Unapologetic escrita por oakenshield


Capítulo 31
The Night Alicia Kionbach Died


Notas iniciais do capítulo

O último capítulo foi bem diferente dos que eu costumo escrever, mas precisava dar uma animada na fic. Agora vocês entendem um pouco melhor como começou a história de Alison e Hector. Bom, o capítulo de hoje vai ser recheado de flashbacks. Aproveitem.



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Katerina está caminhando pelos corredores do palácio, quando ouve uma conversa entre Ivna e Joffrey.

– Quantos segredos você consegue manter até tudo desabar, Joffrey? - a esposa o questiona. - A garota vai descobrir.

– Katerina me ama. Ela sabe que eu nunca mentiria para ela.

– Ela acha que você nunca mentiria, porque o que você mais faz é enganar as pessoas, manipulá-las até o último fio de cabelo como se fossem algo muito pior do que lixo e...

– Pare de drama, mulher. Sem ressentimentos.

– Como eu não vou ter ressentimentos sabendo que o meu marido tem filhos de uma mulher que não sou eu? Como você acha que eu vou conseguir abrigar mais um bastardo seu?

– Esse palácio é meu por direito, você está aqui de intrusa. Eu acolho quem eu quero. Se eu quiser trazer todos os meus filhos para cá eu trago.

Ivna o agarra pela gola da blusa de frio.

– Rebekah é sua filha - ela rosna, olhando-o no fundo dos olhos.

– A legítima. A verdadeira herdeira.

– Nossa filha deve ser a rainha, Joffrey. A nossa garota.

– As coisas não funcionam assim, Ivna - ele se afasta da esposa, olhando pela janela. - O povo já ama a garotinha ruiva que perdeu os pais.

Ele cruza os braços atrás das costas e fica observando o tempo nublado com olhos pensativos.

– E o que nós vamos fazer?

– Acolher a minha sobrinha, é claro - ele se vira, sorrindo, mas seu sorriso desaparece ao ver Katerina ali na porta. - O que você está fazendo aqui?

– Eu... - ela perde as palavras. - Eu vim avisar que convenci Hana a deixar os nossos pais descansarem. Ela já está dormindo.

– Ótimo - ele estica a mão, a chamando. - Venha.

Ele parece tão carinhoso que uma criança como Katerina não consegue deixar de ir. Então ele a injeta algo no pescoço.

– Joffrey - Ivna se espanta, mas não faz nada para impedir.

O êmbolo da seringa é pressionado e um líquido azul adentra no organismo de Katerina.

– É para fazê-la esquecer de tudo.

A ruiva acorda, toda suada. Erik, espantado, se senta na cama.

– Katerina? - ele a chama. - Está tudo bem?

– Eu... - ela pensa em dizer algo, mas não consegue. - Foi só um pesadelo.

Ele a puxa para ele e acolhe a cabeça dela cheia de fios embaraçados ruivos em seus braços.

– Você sabia que pesadelos acontecem por causa da comida pesada?

Katerina não consegue deixar de rir.

– Sério mesmo?

Ela falava dos seus pesadelos e Erik falava de comida. Não deixava de ser um belo contraste.

– É o que dizem. Não sou um cientista.

Ela se aconchega mais nos braços do marido.

– E o que você gostaria de ser?

– Pra falar a verdade, eu gosto de desenhar.

Ela se surpreende e o olha.

– Isso é sério?

– Por que você parece tão surpresa? - ele sorri, a abraçando novamente. - Eu gosto de desenhar pessoas. Particularmente, sou bom no que eu faço.

Katerina levanta e pega um lápis de desenho e uma folha em branco. Ela se sentou na cama, ao lado de Erik, e entregou-lhe os objetos.

– Me desenha.

– Agora?

– Bom, isso fica aqui.

Ele concorda e começa a fazer o desenho. Katerina não se mexe por fora, mas por dentro é como se a sua alegria tivesse em parte voltando para o seu corpo.

+++

Hector pega a mão de Alison e enlaça seus dedos.

– Você já tem que ir?

– Nosso pai me quer em Altulle. Algo aconteceu.

– Como ele está?

– Bem nervoso. Nós partiremos em uma hora.

– Mas o sol nem nasceu ainda...

– Sinto muito - ele beija a loira. - Não é fácil, você sabe.

– Sim, eu sei.

– Fique bem, ok?

– Ok.

– Eu amo você.

Ela fica por cima dele e lhe dá um beijo bem demorado. Apaixonante, é como ela descreveria os beijos de Hector. De modos diferentes, expressando sentimentos diferentes, mas sempre com uma paixão tão intensa que a fazia tremer e querer mais. Muito mais.

– Eu também te amo.

