Os três adultos e quatro adolescentes entraram de cabeça baixa na sala, seguidos por Lily e Gina, a última quase caindo de tanto rir da cara de surpresa e espanto deles. Todos se sentaram nos sofás e ficaram em silencio por um tempo, tudo que se ouvia era Gina tentando conter o riso.

_ Muito bem... – Lily diz tamborilando os dedos no braço da poltrona. – Explicações?

_ Lily, nós só... – James começa, mas Lily o interrompe:

_ Por favor, me diz que vocês não foram até a casa da minha irmã, não fizeram nada com eles.

_ Eu até diria, mas depois que casamos você me fez prometer que não ia mentir. – James diz coçando a nuca nervoso, sob o olhar afiado de Lily.

_ Mas o que é que vocês estão pensando? – Lily indaga. – James, isso foi muita irresponsabilidade, Sirius, você não pode sair daqui, Remo... Como pode concordar com isso? – ela continua se levantando. – Fred, Jorge e Rony, eu não posso falar nada, porque vocês não são meus filhos mas...

_ Por favor, não conta para nossa mãe. – Fred implora se ajoelhando.

_ É capaz da casa não ficar em pé depois da bronca que ela daria. – Jorge acrescenta ajoelhando ao lado do irmão.

_ Vocês só foram nisso porque os bobalhões aqui os influenciaram. – Lily diz com a testa franzida. – Mas não posso deixar de contar a Molly, sinto muito.

_ Estamos fritos. – Rony reclama dando um tapa na testa.

_ Se estão! – Gina diz voltando a rir e leva olhares furiosos dos irmãos. – Desculpa maninhos, mas isso é muito hilário...

_ Engraçadinha. – Rony diz mal humorado – Afinal, porque você está acordada?

_ Ah, é que... - Gina diz perdendo o humor. – Eu só tive... um pesadelo...

Harry achou aquilo estranho, por Gina estar tão nervosa com aquilo, mas percebeu que Rony e os gêmeos entenderam mais do que ele, pois os tres adquiriram expressões copreensivas e meio preocupadas.

_ Pensei que os pesadelos tivessem acabado... – Fred comenta baixinho.

_ Acabaram. – Gina diz rápido. – Mas hoje, eu me lembrei de tudo, então... Mas não é nada. Lily me ajudou a me acalmar. – ela acrescenta sorrindo para a mulher que ainda fuzilava o marido com o olhar.

_ Ah claro Gina, sempre que precisar ok? – Lily diz se desviando um pouco e dando um abraço rápido na ruiva. – Agora vá dormir, e vocês também. – ela diz olhando pros Weasleys. Eles concordam e se despedem dos outros. Os gêmeos vão abraçados com Gina e Rony lança um olhar para Harry que não foge da percepção de Lily. Ela se reserva um instante por comemorar a amizade que seu filho tinha quando percebeu outros dois se levantando. – Espere aí vocês dois!

Sirius e Remo param no meio do caminho e voltam a se sentar. Os dois estavam sérios por fora, mas por dentro tinham a mesma sensação boa de estar levando novamente uma bronca de Lily. Ainda ia demorar muito para eles se acostumarem com o fato de que ela e James estavam de volta.

_ Primeiro, vocês tem que perceber que isso foi uma completa falta de responsabilidade! – Lily começa andando de um lado ao outro na sala, sendo acompanhada pelos olhos dos quatro restantes. – Voldemort está a solta, procurando por Harry, por Sirius... E se algum comensal abordasse vocês?

_ Nós pensamos nisso ok? – James diz levantando as mãos. – Eu tomei cuidado, Sirius usou a capa... E não tinha nenhum comensal, foi tranqüilo! Era um bairro totalmente trouxa...

_ Tranqüilo? – Lily indaga com o riso desdenhoso. – James, nada está tranqüilo! Ou você não se lembra que Harry foi atacado por Dementadores nesse mesmo bairro? E mesmo sem ter sido atacados, e se tivesse um comensal de guarda?

_ E se... E se... – James repete revirando os olhos. – Mas nada aconteceu! Nada... ruim...

_ Nós só queríamos dar uma lição nos Dursley Lily. – Sirius se impõe. – Por tudo que fizeram...

_ Eu já tinha planejado ir na casa deles, depois que os meninos fossem para Hogwarts! – Lily retruca cruzando os braços. – Ia ter uma conversa...

_ Nós ainda teremos uma conversa com eles. – James diz cortando a esposa. – Hoje foi só uma pegadinha inocente.

_ E perigosa, e irresponsável. – Lily acrescenta.

_ Foi uma pequena aventura marota Lily, para nós ter uma... interação com os meninos, e principalmente com Harry. – Remo diz puxando o menino.

_ É... foi para eu ter um momento com meu pai. – Harry diz limpando a garganta e tentando fazer usa melhor cara de inocente. – Foi divertido, não tivemos problemas...

