Katerina e Fabrizio continuaram a se encontrar durante um bom tempo. O casamento estava se aproximando e ela queria aproveitar seus últimos momentos como solteira. Ela não havia dito nada para ele, mas não pretendia desistir de casar. Seu país precisa disso.

Jogada na cama como uma bêbada, Katerina ouviu batidas na porta e endireitou-se, mas continuou deitada.

– Pode entrar.

Fabrizio aparece.

– Tenho planos para hoje - ele para. - Vista uma roupa confortável.

Katerina coloca um vestido curto dessa vez, no meio da coxa, branco com manguinhas. Ele era apertado até a cintura e depois ficava soltinho. É a coisa mais simples que ela tem no guarda-roupa, junto com uma sapatilha vermelha.

Fabrizio não a fez tingir os cabelos, o que a surpreende. Se eles vão sair ela deveria estar disfarçada, não?

Ele fala algo com o motorista de Joffrey, que fala para os seguranças liberarem a saída deles. Katerina e Fabrizio vão em outro carro dessa vez, alto e cor de grafite.

Uma música que Katerina não conhece começa a tocar. Pela tela que exibe o show ela consegue ver três homens, um deles com cabelo comprido, tocando instrumentos. O quarto homem, esse sem cabelo, está como segunda voz e há uma garota de cabelos loiros claros, ondulados e até a cintura cantando. Eles cantam rock, isso ela consegue reconhecer, assim como a voz da garota. É como se ela já tivesse a ouvido alguma vez, só que em outra música, porém mais suave.

– Eles são de Altulle - Fabrizio fala, percebendo como ela ouve a música com atenção.

– A maioria dos músicos é de Altulle.

Ela o vê esboçar um sorriso.

– Os altulleanos são muito talentosos.

– Você já foi para Altulle? - ela pergunta. - Quero dizer Altulle, a capital, não o país como um todo.

Hoje em dia todas as capitais tem o nome de seus respectivos países. Joffrey contou a sobrinha uma vez que os países eram divididos em estados, que eram divididos em cidades, que eram determinadas de acordo com bairros. Hoje, as coisas mudaram. Não há estados, apenas setores pertencentes a um país apenas. Cada setor recebe um nome e é responsável pela produção de algo. O setor Gram é o principal responsável por todos os alimentos de base primária que vai parar na cozinha do mais rico ao mais pobre. É preciso vários setores, é claro, dividindo-os das atividades mais complexas até as mais simples. Há setores para os cientistas, por exemplo, onde remédios como a pomada milagrosa são desenvolvidas, há setores responsáveis pela televisão, tanto novelas quanto as notícias de todo o continente são exibidas la. O setor do jornalismo, televisivo ou para leitura, recebe o mesmo nome em todos os países: Manske. Uma homenagem ao continente Manske, onde países como Frömming, Altulle, Hahle, Las Mees, Ahnmach e outros menores estão situados. O que eles querem dizer, na verdade, é que eles estão conectados em tudo, ligados a todo momento.

O setor de Katerina homenageia a sua linhagem: Archiberz. O setor principal de cada país, onde vive a família real, recebe o sobrenome real. O setor principal é responsável pela justiça, recebendo os criminosos mais perigosos para condená-los pelo tempo necessário ou até a morte.

– Algumas vezes - Fabrizio dá de ombros. - Poucas.

Katerina pensa em como Branka teve sorte por não pegar pena de morte. Afinal, o que havia acontecido?

– Por que Branka foi condenada a pena mínima em vez da morte? - seu tom é um tanto acusatório, mas ela só está curiosa.

– Seu tio queria dar um susto nela, não causar uma guerra - ele olha para ela. - Há uma série antiga de livros. As Crônicas de Gelo e Fogo. Já ouviu falar? A Guerra dos Tronos.

– Não.

– Bom, basicamente o rei morre e o filho dele, que na verdade é uma obra de incesto entre a rainha e o irmão, assume o Trono de Ferro. O menino, que por acaso tinha o mesmo nome que o seu tio, Joffrey, mandou matar um homem importante do Norte, melhor amigo do rei, por tentar tomar o trono dele. Na verdade, o Stark só queria fazer a vontade do rei. Enfim, o filho mais velho do Stark se revoltou, fazendo com que uma guerra fosse inevitável. Sabe, tudo porque mandou matar um homem que era considerado o Rei do Norte. Agora imagina se o seu tio manda matar uma rainha de um país inteiro, algo de verdade.

