Unbroken escrita por Annia Ribeiro


Capítulo 17
Thought Glass


Notas iniciais do capítulo

GENTE, MIL PERDÕES PELO CAP ANTERIOR! Sério, eu vi aqui e tava cheio de errinhos, sorry. Eu não revisei e quando li novamente ontem eu vi que tinha erros (mas fiquei com preguiça de editar, então continua errado) husahhsua. Esse cap tá curtinho, pq tem uma surpresinha e algo diferencial, para vcs pararem de achar que o Percy é um completo babaca (ok, ele ainda é). Espero que gostem, xoxo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/496717/chapter/17

"And while you're outside looking in describing what you see
Remember what you're staring at is me"

– Por onde quer começar? – pergunto, depois que ele permanece tempo demais mergulhado num incomodo silêncio.

– Por nós – ele diz, soltando minha mão e olhando para a sacada.

Não existia nenhum nós, e nunca iria existir, mas porque ele insistia tanto? Ele sabia que meu coração se encontrava congelado, incapaz de ser derreter por meras palavras, gestos ou beijos. Eu não queria mais isso, não agora. Eu só queria paz. Quando uma pessoa se decepciona ela se priva de alguns sentimentos para impedir que passe pela situação novamente. Isso é bem claro e clichê no meu caso. Mas essa é a verdade, nua e crua. Então, porque ele insistia?

– Eu não sou tão insistente com você só porque eu quero te levar para cama – ele sorri de lado – Mas isso também é um motivo também, porque você é muito gostosa e tudo o mais... mas, não é apenas isso.

– Claro que não, tem aquela aposta idiota, lembra? – sorri com sarcasmo, me arrependendo de ter ido ali. Tinha-me esquecido dessa parte. Da parte que eu era apenas uma aposta.

– Pensei que você era mais inteligente, não teve aposta alguma. Não acredito que você realmente deu ouvido ao que Thalia disse. Talvez... – ele parece desnorteado por laguns segundos, e logo se coloca de pé - É uma péssima ideia você estar aqui. É melhor você ir embora.

Ele estava rígido agora, com uma expressão que poderia dar medo. Por que ele se importava? Minha raiva por ele está se tornando ódio. Ódio. Queria calar a boca dele com um tapa, para ele parar de falar comigo daquela forma. Como se a culpa fosse minha se ele não explicasse nada e agisse igual a um idiota.

– Eu não acredito nela, mas também não acredito em você. Não vou embora, me conte tudo – olho para ele furiosa. Uma tempestade completa: céu e mar. Eu posso sentir uma briga de ondas revoltas e nuvens carregadas. Infelizmente aquele mar era atraente até demais...

– Oque eu fiz para você não acreditar em mim?

– Na verdade, você não fez nada para eu acreditar em você – respondo de maneira obvia.

– Annabeth, vai se ferrar. Já que não vai ajudar, não atrapalhe. Não tenho tempo para suas complicações, então vai parar de bancar a durona e meu ouvir?

Surpreendo-me pelo tom que Percy havia usado, que automaticamente havia feito me ficar quieta. Eu nunca havia Percy agir de maneira tão bipolar; e o fato de estarmos trancados numa suíte não ajuda em nada.

– Estou esperando, estou te ouvindo – digo, olhando para tudo qualquer canto menos para ele.

Por fim acabo fechando os olhos e abraçando um travesseiro, enquanto minhas costas encostam-se à madeira da cama e espero que ele comece a falar. Eu devia ter ido embora, eu sei, mas era um magnetismo forte me puxava para ficar e ouvir oque ele tinha a dizer. Maldita vontade de sempre saber de tudo. Maldito imã que sempre leva para aquele moreno.

PoV – Percy

Eu estava com aquilo entalado na minha garganta desde ontem, quando eu tinha planos de contar para a garota a minha frente o que, de fato, eu queria dela. Agora, Annabeth estava ali. Teimosa, irritada e, como sempre, durona. Ela não dava o braço a torcer e ás vezes agia de forma infantil, deixando nossa relação com uma elasticidade anormal. A garota sempre estava pronta para me confrontar, sempre com uma resposta na ponta da língua para tudo. Isso é irritante. Mas eu gostava.

Na verdade, tudo que eu mais odiava naquela garota era também o que eu mais era encantado.

Principalmente o fato de ela me dá vários foras e parecer pouco se importar comigo.

Embora ela exigisse que eu contasse tudo, isso é algo que não posso fazer. Demoraria muito tempo e eu tenho a consciência de que Thalia Grace está me esperando na minha suíte a alguns corredores daqui. Ela havia deixado a obsessão de lado e me ajudado a chegar aqui.

