Unbroken escrita por Annia Ribeiro


Capítulo 42
R U Mine?


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que vcs querem me matar, mas fico muito feliz por isso não ser possível já que vcs estão do outro lado da tela. A todos que torceram por mim eu só tenho que agradecer muuuito. Eu consegui vaga na federal, mas por ser longe e eu ser menor de idade e essas coisas eu fiquei na particular aqui na minha cidade mesmo, mas graças a Deus eu consegui bolsa integral!!!
Fiquei um bom tempo sem word - ainda estou, bosta - e isso me desanimou a postar, mas agora cá estou trazendo o terceiro último capítulo de Unbroken. Está acabando queridinhos e vocês não vão gostar do final.
Só digo uma coisa: pro inferno Percy morrendo depois aparecendo e Annabeth descobrindo está grávida e depois perdendo - ou não - o bebê. Aqui não tem espaço para clichês, e eu sei que vcs vão ficar muito puta comigo pelo o que eu vou fazer.
Enquanto isso, aproveitem os tempos de paz!
Beeijos!



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― Percy Jackson

Uma semana depois.

Eu não poderia acordar de jeito melhor do que acordar ao lado de Annabeth. A loura dormia tranquilamente ao meu lado, a cabeça aninhada em meu peito e um braço jogado despreocupado em minha cintura, sua respiração era lenta e silenciosa. Com as pontas dos dedos tracei uma linha imaginária de sua testa até seu queixo, sentindo sua pele macia afundar um pouco com meu toque. Era parecia tão frágil e vulnerável... mas só eu sabia o quanto aquela garota era quase que blindada, o quanto que nem eu consegui perfurar sua fortaleza de ferro. Até hoje, por enquanto.

Ela era um furacão... mas eu não era uma garoa, como diz o famoso livro de John Green (não que eu leia essas coisas de adolescentes, Piper que vive citando o tempo todo frases desses romances). A verdade é: eu preferiria muito ser uma garoa, eu deixaria que ela fosse o furacão, mas as coisas não acontecem do jeito que queremos.

Ela é o furacão e eu sou o terremoto e juntos conseguimos destruir tudo a nossa volta, menos nós mesmos.

Agora estávamos definitivamente juntos, tipo, namorando sério. Era algo estranho, mas forte o suficiente para que ela tivesse minha fidelidade. O que também é algo estranho, convenhamos. E eu confiava nela... o que não tenho nem palavras para dizer o que isso é. Porque eu, após ser traído tantas vezes por pessoas que nem imaginava, não conseguia sequer depositar confiança em um cão.

Meu pai se sentiu extremamente culpado pelo o que aconteceu e pediu desculpas por tudo. Pelo o que aconteceu com Scott, por tê-lo enfurecido o negando como filho, por ter traído minha mãe, por me tratar como lixo. Ele pediu perdão por tudo, ainda no seu leito do hospital. Talvez eu devesse ficar feliz, mas não estava, apenas uma partezinha do meu ego estava aliviado e uma parte do meu coração havia tinha se livrado de um peso. Mas, nada adiantou, as palavras deles não adiantou de nada em seguida, pois ele os médicos não conseguiram salva-lo. Ele ficou bem por um tempo, mas depois ocorreu complicações que o levaram para a morte. Exatamente duas semanas após o resgate, onde levou um tiro de seu próprio filho. O bastardo deserdado.

Após a morte do meu pai eu praticamente fechei a nossa casa, joguei lençóis nos móveis e coloquei a venda. Iria morar num apartamento no centro, perto da empresa, ou no Olympic Club para cuidar melhor do lugar. O único cômodo que funcionava era meu quarto, mas nem esse era o mesmo de antes. Havia jogado muita coisa fora, coisa que não me era útil na nova vida que teria a partir de agora. Nunca pensei que as coisas mudaria após a morte de meu pai, pensei que apenas melhoraria sem aquele velho para me encher o saco, mas agora percebo que me sinto perdido por ter responsabilidade, por ter que agir. Era isso então, eu iria tomar o lugar de meu pai na empresa da mulher que me odeia. Eu sei que teria que conquistar Atena, mas o que eu realmente queria conquistar eu já conquistei: sua filha.

― Por quanto tempo você está acordada? – perguntei, surpreso ao olhar para baixo e perceber que Annabeth me olhava, sorrindo de lado.
Seus olhos cinzentos estavam claros... pareciam um azul bem fraco, cheio de trovões cinzentos. Ela era tão bonita sem toda aquela maquiagem pesada, sem as sombras pretas cobrindo as pálpebras e o batom vermelho.

