Segunda Chance escrita por Sophie Valdez


Capítulo 18
Prioridades


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Antes de ficarem nervosos comigo eu tenho que explicar rapidinho...
Eu tive as mais loucas semanas na faculdade em Maio e começo de Junho, então eu não consegui nem pensar em escrever novos capítulos, portanto, me desculpem.
Mas, eu tenho uma boa notícia: EU ESTOU DE FÉRIAS! O que significa que eu tenho TEMPO para escrever as fics, portanto, vocês terão capítulos em breve. De todas as minhas fics.

Espero que entendam, e boa leitura!



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“31 de Outubro de 1981

Lily era ótima em poções, portanto tinha total confiança do resultado que aquela poção tinha lhe mostrado. O líquido, antes branco, agora estava vermelho, sinalizando que dali em nove meses a sua vida iria ganhar um novo amor.

A ruiva suspirou, e olhou pela janela, para aquela fria tarde de Outubro. Aquele era o segundo Halloween de Harry, e ela podia ouvir as risadas do menininho que estava brincando com o pai na sala. Aqueles eram tempos horríveis para uma criança, tempos de guerra. James e Lily estavam praticamente presos ali naquela casa, vivendo escondidos, protegendo seu filho. E agora outro bebê?

Ela estava feliz, é claro que estava. Mas dentro do seu coração habitava outro sentimento. Medo. Um sentimento receoso que fazia seu coração se apertar. Lily não queria dois filhos seus crescendo naquela ambiente.

_ Lily? – a ruiva se assustou ao ouvir a voz do marido por trás da porta do banheiro. – Está tudo bem aí? Está há horas no banheiro. Deve ter comido doces demais.

_ Já estou saindo. – Lily responde rindo do tom brincalhão do marido. James estava passando por dias difíceis, se sentindo impotente por ficar preso em casa, mas agora parecia estar se conformando com aquilo tudo, afinal era para o bem de Harry, e James era louco por Harry.

Lily saiu do banheiro depois de acabar com as evidencias da poção que fez para confirmar o que estava desconfiando há tempos. James estava no chão da sala quando ela entrou, com Harry no seu colo, preenchendo o lugar com sua risada infantil.

_ Mas que bagunça é essa aqui? – Lily indaga chamando a atenção do menininho que sorri ao ver a mãe.

_ É tudo culpa dele. – James responde rindo a apontando para o filho. – Harry me fez até perder a varinha. – comenta olhando ao redor.

_ Ora, de quem será que você puxou esse lado fanfarrão, hein Harry? – Lily indaga pegando o filho e olhando de soslaio para o marido que revira os olhos.

_ Eu não me importo de levar a culpa por isso.- James diz dando de ombros. Os três continuaram ali por um tempo, rindo e se divertindo como uma pequena família, que era o que eram realmente.

Já era noite quando Lily ouviu o primeiro barulho. Foi um simples estralo, que parecia vir da frente da casa. A maioria das pessoas não se importaria, mas Lily sempre se gabou de ter um forte sexto sentido.

_ Ouviu isso? – ela perguntou, se levantando do chão onde estava.

_ O que? – James indaga olhando para a esposa, que estava pálida. Por alguns segundos eles ficaram em silencio, e então outro estralo.

A pessoa do lado de fora não estava se incomodando em fazer silencio.”

Lily se virou em um pulo ao ouvir o som da porta, e por um segundo pensou que suas lembranças estavam vindo a realidade. Mas não estava mais em sua casa, e não foi Voldemort que entrou pela porta, e sim Molly, carregando uma bandeja de comida.

_ Oh Deus! Molly! – Lily exclama indo até a mulher e pegando a bandeja de suas mãos. – Não era necessário isso, Por Merlin! Eu disse a James que não estava com fome. Não precisava se incomodar.

_ Ora Lily, não seja boba! – Molly diz em resposta, abanando as mãos. As duas se encaminharam até a cama e Lily repousou a bandeja sobre a mesma. – James está preocupado com seu estado de saúde, e bem... minha sopa de legumes é famosa por curar qualquer tipo de doença ou indisposição.

_ É muito carinho de sua parte Molly, realmente não precisava se incomodar! – Lily diz sorrindo o mais dócil possível. – Obrigada.

_ Não é nada. – Molly responde enquanto Lily pega o prato de sopa e começa a comer. – E como está?

_ Bem melhor. Foi só algo que me fez mal. – Lily responde dando de ombros e experimentando a sopa que estava realmente maravilhosa e quentinha. – Meu estomago não é dos mais fortes.

_ Tem certeza de que foi só uma indisposição? – Molly indaga em um tom sagaz que faz com que Lily levante o olhar para ela.