_ Ah Harry... – Lily suspira tentando superar aquele argumento. Maldito sentimentalismo!

_ Por favor mãe, entenda... – Harry continua recebendo olhares disfarçadamente orgulhosos de James e Sirius. – Eu sei que foi errado, mas nada aconteceu!

_ Mas poderia! – Lily diz tentando manter a postura firme. – E... você está de castigo Harry.

_ Ok, isso quer dizer que eu não... – Harry diz com a testa franzida.

_ Isso quer dizer que você não pode ficar acordado até tarde, não pode jogar xadrez, snap explosivo ou qualquer coisa, e não pode comer doces... por uma semana. – Lily diz contornando a falta de opções. – Agora vai dormir querido.

_ Tudo bem. – Harry diz dando de ombros derrotado. – Acho justo... Boa noite Sirius, Professor, Pai... Mãe. – ele continua dando um beijo na bochecha da mãe. Lily segura um sorriso e já se vira para os outros quando Harry para no meio do caminho, solta um curto gemido e levanta a mão até a testa.

_ Tudo bem Harry? – Lily pergunta se aproximando, mas Harry se recompõe e se vira rápido forçando um sorriso.

_ Tudo, só estou com... dor de cabeça. – Harry responde dando uma olhada rápida para Sirius, que entende na hora. – Vou dormir... – e o menino sobe para o quarto. Lily o acompanha com o olhar até ele sumir.

_ O que foi isso? – James pergunta olhando para Sirius.

_ Ele disse, dor de cabeça. – Sirius responde e Remo se mexe desconfortável no sofá.

_ E eu vi que era mentira. –James continua olhando para os amigos. – Vocês dois sabem a verdade... Desembuchem!

_ Eu acho melhor vocês falarem sobre isso com Dumbledore, ou com Harry... – Remo começa cauteloso. – É que Harry tem... Bom, a cicatriz dele dói de vez em quando...

_ A cicatriz dói? – Lily pergunta preocupada. – Como? Ela foi feita a anos... Isso não é normal.

_ Não mesmo. – Sirius diz rápido. – Na maioria das vezes, quando isso acontece Voldemort está próximo, ou ele tem algum tipo de visões...

_ Voldemort, visões? – James repete se levantando. – E vocês só nos contam agora?

_ Isso faz mal a Harry? – Lily indaga aflita, se lembrando sem querer da risada de Voldemort e do clarão verde que a assombrava todas as noites.

_ Não exatamente, eu não sei todos os detalhes. – Sirius diz sério.

_ Mas como eu disse, Dumbledore pode explicar melhor. – Remo diz e Sirius revira os olhos, achando que o diretor não ajudaria em nada.

_ Isso é muito... Nós vamos procurar falar com Dumbledore amanhã. – James diz abraçando a cintura da esposa.

_ Sim, temos que saber o que acontece com Harry. – Lily diz roendo a unha o dedão por um tempo.

_ Eu vou dormir. – Remo anuncia se levantando. – Boa noite, e desculpa pela aventura Lily...

_ Tudo bem, não aconteceu nada. – Lily diz sorrindo fracamente. – Mas poderia. – acrescenta olhando pro marido.

_ Ótimo, durmam bem. – Sirius diz bocejando e indo para seu quarto, deixando o casal Potter sozinho na sala.

_ Idiota! – Lily diz dando um tapa no braço do marido assim que ficam sozinhos. – Você não pensa não? Sirius não pode sair de casa! Harry é o principal alvo de Voldemort! E ainda levou os filhos da Molly! Sem a permissão dela... James!

_ Pensei que tinha entendido! – James exclama surpreso.

_ Mas você não entendeu! – Lily responde. – Lembra que para nós, a poucos dias, estávamos presos na casa de Godric’s Hallow porque Voldemort queria nosso filho? Se passaram anos mas não estamos em tempos diferentes! Aquele monstro ainda quer nosso filho! E você decide sair por aí pregando peças no meio da noite com ele!

_ Eu estava lá, não ia deixar nada acontecer com ele ou com os outros. – James diz segurando os ombros da ruiva. – Eu já morri para protegê-lo, e não hesitaria em fazer isso de novo.

_ Não é só o Harry... – Lily diz com a voz tremula. – Você também não pode se arriscar assim.

_ Porque?

_ Porque eu não sei o que faria se algo acontecesse com você. Não agüento ver você morrer, não de novo... – Lily diz quase sussurrando a ultima parte. James sente o coração apertar a abraça forte a esposa, tentando passar confiança. Ainda abraçados ele senta no sofá puxando Lily para seu colo.

_ Desculpa... – James diz depois de alguns minutos. – Não vou mais fazer isso, você está certa, eu fui um idiota...

