Unapologetic escrita por oakenshield
Notas iniciais do capítulo
O último capítulo foi bem diferente dos que eu costumo escrever, mas precisava dar uma animada na fic. Agora vocês entendem um pouco melhor como começou a história de Alison e Hector. Bom, o capítulo de hoje vai ser recheado de flashbacks. Aproveitem.
Katerina está caminhando pelos corredores do palácio, quando ouve uma conversa entre Ivna e Joffrey.
– Quantos segredos você consegue manter até tudo desabar, Joffrey? - a esposa o questiona. - A garota vai descobrir.
– Katerina me ama. Ela sabe que eu nunca mentiria para ela.
– Ela acha que você nunca mentiria, porque o que você mais faz é enganar as pessoas, manipulá-las até o último fio de cabelo como se fossem algo muito pior do que lixo e...
– Pare de drama, mulher. Sem ressentimentos.
– Como eu não vou ter ressentimentos sabendo que o meu marido tem filhos de uma mulher que não sou eu? Como você acha que eu vou conseguir abrigar mais um bastardo seu?
– Esse palácio é meu por direito, você está aqui de intrusa. Eu acolho quem eu quero. Se eu quiser trazer todos os meus filhos para cá eu trago.
Ivna o agarra pela gola da blusa de frio.
– Rebekah é sua filha - ela rosna, olhando-o no fundo dos olhos.
– A legítima. A verdadeira herdeira.
– Nossa filha deve ser a rainha, Joffrey. A nossa garota.
– As coisas não funcionam assim, Ivna - ele se afasta da esposa, olhando pela janela. - O povo já ama a garotinha ruiva que perdeu os pais.
Ele cruza os braços atrás das costas e fica observando o tempo nublado com olhos pensativos.
– E o que nós vamos fazer?
– Acolher a minha sobrinha, é claro - ele se vira, sorrindo, mas seu sorriso desaparece ao ver Katerina ali na porta. - O que você está fazendo aqui?
– Eu... - ela perde as palavras. - Eu vim avisar que convenci Hana a deixar os nossos pais descansarem. Ela já está dormindo.
– Ótimo - ele estica a mão, a chamando. - Venha.
Ele parece tão carinhoso que uma criança como Katerina não consegue deixar de ir. Então ele a injeta algo no pescoço.
– Joffrey - Ivna se espanta, mas não faz nada para impedir.
O êmbolo da seringa é pressionado e um líquido azul adentra no organismo de Katerina.
– É para fazê-la esquecer de tudo.
A ruiva acorda, toda suada. Erik, espantado, se senta na cama.
– Katerina? - ele a chama. - Está tudo bem?
– Eu... - ela pensa em dizer algo, mas não consegue. - Foi só um pesadelo.
Ele a puxa para ele e acolhe a cabeça dela cheia de fios embaraçados ruivos em seus braços.
– Você sabia que pesadelos acontecem por causa da comida pesada?
Katerina não consegue deixar de rir.
– Sério mesmo?
Ela falava dos seus pesadelos e Erik falava de comida. Não deixava de ser um belo contraste.
– É o que dizem. Não sou um cientista.
Ela se aconchega mais nos braços do marido.
– E o que você gostaria de ser?
– Pra falar a verdade, eu gosto de desenhar.
Ela se surpreende e o olha.
– Isso é sério?
– Por que você parece tão surpresa? - ele sorri, a abraçando novamente. - Eu gosto de desenhar pessoas. Particularmente, sou bom no que eu faço.
Katerina levanta e pega um lápis de desenho e uma folha em branco. Ela se sentou na cama, ao lado de Erik, e entregou-lhe os objetos.
– Me desenha.
– Agora?
– Bom, isso fica aqui.
Ele concorda e começa a fazer o desenho. Katerina não se mexe por fora, mas por dentro é como se a sua alegria tivesse em parte voltando para o seu corpo.
+++
Hector pega a mão de Alison e enlaça seus dedos.
– Você já tem que ir?
– Nosso pai me quer em Altulle. Algo aconteceu.
– Como ele está?
– Bem nervoso. Nós partiremos em uma hora.
– Mas o sol nem nasceu ainda...
– Sinto muito - ele beija a loira. - Não é fácil, você sabe.
– Sim, eu sei.
– Fique bem, ok?
– Ok.
– Eu amo você.
Ela fica por cima dele e lhe dá um beijo bem demorado. Apaixonante, é como ela descreveria os beijos de Hector. De modos diferentes, expressando sentimentos diferentes, mas sempre com uma paixão tão intensa que a fazia tremer e querer mais. Muito mais.
– Eu também te amo.
