Unapologetic escrita por oakenshield


Capítulo 9
Nightmare


Notas iniciais do capítulo

Um rápido capítulo sobre Fabrizio e Katerina para vocês.



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Fabrizio não sabia o que dizer. Pais e morte são temas complicados de se discutir, ainda mais quanto estão juntos. Ele decidiu que talvez mudar um pouco o rumo do assunto ajudasse a quebrar esse clima chato.

– Minha mãe também morreu quando eu era pequeno - ele comenta, perdendo a sua animação de antes. - Meu pai sempre pensou que ela tivesse sido assassinada e muitas pessoas pensaram que ele havia a matado.

– Por que seu pai a mataria?

Acontece que você não pode se abrir com estranhos. Fabrizio sabia disso.

– Não faço ideia, mas tenho certeza que meu pai não seria capaz.

– Então você acha que Branka está mentindo?

Ele pensa no assunto por alguns segundos.

– Eu acho que cada situação é diferente uma da outra, assim como as pessoas. Temos certezas de muitas coisas, mas muitas vezes essas certezas se transformam em dúvidas. É algo que acontece porque você não acredita totalmente naquilo que você julgava ser uma certeza.

– Eu devo duvidar do meu tio?

– Nós sempre devemos duvidar de todo mundo. Talvez o seu tio não seja confiável - ele dá um sorriso - e talvez eu também não seja.

– Não acho que seja o caso.

– É mesmo? Por quê?

– Você não me parece o tipo de cara sem caráter que se infiltra em um país como um guarda-costas de uma princesa para se dar bem - ela sorri. - Seria um plano totalmente clichê.

Ele engole em seco, mas Katerina não percebe.

– E se esse fosse o meu plano - ele sussurra -, ele estaria dando certo?

A ruiva tenta ignorar os seus batimentos acelerados. Tem quase certeza de que Fabrizio também pode ouvi-los.

– Sou comprometida.

– Eu não me importo.

Ele se aproxima o suficiente para sentir a respiração pesada de Katerina.

Nervosa, ele percebe.

– Mas eu sim - ela fala, se levantando. - Eu preciso dormir. Depois de hoje...

– Tudo bem - ele se levanta. - Estarei no quarto ao lado se precisar de mim.

+++

Katerina tem um pesadelo.

Dessa vez ela tinha oito anos e estava correndo para o quarto dos seus pais para chamá-los para tomar café da manhã. Ela sabia que não deveria fazer isso, porque por mais que eles fossem seus pais, eram os reis de Frömming e ela lhes devia respeito dobrado. Mesmo assim, fez.

A garota baixinha de cabelos ruivos ondulados alcança a maçaneta dourada e abre a porta. Seus olhos encontram os de Joffrey.

– Tio Joff? – ela questiona. – O que é isso?

Ela olha para baixo e vê uma faca no estômago do seu pai. Uma faca sendo empunhada por Joffrey.

Tudo acontece em câmera lenta só para fazê-la sofrer ainda mais. Gritos tentam escapar pela sua boca, mas nada acontece. Sua mãe chora ao lado do corpo do seu pai e Katerina tenta falar, berrar, chutar Joffrey para fora do quarto. Ela até cogita pegar a faca e matá-lo, mas não consegue fazer nada.

Ela simplesmente está sem reação.

– Katerina! – uma voz começa soar dentro da sua cabeça bem baixa e devagar, mas depois vai aumentando e quase a faz explodir. – Katerina! Acorda!

Fabrizio está a chacoalhando pelos ombros e ela finalmente abre os olhos, assustada. A ruiva consegue sentiu um gosto salgado nos seus lábios. Lágrimas.

Ela agarra a gola da camisa verde musgo que ele está usando e com os olhos molhados, ela consegue soluçar:

– Eles estavam lá. Ele os matou – as lágrimas escorrem aos montes dos seus olhos. – Joffrey os matou, Fabrizio. Foi horrível.

Aquilo parte algo dentro do guarda-costas. Ele fica preocupado com o estado da ruiva. Ela nunca pareceu sofrer com isso, ela nunca falou nada, mas agora... As coisas são diferentes. Ela se lembrou dos pais mortos e toda a dor voltou. Ele sabe muito bem como é isso.

Ele balança os cabelos negros e senta-se na cama, puxando Katerina para ele e a abraça. Ele beija o topo da cabeça dela.

– Foi um pesadelo – ele afirma. – Está tudo bem.

Quantas vezes ele havia passado por isso, afinal? Quantas vezes seu pai acordou de noite e sussurrou durante horas que ele ficaria bem, que as coisas se ajeitariam e que ele cuidaria de Fabrizio e dos seus outros irmãos? Quantas vezes ele se pegou chorando pela mãe? Quantas vezes ele conversou com a mãe no seu túmulo como se ela realmente estivesse ali? Ele, mais do que ninguém, entendia a tristeza de Katerina.

– Você vai ficar bem.

Ele fica ali por quanto tempo? Minutos? Horas? Fabrizio não sabe, mas simplesmente fica. Katerina começa a soluçar, mas então as lágrimas voltam a escorrer dos seus olhos. Fabrizio se encostou ao travesseiro quando suas costas começaram a doer, mas ela pareceu não perceber. Ela simplesmente ficou com os dedos finos enroscados na camisa dele.

Ela acaba parando de chorar e soluça por um bom tempo. Quando Fabrizio percebe, a ruiva já está dormindo. Ele tenta sair para ir ao seu quarto, mas não há como sem acordá-la. Seus dedos estão com pedaços da sua camisa entre eles agarrados bem fortes, como se ele fosse sumir a qualquer momento. Katerina está dormindo com a cabeça no ombro dele, como na noite em que eles brigaram na boate.

Cansado de tentar, ele deixa o sono tomar controle do seu corpo e fecha os olhos.

+++

Katerina acorda pensando que tudo não passou de um sonho ruim. Tudo mesmo.

Ela acorda com o pescoço dolorido e percebe que tem alguém na mesma cama que ela. Fabrizio.

– Droga – ela murmura.

Que mico! Ela havia chorado tanto na noite passada que não se lembrava de quando havia conseguido dormir. Ela percebe que Fabrizio acorda e rapidamente levanta, correndo para o banheiro.

– Que ridícula! – ela diz para si mesma.

Seus olhos estão inchados e vermelhos. Parecem duas batatas tingidas de azul.

No quarto, Fabrizio está sorrindo como um idiota. Enquanto isso, Katerina passa uma maquiagem rápida e volta para o quarto.

– Daqui a pouco as criadas estão aqui, vamos logo – ela diz.

Ele parece não perceber que ela está o dizendo para sair.

– Fabrizio, eu preciso me trocar.

Ele entende e rapidamente se levanta.

– Escovar os dentes também – ele sugere. – Eu também preciso. Odeio a parte de acordar com um gosto desagradável na boca – ele sorri maliciosamente. – É ruim para beijar garotas carentes.

Katerina pega uma almofada em cima da poltrona de couro e joga em Fabrizio, acertando o seu rosto. Ele dá risada e sai do quarto.

A ruiva passa os dedos pelos cabelos, desfazendo alguns cachos.

Que droga foi isso?


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