_ Você sempre é um idiota. – Lily diz com a voz abafada já que estava com o rosto no peito do marido e este solta uma risada. – Então... o que vocês fizeram com os Dursley?

_ Ah, você precisava ver, foi hilário. – James responde ainda rindo. Ele sabia que a esposa não ia agüentar sem perguntar. Lily era séria e durona, mas tinha seu lado maroto, e era isso que conquistou James de vez. – Nós transformamos o Duda, colocando nariz, orelha e rabo de porco...

_ James, ele é só um menino!

_ Ele socava o Harry, e é um mimado idiota!

_ É, ele merecia mesmo... – Lily diz convencida. No fundo, ela sempre se divertia com as marotagens do marido. Ela amava o brilho que os olhos dele ganhavam quando contava suas aventuras, e se perdeu ali daquele castanho por toda a história.

_ Acho que eles nem entenderam o que aconteceu no fim... – James termina rindo e sendo acompanhado por Lily.

_ A cara da Petúnia acordando toda molhada deve ter sido impagável. – ela exclama rindo, mas para fazendo uma careta. – Ainda não acredito que ela tratava Harry tão mal... Tudo por minha causa.

_ Se te aliviar, Snape também trata Harry mal por minha causa, então nós dois temos o mesmo peso de culpa. – James diz enrolando uma mecha ruiva nos dedos.

_ Antes de tudo aquilo... de Voldemort... – Lily começa cautelosa. – Você me disse que, se Snape tivesse uma chance de mudar, se ele se arrependesse... Você ia tentar se acertar com ele. Não ficar amiguinhos e tal... Mas só, deixar as coisas em pratos limpos.

_ Eu disse... – James concorda lentamente. – Mas ele parece ser o mesmo Ranhoso vingativo de sempre.

_ Ele não é mais um comensal! – Lily exclama.

_ Isso só faz ele ser menos 10% chato. – James diz. – Ele persegue nosso filho por magoa minha, é injusto! Harry não tem culpa de nada, mas ele não liga.

_ Talvez, se vocês conversassem... Só, pensa nisso ok? – Lily diz torcendo as mãos nervosa e James suspira.

_ Ok, mas só por você. Por você e Harry... Se eu encerrar esse assunto com Snape, talvez ele pare de perseguir injustamente nosso filho. – James diz apertando mais Lily e lhe dando um beijo demorado na bochecha. – Mas agora nós podemos falar de outra coisa?

_ Claro. – Lily responde lhe dando um beijo e logo o encarando. – Estou preocupada com Harry. Essa história da cicatriz...

_ Eu também. – James diz ficando sério. – É como se Voldemort tivesse uma conexão com Harry, uma conexão forte demais.

Lily sente um arrepio com esse comentário e se ajeita mais no colo do marido buscando proteção. James a abraça mais confortavelmente, sentindo o perfume floral nos cabelos ruivos dela e depositando um beijo ali. Lily levanta o rosto e eles trocam um beijo longo e profundo.

***

Nenhum dos dois sabia quando dormiram, mas Lily e James acordaram no sala, deitados e abraçados no sofá. Com Sirius os sacudindo.

_ Aaah.. – Lily diz se sentando e se espreguiçando, sentindo as costas estralarem. – Bom dia...

_ Bom dia Sra. Potter. – Sirius diz bocejando e se afastando.

_ Bom dia Lírio. – James diz se sentando atras dele e dando um beijo no pescoço de Lily. – Como foi hoje?

_ Sem pesadelos. – ela responde e lhe lança um sorriso aliviado. – Que horas são? – ela acrescenta mais alto.

_ Oito da manhã. – Arthur responde passando pela sala e pegando um casaco que estava na poltrona. – Já estou indo pro trabalho,até a noite.

_ Até. – James responde se levantando e respirando fundo. – Nossa, que cheiro bom!

_ Você é um esfomeado. – Lily retruca e no segundo seguinte o estomago dela ronca alto fazendo eles rirem.

_ Você também, somos um casal perfeito! – James diz a puxando para a cozinha.

Molly estava lá como sempre, tomando café com Sirius que estava mal humorado.

_ O que hoje com você? – James pergunta dando um tapinha no ombro do amigo. Sirius apenas se inclina e lhes entrega o Profeta Diário do dia. A foto dele de presidiário estava na primeira página.

_ “ Ontem de madrugada um pequeno vilarejo trouxa nas proximidades de Oxford foi incendiado. As autoridades trouxas entenderam o ocorrido como uma fatalidade causada por vazamento de gás, mas o grupo de aurores mandados até lá informaram que o ocorrido foi claramente causado por magia.

Nenhum trouxa ficou ferido com a incêndio, mas fomos informados que Emília Rocquer, uma bruxa de 43 anos, que morava no vilarejo está desaparecida.