― Por um tempo, estava apreciando o raro momento de ter ver pensando – ela zombou, inclinando a cabeça e selando nossos lábios levemente, antes de se afastar. Ela me encarou, sorrindo de lado e acariciou meu rosto com carinho ―Feliz aniversário, amor.

Dou um sorriso de lado, mas acho que saiu algo similar a uma expressão de desgosto. Eu não gostava de meu aniversário. Na verdade, 18 de Agosto era uma data vazia para mim, e embora eu lutasse para que ela se tornasse uma data normal meus amigos sempre me arrastavam para algo comemorativo contra a minha vontade. Geralmente, isso me deixava feliz, bares, mulheres, bebida de graça... até que essa parte não era tão ruim assim.

― Obrigada, mas esqueça qualquer plano que sua cabeça estranha esteja formulando, não vamos fazer nada hoje – digo, preguiçosamente, esticando os braços e o deixando atrás da cabeça.
A garota se sentou, me olhando com uma expressão forçada de tédio. Então, sua expressão se metamorfoseou em malícia e zombaria.

― Que pena... meus planos para hoje era ficar nessa cama e... você sabe – ela disse, cínica, me atiçando.

E funcionou muito bem, minha imaginação já começava a trabalhar escandalosamente...

― Percy! – ela gritou, estralando os dedos na frente do meu rosto e rindo.

Annie jogou seu corpo para o lado, deitada de barriga para cima na cama. O lençol fino que a cobria havia escorregado no ato, dando-me uma bela visão de seus seios sustentados pelo sutiã.

―Será que você pode parar de fantasiar um pouco? – ela bronqueou, rindo. A leveza em sua voz era impressionante... na verdade, tudo que ela fazia nessas duas últimas semanas tinha um toque de leveza e naturalidade, sem aquela nuvem de energia em torno dela. Eu não sei... pensei que todas essas coisas dos últimos meses poderiam destruí-la por completo, mas percebo que ela ficou forte, tão forte que eu não poderia citar algo que pudesse abalar aquela garota novamente. Isso era até preocupante.

― Me desculpe, então, o que quer fazer?

―Vamos ter um dia normal, feliz, alegre e divertido.

― Só isso? – eu perguntei, franzido o cenho desconfiado.

―Sim, só isso. Eu sei muito bem o quanto é ruim fazer aniversário, sei como esse dia é quase como um velório. Então vamos começar na piscina...

― Com sexo??

―Não... meu Deus! Quer dizer... sei lá... não me interrompa! – ela gaguejou entre os risos. ―Depois almoçamos, fazemos o que você quiser...

― Sexo, claro – eu disse, fazendo uma careta de obvio, apenas para fazê-la rir mais. Ela cobriu minha boca com sua mão, fazendo uma falsa careta de reprovação.

―E a noite vamos sair para jantar ou para algum pub e essas coisas.

― Não tenho nem direito de escolher, é meu aniversário!

― Tem sim, mas eu sei que você não vai mudar nada – ela deu um sorriso de lado, dando um salto na cama e indo para o banheiro do meu quarto, lançando uma piscadinha para mim antes de entrar.

Se eu considerasse meus aniversários e tivesse que escolher qual foi o melhor, aquele dia ganharia em disparada. Passamos a manhã toda na piscina interna no Olympic Club (e aproveitamos o fato de que estava vazia por ser dia de semana); almoçamos num restaurante árabe, pois Annie disse que tinha nojo de comida árabe (então eu a obriguei a comer, claro). O resultado, no entanto, não foi nada legal, pois assim que terminamos Annie foi correndo para o banheiro vomitar e eu fiquei rindo igual a um idiota enquanto ela almoçava um hamburguer em outra lanchonete. A tarde Annabeth inventou de jogar vôlei na praia, é claro que eu nem pude protestar. Reunimos toda a turma e mal jogamos uma hora e meia, porque digamos que todos são meio sedentários.

― Cara - começou Leo, se virando para mim ― Eu tenho pena de você. 20 anos. Tá um idoso.

Revirei os olhos, deitando a cabeça no colo de Annabeth que tomava sol ao lado de Piper. A loura deu um tapa na minha cabeça, reclamando que eu estava cobrindo o sol dela eu tive que voltar a deitar a cabeça na areia.

― Valdez, sou dois anos mais nova e não sou uma idosa - reclamou Annie, levantando um pouco a cabeça para olhar para mim e para Leo com uma cara que parecia encarar alguém a desafia-la. Ela voltou a se deitar, virando a cabeça para o outro para fofocar alguma coisa com Piper.