_ Claro Molly, é só uma indisposição. – Lily diz afirmando com a cabeça. – O que mais poderia ser?

_ Bom, depois de sete filhos eu acho que posso dar um certo palpite. – Molly diz diretamente. – Você é uma moça jovem, casada com outro jovem...

_Eu não estou grávida. – Lily afirma cortando Molly, que lhe olha confusa.

_ Como pode ter tanta certeza?

_ Eu só tenho. – Lily diz desviando o olhar. – É como um instinto que toda mulher tem, não é? Se eu estivesse grávida, eu saberia.

_ Bom, se tem tanta certeza, quem sou eu para duvidar. – Molly diz dando de ombros e batendo levemente a mão no joelho de Lily. – Mas não importa o que foi, você precisa se alimentar. – e com isso Molly deixou Lily sozinha no quarto.

Lily se sentia mal, como se devesse compartilhar com alguém sobre aquele assunto e que Molly seria a pessoa ideal, mas aquele assunto a incomodava.

Lily estava grávida na noite em que foi morta, ela tinha certeza disso, mas é claro que ela também tinha a absoluta certeza de que aquele pequeno feto não poderia sobreviver a tal trauma, ele não poderia ter sobrevivido. E quando ela voltou, a única coisa que pode pensar foi em Harry, nem sequer reservou um momento para pensar naquele serzinho que nem teve chances nesse mundo.

Mas agora ela pensava, ela pensava demais. Esse enjoo não foi nada, mas o suficiente para lembra-la daquele assunto e fazê-la se sentir culpada de diversas formas. Que tipo de mãe era ela, que sequer se lembrou do bebe que tinha na barriga? Porque ela sentia um certo alivio em saber que ele não sobreviveu? E James? Ele devia saber que eles poderiam ter tido um outro filho?

Eram tantas perguntas que a cabeça de Lily começou a doer. Ela deixou de lado a sopa intocada e começou a andar pelo quarto. Ela precisava se alguém para conversar, desabafar... Na época da escola ela poderia facilmente conversar com suas colegas de quarto, mas Marlene e Dorcas estavam mortas a muito tempo. Molly também seria uma ótima opção, mas Lily desconfiava da reação que ela teria sobre o assunto.

_ Seria mais fácil se você estivesse aqui mamãe... – Lily murmura passando a ponta dos dedos no fino colar dourado que outrora pertencerá a Sra. Evans. Lily havia ficado órfã de mãe muito cedo, mas ela se lembrava de como sua mãe era ótima, era uma mulher gentil e forte que podia acabar em segundos uma discussão entre Lily e Petúnia.

“Prioridades Lily... um problemas por vez...” – era sempre o que a Sra. Evans dizia quando ajudava Lily com o dever de casa. – “Se concentre...”

_ Prioridades. – Lily murmurou respirando fundo e passando a mão pelos cabelos ruivos. – Prioridades.

*

*

James estava da sala do Largo Grimmauld, sentado em uma mesa de leitura a tarde toda. Tinha deixado Lily descansar no quarto e recebeu um relatório de Molly, contando que Lily estava muito melhor. James se preocupava com a esposa, porém também sabia que ela era uma mulher forte e que não precisava ser tratada como uma boneca de porcelana.

A mesa em que ele estava continha uma pequena pilha de livros, os primeiro de muitos que ele estava decidido a ler. James pensou que o melhor modo de achar uma solução para os problemas de Harry seria pesquisando e descobrindo o que poderia estar acontecendo. Ficar no escuro não ajudaria em nada.

Os livros ali eram todos da pequena biblioteca dos Black, livros repletos de Magia Negra e mofo. E o maroto folheava cada um procurando algo que pudesse ajudá-la.

_ Mas que cena estranha. – James levantou os olhos assim que ouviu a voz da esposa. – James Potter estudando? Em tempos de escola isso só podia significar que você estava aprontando uma de suas marotices.

_ Eu sempre fui estudioso.- James retruca sorrindo ao ver Lily se aproximar. – Como acha que me tornei um animago clandestino aos 15 anos?

_ Um ato ilegal. – Lily acrescenta revirando os olhos e parando ao lado da mesa. – Mas impressionante... – diz pegando um dos livros. – “O livro Mestre das Maldições”... Estudando Magia Negra?

_ Está mais para uma pesquisa. – James diz puxando o livro da mão da esposa. Ele não tinha a menor confiança naqueles papéis. – Estou tentando encontrar tudo que eu posso sobre Maldições, cicatrizes, ligações mentais produzidas por Artes das Trevas.... qualquer coisa que possa nos dar alguma luz.

_ Dumbledore...