+++

Quinze anos atrás

Francis levanta da cama rapidamente quando ouve o barulho no andar debaixo. Pega a arma que o pai havia lhe dado e caminha entre as sombras, descendo as escadas sem fazer barulho algum.

– O que você quer? - Jean-Pierre pergunta, com as mãos amarradas atrás das costas. - Você já tem o dinheiro.

– Eu não quero dinheiro - o homem retira a máscara e mostra ser o irmão do rei Kurt, Joffrey Archiberz. - Eu quero sangue.

– Nós fizemos um acordo, Joffrey. Acordos devem ser mantidos.

– Com você eu fiz um acordo, para os rebeldes eu fiz um juramento - ele puxa a arma e encosta o cano na testa do rei de Altulle. - Me confessei com o padre, ele me disse que um juramento é mais forte do que um acordo no papel. Um juramento você faz perante Deus, já um acordo você faz com homens. Homens não são nada, apenas o pó do pó.

– Nós podemos fazer um juramento, se assim você quiser. Posso lhe entregar boa parte das terras que estão em minha posse. Posso fazer qualquer coisa.

– Você ainda não entendeu? Eu não estou aqui por terras, dinheiro e nem acordo algum. Meu povo exige sangue.

– Seu povo? O povo de Frömming.

– Os Apátridas - Joffrey revela. - Esta noite alguém vai morrer. Escolha.

– Não - Jean-Pierre se nega. - Você não pode fazer isso.

Então Francis nota que, ao fundo, lá está a sua mãe. Amarrada por seguranças, com um pano lhe cobrindo a boca. Ela vê o filho mais velho e quando ele pensa em se aproximar, ela faz um sinal com a cabeça. Não.

– Você não escolheu, então me deixe escolher por você.

Ele senta Alícia Kionbach em uma cadeira em frente a Jean-Pierre, seu marido. A rainha de Altulle é a mais bela de todo o país. Cabelos tão claros que poderiam ser confundidos com neve, olhos azuis, grandes e intensos, lábios rosados e carnudos, a pele levemente bronzeada.

Mas parece que a sua beleza não a salvaria dessa vez.

– Diga suas últimas palavras, querida - Joffrey fala, retirando o pano da boca da loira. Ela o olha no fundo dos olhos e cospe em seu rosto.

– Eu queria ter o prazer de vê-lo queimar no inferno.

– Infelizmente, esse privilégio eu não posso lhe conceder.

Então ele atira. A cadeira tomba, assim como o corpo de Alícia.

– Não! - Jean-Pierre tenta ir até ela, mas as cordas o impedem. Ele força tanto que os seus pulsos começam a sangrar. - Ali!

– Cuide dos nossos filhos - ela ainda consegue dizer. Ela está viva!

Então ela olha para o canto da sala e apesar do seu corpo estar sangrando até a morte iminente, ela consegue sorrir.

Eu amo você, ela diz a Francis sem fazer som algum.

Antes que seus olhos fiquem molhados e Joffrey tenha tempo de fazer o mesmo com seu pai, Francis pega a arma e atira no seu braço, cravando a bala no assassino da sua mãe.

– Matem-no! - ele ordena aos outros homens que estão com ele. Joffrey cai no chão, com o braço ensopado de sangue. - Não - os homens param. - Vamos levá-lo conosco.

– O quê? - Jean-Pierre indaga. - Não. Você não pode fazer isso comigo.

Um homem vem até Francis e lhe agarra pelo braço, puxando-o para a porta.

– Pai! - ele grita, estendendo as mãos. Jean-Pierre apenas chora. - Pai, não me deixa ir!

– Ele é só um garoto - o pai diz. - Tem oito anos. Por favor, Joffrey.

– Tenha uma ótima noite de sono, JP.

Francis pensa nos irmãos. Hector de quatro anos e Alison, a mais nova da família. Apenas dois anos de vida.

– Pai.

Jean-Pierre fecha os olhos e a última visão de Francis é do pai chorando, amarrado na cadeira, em frente ao corpo sem vida e ensanguentado da mãe.

– Para onde nós vamos? - o segurança que lhe pegou para o braço pergunta a Joffrey. Ele retira a máscara quando entra no carro. Ele tem cabelos e olhos escuros, cara fechada e uma carranca no lugar do rosto. Um rosto forte e sofrido.

– Para Frömming - o Regente anuncia.

Sem ter nada para fazer, Francis se encosta na porta do carro e chora baixinho até dormir.

Todo mundo tem que chorar em algum momento do dia, era o que a sua mãe lhe dizia.

Agora ela está morta e não pode mais chorar.


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Notas finais do capítulo

Francis em Frömming enquanto pequeno? Hein? Mais sobre o assunto no próximo capítulo.



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