― Valdez, porque não vá comer a Calipso? - indaguei, jogando areia nele sem nem olha-lo. O ato não ficou barato, ela juntou um montinho de areia e jogou em cima de mim, mas também pegou em Annabeth e Piper que se sentaram furiosas por ter entrado areia nos olhos e boca dela. Eu e Valdez caímos na gargalhada e nos levantamos quando vimos que Piper a Annabeth estavam se levantando nos fuzilando.

Minutos mais tarde começamos uma guerra estranha de areia, e corremos para a água, tentando chegar aonde Calipso e Jason surfavam. Viramos as pranchas deles e saímos correndo rindo deles emergindo tossido e mandando a gente se foder. Sai correndo - ou quase isso - na água em direção de Annabeth e a peguei no colo, ouvindo a risada melodiosa da garota em meus ouvidos. Pressionei meus lábios nos dela, iniciando um beijo molhado e salgado.
Algo se chocou contra meu corpo, derrubando eu e Annabeth totalmente dentro da água com um grito. Rapidamente volto para a superfície, vendo Jason com a prancha de surf rindo e fazendo cara de vômito.

― Percy, o aniversário é seu, então o normal é que eu faça uma surpresa, não acha? - protestou Annie, pela milhonéssima vez. Mulher consegue ser muito chata quando está curiosa e contrariada, então comecei a achar que devia ter colocado um pano na boca dela e não nos olhos.

― Se continuar sendo uma má garota, terei que castiga-la - respondi, batucando os dedos no volante enquanto esperava os carros a minha frente se tocarem de que o sinal já abriu e que eles podem andar.

― Desde que não envolva chicote ou qualquer coisa idiota relacionada a 50 tons de cinza - ela respondeu com desgosto. Dei uma risada e disse que obvio que não.

Depois da praia havíamos ido ao cinema ver esse filme na primeira sessão do dia (tive que insistir muito para a loura ir ver, por fim ela acabou cedendo após uma chantagem). Como o filme já estreou a semanas, a sessão estava quase vazia e ainda por cima ficamos na última fileira, propositalmente.

Por fim estacionei e desliguei o carro; peguei uma mochila no banco de trás antes de abrir a porta e ouvir os protestos de miss independente de Annabeth. Abri a porta dela, segurando sua mão para ajuda-la a sair do carro. Assim que ela parou em pé ao meu lado, segurei a cintura delicada dela para conduzi-la melhor.

― Desisto de perguntar onde está me levando - ela disse, enquanto eu a conduzia para dentro de um prédio. Eu sabia que ela não desistiu nada, e eu estava certo, pois assim que entramos no elevador ela estava novamente perguntando em que inferno estávamos indo.

Beijei a testa dela, rindo e me deliciando com a curiosidade e irritação dela. O elevador abriu e eu a conduzi para fora, andamos mais alguns corredores e por fim paramos numa porta branca elegante. Respirei fundo e olhei para ela, segurando sua mão.

― Pronta? - perguntei, abrindo a porta com meu cartão de acesso. Empurrei a porta com o pé, e me coloquei atrás de Annabeth, vendo-a balançar a cabeça positivamente respondendo minha pergunta. A empurrei para o hall da porta e tirei a venda de seus olhos.

Voltei a ficar ao seu lado, segurando sua mão e a conduzindo para dentro, vendo a boca da garota aberta de surpresa. Era realmente incrível aquele apartamento, a decoração, a sala, os móveis... era tudo de bom gosto - certamente não fui eu que escolhi nada - e bem arrumado. Simples, de fácil acesso, elegante. Sorri, fechando a porta do apartamento e vendo Annie explora-lo, indo da varandinha até a cozinha, banheiro e quarto. Também tinha uma sala de estar, escritório e área de serviço. E só; basicamente era isso o apartamento.

― Percy, que incrível, eu adorei! Estou tão feliz por você - ela disse, encantada, e veio me abraçar. Apertei seu corpo magro em meus braços, erguendo-a alguns centímetros do chão.

― Irei me mudar semana que vem, pois algumas coisas ainda estão em construção - disse, a puxando para a varanda que tinha uma bela vista para a cidade. Eu não aguentava mais esperar; não podia aguardar até depois da jantar ou até rolar um clima, eu precisava perguntar antes que eu explodisse de ansiedade e agitação.

Mas eu também estava nervoso. Morrendo de medo. Poderia acontecer tantas coisas e eu me sentia uma marica imaginando tantas coisas ruins acontecendo. Não conseguia colocar na minha cabeça que a pior coisa que ela poderia fazer é dizer não. Respirei fundo, bagunçando o cabelo e olhando a paisagem.

