Worse Than Nicotine escrita por Dama do Poente


Capítulo 1
We Made It Out


Notas iniciais do capítulo

Eu não resisti e resolvi postar antes do tempo :3
A música inspiradora desse capítulo é Cola, da diva Lana Del Rey.
Espero que gostem.



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P. O. V Nico: 

Eu não me orgulhava de ser um viciado em cigarros, mas se tivesse me prendido àquele vício, ao invés de ter ido jogar verdade ou desafio, provavelmente minha vida estaria melhor.

Quer dizer, não que eu esteja reclamando por estar dormindo com uma garota tão... tão... intensa quanto Thalia. Mas, às vezes, ela era intensa demais, complexa demais e me confundia como ninguém.

Ela provavelmente vai acabar comigo mais rápido do que meu vício em cigarros, porém vai ser de forma mais prazerosa. Assim espero.

Mas, vamos com calma, deixe-me contar desde o começo:

Eu estava em mais uma das famosas festas dos famosos Stoll. Travis e Connor são os caras mais famosos da faculdade simplesmente por darem festas todos os fins de semana. E essa era a melhor festa, pois era aniversário de um deles ― e não, eu não sei quem é quem, pois eles parecem gêmeos, apesar de não serem ―, então eles tinham convidado todos os amigos e todos os amigos dos amigos.

— Apenas uma coisa passa por minha cabeça nesse momento! — Leo Valdez, um amigo que estuda algo ligado à mecatrônica, fala depois que saímos do carro.

Embora fosse inverno, e estivéssemos em Nova York, acredito que as mudanças climáticas estivessem tão desreguladas que não nevava naquele dia, apenas fazia frio o suficiente para precisarmos de um casaco.

— Já sei: a quantidade de mulheres que tem nessa festa! — revirei os olhos — Tal quantidade só aumenta as chances de você ser rejeitado.

— Recalcado! Só fala isso porque você não é gostoso pra dedéu como eu sou! Desbanquei até mesmo Narciso! — ele tenta fingir um ar superior.

— Eu posso não ser “gostoso pra dedéu”, mas também não preciso ficar correndo atrás das mulheres! — digo simplesmente.

— O que elas vêem em você, cara? — ele perguntou numa mistura de sinceridade e falso desprezo.

— Há algo de atrativo na melancolia! — acendi um cigarro — E elas gostam de caras que fumam! — soprei a fumaça na sua cara, e saí andando, oferecendo-lhe um sorriso convencido.

— Tá a fim de uma aposta? ― Leo solta, levando-me a virar para encará-lo.

— Já sei: quem vai ficar com mais garotas nesta noite? É óbvio que será eu! — continuei meu caminho — Mas já que quer perder alguma coisa, ficar com sua moto por um mês seria grande coisa!

— Pode ir se despedindo do seu Porshe! — ele gritou de volta.

Eu realmente não ligava a mínima para essas apostas infantis que Leo costumava fazer, eu estava acostumado com isso. Ele, Frank e eu éramos amigos há muito tempo, assim como éramos amigos de Jason e Percy ― na verdade, esse último é meu primo ―, mas, como éramos os únicos “forasteiros”, costumávamos ser mais unidos. Leo tinha descendência hispânica, eu tinha italiana ― na verdade, eu sou italiano ― e Frank tinha tantas descendências que eu não poderia enumerá-las. Mas, enfim, o fato é que: eu cresci com esses caras e as brincadeiras de Leo não me assustavam.

Se ele queria ficar com o Porshe por um tempo, era só pedir: ele sabia que eu não ligava, contando que não arranhasse, amassasse ou fizesse qualquer barbaridade com meu amado carro.

Mas, voltando à festa, lá estava eu encostado ao bar improvisado perto da piscina, quando a vi pela primeira vez. Cara, eu deveria ter fugido naquele momento.

Ela estava abraçada a uma bandeira dos Estados Unidos, caminhando com tênis Converse na beira da piscina. Parecia estar bêbada, e também tinha um cigarro nas mãos. Eu não sabia se ela estava vestindo alguma coisa por baixo da bandeira, mas sabia que tinha belas pernas e que estavam desnudas. Seus cabelos estavam molhados, o que sugeria que ela tinha dado um mergulho na piscina. Ah, esqueci de mencionar o fato de que ela cantava Cola a plenos pulmões.

I fall asleep in an America flag. I wear my diamonds on skid row! — ela cantava, ignorando os olhares maliciosos e de deboche que recebia.

— Ei, mocinha, volte aqui! — Jason corria atrás dela.

— Não enche pirralho! — ela se desvencilhou das mãos dele.

— Parece que um dos nossos loirinhos está tendo problemas com uma garota! — murmurei para quem quisesse ouvir.  

