Unbroken escrita por Annia Ribeiro


Capítulo 4
Improbable




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"Sun in the sky. It's a new day. And you know how I feel"

Não saímos pela porta da frente (que dava para a rua), e sim pela de trás, que dava para a praia. Não sei o motivo de ele ter fez isso, porém, ainda sentia-me sem energia para tentar rebater. Só queria ir logo para casa.

– Acho que você já pode soltar minha cintura, Thalia não está mais nos vendo para você tentar faze-la sentir ciúmes – digo, tirando seu braço de mim com uma agressividade exagerada.

– Não ligo para Thalia – ele disse, sorrindo de lado maliciosamente. Aquele sorriso era tão cafajeste que dava vontade de soca-lo.

– Ela é louca.

– Ela é louca – ele repetiu - Ela só é boa na cama, mas no resto é bom manter longe. Não vê que eu não quero nada sério com ela?

– E com ninguém – complementei.

– E com ninguém – ele repetiu

– Sabia que é um saco você repetir tudo oque eu digo? – falo, irritada, olhando para frente e continuando a andar ao seu lado.

– Interessante saber disso, mudou minha vida. Vamos falar de algo interessante. Sabia que você é muito linda?

Meu rosto pegou fogo com o elogio (acho) inesperado. Mas eu não sabia ainda se a vermelhidão que eu adquiri era de raiva ou de vergonha. Ele parou de andar e eu me virei para ele, com os olhos em chama, e não era no sentindo bom.

– Bom ver que a cor voltou ao seu rosto, fica mais bonita assim – ele continuou, dando um passo para ficar perto de mim. Suas mãos alcançaram meu rosto, alisando-o. Seus olhos sem brilhos me encaravam. E eu percebi que seu sorriso continuava malicioso. Ele era um cafajeste mesmo, um idiota, um galinha. Fiz a primeira coisa que veio em minha mente: chutei as bolas dele.

– Eu não acredito que você está dando em cima de mim no meu primeiro dia na cidade! Você é um idiota. Aprenda: eu nunca vou ficar com você, eu nunca vou facilitar para você ficar comigo, eu nunca vou ser qualquer uma.

Deixei o garoto ali, sentindo suas dores, e andei furiosa o restante do caminho para casa. Quando abri a porta, não olhei para ver se Percy ainda estava ali. Foi a última vez que eu o vi naquela semana.

***

Piper estava se acabando de ri da história que eu estava narrando, sobre como o Percy deu em cima de mim e de como eu dei um belo chute em suas partes sensíveis. Já havia passado uma semana do ocorrido, era um lindo sábado ensolarado e eu e Piper estávamos tomando um banho de sol na praia, pois como ela disse, eu estava parecendo uma vela.

– Ele é um idiota, Annie, um de meus melhores amigos, mas um idiota – ela disse, colocando o óculos de sol no rosto – Eu o conhecia superficialmente desde pequeno, e antes ele era diferente, depois que mãe dele morreu ele começou a mudar. E acho que o pai fez algo que ele não gostou, e assim ele começou a ter uma relação horrível com tio Poseidon, que é tão legal.

– Nada justifica, experiência própria – digo. Muita coisa já aconteceu comigo, mas nem por isso eu havia me transformado numa puta.

– Eu sei – ela disse, virando o rosto para mim.

Meu coração falhou. Eu me sentei depressa e olhei para ela, os olhos arregalados por trás da lente escura do óculos.

– S-sabe? – engasguei.

Ela sabia de tudo? Minha mãe havia contado tudo para Afrodite? Fiquei desesperada, sem saber oque falar. Não, não, não, ela não poderia saber.

– De algumas coisas, que minha mãe contou. Que você viu seu pai morrer e teve uns problema de pânico, e também que tinha um namorado que morreu – ela disse cautelosa, percebeu que estava pisando em ovos – Apenas isso.

– Um namorado que morreu? – perguntei, tentando manter-me calma.

– Sim – ela confirmou.

Bem, pelo menos minha mãe contou as partes que todos sabiam, as piores partes ela deixou omitida. Graças a deus aquela mulher ainda tem um pouco de sanidade na cabeça. Tentei voltar ao meu controle, mas estava difícil. Minhas mãos tremiam um pouco.

– Se quiser conversar sobre isso... – ofereceu Piper, calma.

– Não me leve a mal, mas esse é um assunto complicado. Quando nos tornarmos amigas de verdade poderemos conversar sobre isso – digo, olhando para frente. No mesmo momento me arrependi do jeito que falei com Piper. Ela tinha sido super legal comigo, e nesses dias em que eu vim para cá ela me ligou todos os dias e conversamos um pouco. Ela não merecia ouvir aquelas palavras, o problema era meu e eu não devia descontar nela. – Me desculpe, é muito complicado para mim esse assunto. Eu estou aqui em São Francisco para tentar esquecer tudo que aconteceu em NY, mas tudo insiste me lembrar o passado.

– As vezes também sinto isso – ela disse, num suspiro, voltando a olhar para o céu, mas acho que seus olhos estavam fechados – Quando minha mãe se separou de meu pai, eu queria muito ir com ele... prefiro ele do que a minha mãe, só que minha mãe ganhou minha guarda e proibiu que meu pai me vesse, só podia manter contato por telefone. Só porque ele é famoso.

– Seu pai é famoso? – perguntei, casualmente. Me deitei novamente, agora de costas.

