Unapologetic escrita por oakenshield
Notas iniciais do capítulo
As coisas estão ficando complicadas para Fabrizio.
Joffrey sobe as escadas às pressas atrás de Katerina, mas os seguranças o barram na entrada do quarto dela.
– Eu preciso falar com a minha sobrinha.
– A rainha Katerina não quer ser interrompida.
– Você sabe com quem está falando? Eu pago o seu salário, seu merda! Abre essa porra dessa porta.
Katerina ouve o escândalo do tio no corredor e decide dar um basta nisso.
– Para com essa gritaria, parece uma criança birrenta - ela o repreende como se fosse mãe dele. - Eu preciso dormir, tenho compromissos amanhã. Marque um horário com alguma assistente minha.
Ela fecha a porta e o deixa falar sozinho. Bufando, Joffrey cruza o corredor até o quarto de Fabrizio e empurra a maçaneta, entrando com tudo no quarto.
– Mas o que é que...
O garoto se espanta ao ver o tio de Katerina ali, parado na sua frente.
– Então você finalmente tirou a máscara - ele sorri forçadamente. - Francis Kionbach.
– Joffrey, olha só... - Jean-Pierre começa.
– Eu quero você fora daqui antes do nascer do sol - ele avisa ao pai do garoto. - Já você tem algumas escolhas: fugir com o seu pai ou contar a verdade para a minha sobrinha. Você tem até a hora do jantar, que é quando eu me encontrarei com ela.
Os três ficam ali, em silêncio. Assim se passa alguns minutos.
– Ela sabe que você matou Kurt - Francis revela. - Ela o odeia por isso.
– Eu sei disso. Acontece que mais cedo ou mais tarde ela me perdoará, pois nós temos o mesmo sangue. Nós dois mentimos para ela, mas quem você acha que receberá o perdão no final de tudo?
– Nenhum de nós. Katerina é orgulhosa, você sabe disso tanto quanto eu.
Joffrey torce o nariz.
– Sempre achei estranho esse seu aparecimento repentino. Um segurança que surge do nada, se oferecendo para ser guarda-costas, dizendo que estava preocupado com a princesa... Eu deveria ter desconfiado. Fui tolo, admito. Não vou errar novamente.
– Você teve a chance de concertar as coisas entre Frömming e Altulle - Jean-Pierre fala. - Você desperdiçou a melhor chance de paz dos dois países por causa do seu ego.
– Katerina é a rainha agora. Eu não tenho que me preocupar com relações internacionais agora. Sou Lorde Archiberz, o Senhor de Frömming. O seu filho fez questão de virar a cabeça da minha sobrinha contra mim.
– Não coloque a culpa em mim - Francis se desvia do assunto. - Você fez a sua caveira por conta própria.
Joffrey, enraivecido, aponta o dedo trêmulo na cara de Francis.
– Você tem vinte e quatro horas para contar a verdade.
+++
Katerina coloca um vestido rosa bebê para visitar o orfanato. Ela sabia que crianças adoravam rosa. A ruiva perguntou a Erik se ele queria ir com ela e o loiro acabou aceitando.
O motorista os levou até o local marcado, onde as crianças a esperavam na porta, animadas. A imprensa havia descoberto de algum jeito e já se aglomerava na frente do orfanato, então os seguranças fizeram a já rotineira barreira humana.
Uma garota puxou a sua mão, a conduzindo para dentro do orfanato. Ela se sentou em uma cadeira vermelha apertada e espremeu suas pernas embaixo de uma mesa. Ela coloca na cadeira ao lado e elas começam a desenhar com as outras crianças.
– Do que vocês gostam de fazer? - ela pergunta.
– Eu gosto de pintar - a garota fala.
Katerina repara em uma garota encolhida no canto, triste. Ela pensa em ir falar com ela, mas vê Erik se aproximar e apenas se levanta, fingindo que vai pegar água para poder ouvir a conversa dos dois mais de perto.
– O que está acontecendo? - ele pergunta.
– Os rebeldes...
– Qual é o seu setor?
– Setor Noe, Majestade. É um setor do litoral.
– E os seus pais?
– A minha mãe morreu queimada.
– Eu sinto muito - Erik fala. - Eu não sei como é perder a mãe, mas imagino que seja muito doloroso.
– Doloroso foram os gritos dela enquanto seu corpo era consumido pelas chamas - a garota olha para Erik, com os olhos cheios de lágrimas. - Ela era cozinheira, Majestade. Ela havia me levado com ela para o trabalho naquela noite porque queria me ensinar. Era o casamento do filho do Regente. Minha mãe morreu queimada nos braços da agora rainha Katerina.
