Frozen 2 - Faces de um Espelho escrita por Bardo Maldito


Capítulo 6
Capítulo V - A Origem


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de pedir desculpas pela demora em lançar esse capítulo. Aconteceram algumas coisas aqui em casa, fiquei meio atarefado, e percebi que comecei muita coisa que não sei se vou conseguir terminar. Mas essa fanfic é algo que eu VOU terminar, não será um projeto que abandonei, como tantos outros. E aqui vai mais um capítulo, que renderá muitas emoções.
Boa leitura!



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Elsa sai do castelo da família real das Ilhas do Sul. Com passos decididos, ela caminha na direção da montanha que Lady Hela indicou, na esperança de encontrar a tal velha xamã que pode lhe contar histórias que talvez revelem pistas sobre a origem de sua mágica. Suspirando, Elsa caminha na direção da montanha.

– ELSA!!!

Elsa para, e fecha os olhos, reconhecendo a voz. Anna está caminhando na sua direção, batendo os pés no chão.

– Anna... - começa Elsa, sendo logo interrompida por Anna

– O que você estava fazendo? E o nosso combinado? Você ia sozinha procurar a tal xamã, não é? - diz Anna, furiosa e indignada

– Eu... estou com um mau pressentimento. - diz Elsa - Temo que algo muito ruim possa acontecer. Quero ouvir as histórias que a xamã tem pra contar, mas... pressinto algo de ruim. Por isso... queria manter você em segurança.

– Elsa, pare de ser tão cabeça-dura. Se fosse pra eu ficar parada, eu teria ficado em Arendelle. - diz Anna - Se eu vim, foi pra te proteger. Por que só você pode me proteger, e eu não posso fazer o mesmo com você?

– Eu tenho medo. - diz Elsa

Anna suspira.

– Se não confiarmos uma na outra... o incidente de um ano atrás não terá valido de nada. - diz ela

Essas palavras parecem atingir Elsa. Ela suspira, e reflete que, realmente, ter passado tanto tempo sozinha a deixou paranoica... que ela fugir de Anna agora não seria muito diferente de quando fugiu de Arendelle para criar seu castelo de gelo. Ou quando se trancou no quarto por anos, sem ter nenhum contato com sua amada irmã. E... sabia que isso levaria ao sofrimento.

– Está certo, Anna. - diz Elsa - Vamos juntas.

Anna sorri.

– Porém... - continua Elsa - Você tem que me prometer que não será imprudente.

– Eu prometo. Agora... vamos! - diz Anna, puxando Elsa pela mão e correndo

As duas irmãs começam a correr, enquanto, de um arbusto próximo... surgem as cabeças de Kristoff, Sven e Olaf.

– Elas finalmente saíram. - diz Kristoff

– Elas querem ouvir histórias! Deve ser uma história muito bacana, pra valer todo o caminho até aqui! - diz Olaf, animado

– É... sem a menor dúvida, é uma história muito importante. - diz Kristoff

– Eu também quero ouvir! Vamos lá! - Olaf faz menção de sair do arbusto, mas Kristoff o segura

– Opa, calma aí. - diz ele - Elas não podem saber que estamos aqui, lembra?

– Ah, é... isso é um segredo. Mas espere! - Olaf diz, subitamente - Então, quer dizer que eu voltei a ser um agente secreto?!

– Ahn... o quê?

– Meu nome é Abraços Quentinhos. Olaf Que Gosta De Abraços Quentinhos. - Olaf diz, fazendo pose de agente secreto galã

Kristoff cobre o rosto com uma mão, enquanto suspira.

– Certo. Agora vamos.

Então, os três seguem Elsa e Anna, discretamente. Porém... não notam que não são os únicos que estão seguindo as duas. Um vulto desconhecido, que guarda uma adaga dentro de sua bota preta antes de começar a segui-las em silêncio.

*

Após um bom tempo caminhando, Anna parece exausta. Elsa está caminhando à frente, com sua elegância natural, enquanto Anna está apoiada em um pedaço de madeira, completamente suada, andando aos tropeços.

