Unbroken escrita por Annia Ribeiro


Capítulo 29
Lovers




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– Pare de negar! Eu sei que tem algo entre vocês dois, simplesmente percebo quando tem uma química – repete Silena, pela milionésima vez na noite. Eu estava sentada no sofá junto com Silena, um pouco afastada dos garotos que se divertiam no vídeo game; Afrodite foi para o quarto trabalhar depois de ter me mostrado as fotos de Silena.

Bufo novamente e reviro os olhos, encarando Percy e me perguntando como que Silena poderia achar que eu tenho uma química com aquilo.

– Não tem nada entre nós dois, juro. Só ficamos algumas vezes, mas não quero nada por enquanto e sabe... ele é meio que roubada – comento, ainda encarando o moreno, com um ar de reprovação.

– Que nada! Percy é muito maneiro, ele é um amor de pessoa, gentil, cavalheiro, honesto, leal aos amigos. Ele é romântico também, sempre ajudou Charles com algumas coisas, tipo me pedir em namoro e noivado, presentes e etc. Olha como você está olhando para ele! Que lindinho! – Silena sorri docemente, segurando o queixo com uma das mãos enquanto olhava para mim.

Balanço a cabeça negativamente e forço meus olhos a desviar do moreno que está desleixado no sofá, sem se preocupar com a postura. Ele parece bem à vontade naquela casa, assim como na presença de Charles. Bem, se o namorado de Silena está hospedado na casa de Percy sem dúvidas eles são muito amigos.

– Estamos falando da mesma pessoa? – pergunto, com sarcasmo.

– Pare de usar esse tom defensivo. Tudo bem, Ann, sei que no começo é difícil... Por que você não dá uma chance a ele?

– Por que ele não merece.

– Você nunca deu oportunidade para ele mostrar o lado bom dele, vamos lá.

Faço um biquinho, cansada de ter que aturar aquele papo ridículo. Uma coisa é eu desejar mentalmente o moreno e ficar pensando nele, outra é uma guria que acabou de conhecer ficar te jogando para cima dele.

– Já dei muitas oportunidades para ele. Que parte do que ele quase me matou você não entendeu?

Silena dá uma risadinha, mas não se sente ofendida em nenhum momento. Será que ela sempre é essa coisa melosa? Silena, de certa forma, é um amor de pessoa e sabe usar as palavras, mas isso irrita, por que ela sempre está certa.

– Ah, para, são apenas histórias para a diversão futura. Mas tudo bem, já que você não quer admitir que vocês tem química vou deixar esse assunto quieto.

Dou um sorriso por finalmente me livrar do assunto constrangedor. Abraço Silena, me despedindo para subir e dormir; estou cansada e o ambiente já não me é mais agradável, tudo que preciso é dormir igual a um panda e acordar só quando Piper chegar. Despeço-me rapidamente dos meninos com um breve ‘tchau, até mais’ e subo as escadas correndo.

[...]

Minha camisa que às vezes uso para dormir é grande e cobre metade das minhas coxas. Ela é preta e o logo de uma banda antiga está estampado na frente; eu gosto dela porque é confortável. Estou de frente ao enorme espelho, com os cabelos jogados para frente e preso num rabo de cavalo bem encima da cabeça, quase perto da testa. Uma tesoura está em minha mão e um pente na outra, prontos para agir. Antes do jantar eu já estava pensando em cortar o cabelo e agora que havia pegado uma tesoura emprestado com Afrodite eu poderia realizar meu ato de rebeldia, minha verdadeira iniciação como uma pessoa tipicamente californiana.

Escovo os cabelos deixando-os alinhados de frente ao meu rosto e tento passar a tesoura em linha reta. Os anéis dourados caem no chão cada vez mais, formando um montinho louro suficiente para fazer uma peruca.

Irei guardar esse cabelo e doar esse cabelo para crianças com câncer, é a coisa mais digna que poderia fazer com o desperdício de quase 20 cm de cabelos jogados fora.

Quando acho que já está bom eu largo a tesoura na cômoda e tiro o elástico que prendia meu cabelo, o soltando e o jogando para trás. Penteio calmamente os fios, ajeitando-os e me encarando com o novo visual. Meus cabelos caiam na altura dos ombros, num ondulando dourado perfeito e leve.

Adeus aparência de criança. Olá aparência californiana.

Guardo o cabelo caído no chão, tendo cuidado de não embola-los e depois continuo conferindo o novo visual, abobalhada com o quanto eu havia ficado diferente. Me sinto estranha, quase que nua sem o véu dourado cobrindo minhas costas, sem o peso de meu cabelo. Fico tão leve que parece que a qualquer momento irei voar.

A porta se abre e um Percy confuso e desnorteado entra.

– Ahn, desculpe, Silena disse que essa era a porta do banheiro – ele parece estar falando a verdade, já que coça a nuca como se realmente estivesse confuso com a situação.