— Cara, aquela ali é a irmã mais velha dele! — e pra minha surpresa, era Percy que estava ao meu lado.

— Espera, ta me dizendo que aquela ali é a Thalia? — quase me engasguei com a dose de vodka que tomava: de fato a garota não me parecera estranha, mas eu ainda não havia me ligado em como aquela silhueta era inconfundível. — Thalia Grace? Bêbada? Numa festa de faculdade?

— Cara, ela tem a sua idade, por que tanta surpresa? — a lerdeza do meu primo questiona.

— Porque, aparentemente, ela deveria estar do outro lado do mundo sendo modelo! — respondi o que parecia ser o óbvio. — E não bêbada, cantando músicas da Lana Del Rey na beira de uma piscina e... ― como se lesse meus pensamentos, ela se livra da bandeira, e pude ver que usava um vestido preto, curto demais para o clima naquela época do ano, antes de se jogar na piscina. ― Esquece!

— Algo está errado com ela... — sério Percy? Chegou a essa conclusão sozinho ou a Annie te mandou uma mensagem de texto?!

— GROUPIE! — Katie, namorada de Travis, chama por nós. — SALA DE JOGOS AGORA! — e volta pra dentro da casa com a mesma rapidez com a qual apareceu.

Percy e eu rapidamente rumamos naquela direção, e meus desafios mortais começam no exato momento em que preciso passar pela piscina. Eu esperava passar despercebido, porém a sorte não estava do meu lado naquela noite... Ou estivesse: eu jamais saberia diferenciar àquela altura do campeonato.

— Thalia, vamos, eu faço parte do groupie e não quero perder o que quer que vão aprontar. — Jason implorava para a irmã, que boiava tranquilamente.

— Hey, di Angelo! — ela chamou, fazendo uma péssima imitação de um sotaque italiano.

— Hey, Grace! — devolvi o cumprimento.

— Você cresceu! — ela riu e se aproximou da borda da piscina — Também faz parte do tal groupie?

— Faço! — respondi com pouco caso. Ou o que eu julgava ser pouco caso.

— Sinto tanta inveja da vida de universitário que vocês levam: não tinha essas festas lá na minha área! — ela fez um muxoxo.  

— Se você sair daí agora, eu te levo para o Groupie! — Jason estava mesmo desesperado.  Ninguém quer levar a irmã mais velha para a reunião com os amigos. Nem a mais velha, nem a mais nova... Ninguém quer levar irmã alguma.

Thalia ponderou as opções: boiar na piscina de um estranho ou participar de um grupo de desconhecidos; e então, tomou sua decisão.

— Eu já to fudida mesmo! — e saiu da piscina.

— Somos todos, irmãzinha! — Jason lhe entregou a bandeira e ela se enrolou nela de novo.

— Alguém tem um cigarro? — ela pediu, e eu estava prestes a lhe oferecer um, quando Connor surgiu ditando regras.

— Ninguém fuma dentro dessa sala! Só tequilas são permitidas; tequilas, mentes pervertidas e muita pegação! Estão prontos para isso? — ele pergunta, em tom de desafio.

— Connor, ta mesmo perguntando isso pra mim? — o empurrei para o lado e passei, indo me juntar a rodinha no meio da sala.  

— Ainda estou solteiro! — Jason passou , puxando Thalia pelo braço. — E minha irmã ta meio bêbada, então eu vou levá-la comigo só por segurança.

— Afinal, o que vai rolar hoje? — Leo perguntou, ao entrar na sala, e se juntar a roda já formada.

— Verdade ou Desafio, óbvio! — Annabeth, namorada de Percy, disse — Regada à tequila!

— Pra uma nerd você é muito assanhada! — não resisti ao impulso, e comentei. Recebi uma dose de tequila na cara por minha audácia... — Delícia!

— Você não presta! — ela riu, tornando a encher seu copo.  

— Nem um pouco! — concordei — Mas, enfim, girem esta garrafa! ― eu estava ansioso por aquele jogo, como se ainda tivesse 14 anos de idade.

Giraram, e ela parou entre Travis e Leo. Estava claro, naquele momento, que nada de bom aconteceria.

— Verdade ou desafio, Elfo? — Travis pergunta.

— Desafio! — Leo responde, e Travis olha ao redor.

— Beije a Reyna! Se não o fizer, terá que ficar só de cueca e andar pela festa toda assim! — e isso era uma coisa que ninguém queria ver, exceto as garotas.

— Eu pegaria mais meninas, mas a que eu quero está bem aqui, então... — Leo foi até o canto em que Reyna e Frank conversavam, entrou no meio deles, e beijou a garota mais mandona de toda a faculdade.

— Ele ta tão ferrado! Teria sido mais fácil andar só de cueca por aí... — Percy murmura sabiamente.  