– Já... já estamos chegando? - pergunta Anna

– Eu não sei. Viemos procurar alguém que nem temos certeza se realmente existe. Talvez precisemos vasculhar a montanha inteira. - diz Elsa

– A montanha... inteira? - Anna larga o pedaço de madeira, encarando Elsa, chocada

– Já andamos um bocado. - Elsa observa todo o caminho que percorreram montanha acima. O caminho era difícil, e havia precipícios por toda parte... um passo em falso poderia representar a morte. Mais de uma vez, Elsa pensou se essa não seria a intenção de Lady Hela... mas se mantinha preparada para isso. Ainda que sua mágica fosse algo destinado ao amor, e não à dor, não hesitaria em usá-la para proteger a si mesma e a sua irmã.

*

Sem serem notados, Kristoff, Olaf e Sven as observam de longe.

– Eu não estou entendendo nada do que elas dizem. Podemos chegar mais perto? - pergunta Olaf

– Não. Se chegarmos mais perto, elas podem nos descobrir. - diz Kristoff

– Que chato... se eu fosse um agente secreto de verdade, eu teria algumas coisas legais... - ele tira seu braço e o coloca no ouvido, imitando uma corneta acústica - Elas não escapariam a nada, estariam em nossas mãos!

– Olaf, fique quieto! - diz Kristoff, voltando sua atenção para Anna e Elsa

*

– Poderíamos ter pedido um guia, ou algo do tipo. - diz Anna

– Não confio na família real daqui. - diz Elsa - Principalmente Lady Hela.

– Porém, você está seguindo um palpite dela. - diz Anna, enquanto se abana - Meu Deus, está tão quente... você não está sentindo esse calor, Elsa? Você deveria estar derretendo. Talvez literalmente.

– Minha mágica é o gelo. Eu sempre me sinto refrescada. - diz Elsa

– Ah, que conveniente... mas que calorão enorme... nem o verão em Arendelle é tão quente assim.

– VERÃO?!?!?!

O grito repentino assusta as duas. Elas são surpreendidas por uma senhora baixinha e gorducha, vestida em peles de animais misturadas com pedaços de tecido azul, e vários adornos feitos com ossos de animais.

– Como assim, verão? Está maluca, menina? - ela diz, com voz roufenha - Você não sabe que época do ano é a que estamos?!

– Ahn... bem, eu... - começa a dizer Anna

– É a PRIMAVERA! - a senhora abre os braços e gira, enquanto toma Anna pela mão e a puxa, levando-a para a beira do precipício, fazendo com que ela quase caia e se assuste, enquanto a segura firme - Olhe que paisagem linda! Isso é tudo a primavera, a mais bela das épocas do ano!

– Ah, é, é... muito linda! Agora, pode me colocar em segurança de nov... - diz Anna, enquanto a senhora a puxa e a gira, em uma espécie de dança semelhante a dança de salão

– Anna, tudo bem? - pergunta Elsa, preocupada

– Tudo bem, sim. Mas... espere. - Anna se volta para a senhora - A senhora é a xamã que mora nessa montanha?

– Anhé? Montanha? Ah, sim. A maaaaaaaaravilhosa montanha das Ilhas do Sul! - a senhora gira com os braços abertos, como que mostrando tudo ao seu redor

– Minha senhora... - começa Elsa - Viemos conversar com a senhora, porque...

– O inverno foi tãããããão demorado esse ano! - diz a velha xamã, erguendo os punhos para o céu, indignada - Mas adivinhe? A primavera SEMPRE vence o inverno, e traz toda essa maravilha que temos aqui! - a velha xamã pega uma flor branca do chão e, ágil, a coloca nos cabelos de Elsa

– Escute, minha senhora! - diz Elsa, arrancando a flor de seu cabelo, meio impaciente - Eu e minha irmã viemos aqui porque precisamos...!

– E olhe os animais! - ela abre os braços, atraindo na hora esquilos, coelhos e pássaros, que sobem na velha senhora - Eles me amam, eles amam a primavera, eles... QUEM VAI LIMPAR ISSO?!?! - ela grita, afugentando na hora todos os animaizinhos, e jogando fora um de seus mantos, que estava com uma mancha de cocô

– Ah, Elsa, não tire a flor. Ficou tão linda. - diz Anna, colocando novamente a flor branca entre os cabelos de Elsa

– Minha senhora! - diz Elsa, já começando a se indignar - Só peço um pouco de sua atenção, eu... eu quero ouvir uma história!

Isso prende a atenção da velha xamã. Ela se aproxima de Elsa e, olhando para cima para encará-la, diz:

– Você quer ouvir uma história?