Perguntamos as autoridades bruxas sobre o desaparecimento e eles disseram que estavam começando as investigações. Sobre a possibilidade dela ser a autora do incêndio, eles foram firmes.

– ... A autoria do incêndio ainda precisa de investigação, mas nós temos muitas provas de que o notário assassino de trouxas e fugitivo Sirius Black está envolvido nisso. – nos disse um auror que preferiu ficar anônimo.”

_ Que absurdo! – Lily diz arrancando o jornal das mãos do marido. – O que você tem haver com isso?

_ Nada, mas tudo que acontece que tem dedo de Voldemort, Fudge me culpa, ou abafa, ou caçoa envolvendo o Harry... – Sirius diz com a voz grave, solta um suspiro e se inclina para trás fechando os olhos. – Voldemort devia matar esse idiota, filho de uma...

_ Sirius! – Molly exclama repreensiva.

_ Não, ele não é filho de uma Sirius. – Sirius diz ainda na mesma posição. Lily revira os olhos ainda abismada com a loucura do ministro e se senta na mesa se servindo de chá.

_ Nós devíamos fazer alguma coisa. – James diz se sentando também. – Para provar que Sirius é inocente. E se Dumbledore contasse a Fudge sobre nós? Que voltamos? Nós podíamos testemunhar que Sirius não teve culpa de nada.

_ Não é tão simples assim. – Molly responde se levantando e servindo panquecas ao casal. – Se fosse, tenho certeza que Dumbledore já teria feito. Mas Sirius e Harry não só os únicos, Dumbledore também está sendo perseguido por essa maluquice de Fudge.

_ Bom dia. – ouviram se virando e vendo Hermione entrar na cozinha. – Eu ouvi vocês falando de Fudge?

_ Ele aprontou de novo, como sempre. – Molly responde apontando pro jornal. Hermione o pega em seguida e se senta lendo concentrada, no mesmo tempo que se servia suco. A forma que a menina se servia sem desgrudar os olhos da leitura fazia James se lembrar de Lily, nos tempo de escola.

_ Mas... Mas que absurdo! – Hermione exclama depois da leitura. – Você não tem nada a ver com esse ataque Sirius!

_ Eu sei. – Sirius diz lentamente e Hermione bufa irritada, passando geléia com força na torrada. Lily sorri se simpatizando com a menina e depois de alguns minutos elas acabam engatando em uma conversa animada sobre a qualidade da mídia bruxa e a comparando com a mídia trouxa.

Enquanto isso James comeu em silencio, pensando em como resolver a situação do amigo.

_ Onde ta o Remo? – James pergunta depois de devorar as panquecas.

_ Saiu bem cedinho, em uma missão de reconhecimento. – Sirius responde limpando o colo de migalhas. – Tonks foi junto. – ele acrescenta lançando a James um sorriso torto.

_ Ah, então não foi só impressão minha... – James comenta abrindo um sorriso malicioso. – Remo, Aluado... Pegando sua priminha... Não sabia que ele gostava das mais novas...

_ Pelo menos ele está pegando alguém, ainda que seja minha prima. – Sirius diz com uma careta. – Ele nunca se divertiu desse modo. Lembra na escola? Acho que ele só ficou com Dorcas uma vez... – ele termina deixando sua voz morrer. James concorda com a cabeça se lembrando da colega loira que morreu na guerra, antes mesmo dele se casar com Lily.

_ James? – Lily chama o marido estralando os dedos na frente do rosto dele. – Eu vou acordar o Harry, você vem junto?

_ Claro.

_ Vocês sabem que ele é um adolescente de 15 anos né? – Sirius comenta com uma careta.

_ Sim, Sirius. Mas ele ainda é meu bebe! – Lily diz fazendo um bico teimoso e puxando o marido para as escadas. Ela bate na porta e entra um pouco, encontrando Rony calçando as meias.

_ Ah, bom dia Sra. Potter, Sr. Potter. – Rony diz meio nervoso. – Acho que... é melhor vocês não... – ele não termina, olhando para o amigo que ainda dormia.

Lily se aproximou da cama do filho. Harry estava molhado de suor e parecia ter um sonho agitado. Sua testa estava franzida e seus olhos cerrados com força, suas mãos se agarravam nas cobertas com se estivesse com dor, e aquilo afligia Lily.

_ Harry? – ela chama com a voz tremula.

_ Harry. – James chama mais alto segurando os ombros do filho e o sacudindo. – Harry, acorda! Acorda!

_ James, não... – Lily diz mas para ao ver o filho abri os olhos e encara-los ofegante. – Harry, querido, você está bem?

_ Si...Sim. – Harry diz se sentando na cama, ainda ofegante e pegando os óculos. – Não foi nada, só um... um pesadelo. Não se preocupem.

_ Harry, precisamos conversar. – James diz sério e aponta para a cicatriz do filho. – Sobre isso aí.