguração. Depois de uma conversa básica, consegui noite gratuita para meu grupo nada singelo.

Tudo estava marcado para começar às nove da noite, e eu pedira carona, já que meu carro está com Leo. Percy se oferecera para me levar – talvez porque a casa de seus pais, onde ele ainda mora, é na mesma quadra que meu apartamento e porque tia Sally ficaria louca se eu não aceitasse – e ele estava ali, às 8 horas e 45 minutos, e eu ainda estava com a mesma bermuda e camisa que pusera quando cheguei da faculdade.

– Acha que eles me matariam se eu chegasse alguns minutos atrasado?

– Se você não parar para fumar no meio do caminho, eles até podem achar compreensível! – ele dá de ombros – Vou buscar a Annie! Em meia-hora eu volto!

E ao mesmo tempo em que Percy sai, eu corro para o banheiro. Afinal, eu não perderia aquela inauguração por nada.

P. O. V Autora:

Se Nico não perderia aquela inauguração por nada, Reyna perderia por causa de uma decisão tomada anos antes. Decisão da qual ela se arrependia amargamente.

Quando era pequena, Reyna e sua irmã mais velha, Hylla, viviam com o pai em San Juan, Porto Rico, depois de um divórcio longo e complicado. A mãe voltara para Nova York, para os braços da família e para a antiga rede de lojas que eles administravam, e só via as filhas nas férias de verão... Isso quando o ex-marido, sentindo-se traído, permitia.

Hylla, que nunca fora de tolerar ordens vindas de homens, convenceu a irmã a fugir, mas só a mais velha foi bem sucedida em sua tentativa, e vivia com a mãe desde então. Era a segunda no comando das lojas, que agora trabalhavam com serviços online, e tinha uma vida ligeiramente corrida: ela viajava entre as distribuidoras, supervisionando os trabalhos; mas de qualquer forma, era muito melhor do que quando vivia com o pai. Durante anos Reyna a invejou, até que conseguiu fugir, e voou para a selva de pedra, para os braços da liberdade e para a faculdade de administração.

Mas, o que era um sonho em sala de aula, era um verdadeiro terror no estágio. Arrependia-se mais ainda de ter aceitado a oferta da irmã, de trabalhar no setor de atendimento da rede... Ainda mais quando soube quem era seu companheiro de trabalho.

– Seu trabalho é mais fácil por causa do grau de parentesco? – o rapaz pergunta, com os braços lotados de pedidos a serem catalogados.

– Fácil? Você cataloga pedidos, e eu atendo aos reclamantes e você chama meu trabalho de fácil?! Seria mais fácil aturar você o dia todo do que isso! Eles conseguem ser piores que você! – ela resmunga, arrancando o fone do ouvido. Precisava de um pouco de água, ou não se controlaria e atacá-lo-ia.

– Todo esse mau-humor é porque não pode sair com seu querido Grace? Ou por que não pode estar ao lado de seu amado di Angelo? Ou por que seu Jackson é compromissado? – o loiro a provoca, com um sorriso de escárnio estampado no rosto.

– E toda essa chatice, Octavian? Veio de herança junto com todo o dinheiro que você adora esfregar na cara de todos?! – ela joga e se retira; teria um intervalo depois de tanto tempo.

Seu mau-humor nada tinha a ver com os nomes citados, embora ela soubesse bem que poderia ter aceitado o convite de Jason para sair... Mas ela não o fez, e nem sabia bem por que! Tudo o que sabia era que, desde o dia da festa nos Stolls – quer dizer, desde a última festa de aniversário de um deles –, ela não se sentia a mesma. Não depois que ele falou com ela:

“Depois do espetáculo que Thalia Grace fez, com sua grande aparição e volta por cima no colo de Nico, Reyna desistira de permanecer naquela sala: era impossível conversar ali, a menos que estivesse no groupie, bêbado e fazendo obscenidades... Não era algo que ela apreciava, nem que Frank aprovasse também.

– Acho que aqui está mais calmo! – ele diz, quando os dois sentam-se na varanda de trás, vendo todos dançarem ou pularem na piscina. – Se é que existe um lugar calmo quando se trata dos Stoll.

– Pensei que fosse querer ficar lá, com seus amigos! – ela não era amiga de Frank, não como Jason, Nico e Leo eram. Eles se tornaram amigos recentemente, quando começaram a faculdade.

– Eu ficaria se não tivesse interesses mais sérios, e se o Nico não ficasse me encarando como se fosse me matar ou como se planejasse minha morte de forma dolorosa! – ele responde, olhando sonhadoramente para as estrelas.

Ela lembrou-se de Jason, contando-lhe como Frank estava apaixonado por Hazel, irmã mais nova de Nico, e como o último não estava muito feliz por um cara três anos mais velho querer namorar sua irmãzinha.

