Unapologetic escrita por oakenshield


Capítulo 28
Truth and Consequences


Notas iniciais do capítulo

A hora está chegando.



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Katerina se olha no espelho enquanto Anne ajeita o seu vestido. Hoje é o dia de folga de Maribelle e Judith estava sendo sua assistente no momento, acalmando os jornalistas enlouquecidos no primeiro andar.

– Quais são os planos para hoje, Majestade?

– Pretendo fazer uma declaração. Nada muito grande, por isso convoquei poucos jornalistas.

– O bastante para fazer um bom barulho.

A ruiva não consegue deixar de sorrir.

– Às vezes um pouco de barulho é necessário.

Alguém bate na porta e Fabrizio aparece após a segunda batida, sem autorização.

– Vossa Majestade. Seu tio requisita uma reunião urgente.

Katerina acompanhou Fabrizio para fora do quarto, mas ele a puxou para uma sala que parecia um escritório menor. Tinha uma mesa com duas cadeiras de um lado e uma maior do outro, cheia de papeis, com um sofá no canto. Lembrava o quarto dos pais da ruiva.

– O que você quer?

– Não nos falamos desde aquele dia. Eu estava com saudade.

Fabrizio se aproximou lentamente, a puxando pela cintura. Katerina suspirou, sendo incapaz de resistir. Mas quando ele tentou beijá-la, ela conseguiu desviar e se afastar até a janela. Chovia fraco do lado de fora. Uma garoa que poderia fazer com que uma pessoa com a imunidade fraca como Katerina logo pegasse uma gripe.

– Eu estou casada agora, Fabrizio. Nós não podemos mais nos encontrar.

– É fácil para você dizer quando não está olhando para mim - ele a puxa e a faz olhar nos seus olhos. Suas esmeraldas parecem tremeluzir um pouco, como se não fossem reais. Ou como se ele estivesse prestes a chorar. - Olhe no fundo dos meus olhos e diga que você não quer mais ficar comigo.

Ela não consegue. Aqueles olhos verdes pelo qual ela havia se apaixonado não merecia tamanho sofrimento. Ela não conseguiria dizer aquilo. Estava na ponta da língua, mas ela não conseguia soltar. Katerina sente um gosto amargo na boca e de repente sente vontade de vomitar.

Fabrizio se lembra da noite da consumação, quando Joffrey o obrigou a assistir Katerina gemendo em cima de Erik. A rápida lembrança o faz querer queimar aquele palácio com Erik e Joffrey dentro.

Katerina tenta forçar a sua visão a imaginar alguém que não seja Fabrizio. Um ex-namorado qualquer. Qualquer pessoa que não seja ele. Ela fecha os olhos e quando os abre, milagrosamente, é Michael quem está diante dela.

Assim seria mais fácil.

– Nós não podemos mais nos encontrar - ela balbucia. - Eu quero ficar com o meu marido e eu serei fiel a ele.

Michael balança a cabeça em negação. Até a voz a chamando de mentirosa é a do seu primo, e não a de Fabrizio.

– Eu não te amo mais - ela deixa claro.

Então tudo muda. Fabrizio volta a ser ele mesmo e os olhos dele, arrasados, a fazem querer morrer. A sua decepção está estampada não apenas no rosto, mas na forma como ele caminha pesadamente até a porta.

– Eu não consigo acreditar em você. Eu ainda a amo, Katerina, e eu quero que você saiba que não importa se passará alguns meses ou vinte anos, eu sempre estarei esperando por você.

Isso sim a quebra. Aquela declaração faz todo o seu corpo se derreter como ouro em brasa pronto para ser moldado.

Era exatamente isso que ela precisava fazer: derreter o seu coração e moldá-lo novamente. Katerina precisaria desistir do sentimento por Fabrizio, abrir mão de todo o seu amor e ensinar o seu coração a amar Erik, o seu marido. Ele sim é o seu destino. Erik é o caminho certo.