― Quer um calmante? - ela perguntou, me abraçando de lado. Sua voz calma e delicada quase conseguiu me tranquilizar. Quase. Não acho que nada conseguia acalmar meu coração nesse momento.
Sorri de lado e me afastei dela, fazendo-a ficar de frente a mim.

― Annie, eu preciso que você tenha mil por cento de certeza de que eu te levo a sério. Que eu levo a nós a sério. Sei que você não confia muito em mim por causa de como eu era, não vou dizer que mudei, mas a única coisa que preciso que você nunca duvide é que agora a única garota da minha vida é você - cocei a cabeça, olhando para ela com aquela expressão de quem não sabe se está falando algo certo e errado. Por sorte ela só ficou olhando para mim, esperando que eu prosseguisse. Aquilo era mais difícil do que eu imaginava, nunca imaginei que ficaria sem jeito na frente de uma garota. ― Teve uma vez que você reclamou das garotas que ficavam me 'comendo' com o olhar, e eu respondi que não tinha culpa de ser tão irresistível, ai você me bateu e disse que iria comprar uma coleira com o seu nome. Eu sei que é estranho, mas esse momento me deu uma ideia... - parei de falar para procurar algo em meus bolsos, que não lembro exatamente em qual eu coloquei.

― Espere... Você comprou uma coleira com o meu nome? - ela disse num tom divertindo, segurando a risada. Revirei os olhos e ri, por fim encontrando uma caixinha no fundo do bolso.

― Claro que não, comprei uma para você com o meu nome - respondi, com um sorriso de lado. Até então Annie ainda não tinha visto a caixinha, sabia que eu estava com algo na mão, mas não sabia exatamente o que era. Suspirei e olhei para a garota; ela estava quase quicando de curiosidade, parecia a ponto de me atacar para que eu falasse logo ― Eu sou seu... e agora eu preciso saber de uma coisa. Você é minha?

A pergunta a pegou de surpresa. Ou talvez toda a minha frase. Eu não estava brincando, estava falando com o tom mais sério que eu conseguia, eu queria que ela sentisse a verdade em minhas palavras, que ela percebesse que não foi algo da boca para fora ou apenas algo bonito. Foi algo pensando, algo que martelou na minha cabeça por dias.

― Sim - ela respondeu, quase sem ar.

Estendi a caixinha na direção dela, abrindo e revelando dois anéis de prata. Olhei para a garota, vendo-a ficar pálida e quase cai na gargalhada, ao invés disso apenas tratei de me adiantar a falar:

― Só quero deixar tudo mais sério, e Piper falou que anéis de compromisso era uma boa jogada - soltei um pequeno riso anasalado, esperando uma resposta negativa da garota. Aliais, não era apenas isso que eu queria perguntar para ela. A última pergunta era realmente a que mais me aterrorizava.

― Quem é você e o que fez com Percy Jackson? - ela perguntou, rindo. Seu sorriso estava radiante e ela pegou a caixinha nas mãos para analisar. ― É lindo, eu adorei - ela disse, deslumbrada. Não sei se era coisa da minha cabeça, mas acho que vi um rastro de tristeza passar no rosto dela por alguns segundos. Ela me abraçou forte e eu peguei a caixinha, tirando os anéis dali e mostrando o que estava escrito dentro de cada. O meu estava escrito "Sabidinha" e o dela "Cabeça de Alga".

A conduzi novamente para dentro do apartamento, e me preparei para o pior. Respirei fundo e a olhei.

― Annie, eu preciso te perguntar uma coisa - fiz uma pausa para acalmar minha respiração; parecia que meu coração havia se metamorfoseado num beija-flor. E isso definitivamente foi a coisa mais gay que eu já pensei na minha vida. Annie desviou o olhar do anel em seu dedo e me encarou com seus enormes olhos cinzentos; fitando-a com todo essa expectativa dentro de mim percebo o quanto eles são assustadores. Lindos, claro, mas davam medo. E isso foi a segunda coisa mais gay que já pensei.

― Quer que eu te bata para as palavras saírem logo? - ela perguntou, sorrindo de lado e se jogando sentada no sofá. Ri e me sentei ao seu lado, pegando sua mão. Me lembrei de como eu realmente sou, ou pelo o que menos o que dizem que sou: confiante, decidido, direto, sem medo do perigoso ou de palavras. Respirei fundo e vesti essa máscara; era uma parte boa de mim que eu não poderia perder.