– Tenho certeza de que uma hora Nico vai aceitar o relacionamento de vocês e vai parar de bancar o irmão superprotetor.

– Assim espero! – ele juntou as mãos, como se rezasse, o que a levou a rir.

Os dois ficaram por ali, ora rindo de suas conversas, ora em silêncio reflexivo. Ela, entre os dois, era a que mais pensava: o que dera em Leo para beijá-la? O que dera nela para corresponder?

– Reyna, a gente pode conversar?- ela é desperta de seus devaneios pela mesma pessoa que a pôs lá.

– Vou ali, buscar alguma bebida sem lactose! – Frank tenta ser discreto, mas a despeito das batidas, ele não teria problemas em achar uma bebida sem lactose.

Leo sentou-se onde Frank antes estivera, e ficou olhando para ela, como se Reyna detivesse mais mistérios que o próprio universo. Mesmo que fosse forte e estivesse acostumada com olhares, ela de repente se sentiu sem graça, mais exposta do que seu vestido lhe permitia estar.

– Desculpe-me, Reyna! – ele disse, claramente, sem resquícios de suas brincadeiras sempre presentes.

– Não! Eu deveria me desculpar: acho que de fato, você não iria querer andar só de cueca pela festa... Eu não deveria ter te chutado! Deveríamos ter feito um plano e...

– Não, Reyna! Foi errado! – ele a interrompeu, e suas orelhas de elfo ficaram vermelhas – Não que... Não que você não seja atraente, mas foi errado usar você! – ele tenta consertar o erro, e se enrola ao ponto de fazê-la rir.

– Então, você me acha atraente? – deveria ela considerar aquela frase como um flerte, levando em conta o olhar malicioso que ele lhe lançou?

– E existe alguém que não ache, Reyna Avila Ramírez-Arellano?!”

– Você está derrubando água no chão! – uma das colegas avisou.

Sacudindo a cabeça antes de voltar para sua mesa, Reyna tentava focar em qualquer outra coisa que não fosse o Menino- Elfo.

E por falar em Leo Valdez, o mesmo estava impaciente! Não gostava de se atrasar para compromissos, por mais triviais que esses fossem – triviais do tipo, ir tomar um porre com os amigos –, mas seu irmão mais velho parecia não se importar com isso.

Charles estava chegando hoje de sua temporada em Detroit, com a mãe, e pedira ao irmão para ir buscá-lo. Disse que estaria no portão de desembarque as 20horas e 25 minutos, entretanto mais de meia-hora já se passara e nem mesmo um vislumbre dele. Leo queria desistir e ir para seu compromisso, mas lembrou-se da infância e de como Charles sempre fora maior e mais forte que ele, e achou melhor esperar.

– Deve ter sido arrastado por algum rabo de saia! – o hispânico revira os olhos, tal qual o pai tinha mania de fazer.

– Sim! O da atendente, que não queria me deixar passar com minhas ferramentas! – o irmão surge, como em um monólogo. Não esperando por respostas de Leo. – Agora me diga como posso dar aulas sem as ferramentas? Não dá! É impossível! A menos que eu esteja jogando com meus alunos: muito bem, quem consegue adivinhar em qual ferramenta estou pensando agora? Ela está presa no aeroporto, é vermelha e...

– Bom ver você também, irmão! Papai? Ah, ele andou reclamando que um certo professor tirou uma licença exagerada... Eu? Bom, eu estou atrasado para um encontro com meus amigos, por tanto se você fizer o favor de parar de reclamar da suas chaves de fenda e ir para a droga do carro, eu agradeceria!

– É sempre bom te ver, Cabeça de Fósforo! – Charles sorri

– É claro que sim: eu sou um colírio para todos os olhos! – Leo se vangloria – Mas chega de apreciar essa linda vista: tenho que encontrar com uns amigos aí, e você está me atrasando!

– Como amigos, você se refere àqueles seus amigos desde o ensino médio, um mais estranho que outro, e que agora eu vejo na faculdade?

– Esses mesmo!

– Ótimo! Vou junto!! – e essa era a pior coisa que Charles poderia ter dito.

P. O. V Thalia:

Uma certeza eu tinha na vida: Zeus, jamais, em hipótese alguma ganharia o Nobel da Paz! A idéia dele de jantar para que eu contasse tudo o que aconteceu foi menos amistosa do que qualquer assassinato a sangue frio!

Jack, O Estripador, devia ser mais gentil! A Segunda Guerra Mundial foi menos sangrenta do que os olhares que eu distribuí a todos por ali!

– Então, você teve um namorado enquanto morava na Inglaterra e não me conta? Ótima tia a senhora é, viu?! – Allie resmunga, ignorando a comida em seu prato e indo para a cozinha, onde certamente tentaria afanar algum sorvete.