– Sim, é o que queremos. - diz Elsa, aparentemente aliviada por finalmente conseguir a atenção da velha xamã - Escute, a senhora saberia algo sobre...?

– Mas eu vou contar TODAS as histórias pra vocês, garotas lindas! - diz a velha xamã, abrindo os braços e dançando ao redor das duas - Todas as histórias da primavera, todas as vidas, toda a cor, tudo, tudo tudinho!!!

– Mas... não é isso que queremos... - começou Elsa, mas era tarde: a xamã começara a cantar.

Foi um inverno tão longo que aqui se apresentou

Porém, nessa batalha, a primavera triunfou

Neve foi derretendo

E o frio foi se danar

Por isso, a primavera é de arrasar!

A estação mais bela do mundo

Melhor pra se viver

E tão formosa e bela de se ver!

Primavera!

Tão esperada e linda

Primavera!

Formosa e tão bem-vinda

Primavera!

Nem tão fria, nem tão quente

Vem para nos abraçar!

– Isso tudo é muito interessante, minha senhora. - começa Elsa, querendo chamar a atenção da velha xamã - Porém, o que nós realmente queremos saber é...

Tem o vento que refresca

E o sol pra aquecer

E as abelhas que preparam

O mel pra se comer

(enquanto cantava isso, a velha xamã coloca a mão dentro de uma colmeia e a tira lambuzada de mel, mas com abelhas saindo furiosas atrás da velha xamã, que acaba levando várias picadas)

Tem as ervas tão medicinais

Para a dor amortecer

E o céu é tão bonito de se ver!

Tem tanta beleza pra se apreciar

Só basta você notar

No chão e em toda parte há

Flores pra se cheirar!

– Ok, minha paciência está acabando. - diz Elsa, com uma expressão muito irritada

– Ora, relaxe, Elsa. Eu acho ela engraçada - diz Anna, com um risinho no rosto

– Se eu quisesse algo engraçado, contrataria um bobo da corte. Eu quero resp... - porém, antes que termine de falar, é puxada pela xamã

Tudo é tão lindo, tudo é azul

Na primavera das Ilhas do Sul

Tudo te aguarda pra você apreciar

Vem cá, menina, que eu vou te mostrar

Primavera!

Tão esperada e linda

Primavera!

Formosa e tão bem-vinda

Primavera!

Nem tão fria, nem tão quente

Vem para nos abraçar!

Enquanto isso, Kristoff, Olaf e Sven tinham conseguido se aproximar o suficiente para escutar, mesmo escondidos (o que não era tão difícil, pois a velha xamã cantava muito alto).

– Essa senhora é maluca. - diz Olaf, escondido - Gostei dela! Eu também adoro a primavera!

– Achei que você gostava do verão. - diz Kristoff

– Também! Mas olhe... ela canta tão bem, e fala tão bem, que... Primavera! Tão esperada e linda, Primavera! - ele também começa a cantar

– Tá, tá... agora fique quieto, antes que nos descubram. - diz Kristoff, voltando a observar

Belas flores e animais

Belos arranjos florais

A paisagem tão vistosa

E a beleza poderosa

Primavera vem trazer

Todo o meu, e o seu prazer

Primavera! Primavera!

Vem nos satisfazer!

– A-Anna! Me ajude! - exclama Elsa, enquanto é girada pela velha xamã, que parece bem animada

– Você está indo muito bem, Elsa! - diz Anna, enquanto ri, assistindo tudo

Pra quebrar a rotina

De um inverno gelado

Primavera

A poesia, e o romance

Que bela chance!

E se não gostou

De tudo que ouviu

Vou já te mandar pra...

Ver essa beleza!

Primavera!

Tão esperada e linda

Primavera!

Formosa e tão bem-vinda

Primavera!

Nem tão fria, nem tão quente

Vem para nos abraçar!

Após isso, a xamã solta Elsa, que sai rodando e, no meio disso, deixa cair o floco de neve que Lady Hela havia lhe dado.

Assim que a velha xamã vê o pedaço de vidro, arregala os olhos e se afasta, temerosa. Anna e Elsa notam isso.

