Unapologetic escrita por oakenshield


Capítulo 19
Mom


Notas iniciais do capítulo

Revelações. As coisas começam a complicar.



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Katerina resistiu ao impulso de correr até a sua mãe e abraçá-la. Isso só podia ser brincadeira. Ela encontrou os pais mortos em seus aposentos. Ela era pequena, mas sua mãe sempre a ensinou a sentir a pulsação das pessoas. Os dois estavam frios e ela tinha a certeza absoluta que estavam mortos. Isso só pode ser uma ilusão.

A mãe caminha até a filha e toca o seu braço. Seus dedos estão tão gelados quanto no dia em que ela a achou morta.

– Katerina - ela sorri. - Meu Deus. Quanto tempo.

Então Harriet toma a decisão de abraçá-la. Katerina está totalmente sem ação, então fica aquele clima estranho.

– Acho melhor nós conversarmos em outro lugar.

– O que você está fazendo em Altulle? - a princesa pergunta. - E com o rei?

Harriet olha para Jean-Pierre, que assente com a cabeça.

– Como eu disse, nós podemos conversar em outro lugar.

Katerina sente a mão de Fabrizio ao redor da sua. Ele a olha e assente como Jean-Pierre, até parece um pouco parecido com ele. Ela decide aceitar.

– Tudo bem, mas temos que ser breve. Joffrey está a minha espera.

+++

Os quatro foram para o palácio Kionbach. Jean-Pierre e Katerina entraram pela frente, já Fabrizio disse que acompanharia Harriet pelo caminho dos fundos. A mãe da princesa não podia correr o risco de ser descoberta.

Como ela não quer ser descoberta e fica passeando pela rua? Ela questiona. Ainda mais com o rei. É claro que vai ser reconhecida.

Katerina achava que o tempo não havia passado para a sua mãe, mas havia sim. Seus cabelos estavam mais longos e descuidados, seus olhos não têm mais o brilho de antes e ela está pelo menos uns oito quilos mais magra. Harriet sempre foi o tipo de mulher que todas queriam ser: filha de pais ricos, família maravilhosa, rainha do maior país do continente e beleza. Agora ela parecia uma mulher sem vontade de viver e maltratada. Katerina até conseguiu reconhecer alguns pés de galinha.

Jean-Pierre a levou até um quarto, onde Harriet e Fabrizio já estavam.

– Elas devem conversar sozinhas - o rei fala e Fabrizio assente, indo até a porta. Antes de fechá-la, ele sorri de lado para ela.

Tudo vai dar certo, ele mexeu os lábios, mas não saiu som algum da sua boca.

– Então - ela cruza os braços. - Por onde começamos?

– Seria mais fácil se você fizesse algumas perguntas no começo, assim eu conseguiria...

– Como você está viva? - ela a interrompe. - Eu vi você morta.

Harriet se senta no canto da cama e respira fundo.

– Fazia tudo parte do plano de Joffrey.

– O que Joffrey tem a ver com isso?

– Ele queria que você fosse vivesse com ele. Ele a queria ao lado dele, sendo educada por ele e treinada de acordo com os seus ideais.

– De certa forma foi o que aconteceu - ela murmura.

– Seu pai não quis entregá-la. Kurt a amava muito, filha. Ele nunca a deixaria com Joffrey. Então ele se revoltou.

Lágrimas se alojam nos olhos de Harriet.

– Ele matou o seu pai na minha frente.

Katerina tem que se apoiar na parede para não cair. Ele se encosta nela e parece esquecer que está de vestido, porque suas costas deslizam até seu corpo se chocar contra o chão.

Ele o matou. Branka estava certa o tempo todo. Joffrey é um monstro.

– E por que você está viva? - ela pergunta. Katerina não queria que a sua voz saísse de forma rude, mas saiu. Harriet parece engolir a tristeza. - Se vocês não concordaram...

– Joffrey me amava. Ainda me ama e é por isso que ele me manteve presa durante todos esses anos. Ele tinha um plano.

– Plano? - as lágrimas saem dos olhos de Katerina facilmente. Ela não consegue acreditar. - Depois de matar o meu pai ele ainda tinha um plano?

