Katerina entra na igreja com o queixo levantado e um sorriso no rosto. Ela é uma princesa, futura rainha, precisa se impor.

A cerimônia religiosa foi longa e os minutos pareciam não passar. Katerina não prestava atenção em nada do que o padre falava e algumas vezes chegou a olhar discretamente para os lados, tentando achar Fabrizio, mas nada. Ela também não o viu quando chegou.

A hora da resposta se aproxima. Erik diz sim.

– Mary Katerina Hüfner Archiberz, princesa de Frömming, herdeira do trono, rainha das Ilhas Perdidas, futura rainha e filha da beleza, você aceita se casar com Erik Julian Hepp Le Lëuken?

Então ela o vê. Fabrizio está em um canto da igreja, junto com os outros seguranças. Ele a olha com cautela, provavelmente certo da escolha dela. Mágoa é tudo o que ela consegue enxergar.

Ela se lembra da mulher que morreu em seus braços no dia do casamento de Michael. O jeito como os rebeldes invadiram a festa e mataram inocentes.

Eles não podem ter morrido em vão. Eu preciso vingá-los, ela branda.

Seu desvio na dura muito tempo. Decidida, ela olha de relance para Erik e depois firmemente para o padre.

– Eu aceito.

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– O casamento durou mais do que o esperado para acontecer - Heinz comenta. - Não é fácil preparar um casamento real.

– Por isso que pagamos pessoas para fazerem esse tipo de trabalho - Joffrey fala enquanto bebe vinho. - Eu prefiro não esquentar a cabeça e apenas desfrutar dos meus últimos momentos como rei.

– Regente - Ivna, a rainha interina de Frömming rosna com amargura. - Regente Joffrey Archiberz, tutor e responsável legal pela herdeira. Esse é o seu cargo.

Joffrey a ignora, fazendo com que Heinz faça o mesmo.

– O jantar está divino - o rei de Ahnmach elogia. - No casamento de Valerie mandarei contratá-los novamente.

– Nada melhor do que um ótimo jantar acompanhado da consumação, não é mesmo? - Joffrey olha para a sobrinha.

A consumação. Meu Deus.

– Acho um costume muito medieval - ela reclama. - Quando for rainha pretendo erradicar essa lei absurda.

Todos herdeiros que se casarem devem ter sua primeira vez na frente de boa parte dos familiares e nobres. A consumação mais esperada dos últimos anos: Katerina e Erik.

– Não é tão fácil extirpar um costume que se segue por milênios.

– Sinto muito que ainda não tenha sido eliminada. As coisas vão mudar muito depois da coroação - ela se levanta. - Com licença, meu tio, preciso usar o banheiro.

Quando ela passa por ele, Joffrey segura o seu pulso.

– A consumação acontecerá daqui alguns minutos. Não se atrase para a sua grande noite.

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Katerina e Erik haviam entrado no quarto. Não havia paredes, apenas vidros escuros. Bom, escuros para eles, porque as pessoas do lado de fora conseguiam ver tudo. O quarto foi feito para dar mais privacidade ao casal, já que em épocas medievais ficavam todos no quarto mesmo, apenas observando a consumação.

O coque de Katerina havia sido desfeito e os seus cabelos, por mais que tenham sido alisados algumas horas atrás, já estavam levemente ondulados, caindo como uma cachoeira até abaixo do seu peito. O seu vestido havia sido trocado por uma camisola curta perolada, da cor do seu vestido.

Erik caminha até ela e beija o seu rosto.

– Vai dar tudo certo - ele diz e lhe beija a testa. - Eu sei que você sabe como é, mas fazer com um estranho é algo completamente diferente.

– Só... - ela respira fundo. - Vamos acabar logo com isso.

Ele assente com a cabeça, visivelmente aliviado. Erik aparenta ser uma boa pessoa, afinal.

– Ótimo.

Ele lhe beija os lábios levemente. Apesar do loiro estar sendo carinhoso, Katerina não consegue se acostumar. Eles não encaixam.

As coisas estavam acontecendo bem devagar. Ela ficou um pouco grata por isso. Bom, mas ele não seria violento na frente de todos.

Katerina acha uma câmera escondida e ela se lembra deste detalhe. As partes menos quentes serão exibidas para todas as nações. Todos os povos verão com seus próprios olhos a consumação.

Onde Fabrizio estaria nessa hora?

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Depois que a festa foi dada como encerrada, Fabrizio se juntou aos outros seguranças para partir de jipe para o palácio, mas Joffrey o chama.

– Me acompanhe.

– Desculpe, senhor, mas preciso ir até o palácio com os outros seguranças...

– Quando o rei lhe dá uma ordem você a cumpre.

Regente, Fabrizio o corrige mentalmente. Você é o Regente.

Mesmo assim, Fabrizio o segue por corredores desconhecidos até parar em uma ala que nunca viu. Há uma porta preta e Joffrey a abre.

A sala continha cadeiras e devia caber no máximo vinte pessoas. Havia câmeras no quarto, ele conseguia ver isso por mais escondidas que elas estivessem e...

A vida dele acabou ali mesmo.

O vidro exibe Katerina e Erik. Ele está passando as mãos pelo corpo dela enquanto a faz gemer. Os lençóis de seda vermelha da cama foram jogados para fora da cama e a ruiva parece estar à beira da loucura. Os dois estão completamente nus. Isso o faz se irritar profundamente.

– Por que você me trouxe até aqui? - ele rosna com os punhos cerrados.

Erik está a beijando neste momento. Katerina chegou ao seu ápice e está toda suada, jogada na cama de qualquer jeito. Erik puxa o lençol vermelho e cobre o corpo dos dois enquanto a beija novamente.

Desgraçado.

– Isso é apenas o começo da minha vingança - Joffrey murmura perto do ouvido de Fabrizio. - As coisas acontecem de acordo com o meu ritmo. Katerina se casou e você não conseguiu estragar meus planos, impostorzinho de merda. Você acha mesmo que eu acredito que você goste da minha sobrinha? Ela é uma princesa e você é um rato. Não a merece.

– Eu amo Katerina - é tudo o que ele consegue dizer. - Eu não vou desistir.

– E ela pode até sentir o mesmo por você, mas ela prefere o povo - Joffrey sorri. - Katerina ama Frömming mais do que a si mesma. Ela daria a vida por eles e até o seu amor - ele olha para o garoto mais uma vez. - É exatamente isso que ela fez, não? Katerina fez uma escolha.

Fabrizio segura as suas mãos para não fazer nenhuma besteira. Joffrey ainda é o Regente. Ele não pode fazer nada.

Se acalme.

– Você não foi o escolhido, garoto - ele dá uma batidinha no ombro do moreno. - Eu diria que eu sinto muito, mas eu não sinto.