– A senhora... a senhora está bem? - pergunta Anna

– O que... de onde tiraram isso? - pergunta a velha xamã, com a voz trêmula

– Era... era sobre isso que queríamos perguntar. - diz Elsa, um tanto aliviada de finalmente ser ouvida, mas sobressaltada e alarmada com o tom da velha xamã - A senhora conhece a história desse objeto?

– Eu... eu nunca poderia esquecer. - diz a velha xamã, sem tirar os olhos do floco de neve

Elsa o pega do chão. Em seguida, diz:

– Pode nos contar a história desse floco de neve?

A velha xamã suspira longamente, e então se senta com as pernas cruzadas. Anna e Elsa também se sentam, para ouvir.

“Foi há muitos, e muitos anos... muito antes dos seus avós, e dos avós de seus avós, e dos avós dos avós de seus avós. - ela começa - Há muitos e muitos anos... havia um demônio. Uma criatura que se tornou má e cruel como poucas criaturas no mundo podem ser. Dominada por inveja e mesquinharia, essa criatura queria tudo e todos... e queria o mal em tudo e em todos.

Para conseguir isso, ela usou da mágica mais cruel do mundo... e, a partir do gelo, criou o objeto mais horrível que jamais existiu. O chamado... Espelho Sombrio. Esse espelho não era um espelho comum, que refletia a imagem das pessoas... pelo contrário. Era um espelho vil e mesquinho, que refletia a imagem das pessoas... mas as refletia como más e frias, cruéis e egoístas, não importando o quão valorosas elas fossem. E, quando a pessoa enxergava o seu mal nesse espelho... a pessoa também se tornava assim. Egoísta, cruel.

Muito mal o demônio espalhou. Usando seu Espelho Sombrio, ele corrompeu e destruiu a vida de muitas pessoas. Transformou o bem em mal, transformou a saúde em doença, transformou a paz em guerra... transformou a vida em morte. Trazendo o mal, fez com que todas as pessoas transformassem tudo em suas vidas.

Mas o demônio era ganancioso. Ele não queria apenas corromper todos os humanos. Ele olhou para cima... e quis transformar a suprema bondade em suprema maldade.

O demônio foi até Oberon, o rei de todas as fadas, com a intenção de mostrar-lhe seu reflexo e transformá-lo em uma criatura má e mesquinha. O supremo ato de maldade, que corromperia tudo que há de bom nesse e em outros mundos.

Porém... foi demais para o demônio. A luz do rei Oberon foi tão forte que o demônio se ofuscou, e deixou cair seu Espelho Sombrio... que se espatifou em milhares de pedacinhos, alguns tão pequenos quanto um grão de areia. E esses pedacinhos se espalharam por toda parte, carregados da maldade do demônio que, a partir do gelo primordial, os criou.”

Elsa e Anna escutaram toda a história em silêncio, bastante perturbadas pelo relato. Quando a xamã termina, Anna olha para Elsa... e nota que ela está com os olhos arregalados, completamente chocada. E pensando exatamente o que Elsa sabia que ela estava pensando.

Kristoff, Olaf e Sven também acompanharam a história. E estavam tão chocados quanto as duas irmãs.

– Vem cá... Kristoff... - começa Olaf - Se o tal demônio criou o Espelho Sombrio com gelo, e a Elsa se sentiu próxima do floco de neve feito de vidro e gelo...então a Elsa...? - porém, antes que Olaf termine a frase, Kristoff tapa sua boca

– E... - Anna mal consegue erguer a voz - O que aconteceu com o demônio?

– Ele sobreviveu muito tempo... fez muitas maldades. - diz a xamã - Até finalmente ser morto pelo rei Filipe, o primeiro rei das Ilhas do Sul, que as unificou sobre esse nome. Porém... a maldade nunca morre definitivamente. E esse demônio pode voltar... de uma forma ou de outra.

Anna silencia. Elsa ainda encara, com os olhos arregalados. A xamã não tira os olhos dela.

Então, Elsa se levanta.

– Muito obrigada por sua história. Com sua licença. - então, Elsa começa a caminhar rapidamente para fora dali

– Ei, Elsa! Espera! - Anna corre atrás dela

As duas logo somem da vista da xamã. Porém, a xamã nota que havia algo pelo caminho que Elsa seguira. Pequenas manchas brancas que maculavam o verde da grama que cobria a montanha.

– Gelo...? - pergunta a velha xamã, para si mesma, enquanto olha os tais rastros

*

Elsa conseguia correr muito rápido quando queria. Anna a alcançara apenas um bocado depois.