_ Dumbledore não vai nos dizer nada. – James retruca, cortando Lily com certa brutalidade. – Certamente vamos falar com ele sobre o assunto, mas... eu quero ir preparado para essa conversa. Dumbledore está estranho sobre esse assunto, não quero depender dele para saber o que está havendo com meu filho.

_ Eu concordo com você. – Lily diz com sinceridade, um tanto quanto admirada pela ação do marido. A ruiva se sentou ao lado de James e pegou um dos livros da pilha. – Eu vou te ajudar.

_ É melhor descansar hoje. – James diz cauteloso. – Está melhor?

_ Estou ótima! – Lily exclama soltando uma risada nervosa. Será que James gostaria de saber que ela esteve grávida no momento da morte?

_ Está pálida.

_ Estou bem. – Lily confirma suspirando e folheando o livro nervosamente. – Eu só... só queria resolver um assunto.

_ Que assunto? – James indaga um pouco distraído, voltando a olhar para seus livros.

_ Petúnia. – Lily dispara, vendo seu marido lhe encarar. Ela tinha pensado naquele assunto desde que voltaram a vida. Era impressionante como Molly tinha cuidado tão bem de Harry enquanto sua irmã não tinha feito nada daquilo. Lily queria conversar com a irmã, ouvir a explicação, confrontá-la, dizer que está viva... Isso era sua prioridade naquele momento. Esse era um problema que ela poderia resolver. – Eu quero falar com ela, e com o marido, é claro. Quero falar sobre Harry e finalizar esse assunto. Eles devem saber que voltamos e que agora Harry é de nossa guarda novamente.

_ Eles não merecem qualquer explicação de nossa parte Lily. – James diz irritado. – Aqueles dois devem apenas pagar pela maneira terrível que trataram Harry por todos esses anos.

_ Eu quero conversar James. – Lily rebate. – Nós temos que ouvi-los também. Eu estou brava com eles, e muito! Mas não podemos chegar lá mandando feitiços contra eles!

_ Porque não? – James indaga dando de ombros e recebendo um olhar reprendedor de Lily. – Ok..! E o que quer fazer?

_ Quero ir até a casa deles. Nós temos que pegar as coisas de Harry de qualquer maneira... – Lily diz gesticulando e se encostando a cadeira. –Acha que devo mandar uma carta antes de parecer lá?

_ Claro, será engraçado! – James exclama. – “Cara Petúnia, sou eu, Lily, sua irmã morta! Bom, eu voltei à vida e queria muito conversar com você sobre a maneira terrível que cuidou do meu filho. Está livre nessa tarde? Espero sua resposta.”

_ Sabe, às vezes você podia guardar seu sarcasmo e apenas dizer “Sim” ou “Não”. – Lily diz carrancuda com o marido. – Eu só queria resolver algo, ok!?

_ Nós temos umas boas horas antes do jantar... – James diz tirando os óculos e olhando no relógio de ouro que ganhou do pai em seu aniversário de 17 anos. – Se quiser, podemos ir agora mesmo.

_ Ótimo. – Lily diz se levantando apressada, mas é interrompida por James, que lhe segura pelo pulso.

_ Só... Lily... –James começa hesitante, se levantando e ficando de frente a mulher. – Só quero que saiba que, eu te conheço, e sei que no fundo você deseja que sua irmã tenha ótimas razões para fazer o que fez... Mas não se esqueça de que Harry nos contou.

_ Eu não vou esquecer. – Lily afirma olhando para o marido com confiança.

_ Eu sei que as vezes você acredita demais em redenção. – James continua. – Só que em certos momentos, não existe esse negócio de segunda chance ou explicação.

_ Eu sei James. – Lily diz um pouco impaciente, James inclina a cabeça e concorda meio hesitante. – Isso é sobre Snape?

Lily sabia ler James como ninguém, e logo percebeu o porque da hesitação do marido. James se afastou levemente e soltou um riso curto, negando com a cabeça, que não convenceu a ruiva.

_ James...

_ Sua conversa com ele não foi das mais proveitosas não é? Pelo menos em um dos sentidos. – James diz se arrependendo segundos depois. – Digo, ele pode ter se aproveitado dessa sua mania de confiar sempre nas pessoas e...

_ Eu não acho uma má ideia acreditar em segundas chances, e também acho que não importa as circunstancias, a pessoas sempre merece se explicar. – Lily diz cruzando os braços em uma posição defensiva. – Mas eu também sei julgar James. Petúnia fez mal a Harry, ela criou nosso filho de uma maneira horrível e eu como mãe e como irmã quero ter uma conversa com ela. E não importa quanta compaixão eu tenha, eu vou sempre defender o lado do meu filho.

_ Eu não tenho duvidas disso. – James rebate. – Mas eu conheço você Lily... E sei que não importava o quanto Petúnia te magoasse, você sempre mandava um cartão de Natal a ela.