– Frömming e Ahnmach tinham negócios, mas sempre havia brigas entre os dois países. Altulle já se isolou e conseguiu sobreviver sem nós, já Ahnmach sempre precisou do nosso apoio e Joffrey sabia disso, por isso desde que você ficou com ele está prometida a Erik Le Lëuken. A aliança com Heinz era mais urgente e ele tratou de fazê-lo se calar com uma proposta de casamento entre os herdeiros. Ter controle sobre Frömming é mais do que Heinz e Eileen sonharam.

– Qual era o plano de Joffrey?

– Ele quer que você se case com Erik. A tradição manda que a coroação seja um dia depois do casamento e da consumação, então ele quer que eu case com ele e apareça.

– Mas forjar uma morte é crime - é tudo que Katerina consegue falar. Se ela se permitir pensar em várias outras coisas hoje vai enlouquecer.

– Acontece que ele vai colocar a culpa nos rebeldes. Eu estive sob cuidado deles durante todo esse tempo.

– Os rebeldes? Como eles te liberaram?

Harriet olha para Katerina. Ela realmente não sabe nem da metade da maldade daquele monstro.

– Joffrey tem os rebeldes na palma da mão. Ele que os sustenta.

O ataque no dia do seu aniversário e no casamento de Michael. Aquele homem jogando fogo na senhora e os vários seguranças que ficaram feridos. Os mortos. É tudo o que ela consegue pensar. Ele sacrificou o povo de Frömming e os seus seguranças. Ele deixou pessoas morrerem para ele bancar de herói no final.

– Os rebeldes tentaram me matar - ela olha para a mãe. - É isso que ele quer? Que eu morra?

– Ele quer que eu me case com ele. Como você ainda não terá a coroa, eu sou a rainha. Ele quer ser chamado de Vossa Graça, rei Joffrey e tudo o mais, não de Regente. Você entende, Katerina? É tudo pela maldita ganância de poder daquele desgraçado.

– E ele acha que Heinz não reclamará?

– O que ele poderá fazer? Um casamento consumado só poderá ser desfeito com a morte. Um dia Erik e você serão rei e rainha. Quando eu Joffrey morrermos.

– Ele nem liga para o povo, ele quer o trono por causa do poder. Ele quer tudo. Ele quer o trono, quer você, quer que eu o apoie! Ele não percebe que o povo não o quer mais? As pessoas estão pedindo para que eu assuma.

– Joffrey matará quem protestar. Ele acabará com tudo e todos. Seu tio não tem com quem se importar então não medirá esforços para ter o que quer.

Katerina ainda não consegue acreditar. Tudo parece um pesadelo para ela. A ruiva se levanta e ajeita o vestido.

– É melhor eu ir embora. Não estou pronta para essa conversa.

Harriet anda até ela e segura suas mãos.

– É claro que está, filha. Eu tenho ainda muito o que falar para você. Ficamos separadas por doze anos e eu quero recuperar o tempo.

– Recuperar o tempo? Você nunca vai recuperar o tempo. Por que esperou todo esse tempo?

– Eu nunca conseguiria fugir se Jean-Pierre não tivesse me achado. Ele está me ajudando.

– E em troca do quê?

– Apoio político. Ele quer que Frömming fique ao lado de Altulle.

– Eu nunca apoiaria um país inimigo. Joffrey sempre disse que...

– Para de falar nesse homem! - a mãe se exaspera. - Ele matou o seu pai!

As lágrimas voltam a escorrer dos olhos de Katerina. Ela acreditava na mãe, de verdade, mas é difícil suportar esse peso. O cara que sempre foi tão querido com ela não poderia ser esse monstro que Harriet dizia que ele era.

– Joffrey foi o meu pai - ela rosna. - Ele pode ter feito coisas horríveis, mas ele sempre foi bom para mim.

– Ele tentou te matar.

Ela respira fundo, passando os dedos pelos cabelos. A ruiva não conseguia encontrar uma resposta para isso. Era indefendível.

– Eu vou embora.

A mãe a puxa pelo braço.

– Conte a Branka que eu estou viva, tudo bem? Por favor.

– Você não sabe?

– Não sei do quê?

– Branka foi acusada de alta traição contra Joffrey. Está presa em Frömming e você sabe que os traidores não recebem visitas.