– Elsa! Elsa! Me espere! - diz Anna, sem fôlego

Elsa finalmente para. Suas mãos estão fechadas e trêmulas, em uma mistura de sentimentos negativos.

– Elsa... escute, a xamã... a xamã pode estar errada. - diz Anna

– Errada?Não tem como ela estar errada, Anna! - Elsa se vira para Anna, com um olhar de desespero que transfigura seu rosto - Eu sentia, e ainda sinto, uma completa sintonia com esse floco de neve feito de vidro e gelo! E não é preciso ser nenhum gênio pra deduzir que esse é só mais um estilhaço do Espelho Sombrio! E se esse Espelho Sombrio foi criado com mágica maligna, e eu sinto uma sintonia, uma atração tão forte assim, a esse estilhaço... é porque essa magia é maligna, e está dentro de mim!Pode ser até que eu seja a reencarnação desse demônio, ou alguma coisa assim! Pode ser até que... que seja meu destino que...

Enquanto Elsa desabafa cada pensamento de desespero, o clima vai mudando aonde eles estão: não era um inverno gigante com o qual ela já cobrira Arendelle, mas o chão estava parcialmente congelado, e havia uma névoa cobrindo o ar. Pequenos flocos de neve voavam pelo ar. Como Elsa estava transtornada e confusa, sua mágica estava saindo de controle, e se manifestando no ambiente ao seu redor.

– Ahn... Elsa... - diz Anna, escolhendo bem as palavras - Cuidado, Elsa... você... você está se exaltando, e...

– Viu, Anna?! Até você tem medo de mim! - exclama Elsa, a expressão furiosa, provavelmente furiosa consigo mesma - Até você enxerga que meu futuro é destruição e maldade! Até você enxerga que eu nasci para fazer o mal! - enquanto Elsa diz isso, a névoa vai ficando mais densa, e o chão agora já está quase completamente congelado

– Não, Elsa! Eu não tenho medo de você! Elsa... - Anna parece não saber o que dizer por um instante, até que se lembra: - Lembre-se, Elsa. O amor é a chave. Não é?

– Amor?AMOR?!?! - Elsa grita, exasperada, enquanto dá um passo duro na direção de Anna, o que faz surgir um estalagmite de gelo no chão entre as duas - O que amor tem a ver com um poder que vem da escuridão e do mal?!?!

Surpresa com a manifestação da magia de Elsa, Anna recua... mas o chão de gelo a faz escorregar... e cair no precipício no qual estavam.

– Elsa!!! - grita Anna, quando começa a cair

Elsa, esquecendo de todo o resto quando vê sua irmã em perigo, corre e, se colocando na beira do precipício, agarra a mão de Anna.

– Elsa, Elsa! Não me deixa cair! Não me deixa cair! - diz Anna, apavorada e olhando para a queda de muitos pés de altura, abaixo dela

– Está tudo bem, Anna... vou te puxar... - diz Elsa, cerrando os dentes com o esforço

Porém, além do peso de Anna, Elsa também escorrega no gelo e vai cair do precipício... quando Kristoff, abandonando seu esconderijo, corre e agarra a mão de Elsa, segurando as duas irmãs, que balançam perigosamente, prestes a cair para o vazio.

– O quê...?Kristoff?! - diz Anna, incrivelmente surpresa - O que está fazendo aqui?

– Não tenho tempo para explicar... - Kristoff diz, que mal conseguia respirar com o esforço de segurar o peso de Elsa, que segurava Anna - Sven! Olaf! Eu trouxe uma corda na bolsa do Sven! Amarrem em algum lugar e tragam aqui, rápido!

– Tá, tá, tá! - diz Olaf, enquanto procura na bolsa que fica no lombo de Sven

– Anna, me... me desculpe. - diz Elsa - E perdi o controle, e...

– Esquece isso! Apenas... não me solte. - diz Anna

– Eu estou tentando... - diz Kristoff, o rosto vermelho com o esforço - Mas não sei quanto tempo aguento.

– Sven, Olaf! Rápido! - grita Elsa, exasperada

Porém, o desespero de Elsa faz surgir um novo estalagmite de gelo ao lado de Kristoff, que, sobressaltado, quase solta a mão de Elsa. Porém, embora tenha conseguido segurá-la ainda... escorrega no gelo e também cai para o vazio.