― Não precisa - respondo e em seguida varro a sala com o olhar ― Sei que sua faculdade vai começar mês que vem - falo cuidadosamente; Annabeth fica um pouco pálida e sua mão treme na minha. Não sei o motivo, ela pareceu ficar tensa. Precisei ignorar isso para que minha coragem não fossem embora. ― E bem, esse apartamento fica entre São Francisco e Stanford, perto do campus da sua faculdade. Eu tive que trancar meu curso porque vou me empenhar nos negócios da empresa e do Olympic Club, e bem... acho que você não precisa mais ficar morando com sua mãe... então, bem, eu queria perguntar se você aceitaria morar comigo...

Me senti rídiculo. As palavras saíram um pouco descontextualizadas e embaralhadas, e no fim acho que Annabeth não conseguiu entender direito a proposta já que estava me olhando como se tivesse acabado de pedir para que ela dançasse funk no Dia de Ações de Graça. Ficamos alguns minutos em silêncio e eu já estava começando a me conformar com o não, o que eu havia a pegado de surpresa e sobrecarregado o cérebro dela. Mais um tempo se passou e percebi o quanto eu fui patético. Estava fazendo papel de palhaço.

― Hm... acho que foi uma ideia idiota. Não precisa responder - eu disse, me levantando do sofá e caminhando até a cozinha para tirar a comida que comprei para jantarmos.

Eu sabia que não devia estar irritado, mas eu estava. Não podia culpa-la por não querer morar comigo, mas não é como se fosse a coisa mais difícil do mundo. Eu provei para ela que mudei, provei de todas as maneiras imagináveis que aquilo era sério. Sem perceber, minhas mãos tiravam a comida italiana com desnecessária brutalidade de dentro da sacola, amassando um pouco a embalagem. A mão de Annabeth tocou a minha com leveza e hesitação e eu olhei para ela. Podia jurar que ela tinha chorado, mas agora ela parecia bem equilibrada e fora do seu transe.

― Me desculpe, você me pegou de surpresa... eu... eu não sei o que dizer Percy. É maravilhoso, mas não posso... - ela disse, perdendo o fôlego no final. Piscou algumas vezes, baixando o olhar e eu me odiei por ficar com raiva. Respirei fundo e a abracei de lado. Não sabia o que dizer, de certa forma ainda estava um pouco chateado. Havia comprado e decorado aquele apartamento pensando inteiramente nela, no gosto dela, do jeito que ela sonhava... Criei espectativas de mais. ― Me desculpe... - ela sussurrou de novo.

Suspirei e tentei a afastar levemente de mim. Seus olhos estavam carregados, cheios de sentimentos que eu nunca conseguiria entender.

― Por que? - perguntei. Eu precisava saber. Precisava saber se era porque ela não confiava em mim.

Ela molhou os lábios, desviando o olhar; juro que estava procurando alguma resposta para aquela pergunta. Quando ela finalmente respondeu, sequer olhou em meus olhos.

― Não sei se você pode me entender, mas tem coisas na nossa vida que não mudam assim... quero dizer, eu sou maior de idade, mas isso não significa nada... eu... eu não tenho emprego, preciso terminar a faculdade, dependo financeiramente da minha mãe e não posso sair de casa e ir morar com você, ela nunca aprovaria. Eu quero assumir a empresa depois dela... por enquanto talvez não seja a hora de isso acontecer. Percy, eu queria muito que você entendesse... ela controla minha vida. Embora eu faça pequenos atos de rebelião, ela sempre vai tomar decisões com rumos mais drásticos... - eu estava totalmente atônito; Annabeth realmente estava chorando e soluçando a minha frente e eu não conseguia fazer nada. Eu também não estava entendendo nada. Ela estava chorando porque a mãe não a deixaria morar comigo? Isso é motivo para chorar? Não sei de mais nada, só que garotas são bem loucas as vezes. ― Me desculpe, me desculpe, eu não posso fazer nada. Não tenho coragem... me desculpe.

O rosto de Annabeth estava ficando vermelho, parecia com raiva. E cada vez mais eu entendia menos do que ela falava. O nó na minha cabeça estava cada vez maior. A única coisa que eu consegui fazer foi leva-la para cama e faze-la se acalmar. Ainda sim, ela não conseguiu dormir, muito menos eu.


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Notas finais do capítulo

Deixe seus comentários pois eles são muito importantes para mim, sempre os leio e os guardo dentro de mim, inspirando meu lado escritora. Procuro responder todos quando tenho tempo e inspiração.
Agradeço a todos pelos comentários e acompanhamentos, essa é minha primeira fic séria e significa muito para mim, pois é como um desafio alcançado. Finalmente o primeiro romance escrito, planejado, postado. Obrigada a todos por não me deixarem desistir de Unbroken ❤



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