– Sim, o grande Tristan McLean. Eu queria que ele fosse apenas Tristan McLean, ele é muito legal e divertido, gostava de me levar pra praia pra surfar e fazer piquenique – o jeito de como Piper falava do seu pai, fez meu peito arder. Fazia-me lembrar de meu pai, que sempre me levava para passear em seus aviões incríveis, pelos quais era doido. Ele comprava livros para mim e me defendia das paranoias de minha mãe. Se tivesse que escolher, também escolheria meu pai.

– A vida nunca é fácil – digo, não sabendo muito bem oque dizer – Bem, pelo menos seu pai está vivo, você ainda pode vê-lo escondido e aos 18 anos morar com ele. Sua mãe não vai te impedir – dou uma risada fraca, mas percebi a dose de humor negro que havia usado ao formular a frase. Oh, céus, isso acontecia contra minha vontade – Me desculpe, as vezes não tenho controle do que eu digo.

– Tudo bem, problemas emocionais fazem parte do complexo que é a puberdade, logo irei contar os meus – ela sorriu docemente e eu fiquei imaginando que problemas aquela garota poderia ter. Nenhum, não é? Ela era perfeita! Até querendo ser feia, ela conseguia ser linda.

– Piper! – gritou alguém masculino ao longe.

Piper se sentou, mas eu continuava de olhos fechados, viradas de costas para o sol, saboreando oque era ficar bronzeada (e não gostando muito, para variar, eu me sentia um frango assado).

– Oque foi, Percy? – Piper disse, um pouco irritada – Eu não disse que era só garotas aqui nessa área hoje?

– Como se eu quisesse estar aqui – ele disse, bufando – Só vim entregar um negócio que Jason pediu.

– Desde quando você entrega coisas para Jason?

– Desde que ele falou que vai desenrolar a Rachel – ele disse. Eu continuei parada, fingindo não estar nem ai para a conversa deles. Não era da minha conta.

– E porque Jason não me entregou pessoalmente?

– Para de ser chata caramba, toma logo isso – ele disse, impaciente.

Cansada daquela posição, eu me sentei, olhando o moreno de bermuda e regata branca a minha frente. Piper tinha um envelope vermelho em mãos.

– Oi para você também, Percy – eu digo, tirando os olhos do rosto e colocando no topo da cabeça. Ele me ignorou.

Sim, ele me ignorou. E quando digo isso eu quero dizer que ele se virou e foi embora! Desgraçado. Não que me incomodasse, só achei desrespeitoso, somos vizinhos, oras.

– Uau, que climão – disse Piper, olhando Percy ir caminhando para Malibu.

– Espero que ele não tenha ficado tão chocado por ter levado um pé na bunda de uma garota pela primeira vez, quer dizer, pé no saco – nós duas rimos por um momento, mas logo eu disse séria – Eu não vou pedir desculpas, ele mereceu, e ele nem é meu amigo para fazer falta.

– Mas ele faz parte do grupo de seus novos amigos...

– Quase novos amigos – a corrigi.

– É, quase novos amigos. É só questão de tempo para o pessoal conhecer você de verdade. E acho que Percy ficou muito chateado pelo pé no saco que você deu nele, ele nem comentou da sua bunda, mas eu vi que estava se segurando – nós duas rimos de novo e foi bom para variar. Fazia tempo que eu não ria de verdade.

Piper abriu o envelope e ficou um bom tempo o encarando, dava para ver que estava se contendo para não chorar. Oque será que Jason fez? Pelo oque ela me falou, ela era desde sempre louca por Jason, mas ele nunca deu muita bola para ela, e nas duas últimas semanas eles estavam ficando. Piper gostava muito dele, dava para ver.

– Está explicado porque ele não veio me entregar – disse Piper, mordendo o lábio e virando o rosto para o mar, como se estivesse escondendo seu rosto.

Peguei a carta de suas mãos e comecei a ler. Jason ia dar uma festa amanhã na fraternidade de sua universidade só para seu grupo de amigos. O porquê fazer um convite para uma festa informal eu não sei, mas Piper parecia um tanto quanto abalada com a novidade.

– Eu não vou, nem pensar – declarou Piper.

– Porquê Piper? Ele te convidou! – eu perguntei, não entendendo mais nada.

– Ele me convida, mas eu sei que ele nunca quer que eu vá nessas festas, ele me convida porque o Percy e Thalia pedem, pois eu faço “parte” do grupo, mas eu já ouvi ele dizendo para Thalia que não queria que eu fosse – ela desabafou.

Aquilo realmente só reforçou a minha ideia de que o amor é uma merda. Amor não vale a pena. Uma vida que não é dedicada ao amor é automaticamente dedicada ao sucesso. Devia ter algum método de curar Piper desse delírio.

– Ele é um idiota, Piper, mas se ele te convidou, vá. Fique poderosa a mostre a ele quem é Piper McLean – eu digo, tentando levantar o astral de minha nova amiga.

– Se fosse fácil... bem, só vou se eu tiver minha única amiga comigo – ela disse, olhando esperançosa para mim.

– Melhor não – eu digo.

– É o melhor jeito de fazer parte do grupo! E foi assim que o Leo entrou para o nosso grupo, o Jason o conheceu e o chamou para uma dessas festas. Na verdade, são mais como reuniões, porque Jason não gosta de muita gente porque é sinônimo de muita bagunça.

– Vou pensar, juro.


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Notas finais do capítulo

Heey... estou gostando de ver vocês comentando, mas não é o bastante. Vamos desenvolver coisas mais legais, nada de "continua" "legal" "que maneiro", quero saber do que vcs estão gostando! poxa, é tão facil e rápido escrever. NÃO PERCAM O PRÓXIMO CAPÍTULO!
Comentem!



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