Frozen 2 - Faces de um Espelho escrita por Bardo Maldito


Capítulo 3
Capítulo II - A Sombra de uma Decepção Passada


Notas iniciais do capítulo

Aqui a história começa a tomar forma... nesse capítulo não tem música, mas no próximo terá com certeza.
Alguém notou a referência a Homem Aranha no capítulo anterior?
Boa leitura!



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A noite está bela. Elsa não decepcionou, a festa-surpresa de Anna está realmente incrível. Com enfeites de (oh, que surpresa) gelo espiralando em cristais fantásticos e admiráveis, que encantam ao olhar, Elsa se superara: era uma verdadeira artista do gelo e da neve. Anna também não decepcionou nem um pouquinho, conseguiu dramatizar uma grande surpresa fingida (gritou tão alto de emoção que Kristoff deu um pulo). E chegaram convidados de toda parte, nobres de diferentes cortes, para desejar felicidades à princesa Anna de Arendelle. Anna está com a boca doendo de tanto sorrir, principalmente porque, com essas visitas, não era permitido que ela se exaltasse, tendo que responder com palavras simples e educadas, quando sua vontade era abraçar pelo pescoço cada pessoa que vinha lhe desejar felicidades.

Porém, esse momento passou logo, graças a Deus. E todos estão dançando na festa, pares que fazem uma pintura incrivelmente agradável.

Anna está de pé, observando a dança, com Kristoff ao seu lado. O jovem fora metido em uma roupa de gala, que parece incrivelmente desconfortável pra ele, se coçando por toda parte.

Então, Olaf surge diante dos dois.

– Anna, olhe! Elsa estragou tudo, contou o segredo pra todos! - ele diz, exasperado

– Olaf, tá tudo bem. - diz Anna - Já não precisa manter segredo.

– Não, é? Então, feliz aniversário! - Olaf abraça Anna, que dá palmadinhas em sua cabeça, sorridente - Então, quer dizer... que eu não sou mais agente secreto?

– Desculpe, mas não. - diz Anna

– Ah... foi bom enquanto durou. Mas agora que não sou mais agente secreto... quer dançar, Anna?

Kristoff, ao ouvir isso, olha na direção de Olaf, e em seguida para Anna. A expressão parece tensa.

– Desculpe, Olaf, mas não sei dançar muito bem. E estou meio cheia, comi chocolate demais. - Anna diz, com simplicidade

– Ah... então tá! Vou dançar sozinho! - ele diz, se encaminhando para o meio dos convidados

– Mas Olaf, como você vai dançar valsa sozi...?

Mas ele nem ouve Anna, entretido em dançar à sua própria maneira.

– Ai, ai... esse Olaf. - Anna diz, sorrindo. Em seguida, nota a expressão de Kristoff - O que houve, Kristoff? Não me diga que ficou com ciúmes do Olaf.

– Não, não, é claro que não. - diz Kristoff - Mas... ele falou em dançar... eu não deveria te chamar pra dançar?

– Oh... - diz Anna, rindo - Está tentando parecer um cavalheiro para os convidados, digníssimo senhor Kristoff?

– Não, não é isso. É só que... bom, a Elsa até me deu essas roupas, pra eu poder comparecer à festa, e... não sei, eu acho que é algo que eu tinha que fazer. Por você. Era o mínimo, não?

– Sabe que você tem razão? Então, vamos!

Anna pega Kristoff pela mão e o conduz para o meio da área aonde estão dançando. Em seguida, toma uma das mãos de Kristoff entre a sua, e põe a outra mão do jovem em sua cintura, enquanto deposita sua outra mão sobre o ombro do parceiro. Então, começam a dançar, girando lentamente no mesmo lugar... mas Kristoff realmente não tem o menor jeito para a coisa. Tropeça nos próprios pés toda hora, e por pouco não pisa no pé de Anna. Após algumas tentativas, todos os olhos dos convidados já estavam neles.