Fabrizio sai da sala e bate a porta tão forte que ela volta a ficar aberta. A ruiva fica ali, parada, imaginando onde Fabrizio estaria indo. Então a responsabilidade voltou a martelar em sua mente e ela respirou fundo, secou as lágrimas e desceu as escadas, pronta para falar com os jornalistas.

+++

Anne Dummer beija Joffrey lentamente.

– E aí? Alguma novidade?

– Você não deveria estar falando com a sua sobrinha?

– Como é?

– Fabrizio falou para Katerina que você queria falar com ela.

– Eu não... - Joffrey rosna. - Onde está minha sobrinha?

– No primeiro andar com os jornalistas.

– Mas o que diabos esses sanguessugas estão fazendo no meu palácio?

– Katerina os convocou. Ela libertou Branka.

Ele se levanta rapidamente.

– E como ninguém me avisou disso?

– Joff, eu sinto muito...

– Eu preciso ver isso com os meus próprios olhos.

Ele desce as escadas correndo, quase caindo pelo menos três vezes. No hall do primeiro andar, Katerina fala com os jornalistas.

– Sim, Branka Hüfner está absolvida de qualquer acusação. Ela logo voltará para o seu país e tudo estará perdoado.

– Ficamos sabendo que houveram vários protestos da parte da população de Las Mees tanto lá quanto nos outros países - uma jornalista fala. - Isso é verdade? Foi esse o motivo da libertação de Branka?

– Sim, é verdade. Houveram vários protestos dos nascidos em Las Mees, mas que moram em outro país do continente, mas esse não foi o motivo. Eu só estava esperando a minha coroação para libertar a minha tia. Não achei justa a sua prisão e como agora eu possuo tal poder posso fazer o que eu acredito que seja certo.

– E o que a senhora acredita ser certo?

– Eu acredito que toda pessoa tem direito de manifestar a sua forma de pensar e ainda assim não perder a sua liberdade.

– E quanto aos rebeldes? - outro jornalista pergunto. - Não é o assunto em pauta aqui, porém houveram ataques não só em Frömming, mas houveram algumas destruições de patrimônios públicos em outros países e o mais atingido foi Las Mees.

– Vou aproveitar a sua pergunta para deixar explícito aqui que eu tenho o desejo de ouvir os rebeldes - Katerina fala com tamanha calma que parece que é como se tivesse planejado tudo aquilo. Talvez ela realmente tivesse. - Os Apátridas são bem-vindos ao Palácio Archiberz para falar comigo. Eu realmente quero ouvir o ponto de vista deles, saber o porquê disso tudo. Até o ponto em que tudo é apenas uma manifestação é aceitável, mas a partir do momento em que eles começaram a destruir coisas e machucar pessoas mexeu comigo de tal forma que eu não via a hora de assumir o trono para fazer algo a respeito. Então quem quer que seja o líder dos Apátridas, saiba que você poderá marcar uma reunião comigo a qualquer momento do dia.

O jornalista ouviu a tudo isso atentamente e depois encerrou a entrevista.

– Muito obrigado, Majestade - ele e a sua equipe agradeceram com uma reverência e saíram.

– O que você pensa que está fazendo?

– Dando uma entrevista.

– O que essa mulher está fazendo aqui?

– Essa mulher é irmã da dona do palácio, tia da rainha. Essa mulher é Branka Thalia Hüfner, a rainha de Las Mees - Katerina fala. - E você é o que? Lorde Archiberz, o Senhor de Frömming. Você está abaixo das três rainhas aqui presentes - ela aponta para si mesma, Branka e Harriet. - Você nos deve reverências, Lorde Joffrey.

Sem saída, ele se retira da sala bufando.

– Joffrey não deixará barato - ela ouve Branka falar.

– Ele não pode me atingir agora - Katerina retruca.