Isso acabou com a ruiva. A menininha deveria ter no máximo oito anos, a mesma idade que ela tinha quando perdeu os pais. Bom, o pai. A mãe está viva, por um milagre de Deus.
Ela ficou olhando para Erik por um bom tempo.
– Você pode vingar a morte da minha mãe?
– Vingar eu não posso, mas posso fazer justiça.
Os olhos da garota param de derrubar lágrimas e ficam sérios.
– Eu quero que os rebeldes paguem pelo que fizeram com a minha mãe.
– Eu vou fazer isso por você, eu prometo.
Erik lhe beija a testa e se levanta, mas a garota puxa a barra da sua calça.
– Fale para a sua rainha que ouvir o líder deles não adiantará. Os rebeldes do norte são muito cruéis para pararem com isso.
– O que você sabe sobre eles?
– Sei que eles estão fazendo tudo isso por vingança. Um acordo em dinheiro, terras e outras coisas não os farão parar.
A garota é madura demais, Katerina percebeu. Nem mesmo ela era tão madura nessa idade.
– Eles querem vingança - ela repete.
– Contra quem?
– Joffrey - ela sussurra tão baixo que Katerina mal consegue ouvir.
– Como você sabe tudo isso?
– Porque meu pai é o rebelde que queimou a minha mãe na minha frente.
+++
Katerina chega para o jantar, exausta. A conversa de Erik com a menina não saia da sua cabeça. Quando ela entrou no seu quarto, Joffrey a esperava.
– Quem deu autorização para você entrar?
– Você estava atrasada para o jantar. Vim ver como você estava, mas você não havia chegado. Decidi esperar.
– Eu estou sem fome.
– Katerina, há algo muito importante que você precisa saber...
Alguém bate na porta, interrompendo Joffrey. É Fabrizio.
– Com licença. Eu preciso falar com a rainha Katerina.
Joffrey olha para o moreno e depois para a sobrinha.
– Tome cuidado com esse cara, Katerina - ele aponta para o moreno. - Ele não é quem você pensa que ele é.
Isso a deixa confusa.
– Distraia Erik - ela pede ao tio. - Converso com você mais tarde.
– Amanhã - ele fala, beijando a testa da sobrinha. - Você não terá forças para falar comigo depois de hoje.
Algo sério está acontecendo, ela percebe.
– O que foi isso? - ela pergunta quando Joffrey sai do quarto.
– Ele está certo, Kat. Joffrey acertou desta vez.
– Como assim?
– Eu não sou quem você pensa.
Ele caminha até o espelho e retira do bolso uma caixinha branca, encosta a ponta do indicador no olho e retira de lá uma lente de contato verde. Ele faz a mesma coisa com o outro olho. Então ele retira a touca que lhe cobre o cabelo.
Ela dá risada.
– Você é tingido, é essa a questão?
– Eu menti para você, Kat. E eu sinto muito por isso.
– Eu não entendo...
Ele retira o celular do bolso e entrega para ela.
– Leia.
Príncipe Francis Kionbach desaparecido?
"Faz meses que o herdeiro de Jean-Pierre não dá as caras em Altulle. Isso nos faz questionar se o primogênito ainda está vivo. Hector, o filho do meio, é quem está tomando todas as decisões do país junto ao pai. Alison, a caçula dos Kionbach, também está desaparecida.
Teriam sido os dois sequestrados? Ou Francis está morto e Jean-Pierre prepara o seu outro filho para o trono? Onde está a princesa Alison, afinal?"
Embaixo da manchete havia uma foto de um garoto sorridente de terno, cabelos loiros bagunçados, olhos azuis alegres e um sorriso bem cafajeste, porém encantador.
Não. Isso não pode estar acontecendo.
Ela levanta o rosto devagar, temerosa com a verdade que estava por vir. A confirmação logo estalou o seu cérebro.
– Você não está querendo dizer que...
Ela deixa o celular cair e a bateria é jogada para o outro lado do quarto.
– Eu quero que você saiba que eu te amo, Kat. Eu te amo como eu nunca amei ninguém em toda a minha vida.
Ela balança a cabeça negativamente.
– Não. Isso não pode ser verdade... - as lágrimas começam a molhar o seu rosto. - Só pode ser uma brincadeira de mau gosto... Onde estão as câmeras escondidas?
– Eu amo você, Katerina.
– Você mentiu pra mim! - a ficha cai e ela berra. - Você me enganou! Admita. Diga a verdade!
Ela sabia tudo, mas precisava ouvir da boca dele. A verdade só se torna totalmente verdade quando é confirmada, confessada. Katerina não acreditaria até que ele admitisse...
– Eu sou o herdeiro de Altulle, Katerina. Eu sou Francis Kionbach.
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Revelações grandiosas, hein? Postarei o próximo capítulo só na quinta-feira.