– Anna, essa foi uma idéia ruim. Vamos parar. - diz Kristoff

– Não seja bobo, nós mal começamos. - responde Anna

– Mas olha, estão todos de olho em nós. - e não era mentira, havia vários olhares neles, que se divertiam com a situação dos dois, e com as péssimas habilidades de Kristoff como dançarino

– Eles podem olhar o tanto que quiserem. Não tenho vergonha de você, e nunca vou ter. - Anna dá um beijo em Kristoff, retomando a dança em seguida

Até que, em um movimento mais ousado, Kristoff acaba soltando Anna sem querer, e com o impulso do movimento, ela acaba espiralando por entre os convidados, até trombar com alguém

– Ai... desculpe, foi sem que... - começa a dizer Anna, para em seguida arregalar os olhos de surpresa e choque

Quem se virara e a encara agora é ninguém menos que Hans, príncipe das Ilhas do Sul. E, possivelmente, a pessoa que Anna mais odeia no mundo.

Há um ano, durante a cerimônia de coroação de Elsa, Hans e Anna se envolveram romanticamente, e o jovem príncipe chegou a pedi-la em casamento, fato que levou Elsa a se descontrolar e expor seus poderes a todos. Mas Hans não amava Anna: só estava interessado em casar-se com Anna para depois livrar-se de Elsa e ser o novo rei de Arendelle. E quase teve êxito, ao abandonar Anna pra congelar até a morte, e quase matando Elsa com uma espada. Após esses crimes, foi preso e enviado novamente para as Ilhas do Sul, de onde supostamente nunca mais sairia...

Mas ali está ele.

Hans encara Anna igualmente surpreso. Porém, no instante seguinte, Hans lhe dirige um olhar duro, que poderia ser encarado tanto como um olhar de raiva quanto como um olhar de mágoa. Em seguida, Hans sai, e se junta a dois outros convidados: um homem grande e gordo, com uma cabeça começando a perder boa parte de seu cabelo ruivo e um ostensivo bigode, e uma mulher alta e magra, de pele levemente morena e com um cabelo negro preso em um coque.

– Anna? Está tudo bem com... o que houve?

Kristoff a alcança.

– Eu... eu já venho. - responde Anna, fazendo menção de sair

– Mas... espera, Anna. O que houve? - pergunta Kristoff

– Nada, eu só quero um tempo sozinha.

– Mas... Anna, você não está bem, o que aconteceu? - pergunta Kristoff, segurando o braço de Anna

No momento que Kristoff segura o braço de Anna, a princesa se desvencilha de sua mão e grita, furiosa:

– JÁ DISSE QUE NÃO É NADA! PARE DE ME SUFOCAR!

Kristoff a encara com o olhar arregalado. Em seguida, Anna começa a caminhar rapidamente, quase correndo, e acidentalmente trombando com alguns convidados no meio do caminho.

Elsa, enquanto isso, estava conversando com regentes de reinos próximos, quando viu sua irmã correndo, com uma expressão no rosto que ela conhecia muito bem: a mesma expressão de angústia que já tivera por tantos anos, trancada em seu quarto, e que imaginava em Anna toda vez que ouvia sua voz convidando-a para construírem um boneco de neve juntas. Seguindo o caminho dela com o olhar, viu o príncipe Hans, e entendeu tudo.

– Se os senhores me dão licença por um instante, há um assunto que tenho que cuidar... me perdoem, logo estarei de volta. - diz Elsa, educadamente, antes de caminhar na direção que Anna tomou

Kristoff ainda estava parado no mesmo lugar, confuso e aturdido demais pra tomar alguma atitude. Elsa passou por ele enquanto caminhava elegante, mas rápida.

– Por favor, Kristoff. Deixe que eu fale com Anna primeiro. - e, sem esperar resposta, Elsa segue o caminho que Anna tomou

Kristoff fica observando, com um visível conflito interno dentro de si.

Então, Olaf surge ao seu lado.

– Relaxe. Está tudo bem, ela só deve ter ficado nervosa. - diz o boneco de neve - Sabe, tem um período no mês que as mulheres ficam completamente malucas... dura uns trinta dias, mais ou menos.

Então, Olaf olha toda a confusão de convidados que foram atingidos pela dança e pela fuga desabalada de Anna.