Controlo a raiva que eu sinto de Annabeth nesse momento. A raiva que sinto de tudo e de todos. Depois que ela disse que não confiava em mim foi a gota d’água. Ela estava ali apenas para me fazer perder tempo. Não andava no assunto e continuávamos empacados na mesma questão. Ela só complicava, só complicava. Que bom saber que a promessa que ela fez, no primeiro dia dela na cidade, era verdadeira. Nunca ia facilitar para mim.

– Eu gosto de ficar perto de você – começo. Sinto um desconforto em minha cabeça, que começa a doer. Não sei como continuar a frase, não sei oque quero dizer, porque, em parte, tudo que eu realmente queria era ter Annabeth na minha cama e sua boca na minha, mas, a outra parte, a parte mais complicada, eram coisas que eu tentava jogar fora. – Quando você estava no hospital, Poseidon me disse o que você já tinha passado, a situação com seu pai, e eu vi o jeito que você passou por cima. Você me fez querer enfrentar meus problemas, encarar de frente, do jeito que você faz mesmo que doa. Você faz coisas estupidas não para se sentir melhor, mas porque acredita que é o certo – bem, pensei, pelo menos a maioria das coisas. Ia completar com esse pensamento em voz alta, mas ia quebrar com a beleza de meu discurso. Fechei a mão em punho, sentindo minha garganta se fechar e meu peito ficar pesado – Eu queria sua ajuda e ao mesmo tempo queria te ajudar. Você é diferente de tudo que eu já conheci, e não, não é clichê. Acho que californianos são todos uns filho da puta mesmo.

A situação da minha mãe, que eu vinha jogando para baixo do tapete a anos, assim como meu irmão e a traição de meu pai. Eu nunca enfrentei a dor. Eu apenas esqueço. Num copo de bebida, numa noite com uma garota, num rolinho de nicotina. Apenas esqueço. Annabeth estava calada, quieta, sem palavras. Se fosse em outra situação teria saboreado essa visão, mas nessa... não. Sinto uma incomoda expectativa. Me lembro das palavras que Annabeth já me falou. Ela tem uma visão negativa demais de mim, nunca vai acreditar. Pelo visto, vou ter trabalho com essa garota, ela não quer ser qualquer uma.

Eu não acredito que você está dando em cima de mim no meu primeiro dia na cidade! Você é um idiota, Percy Jackson. Aprenda: eu nunca vou ficar com você, eu nunca vou facilitar para você ficar comigo, eu nunca vou ser qualquer uma para você.

– E enquanto você está ai fora, olhando para dentro, descrevendo o que você vê, lembre-se que o que você está encarando sou eu – digo, mantendo a voz num tom calmo e baixo. - Sou um ser humano, embora acho que você duvide disso ás vezes. Eu tenho uma história bem... deprimente.

Sento-me na cama, de costas para Annabeth. Embora ela deixasse claro que éramos apenas amigos, não posso conter o desejo físico que tenho por ela. Meu corpo deseja o dela. E ela ali na cama numa suíte longe de todos é realmente tentador não fazer algo.

– Oque você quer dizer com isso? – a voz de Annie estava baixa e falha, como se tivesse prendendo o ar.

Eu nunca havia conhecido uma garota tão cabeça dura quanto Annabeth Chase. Ela era esperta, entendia tudo muito rápido e sempre sabia oque era certo a se fazer (menos quando bêbada). Ela me intriga, me deixa curioso para desvendar seus pensamentos. Como agora. Eu não faço a mínima ideia do que ela está pensando, e ela não consegue demostrar nenhuma reação corporal.

– Você está me olhando através de um vidro, você não me conhece de verdade. Mas eu sei que você é a única que pode conhecer e me entender.

– E se eu não quiser te entender? – ela pergunta para ela do que para mim. Sua voz soa um pouco arrastada e controlada.

– Você tem medo?

– Não acho que quero mais complicações em minha vida.

– Você não sabe a minha história, você não sabe como eu sou, como pode dizer que sou apenas mais uma complicação?

Mesmo de costas eu sinto ela se levantar da cama. Ouço seus passos no piso de madeira e a pouco segundos ela está colocada de frente a mim, sua expressão num misto de raiva controlada com confusão. A encaro, sustentando seu olhar. Ela parece que vai explodir a qualquer momento, oque a torna frágil. Seus olhos cinzas estão formando um tornado que poderia destruir o Kansas inteiro, suas bochechas estavam coradas por cima da pele recém-bronzeada que ela adquirira aqui em São Francisco. Linda, loura, bronzeada, com olhos cinzas. Ela é realmente perfeita.

– Você está sendo PROCURADO pela polícia, Jackson! Procurado! Pela polícia – ela começa a dizer num tom mais elevado, agressivo e obvio – Você está fugindo, FUGINDO! Acha isso pouco para eu não querer você na minha vida?!