Não ia sair nada bem, Katerina entendia isso.

– Petrus faria de tudo para vingar a mãe. Ahnmach já não está muito bem com Frömming, até por isso o casamento - ele sente um gosto amargo na boca e muda de assunto. - Altulle e a maior cidade do país se odeiam.

– Ainda sobra Hahle.

– Os Hallaya apoiariam Jean-Pierre.

– Por que você fala isso com tanta convicção?

– Jacques e Florence são amigos do rei Kionbach. Nunca ficariam contra ele. Os dois são leais.

Francis conhecia o casal desde que se entende por gente. Seus padrinhos, para falar a verdade.

– Você sabe de algo que eu não sei?

– Tudo o que eu sei é o que eu li em livros. Sabe, os liberados pelo seu tio e tal.

Eles ficam em silêncio o resto do caminho. Qualquer desconfiança pairando sob a cabeça da ruiva se dissipa quando ela vê onde o carro parou.

– É lindo.

Há uma pedreira e uma cascata jorrando água cristalina. Uma floresta os cerca ao redor do local.

Fabrizio tira a camisa e as calças. Katerina se assusta, mas então ele se joga na água.

– Está gelada! - ele grita, fazendo a sua voz se sobressair do barulho emitido pela cachoeira. - Vem!

Sem ter biquíni nem nada, Katerina tira o vestido e entra na água o mais rápido possível. Por sorte ela estava usando uma calcinha e um sutiã apresentável, um conjunto lilás, para falar a verdade. Fabrizio se aproxima e começa a beijá-la de uma forma que é impossível resistir.

As mãos dele impulsionam as pernas dela para cima, fazendo-as pairar sob a cintura dele. Katerina sente o toque de Fabrizio em toda a extremidade do seu corpo, emanando calor pela ponta dos dedos. É impossível não sentir, afinal. Seus dedos são tão quente e tentadores quanto ele por completo.

Katerina permite que as mãos dele parem em suas coxas, então ele quase a faz perder o controle quando seus dedos pressionam sua pele mais forte, subindo devagar, causando arrepios. A ruiva morde os lábios fortemente para impedi-los de emitir qualquer som ou coisa parecida.

Toda a sua vontade de esperar vai por água abaixo quando as mãos dele param na base da sua roupa íntima da parte debaixo. Ela está perdendo completamente o controle.

– Katerina - ele sussurra, esperando uma resposta.

Mas ela se afasta. Para tentar quebrar o clima tenso que ficou mais pesado quando ela olhou nos olhos esverdeados dele, ela jogou água em seu rosto.

– Aposto que você não consegue me alcançar.

Tudo o que ela consegue pensar é em uma brincadeira de criança.

Idiota, ela se xinga. Você é uma retardada, Katerina. Burra, burra. Burra! O cara está na sua frente cheio de vontade e você fica o afastando. Até quando ele vai te aguentar?

– Tem certeza que quer apostar algo? - ele entra no jogo e ela sorri, agradecida eternamente pela compreensão dele.

– Se eu ganhar você terá que fazer as coisas de acordo com a minha vontade - ela propõe - e sem reclamar.

– Tudo bem, mas se eu ganhar você passará uma semana comigo em Altulle.

– Eu aceito.

– Você vai perder.

Com um sorriso no rosto, Fabrizio avança.

+++

É claro que mais cedo ou mais tarde ele acabaria a alcançando. Só uma idiota ou uma garota desesperada para não transar com o namorado não pensaria nisso. Talvez Katerina seja ambas.

– O que eu digo para Joffrey?

– Eu já resolvi tudo. Seu tio pensa que você participará de uma palestra. Sua irmã me ajudou.

– Hana? - ela sorri. - Quer dizer que vocês andam tramando pelas minhas costas?

– Só coisas boas - ele garante.

– E que palestra será essa?

– Algo sobre noivas e tudo o mais. Hana aproveitará e irá visitar o noivo, fingindo que está com você. O seu guarda-costas, é claro, foi o encarregado da sua segurança e eu me comprometi de arranjar outros guardas com a polícia local.

– Você tinha tudo planejado, não é mesmo?

– É claro - ele a beija. - Eu sempre tenho.