– Uau, você realmente dança MUITO mal. - diz Olaf

*

Elsa caminha até chegar a uma varanda, em cujo parapeito Anna está apoiada, olhando para o horizonte. A paisagem de Arendelle é realmente linda. Mas Elsa consegue ouvir os soluços da irmã.

Com calma, Elsa caminha até a irmã, parando ao seu lado.

– Eu trouxe bolo. - diz Elsa, colocando no parapeito um pequeno pratinho com uma fatia de bolo de chocolate recheado, com um grande morango em cima

– Não quero comer. - Anna responde, a voz embargada pelas lágrimas

Um silêncio se segue entre as irmãs.

– É por causa do Hans, não é? - diz Elsa

– Por que ele está aqui, Elsa? Como ele teve a audácia de pisar em Arendelle novamente?Ele tentou me matar, tentou matar você... ele brincou com meu coração... por que... - ela se vira furiosamente para Elsa - Por que você convidou ele?!

– Anna, fique calma. Eu não convidei ele. - diz Elsa - Acontece que as Ilhas do Sul formam um reino que possui uma aliança muito forte com Arendelle. Nossa própria família veio de lá. E um reino não pode ser todo responsabilizado pelas ações de seu príncipe, principalmente porque o rei das Ilhas do Sul me garantiu que ele seria severamente punido por seus crimes. O convite era para a realeza das Ilhas do Sul, mas eu nunca pensei que eles fossem mandar Hans.

– Isso é injusto, Elsa. Como ele tem coragem de vir aqui? - Anna diz, os dentes cerrados, lágrimas escorrendo por seu rosto - Eu tenho vontade de pegar a cara dele e... e socar até... até ele ficar tão feio que nem a mãe dele o reconheceria! - Anna esmaga o pedaço de bolo que Elsa trouxe com o punho

– Anna... - Elsa abraça a irmã - Eu sinto muito. Não foi minha intenção. E pode ter certeza que isso não ficará assim. O rei das Ilhas do Sul terá que me explicar direitinho essa história.

Anna enterra o rosto molhado de lágrimas no ombro da irmã, a abraçando também.

– Desculpe ter achado que você convidou ele, Elsa... - diz Anna, entre lágrimas - Eu... não acho que eu possa voltar pra festa agora.

– Tudo bem, Anna. - diz Elsa - Eu falo com o Kristoff.

– Kristoff... é,eu fui muito grossa com ele,não fui?

– É melhor que fale com ele sobre isso.

– É,eu vou fazer isso. Vou pedir desculpas. O Kristoff não merece que eu trate ele desse jeito.

– Faça isso amanhã. Vá para o seu quarto, deixe que eu cuide dessa situação. Amanhã você se entende com ele.

– Tá bem... obrigada, Elsa. - Anna abraça Elsa mais uma vez, antes de tomar o caminho de seu quarto

Elsa caminha pelos corredores, suspirando e ainda se lembrando da expressão de Anna, de suas lágrimas molhando seu ombro. Até que ouve uma voz arrastada e levemente sarcástica:

– Espero que não tenha ocorrido nenhum problema, Sua Majestade.

Elsa se vira e vê a mulher de pele morena e cabelos negros que estava conversando com Hans, a encarando com um olhar sarcástico e malicioso.

– Oh, que ousadia minha não me apresentar. - diz a mulher - Sou Lady Hela. Conselheira-mor do reino das Ilhas do Sul.

– Ilhas do Sul? Ótimo, é bom que eu a tenha encontrado longe de outros convidados. - diz Elsa, a voz contendo quase nada de sua fúria - Além de terem chegado atrasados à festa, o que impediu que eu conseguisse evitar essa situação deplorável, como o reino das Ilhas do Sul teve a audácia de enviar o príncipe Hans para o aniversário de minha irmã? Aquele criminoso brincou com o coração de minha irmã, e tramou o assassinato de nós duas! Ele não é bem-vindo em Arendelle!

– De fato, de fato... - diz Lady Hela - Eu sinceramente lhe ofereço as minhas mais sinceras desculpas, Sua Majestade, Rainha da Neve Elsa. Porém... Sua Majestade, o rei Kai das Ilhas do Sul, ordenou especificamente para que príncipe Hans viesse a Arendelle.