– É aqui que você se engana, querida Katerina - ele diz para si mesmo e vai sai a procura de Hugh. Depois de trancar a porta do seu escritório, ele se senta. - E então?

– O senhor me mandou instalar algumas câmeras secretas - Hugh fala. - Eu consegui instalar no quarto de Katerina, Harriet, Jean-Pierre, Branka e do guarda-costas da sua sobrinha.

– Ótimo. E aí, descobriu alguma coisa?

– Eu tenho uma gravação surpreendente, Majestade. Por favor, me acompanhe até a estação das câmeras.

Os dois foram até uma sala recheada de monitores e Hugh parou na frente do maior monitor.

– E então?

– Calma, Majestade. É melhor se sentar, será bem chocante.

Joffrey se sentou em uma cadeira giratória e observou o monitor. Jean-Pierre entra no quarto do guarda-costas de Katerina e tranca a porta.

– Como estão as coisas? - ele pergunta.

– Joffrey mandou quebrarem as câmeras. Não estamos mais sendo vigiados - Fabrizio responde.

– Ótimo. Assim podemos conversar livremente.

– As paredes aqui ainda tem ouvidos.

– Mais cedo ou mais tarde as pessoas daqui descobrirão.

– Que seja mais tarde então - o garoto se senta na poltrona e começa estalar os dedos.

– Hector não dará conta. Você sabe como o seu irmão é. Nós dois estamos aqui e Altulle está nas mãos do Primeiro Conselheiro. Você sabe que aquele velho é mais baderneiro que Hector - Jean-Pierre fala. - Nós precisamos de você.

Seu irmão, Joffrey analisa as palavras do rei de Altulle. Fabrizio deve ser algum bastardo de Jean-Pierre, mas por que ele precisaria do garoto?

– Eu ainda não posso voltar. Falei com Katerina hoje e ela quer realmente desistir e ser fiel ao marido mauricinho, mas eu sei que ela está mentindo. Se eu insistir um pouco ela cede.

– Você fracassou, nós temos que admitir isso.

O garoto se levanta e vai até o espelho do banheiro.

– Não - Joffrey ouve apenas a sua voz. - Eu sei como ela é. Katerina voltará para mim.

Ele liga o chuveiro e fica lá por mais ou menos cinco minutos. Cinco benditos minutos que Jean-Pierre não calou a boca, falando sobre como o país precisava do menino.

– Você devia ter feito um filho nela quando teve a chance, assim aquele retardado do tio dela a faria se casar com você. Nós perdemos, Francis.

Francis, a ficha de Joffrey cai. Meu Deus.

Francis Kionbach, o filho mais velho de Jean-Pierre, o seu primogênito e herdeiro. O garoto nunca aparecia, mas Joffrey o conhecia através de fotos que seus espiões lhe mandavam.

Então quando o garoto que saiu do banheiro não era mais moreno de olhos verdes e sim loiro com os olhos azuis tão vivos quanto os de Jean-Pierre, foi que Joffrey bateu o punho na mesa, horrorizado.

– Nós ainda temos muito a ganhar em Frömming - ele diz. - Nós precisamos tentar, pai. Precisamos tentar pelo nosso país. Temos que fazer pelo povo de Altulle.

Joffrey bagunça os cabelos e olha para Hugh, cheio de ódio.

– Eu lhe disse, Majestade, que era surpreendente.

– Francis Kionbach está no meu palácio - ele balança a cabeça, totalmente em negação, mas como ele poderia discutir com algo que estava ali, diante dos seus olhos? - Eu o abriguei, confiei a vida de Katerina a ele e até perdoei o fato de tê-lo encontrado no quarto dela, mas isso... Eu vou matar esse desgraçado!

Katerina precisa saber disso, ele decide. E eu vou contar agora mesmo.


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Notas finais do capítulo

A farsa de Fabrizio foi desmascarada por Joffrey. E agora? Será que ele contará para Katerina ou o tio da ruiva chegará primeiro? Como ela reagirá?



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