_ É o que fazemos por nossa família. – Lily murmura perdendo um pouco da compostura. James não estava errado ao todo, Lily nunca conseguiu ser realmente forte em sua relação com Petúnia, mas era claro que o que ela e o marido fizeram com Harry não seria condenado.

_ Bom... – James disse e Lily sentiu seus braços passarem ao redor dela. – Se fomos agora talvez os Dursley nos convidem para o chá das cinco.

_ Oh, isso seria ótimo! – Lily exclama acompanhando o humor do marido.

*

Eles aparataram em uma parte afastada do bairro do subúrbio trouxa. Era fim de tarde, e não havia muita movimentação na rua.

_ Provavelmente as donas de casa estão agora se preparando para o jantar, os maridos estão tomando um banho depois de um dia de trabalho e as crianças estão guardando seus brinquedos. E depois de algumas horas iram todos se sentar na frente da televisão e ter um ótimo momento em família onde ninguém diz uma palavra sequer. – James comenta forçando a voz como a de um locutor de rádio e causando uma risada em Lily.

_ Como sabe tanto sobre o hábito dos trouxas? – Lily indaga.

_ Cursei anos de Estudo dos Trouxas só para tentar te conquistar. – James responde dando de ombros. – Sabe como é... Conheça o território antes de atacar.

_ Impressionante. – Lily diz revirando os olhos. –Porém sinto lhe informar que não foi seus conhecimentos sobre o mundo trouxa que me fizeram apaixonar por você.

_ E o que foi? – James pergunta visivelmente curioso. Eles eram casados a um bom tempo, mas a razão por Lily ter lhe dado uma chance sempre lhe foi um mistério.

_ Não é hora para isso. – Lily diz parando em frente a casa número 4. – É essa?

_ A própria. – James diz observando a casa, com as mãos no bolso. – Acha que ainda estão magoados pela pequena brincadeira que eu e os meninos fizemos?

_ Eu não acho, tenho certeza. – Lily diz respirando fundo. A casa era simples e bonita, perfeita nos padrões de Petúnia. O coração de Lily estava um pouco mais acelerado que o normal, e suas mãos levemente tremulas quando ela tocou a campainha.

A princípio, Lily achou que a casa estava vazia, mas logo uma voz feminina soou dentro da casa e segundos depois a fechadura fez barulho e a porta se abriu. Petúnia não havia mudado muito nos últimos 15 anos, tinha a mesma estatura mediana e magra, um pescoço comprido e cabelos escuros como os do Sr. Evans. Ela usava uma típica roupa de dona de casa e mantinha um telefone sem fio das mãos.

_ Um segundo Fiona... – ela disse para a pessoa no telefone e encarou o casal a sua frente. – Pois não?

_ Petúnia... – Lily diz com a voz levemente arrastada e seguida de um pigarreio.

_ Sim, o que d.... – Petúnia só então focou os olhos no casal. Ela primeiro reconheceu os cabelos acaju que conviveu por anos, depois os olhos verdes que sempre lhe causaram inveja. O telefone caiu com um baque no chão enquanto a Sra. Dursley tentava processar o que seus olhos viam.

_ Petúnia, eu sei que está em choque, mas será melhor que entremos para ter essa conversa. – Lily diz olhando nervosamente para trás. Ela e James sabiam do risco de ir até a casa onde Harry morava, afinal, aquele lugar podia muito bem estar sendo espionado por bruxos das trevas.

_ E-eu.... eu... – Petúnia murmurou sem tirar os olhos de Lily, e então, de uma maneira um tanto quanto dramática, ela caiu inconsciente, sendo amparada por James antes que batesse no chão como o telefone.

_ Merlin... – James resmunga segurando Petúnia nos braços. – Todo mundo que nos rever vai desmaiar?

_ Acho que essa é a reação mais esperada quando você revê sua irmã morta a anos. – Lily diz entrando pela porta.


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Notas finais do capítulo

Bom, se alguém não entendeu muito bem o começo do capítulo, o fato é que Lily estava grávida na noite que Voldemort matou ela e James. Ela não teve chance de contar para James e agora ela não quer contar porque acredita que não há como o feto ter sobrevivido ao evento.

Tem uma parte importante nesse capítulo, quando James pergunta sobre o porque de Lily der lhe dado uma chance.

Lily está muito nervosa com tudo que Petúnia fez sim. Porém, ela ainda vê Petúnia como sua irmã.

A pesquisa de James não vai interferir na conversa futura com Dumbledore, ele só quer ir preparado.
A imagem vale para esse capítulo e para o próximo.

Espero que tenham gostado, e estou ansiosa por comentários, se eu ainda tiver leitores!!!!

Beijos e até o próximo capítulo