Annabeth era inteligente, mas conseguia agir feito uma idiota às vezes. Não consigo entender oque acontece com ela, parece que sempre olha apenas para oque ela está sentindo e se esquece do que o próximo está passando. Annabeth não consegue ver outros sentimentos a não ser o dela. Ela pensa que estou sendo procurado pela polícia porque é a causa mais obvia que passa pela mente dela, ela não está conseguindo ver outras opções. Ela está com uma viseira. Sinto o sangue se acumular em meu rosto. Raiva. Nada legal para esse momento, mas veio. Agora eu sei que não conseguirei controlar oque eu vou falar, que vou apenas dizer oque sinto vontade de dizer. Não tem como controlar.

– Eu não estou fugindo da polícia, Annabeth! – começo, segurando seus braços com força para ela parar de ficar falando num tom alto – Eu não matei ninguém, mas disseram que sim. O pai da garota veio atrás de mim e me sequestrou, consegui fugir só esta manhã, e vim para cá, com a ajuda de Zeus. Thalia ouviu a conversa com Zeus e veio atrás de mim. Não estou fugindo, estou me protegendo enquanto Zeus arruma novamente essa confusão para mim. Então, porque antes de ficar me vendo através da merda de um vidro você não vem falar comigo de uma vez e parar com esses joguinhos?

A solto sem nenhuma delicadeza no alto e caminho até a porta, a destranco e saiu para o corredor, sem olhar para Annabeth. Meio segundo depois me arrependo. É tarde demais, do jeito orgulho que Annabeth se porta ela nunca iria querer mais me procurar. É a melhor coisa que ela pode fazer.

[...]

– Percy? – disse Thalia quando eu entro na minha suíte. Ela estava deitada na minha cama com o notebook no colo, digitando sem parar algo.

Tiro a blusa, sentindo calor, e me deito na cama ao lado dela. Jogo um travesseiro em cima do meu rosto, tentando esvaziar a raiva que sinto.

– Alguma novidade? – pergunto, com a voz arrastada e cansada.

– Aonde você estava? Demorou pra caramba, pensei que só ia na cozinha comer algo.

– Achei um livro legal sobre biologia e fiquei lendo. Alguma novidade? – pergunto novamente, mas irritado dessa vez.

– Ótimas novidades, amor – ela disse, fechando notebook e o deixando de lado. Ela se vira para mim e tira o travesseiro de meu rosto.

A maquiagem estava habitualmente forte em seus olhos, ela vestia uma camisa do Green Day e calça jeans rasgadas. Seus cabelos estavam todos bagunçados e seus olhos cansados. Suas mãos encostam em meu peito e seus lábios roçam nos meus. Seguro sua cintura, fazendo-a ficar sentada em cima da minha barriga.

A única coisa ruim de Thalia é que se não fizermos tudo oque ela quer, ela acha alguma forma de nos derrubar.

– Meu pai conseguiu provar que você não está fugindo e sim se escondendo por pura defesa por conta do pai da garota que te sequestrou e queria te matar. Graças ao vídeo que você gravou. Jason, Leo e Nico deram depoimento, assim como Katie, Lee e Malcom. Como os depoimentos disseram praticamente a mesma coisa o depoimento de Clarisse La Rue foi invalidado.

– Ela vai ser presa por depoimento falso?

– Não, ela é menor de idade. Mas está tudo bem, você só precisara ir à delegacia e denunciar o Sr. La Rue por sequestro e tentava de homicídio. Agora vamos comemorar...

Essa é a merda das leis. Uma pessoa dar um depoimento falso que ferra com a vida de uma pessoa e quando descobrem ela não vai presa porque é menor de idade. Nada justifica oque Clarisse La Rue fez. Nada. Nem o fato de Lynn ser a irmã dela, nem o fato de ela nunca ter gostado muito de mim. Nada. Eu iria ser preso, mesmo que fosse menor de idade, também, mas eu iria. Por causa dela. Por algo que não fiz.

– Não estou com clima para comemoração, Thalia – digo, secamente.

– Ah, para com isso, vamos... depois de tudo que consegui para você acho que mereço uma recompensa – ela disse, manhosa.

Ela começa a me beijar, tirando sua blusa. É assim que as coisas são com Thalia, e um passo em falso significa o caos em sua vida. Mas tudo, tudo oque eu conseguia pensar nesse momento era em Annabeth e onde ela estaria agora. Oque ela estaria sentindo e se um dia eu poderia sentir novamente seus lábios.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AI GENTE, DPS DESSE CAP ACHO QUE MEREÇO REVIEWS? NÃO!?
Quero ver alguem odiar o Percy agora, lá lá lá lá lá !
Quero ver agora, se os dois personagens tem defeitos e agem de maneira errada, mesmo tentando agir corretamente, quero veeeer oq vcs acham disso! HAHAHA!
COMENTEM!