– Isso é um completo insulto! - diz Elsa, furiosa e indignada - Depois desse ultraje, exijo que o próprio rei venha até aqui prestar contas de suas ações!

– O rei Kai ordenou justamente que o príncipe Hans viesse para apresentar desculpas formais por seus crimes passados. - diz Lady Hela - E também... para, como forma de compensação, convidar Sua Majestade, Rainha da Neve Elsa, para assistir à cerimônia de casamento do príncipe Adrian, herdeiro do trono das Ilhas do Sul.

– É muita audácia mesmo... - Elsa dá as costas a Lady Hela - Diga à Sua Majestade, Rei Kai, que a Rainha da Neve Elsa não está interessada. Que se ele quiser conversar, que venha pessoalmente, e mantendo a serpente peçonhenta chamada príncipe Hans bem longe de Arendelle!

– É uma pena... - diz Lady Hela, em um tom falsamente triste - Eu acredito que Sua Majestade Elsa adoraria as paisagens das Ilhas do Sul. Tanta vida, tantas belezas naturais... tantas respostas...

Elsa para de caminhar.

– O que você quer dizer com “tantas respostas”? - pergunta Elsa

– O quê? Oh, nada... as Ilhas do Sul são uma terra curiosa. - diz Lady Hela, sorrindo ironicamente - E, como Sua Majestade certamente sabe, seus antepassados vieram de lá. Talvez as Ilhas do Sul possam lhe dar respostas que Arendelle nunca poderia.

– Respostas sobre o quê? - indaga Elsa, rispidamente

– Talvez sobre a sua própria natureza. Talvez sobre todos os mistérios e dúvidas que habitam seu coração. Talvez sobre... quem você é.

Elsa nota que começam a surgir minúsculos flocos de neve de sua mão. Mesmo quando estava com raiva, se ela estava decidida, tudo estava sob controle. Mas quando fica indecisa ou com dúvida, pode se descontrolar.

– Eu sou Elsa, Rainha de Arendelle. - diz Elsa, com simplicidade

– Rainha da Neve de Arendelle, se me permite a audácia de corrigi-la, Sua Majestade. - diz Lady Hela, se deliciando com suas palavras - Não possui curiosidade de saber de onde vem seu curioso dom?

– E por que a resposta para isso estaria nas Ilhas do Sul? - indaga Elsa

– Como sabe, sua real família veio das Ilhas do Sul. E as Ilhas do Sul guardam muitos segredos. Mas se minha palavra não lhe basta... - Lady Hela entrega a Elsa um pequeno pedaço de vidro semelhante a gelo levemente escurecido, esculpido na forma de um floco de neve artisticamente trabalhado - Esse pequeno pedaço de mistério pode lhe trazer todas as respostas que procura.

Em seguida, Lady Hela caminha pelo corredor, enquanto Elsa examina o floco de neve. Era belo, mas além disso... sentia algo de diferente nele. Uma espécie de sintonia, algo como se estivesse ligado a ela, como se ela tivesse o criado. Uma sintonia semelhante à que sentia com relação a Olaf, e também que sentia quando estava no castelo que criara no meio da montanha gelada. Mas... nunca havia estado nas Ilhas do Sul. Como Lady Hela possuía algo assim?

O rei Kai certamente fora audacioso em mandar Hans para Arendelle. Um insulto que certamente não poderia ser esquecido. Mas... poderia tratar disso indo pessoalmente até as Ilhas do Sul. Assim, aproveitaria para também investigar o que Lady Hela insinuara.

Porém... o que Anna pensaria disso?

Elsa balança a cabeça. Pensaria nisso mais tarde.

Por ora, tinha que voltar para a festa e se comportar como uma rainha.


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Notas finais do capítulo

Já terminei metade do próximo capítulo,e não estou com sono,mas estou muito esgotado pra fazer a próxima música. Se não, eu já terminava agora e postava.
Estou animado. Fazia muito tempo que eu não escrevia tanto assim. Espero estar agradando. Como eu disse, críticas são sempre bem-vindas.