+++
Quinze anos atrás
Francis levanta da cama rapidamente quando ouve o barulho no andar debaixo. Pega a arma que o pai havia lhe dado e caminha entre as sombras, descendo as escadas sem fazer barulho algum.
– O que você quer? - Jean-Pierre pergunta, com as mãos amarradas atrás das costas. - Você já tem o dinheiro.
– Eu não quero dinheiro - o homem retira a máscara e mostra ser o irmão do rei Kurt, Joffrey Archiberz. - Eu quero sangue.
– Nós fizemos um acordo, Joffrey. Acordos devem ser mantidos.
– Com você eu fiz um acordo, para os rebeldes eu fiz um juramento - ele puxa a arma e encosta o cano na testa do rei de Altulle. - Me confessei com o padre, ele me disse que um juramento é mais forte do que um acordo no papel. Um juramento você faz perante Deus, já um acordo você faz com homens. Homens não são nada, apenas o pó do pó.
– Nós podemos fazer um juramento, se assim você quiser. Posso lhe entregar boa parte das terras que estão em minha posse. Posso fazer qualquer coisa.
– Você ainda não entendeu? Eu não estou aqui por terras, dinheiro e nem acordo algum. Meu povo exige sangue.
– Seu povo? O povo de Frömming.
– Os Apátridas - Joffrey revela. - Esta noite alguém vai morrer. Escolha.
– Não - Jean-Pierre se nega. - Você não pode fazer isso.
Então Francis nota que, ao fundo, lá está a sua mãe. Amarrada por seguranças, com um pano lhe cobrindo a boca. Ela vê o filho mais velho e quando ele pensa em se aproximar, ela faz um sinal com a cabeça. Não.
– Você não escolheu, então me deixe escolher por você.
Ele senta Alícia Kionbach em uma cadeira em frente a Jean-Pierre, seu marido. A rainha de Altulle é a mais bela de todo o país. Cabelos tão claros que poderiam ser confundidos com neve, olhos azuis, grandes e intensos, lábios rosados e carnudos, a pele levemente bronzeada.
Mas parece que a sua beleza não a salvaria dessa vez.
– Diga suas últimas palavras, querida - Joffrey fala, retirando o pano da boca da loira. Ela o olha no fundo dos olhos e cospe em seu rosto.
– Eu queria ter o prazer de vê-lo queimar no inferno.
– Infelizmente, esse privilégio eu não posso lhe conceder.
Então ele atira. A cadeira tomba, assim como o corpo de Alícia.
– Não! - Jean-Pierre tenta ir até ela, mas as cordas o impedem. Ele força tanto que os seus pulsos começam a sangrar. - Ali!
– Cuide dos nossos filhos - ela ainda consegue dizer. Ela está viva!
Então ela olha para o canto da sala e apesar do seu corpo estar sangrando até a morte iminente, ela consegue sorrir.
Eu amo você, ela diz a Francis sem fazer som algum.
Antes que seus olhos fiquem molhados e Joffrey tenha tempo de fazer o mesmo com seu pai, Francis pega a arma e atira no seu braço, cravando a bala no assassino da sua mãe.
– Matem-no! - ele ordena aos outros homens que estão com ele. Joffrey cai no chão, com o braço ensopado de sangue. - Não - os homens param. - Vamos levá-lo conosco.
– O quê? - Jean-Pierre indaga. - Não. Você não pode fazer isso comigo.
Um homem vem até Francis e lhe agarra pelo braço, puxando-o para a porta.
– Pai! - ele grita, estendendo as mãos. Jean-Pierre apenas chora. - Pai, não me deixa ir!
– Ele é só um garoto - o pai diz. - Tem oito anos. Por favor, Joffrey.
– Tenha uma ótima noite de sono, JP.
Francis pensa nos irmãos. Hector de quatro anos e Alison, a mais nova da família. Apenas dois anos de vida.
– Pai.
Jean-Pierre fecha os olhos e a última visão de Francis é do pai chorando, amarrado na cadeira, em frente ao corpo sem vida e ensanguentado da mãe.
– Para onde nós vamos? - o segurança que lhe pegou para o braço pergunta a Joffrey. Ele retira a máscara quando entra no carro. Ele tem cabelos e olhos escuros, cara fechada e uma carranca no lugar do rosto. Um rosto forte e sofrido.
– Para Frömming - o Regente anuncia.
Sem ter nada para fazer, Francis se encosta na porta do carro e chora baixinho até dormir.
Todo mundo tem que chorar em algum momento do dia, era o que a sua mãe lhe dizia.
Agora ela está morta e não pode mais chorar.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Francis em Frömming enquanto pequeno? Hein? Mais sobre o assunto no próximo capítulo.