Frozen 2 - Faces de um Espelho escrita por Bardo Maldito


Capítulo 7
Capítulo VI - Questionamento e Decisão


Notas iniciais do capítulo

E aqui está mais um capítulo. Esse está mais curtinho, porque o próximo vai ser CAPRICHADO. Finalmente tudo vai ser colocado em jogo, e chegaremos no clímax da história. Esse é meio que uma calmaria antes da tempestade.
O próximo também trará uma música, possivelmente a última de todas. Como será um capítulo difícil, não sei dizer quando postarei... só digo que não vai ser o último. Pelas minhas previsões, serão 9 capítulos (tirando o prólogo). Portanto... a história está chegando à conclusão. Espero que gostem enquanto ela está vindo.
Boa leitura!



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– Você estava falando sério, Anna?

Elsa está novamente em seu quarto, junto com Anna. Voltaram todos juntos para o castelo da família real das Ilhas do Sul, e Anna chegou a apresentar Kristoff como seu noivo, dizendo que ele tinha chegado em outro navio, posterior a isso, e também o próprio Olaf, que era um símbolo vivo da magia de Arendelle. O rei Kai havia desejado votos de felicidade ao casal, e dito que, como um cavalheiro de Arendelle, ele era muito bem-vindo ali, para assistir a cerimônia. Porém, por ainda não estarem casados, um quarto fora preparado separadamente para Kristoff e Olaf, enquanto Elsa e Anna ainda estavam em seus aposentos. E só agora conseguiam falar a sós.

– O que, sobre o casamento? - perguntou Anna - É claro! Eu amo o Kristoff, estou junto com ele há um ano. É tempo suficiente pra eu conhecer ele, saber que amo ele, e que é com ele que eu quero passar o resto da minha vida.

– Anna... - Elsa suspira - Eu concordo com você. Dessa vez, se você tivesse me pedido, eu teria abençoado a união de vocês com toda a alegria do mundo. Gosto do Kristoff, e não duvido que vocês se amem.

– Então, qual é o problema? - bufa Anna, irritada com o que pressentia vindo

– O problema é que talvez você tenha feito isso pelo motivo errado.

– Que motivo?

– Provar pro Hans que não precisa dele. Agir por impulso, pra satisfazer uma vontade imediata que afeta outras pessoas. Não seria muito diferente de decidir se casar com alguém que conheceu no mesmo dia.

– Como você... como você... - Anna olha para Elsa com raiva, embora em seu íntimo saiba que a irmã tem razão - Como você tem coragem de comparar o Kristoff com o Hans? Como você tem coragem de comparar o que eu e o Kristoff temos com o que o Hans fez comigo?

– Eu não comparei a relação de vocês. Comparei a sua atitude. - diz Elsa, com voz suave, mas muito firme

– Pois você está enganada. - diz Anna - Eu amo o Kristoff, sei que ele me ama, e era só questão de tempo até que ele me pedisse em casamento. Eu só perdi a paciência.

– E como acha que ele está, com tudo isso?

– O que você acha? É claro que ele está bem. Ele me ama, por que ele ficaria mal com uma coisa assim?

*

– Então, vamos ter um casamento, é? - Olaf sobe na cama na qual Kristoff estava sentado, e lhe dá tapinhas nas costas - Meus parabéns! Você e a Anna vão ser muito felizes, ter muito filhinhos, envelhecer juntinhos, e... ei, que cara é essa? Aquele tal de frikadeller te fez mal?

– Olaf, eu... eu não sei. - diz Kristoff, enquanto encara uma parede vazia, o olhar completamente confuso

– Ué. Na dúvida, vai no banheiro. - diz Olaf

– Não estou falando disso. - resmunga Kristoff - A Anna. O que ela falou.

– Você não quer se casar com ela?

– Também não é isso! - exclama Kristoff, se levantando e começando a andar pelo quarto - Eu amo a Anna! Claro que eu adoraria me casar com ela!

– Então, qual é o problema?