E ele estava certo: assim que afastou os lábios dos de Reyna, Leo levou a maior bofetada da história, um chute no meio das pernas ― que fez todos os garotos se encolherem em solidariedade ― e ainda conseguiu voltar sorrindo.

— Alguém gira, por favor?! — ele pede, gemendo de dor.

Giraram novamente, e dessa vez caiu entre Annabeth e Thalia. Pensei que nada de mal aconteceria: elas se conhecem desde sempre, e não fariam merda, porque elas são Annie e Lia! Ninguém espera que elas façam algo de errado. Pelo menos, não esperávamos que Annie fizesse. Mas eu estava errado, é claro.

— Loira, já vou dizendo que quero desafio! — Thalia diz — E nada de coisinha besta como você tem mania de me mandar! Quero um desafio nível Travis!

— Fique com um garoto desta sala! Qualquer um, até mesmo o Percy ou seu irmão! — Annabeth solta, surpreendendo a todos. — O que a tequila ta fazendo comigo?

— Eu que to bêbada, e você que ta falando merda, Loira? Tua mãe sabe que tu vira outra pessoa depois da meia-noite? — Thalia levantou, e eu vi Jason começar a rezar. Sério, ele estava realmente murmurando seja o que os céus quiserem — Eu não vou pegar meu irmão: seria incesto, muito nojento. Além do mais, ele é o meu bebê!

— Thalia, eu vou matar você! — Jason sussurrou ameaçadoramente, enrubescendo na mesma hora.  

— Deixa eu cumprir meu desafio, e eu deixo você me matar! Mas primeiro, minha vítima! — ela deu aquele sorriso malicioso que trazia consigo desde a adolescência, e parou bem na minha frente. — E que vítima! — ela se sentou no meu colo, apoiando suas mãos nos meus ombros, e sussurrou ao meu ouvido — Agora, mostre- me que realmente cresceu! — e então, sem um pingo de pudor ou qualquer outra coisa que se pudesse ter, ela me beijou.

E é aqui, meus caros, que a merda começou de verdade. Por que não era apenas Thalia Grace bêbada sentada no meu colo me beijando, em uma festa da faculdade. Era Thalia Grace, bêbada, sentada no meu colo, me beijando, numa festa da faculdade, e eu correspondendo em questão de segundos como se fosse um virgem.

As mãos dela estavam no meu cabelo recém cortado, e as minhas estavam na suas costas e na sua nuca. O desejo falava mais alto que qualquer outra coisa ali, e em questões de segundos, eu queria que fôssemos só nós naquela sala. Eu sentia suas pernas ao redor da minha cintura, e sentia seu corpo colado ao meu, transmitindo calor e água. Sua boca tinha um gosto exótico de tequila, cigarro, batom de morango e cloro, mas ainda assim era a melhor coisa do mundo.

Ela se ergueu um pouco, ainda me beijando, e depois voltou a se sentar; só para se erguer e ir se afastando aos poucos, fazendo com que eu a seguisse como se fôssemos ímãs, até romper de vez o beijo.

— Obrigada, Annie! — Thalia agradeceu, pegando sua bandeira e se retirando da sala.

— Hora de bancar o cara família! — Jason suspirou, levantando-se.  — Nico, espero que não tenha se animado muito, e Thalia, espera aí: você não pode dirigir nessas condições. — ele se foi, atrás de sua irmã, e eu fiquei ali sem entender nada.

A rainha da superficialidade acabara de me agarrar, e eu acabara de corresponder. E tudo o que eu queria era repetir aquilo, porque o gosto daqueles lábios me entorpeceu. Como era de costume...

— Nico, desapaixona! — Percy riu, estalando os dedos na minha frente.

— Alguém pode me explicar que merda aconteceu aqui? — pergunto, ainda tentando entender por que a irmã mais velha do meu amigo me beijara tão repentina e escandalosamente, como não costumávamos fazer em público no passado.

— Thalia é uma caixinha de surpresa, então não sei o que te falar! Vamos apenas continuar com o jogo! — Annie respondeu, como se tudo o que acontecera fosse uma cena comum do dia-a-dia, como costumava ser.

— É! Vamos continuar! Mas, primeiro, vou lá fora, eu preciso...

— Fumar... Hum, parece que alguém abalou as estruturas de um certo cinéfilo! — Travis me zoou, só pra variar.

— Sou imune à Rainha da Superficialidade! Tomei vacina faz tempo. — e saí, antes que mais alguém pudesse falar qualquer coisa, ou notar a mentira que eu pronunciara.

E, mesmo lá fora, no calor da festa, e com o cigarro entre os lábios, eu ainda a sentia em mim!

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Devo continuar? Não se esqueçam de me contarem suas impressões nos reviews! Beijos