– Você é a futura rainha, com certeza encontrará um caminho. Por favor. Ela precisa saber.

Katerina realmente precisava conversar com a sua tia Branka depois do reencontro com a sua mãe hoje. Poderia parecer egoísmo, mas Katerina não sentia a alegria que deveria ao ver a mãe. Tudo o que ela sente é ressentimento. Ela sabe que a mãe não tem culpa de nada, mas esse sentimento não a deixa abraçá-la e dar uma festa por ela estar viva. Seu orgulho também martela em sua mente e a tristeza que ela sentiu durante todos esses anos vem à tona.

– Eu chorei por você durante doze anos. Eu tive pesadelos e flashbacks da noite me que eu encontrei você e o meu pai mortos. Eu não conseguia suportar. Você sabe o que é isso? Fingir todos os dias que está tudo bem quando na verdade não está?

– Eu sinto muito - Harriet começa a chorar. - Eu nunca quis essa vida para você, filha. Tudo o que eu queria era ser feliz com meu marido e meus filhos. Era tudo o que eu precisava, mas Joffrey estragou tudo. Ele tirou até o meu último fio de esperança. Eu preferia ter morrido naquela noite ao ver seu pai perder a vida de tanto sangrar na minha frente. Eu sinto muito, Katerina - ela passa os dedos nos olhos. - Não me culpe por algo que eu não tenho culpa. Eu sei como foi duro para você, mas também foi para mim. Você ainda tinha a sua irmã. Eu não tive ninguém nesses últimos doze anos. E você sabe o que é ver o cara que você ama morrer na sua frente? Você sabe o que é a dor de ver um irmão matando o outro?

– São dores diferentes. Não podem ser comparadas.

– A família Archiberz foi dilacerada por minha causa - ela murmura. - Eu namorava Joffrey, mas estava prometida a Kurt. Eu causei uma guerra entre eles, eu estraguei a vida de dois irmãos.

Katerina nunca tinha ouvido aquela história. Desde quando sua mãe namorava Joffrey?

– Eu nunca soube.

– Eu me apaixonei por Kurt e construí uma família com ele. Kurt me aceitou com todos os meus defeitos e problemas. Ele me acolheu e eu aprendi a amá-lo. Joffrey ficou furioso.

– Por que você está me contando isso?

– Porque eu sei que você está prometida a Erik e está se encontrando com o guarda-costas. Os dois podem não ser irmãos, mas você também pode causar uma guerra como eu fiz. Eu não quero que você saia machucada.

– E o que você quer que eu faça? Que eu desista do meu casamento? Você também não desistiu do seu.

– Eu estou dizendo que você pode aprender a amar Erik assim como eu aprendi a amar Kurt - ela sorri. - Mas você pode escolher ficar com o cara que você já gosta. Eu só quero que você não fique indecisa como eu fiquei. Por meses eu continuei a me encontrar com Joffrey. Eu era jovem e estava confusa.

– Você ficou com os dois.

– Eu estava em cima do muro, mas eu aprendi com os meus erros. Joffrey acabou sendo prometido a Ivna e Kurt começou a me trair. Eu demorei para perceber que eu amava o meu marido, mas tudo deu certo e ele volto para mim.

– Você queria os dois.

– Eu amei os dois, mas de modo diferente. É possível amar duas pessoas, sim, eu sou a prova viva disso, mas de diferentes modos. Eu fiquei em cima do muro e a vida acabou escolhendo por mim. Eu não fiz o meu próprio caminho e errei.

– Você está me pressionando - ela percebe. - Jean-Pierre pediu isso?

– Jean-Pierre quer que você case com o filho dele, Francis - ela a olha nos olhos. Katerina percebe como elas são parecidas. - E eu disse que conseguiria convencê-la a aceitar.


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Notas finais do capítulo

Katerina ainda está em cima do muro não só em relação a sua vida amorosa, se casará com Erik ou ficará com Fabrizio, mas também quanto a sua vida geral. É difícil para ela acreditar em tudo o que dizem sobre o homem que sempre cuidou dela. É ainda pior saber que ele fez tanto mal para as pessoas. Ela está dividida entre a razão e o coração e poderá demorar para decidir qual rumo tomar com a sua vida.



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