– Ótimo! Tudo o que eu mais queria era voltar à mania do sorvete! – Apolo também reclama, indo atrás da filha, com um celular na mão.

– Pois é, eu tinha um namorado até que certa pessoa o tirou de mim! – lancei meu melhor olhar assassino para Silena, que simplesmente revirou os olhos.

– Certa pessoa não sabia que namorava um cafageste! Fala sério: acredita mesmo que eu faria isso com você?

– Eu acredito em Papai Noel: por que não acreditaria nisso?

– Talvez por que eu sou sua amiga, e amigas não traem? – ela ergue uma de suas sempre perfeitas sobrancelhas e eu sinto vontade de arrancá-las fio a fio!

Era impossível olhar para Silena e não pensar no que Luke e ela poderiam ter feito! Era impossível não tentar comparar o meu relacionamento com o dela! Será que Luke era tão cavalheiresco com ela, como era comigo? Ou será que era seu extremo oposto?

Quem ele começara a namorar primeiro? O que ele vira nela?

Como se eu tivesse que lutar muito para obter tal resposta: Silena era linda! Tudo nela era bonito: seu cabelo e sua alma! Sem ela, eu ainda estaria naufragando em luto.

Graças à ela, no entanto, eu me afogava em tristeza e ódio.

– Essa é a sua idéia de reunião em família, senhor Grace? Conseguiu fazer sua neta ter um surto, seu filho mais velho abandonar a mesa, seu filho mais novo estar preso à uma situação incômoda e vergonhosa, na frente de uma amiga, e é claro, muito menos importante: não ligou para meus sentimentos! Aliás, quando você fez isso? – virei-me para Zeus, o real culpado por tal situação.

– É por me importar que os chamei aqui hoje! Thalia, você não está pensando direito! – ele suspira

– Eu estou pensando perfeitamente bem! Você é que não estava no dia em que discutiu com Beryl! Se não fosse o porco bêbado e egoísta, que só se importa com seu status no Hall os mais ricos e mesquinhos, essa merda toda não estaria acontecendo! – lágrimas ardiam em meus olhos, mas eu me recusava terrivelmente em derramá-las.

Falar sobre a morte de minha mãe era algo delicado! Saber que ela estava longe – física, geográfica e qualquer outro modo falando – sempre levava meu descontrole a outro nível! Só uma pessoa costumava saber lidar com isso, mas o tempo tirara isso de mim também.

– Thalia, pare! Você está com raiva de mim: não desconte em seu pai! – Silena intervém, sendo a apaziguadora de sempre.

– Quem é você para me dizer o que fazer, Silena? Você tem a família perfeita, a vida perfeita! Só falta você ser perfeita e menos vadia, porque só os céus sabem quantos já não... – um estalido, a ardência, as lágrimas que se derramavam em outros olhos

– Eu me odeio! Odeio-me por ter me tornado sua amiga; por ter invadido sua vida; por ter me apaixonado pelo cara errado e por ter achado que eu ainda tinha chance de conseguir perdão! – Silena chorava, e as lágrimas apenas tornaram mais belos seus olhos multicoloridos. – É impossível conseguir algo de uma muralha: você bloqueia a todos!

E, como de costume, desde que me salvara de um possível suicídio, Silena estava certa: eu bloqueava a todos. Sempre a invejara por ser naturalmente sociável, enquanto eu precisava fingir conforto em público.

– É uma pena que também é impossível voltar no tempo! – dito isso, resolvo dar a noite como encerrada.

Como todas as outras vezes em que estive por lá, a visita apenas me trouxera dor, e eu estava farta disso! Precisava de uma cura, mas saíra com tanta pressa, que deixara minha carteira de cigarros na casa, assim como meu celular e qualquer coisa que me comunicasse com o mundo. Por pura sorte eu ainda usava o cordão onde pendurara a chave de meu novo apartamento.

– É Thalia, você já teve dias mais gloriosos! – suspirei, encolhendo-me e abraçando a mim mesma: a noite estava esfriando rapidamente.

E como se o destino quisesse comprovar tal teoria, eu descubro que tenho a capacidade de esbarrar em pessoas que estavam pacificamente encostadas em muros, fumando calmamente, e se balançando ao som de uma música qualquer.

– Por que nunca podemos nos encontrar em uma situação normal? – um arrepio, que nada têm a ver com o frio, toma conta de mim, quando um braço me impede de cair.

Nico me ergue, encarando-me na espera de uma resposta, mas ela não existia. Não existiria!

“Você bloqueia a todos!” a frase parecia ter sido marcada a ferro em minha mente...

Não a todos!, pensei, milésimos de segundos antes de me meter em uma situação da qual, tempos depois, perceberia que não gostaria de sair.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!! Mas só vou saber se me contarem, então deixem um recadinho para mim, ok?!
Beijos, até o próximo, que tentarei postar o mais rápido possível!!