Porém, antes que os três caíssem para a morte certa... uma outra mão segura a de Kristoff.

A surpresa dos três não tem limites.

– Hans? - Anna diz, completamente aturdida - O que você...?

– Cale a boca, antes que eu me arrependa. - diz Hans, curvado com o esforço de aguentar o peso de Kristoff, que segurava Elsa e Anna

Porém, o peso era demais e o gelo era escorregadio, de modo que Hans também escorrega e parece prestes a cair do precipício. Porém, puxando uma adaga de sua bota, a crava no chão de gelo, se segurando a ela e ganhando segundos preciosos para segurar aquela frágil corda humana.

– Não vamos aguentar muito tempo... - diz Elsa, o rosto marcado com o esforço de segurar Anna

– Nem precisam! Aqui está! - Olaf finalmente surge, jogando a corda para o quatro, que se seguram a ela firmemente - Pode puxar, Sven!

Olaf e Sven haviam amarrado a corda a Sven, e então a passado por uma árvore. Então, puxando com força, Sven consegue puxar os quatro de volta para o chão firme.

Por um minuto, tudo o que os quatro conseguem fazer é respirar aliviados, enquanto recuperam o fôlego. Porém, assim que o susto passa, a situação parece estranha.

– Por que vocês nos salvou? - pergunta Anna

– Eu não salvei vocês. A corda salvou. - diz Hans

– Só depois de você ter aguentado nós três. - diz Anna - Por que você nos segurou?

– Eu... eu não sei. - diz Hans, a expressão se fechando novamente

– Como assim, não sabe?! - pergunta Anna - Você já tentou matar a nós duas antes! Por que não nos deixou morrer agora?!

– Eu já disse que não sei! - exclama Hans

– Não pode ter sido por causa de seu valoroso reino, não é? - diz Anna, em tom provocativo - Afinal, nós estávamos sozinhas aqui. E ninguém sabia que você estava aqui, também. Ninguém poderia te culpar. Então o quê? Será que alguém te prometeu um ducado, ou algo assim, em troca de nos entregar vivas, e pra isso você precisava de nós? Será que queria nos usar pra cair nas boas graças de seu pai? Será que...?

– Diabos, Anna! - Hans grita, furioso - Eu fiz isso porque eu quis! E não é como se eu desejasse o seu mal, ou o de Elsa! Não quero, e nunca quis verdadeiramente, que vocês tivessem que sofrer!

Todos silenciam. Tudo parece inacreditável... como ele podia dizer algo assim, quando ele tentou matá-las? Porém, seus olhos não parecem mentir, ele as encarava sério, embora muito irritado.

– Afinal, quem são esses dois? - ele diz, apontando para Olaf e Kristoff, que vira de passagem há um ano atrás, mas não chegara a conhecer

– Eu sou Olaf. E eu gosto de abraços quentinhos! - diz Olaf,sorrindo - E acho suas costeletas muito maneiras.

Kristoff abre a boca pra responder quem é... quando Anna, subitamente, vai até Kristoff e enlaça seu braço no dele.

– Esse é Kristoff. - diz ela - Meu noivo. Vamos nos casar em breve.

A declaração de Anna surpreende a todos. Elsa, Kristoff e Sven arregalam os olhos de surpresa. Hans recebe o golpe estoicamente, antes de apenas assentir e virar as costas.

– Tomem cuidado. Seria péssimo para as Ilhas do Sul se vocês morressem aqui, mesmo que ninguém pudesse ser responsabilizado por isso.

Então, Hans segue seu caminho a pé, guardando novamente sua adaga na bota. O silêncio domina a cena por um momento, com todos ainda exasperados. Quando Olaf quebra o silêncio:

– Casamento? Era um casamento-surpresa, que eu não podia ficar sabendo?


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Notas finais do capítulo

Coloquei novas referências aqui, mas bem de leve. Confesso que não sou um grande fã de 007, ou teria colocado uma referência melhorzinha.
Quanto ao nome da música que a xamã canta, o nome é "Beleza da Primavera".
Peço sempre que contribuam com sua opinião, digam o que gostaram, o que não gostaram, o que sentiram... peço pela opinião de vocês, é muito importante pra mim.
Até o próximo capítulo!