– Foi só... o momento que ela disse isso. - o tom de voz de Kristoff parece inseguro e hesitante - É como se ela tivesse tomado essa decisão só pra contrariar o Hans.

– O cara das costeletas maneiras? - Olaf diz, enquanto se mexe na cama, fazendo ela balançar

– Ou então... pra fazer ciúmes nele.

– Ciúme é uma coisa muito feia. A Anna não faria isso. - Olaf se mexe de novo, e presta atenção no modo como a cama balançou

– Parte de mim quer acreditar que sim. Mas... eu não sei, tudo parece tão diferente. A Anna está tão distante... eu não sei o que ela pensa, não sei o que ela vai fazer...

– Mas você sabe que ela te ama. Isso não basta? - o boneco de neve começa a pular na cama, aumentando a altura pouco a pouco

– Bastaria, se não fosse pelo Hans.

– Olha, ele tem costeletas maneiras, mas ele não é um cara legal, né? - pergunta Olaf, enquanto pula cada vez mais alto, na cama - Tipo, ele tentou matar a Elsa e a Anna, não é?

– Mas ele salvou elas duas. E a mim. - diz Kristoff - Se ele não tivesse nos segurado, vocês teriam chegado com a corda tarde demais. Nós três teríamos caído.

– É... eu vou ter que concordar. - Olaf parece pensativo, mesmo enquanto pula na cama

– E agora, com a reação dele, eu não sei mais como ele se sente com relação à Anna, não sei como ela se sente com relação a ele... e se o que eles tiveram antes se reacender agora? E se ela tiver feito isso só... só pra tentar fugir desses sentimentos?

– Você fala muitas coisas más da Anna. Ela não faria i...i... - Olaf pula alto demais e sua cabeça se desprende, voando pelo quarto e indo parar nas mãos de Kristoff - ...isso.

– Se ela percebesse, não faria. - diz Kristoff, enquanto coloca a cabeça de Olaf em seu corpo - Mas se ela não percebeu...

– Olha... nós vamos voltar logo. - diz Olaf - A Elsa já descobriu de onde veio a mágica dela. Aí, você e a Anna vão se entender.

– Não sei... ainda tem coisas que a Elsa vai querer saber. Mas Olaf, uma coisa. - diz Kristoff, como que lembrando de algo - Pelo que ouvimos, talvez a mágica da Elsa seja alguma coisa maligna. E você foi criado com a mágica da Elsa. Você não deveria estar, sei lá... preocupado?

– Ué, por quê? - ele pergunta, intrigado - Eu sou mau?

– Não, é claro que não, mas...

– Então pra que me preocupar? - diz Olaf, com simplicidade

– Não sei, a maioria das pessoas que eu conheço estaria em uma crise existencial agora...

– Sabe, essa é a vantagem de não ter cérebro. - diz Olaf, enquanto deita preguiçosamente na cama de Kristoff - Quem tem cérebro pensa demais.

– É... e a Elsa tem cérebro. - diz Kristoff, com a expressão preocupado - Imagino como ela deve estar agora.

*

Elsa não está mais em seu quarto. Está em uma sacada, admirando a paisagem noturna das Ilhas do Sul, enquanto procura tranquilizar seus pensamentos cheios de confusões e amarguras. Sua confusão quase custara a sua vida, junto com a de Anna e Kristoff, então Elsa guardara pra si cada pensamento que lhe ocorria, principalmente porque também tinha que lidar com o ato imprudente de Anna.

– Faço votos de que sua Majestade Rainha das Neves Elsa tenha encontrado o que procurava. - diz a voz arrastada que Elsa desejaria nunca mais ouvir

Lady Hela vem até Elsa, caminhando em passos lentos, o sorriso habitual em sua expressão venenosa.

– Você sabia dessa história desde o começo. - diz Elsa, sem olhar para Lady Hela - Desde que me deu o floco de neve.

– Certamente conhecia. - diz Lady Hela - Eu não guardaria um pedaço de vidro ordinário, muito menos o esculpiria em um belo floco de neve, se eu não soubesse do que se tratava.

– Então por que não me contou desde o início?