– É, ela deve ter se confundindo, é na próxima porta – digo, encarando-o pelo o espelho.

Ele franzi o cenho, tentando digerir minha nova aparência.

– Nossa, você ficou tão... diferente desse jeito – ele diz, olhando para meus cabelos. Percy dá alguns passos para mim e passa os dedos em meus fios, com um sorriso. – Ficou mais madura, linda, sexy. Mas... – ele balança a cabeça negativamente, endurecendo a expressão – Tenho que ir, tchau.

– Divirtam-se – disse a voz de Silena perto da porta, antes da mesma se fechar e o barulho de porta se trancando poder ser ouvido – E se entendam.

Risinhos e depois silêncio.

– OQUE?! – eu e Percy dizemos.

– Silena abra essa porta! - gritei, esmurrando a madeira até meus punhos doerem.

– Afrodite! Charles! - gritou Percy. O garoto bufou, socando a parede. - Puta que pariu! Eles não vão abrir a porta.

– Arrombe-a!

– Não!

Estou abismada com o que acabou de acontecer. Silena me trancou mesmo com Percy?

O moreno parece ficar preocupado; vejo-o trincar o maxilar como se tivesse se controlando.

Olho para seus olhos. Verdes. Um mar aberto totalmente inexplorado e misterioso, com um redemoinho que consegue tragar até as mais fortes das embarcações.

Estou trancada com Percy e meu autocontrole não vai sobreviver a isso. Imagino que o do garoto também não.

Ele é minha perdição. Minha ruína.

Mas eu o aceito.

O aceito por que eu quero experimenta-lo. Quero saber de uma vez por todas se existe mesmo ou não essa química entre mim e ele. Esse tipo de coisa que nos faz sempre nos encontrar, que brinca com meus pensamentos.

– Já dormirmos juntos uma vez e eu não te fiz nada, se quiser nada vai acontecer de novo – ele diz, cortando o silêncio constrangedor. Continuo o encarando, as engrenagens de meu cérebro trabalhando a mil por hora. Se quiser nada vai acontecer de novo.

– Você está trancado com uma loura nova iorquina e está pensando em dormir? – digo, surpresa pela voz ter saído tão indignada.

– O que você quer que eu faça, Annabeth?! – ele perguntou, confuso.

– Não sei, faça algo!

– O que?

– Para de ser lerdo, caramba! – dou as costas para ele, respirando várias vezes. Quanto mais difícil isso parece, mais eu quero.

Eu sou uma garota estranha.

– Só acho não sou bom para você. Está claro que todo mundo quer o príncipe, tipo o Leo, para você e não o vilão.

– Que metáfora ridícula – digo, dando um risinho pelo nariz. Volto para aonde estava, de frente a ele – Mas aqui vai uma pior ainda: Para sua sorte eu prefiro os vilões porque eles carregam as histórias nas costas. Sem o vilão, o príncipe e a princesa viveriam felizes, casados e entediados para sempre. Então eu prefiro o vilão.

– Você é pior ainda em metáforas.

– Foda-se.

Olho para ele e ele me encara de volta. Faíscas verdes e cinzas, numa guerra contra poder.

Decido não deixar que aquele idiota tome iniciativa, pois quero ter mais poder, então eu mesma seguro-o pela barra da camisa e o puxo para mim, colando nossos lábios desesperadamente, clamando por sentir novamente o gosto dele na minha boca.

Passo a mão pelo seu peitoral por baixo da blusa e paro nas costas, onda arranho enquanto ele retribui meu beijo.

Eu o quero, e ele me quer. E é isso que ele sempre desejou.

Estou errada, precipitada e louca, mas minha escolha está feita. E não há como voltar atrás.

– Annabeth... – ele sussurra, entre meus lábios, suas mãos hesitantes em minha cintura. Separo nossos lábios, mas continuo colada a ele. Se eu me afastar e encarar seu rosto talvez eu perca a coragem. – Tem certeza?

Não posso responder essa pergunta. Sei que qualquer coisa que eu responda vai ser mentira. Eu não tenho certeza, mas também tenho. É uma contradição que nem eu mesma consigo entender.

Enterro minha boca eu seu pescoço, revezando entre mordidas e beijos, até subir na sua orelha, onde percebo que é um ponto onde o garoto perde o controle.

Ele me joga na cama, o que faz com que a minha blusa vá parar acima da minha barriga, deixando a mostra minha calcinha amarela com o rosto do Bob Esponja. Me sinto imediatamente envergonhada, meu rosto adquirindo uma coloração gritantemente vermelha. Cara, isso é tão broxante.

Percy dá uma risada e sobe em cima de mim, deixando o seu corpo apoiado apenas nos cotovelos enquanto se inclina para mim.

– Não é muito sexy, mas podemos dá um jeito nisso – ele sussurra em meu ouvido.

Balanço a cabeça, bufando e beijo novamente seus lábios, o abraçando.


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