– Ora, como eu disse antes... sua Majestade não acreditaria em mim. Precisava ver a resposta com os próprios olhos.

– Você pretendia que eu me olhasse nesse fragmento do Espelho Sombrio? - pergunta Elsa, pegando o floco de neve entre as mãos

– Oh, quanta injustiça... eu não faria isso. - diz Lady Hela - Mesmo porque o poder de refletir só é possível com o Espelho completo. Os fragmentos são carregados de magia profana, sim... mas não podem refletir a face das pessoas, ou corrompê-las.

– Então, por que fez tudo isso? - Elsa finalmente olha para Lady Hela - Por que sair das Ilhas do Sul e colocar essas dúvidas na minha cabeça? Por que me fazer descobrir a verdade?

– Tudo que eu desejo... - diz Lady Hela - ...é que Sua Majestade encontre seu lugar. É uma pessoa muito especial, que nasceu para a grandeza.

Elsa parece prestes a perguntar que tipo de grandeza era essa, mas adivinhando do que se tratava, se calou. Então, mirou o floco de neve que tinha em mãos... e o jogou pela sacada, erguendo a cabeça.

– Não importa de onde minha mágica veio. - diz Elsa, com firmeza - Não importa se é magia profana, se é a herança de uma força que incitava o mal. Não importa se algum demônio reencarnou em mim. Eu sou apenas Elsa, rainha de Arendelle, e mais ninguém. Não importa a origem de meu poder, eu não o usarei para o mal. É assim que vivi até hoje, e é assim que viverei. Nada mudou.

– Ora... - diz Lady Hela, batendo palmas - Meus parabéns, sua Majestade. Tal decisão revela uma grande força em seu caráter. E... talvez esse seja realmente seu lugar. Mas o que pretende fazer agora?

– Eu deixarei as Ilhas do Sul. - diz Elsa - Abandonarei esse lugar, para o qual nunca deveria ter vindo. Essa é uma terra que trouxe apenas o caos, para mim e para minha irmã. Amanhã mesmo, o mais cedo possível, voltarei para Arendelle e não mais voltarei aqui.

– Claro, claro... é o que parece mais certo. - diz Lady Hela - Porém... vir até aqui com a justificativa de assistir ao casamento do príncipe Adrian, e depois ir embora sem comparecer à cerimônia, após ter desfrutado da hospitalidade da família real, seria encarado como um insulto, não?

– Insulto por insulto, eu também fui insultada.

– Sim... mas sua Majestade sabe que a lei de “olho por olho” não funciona como se pensaria. Insulto chama mais insulto... até que chegará a um ponto no qual não será mais possível que haja uma relação entre Arendelle e as Ilhas do Sul. Certamente, sua Majestade pode cortar relações com as Ilhas do Sul... mas sua família veio daqui. Ainda que seja um reino independente... o peso das tradições que todos os seus antepassados honraram é tão leve, a ponto de não valer o gasto de algumas horas de cerimônia para mantê-las?

Elsa pesa as palavras de Lady Hela e suspira pesadamente.

– Certo. Assistiremos à cerimônia. E iremos embora imediatamente.

– Fico contente, Majestade. - diz Lady Hela, seu sorriso se alargando - Mesmo esse curto período de tempo pode render maravilhas...


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Notas finais do capítulo

E aqui está.
Eu ia colocar uma referência de Pokémon, ia fazer o Olaf falar uma citação do Mewtwo que se encaixava nesse contexto: "As circunstâncias do nascimento de alguém são irrelevantes. É o que você faz com o dom da vida que determina quem você é". Porém, não consigo imaginar o Olaf falando dessa maneira refinada, então... decidi deixar por isso mesmo.
Espero que tenham gostado, e até o próximo! =D
Nota: "Frikadeller" é uma espécie de almôndega, prato típico da Dinamarca. Pelo que pesquisei, a maioria das pessoas relaciona Arendelle com a Noruega, e as Ilhas do Sul como a Dinamarca. Devido a isso,coloquei essa pequena referência na história.