Unapologetic escrita por oakenshield


Capítulo 15
Fabrizio ou Francis?


Notas iniciais do capítulo

A essência de alguns personagens se perdeu e eu pretendo restaurá-las. Nem sempre mudanças são boas.



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Katerina afastou seus pensamentos. Se Fabrizio não gostasse dela não ficaria com ela, porque ela sempre procurou deixar claro que não desistiria do seu casamento. Não que um dia eles tivessem conversado sobre isso, porque não tinham, mas ele já deveria saber. A ruiva sempre foi comprometida com o seu país acima de tudo.

Depois de um tempo em silêncio, ela ouve o moreno suspirar.

– Quer saber? Eu desisto. Se você quer casar não sou eu quem vai impedir. Fica com o seu mauricinho loiro e vai cuidar dos seus rebeldes que é melhor.

– Eu queria que tudo ficasse bem, mas parece que você adora uma briga.

– Eu adoro uma briga? Você planejava isso desde o começo. Se fingia de tonga, me seduzia e depois me joga fora.

Ela não consegue parar de rir, só que de raiva.

– Eu que te seduzi? Quem foi que ficava falando que não escovar os dentes era ruim para beijar garotas carentes? Quem foi que ficava me cantando o tempo todo, inclusive na frente de Michael?

– Eu estava sendo eu mesmo! - ele bate no próprio peito. - Eu duvido que você saiba como é isso, mas eu fui verdadeiro o tempo todo.

– Você está me chamando de falsa? - ela o seguiu até o banheiro. - É isso mesmo que você acha? Que eu sou duas caras? Bom, tudo bem. Ok. Eu sou uma falsa, eu nunca fui verdadeira porque eu sou uma herdeira. Sim, se você soubesse como é ter um país nas costas saberia como é ter que lidar com tudo isso.

Fabrizio passa água no rosto e olha para ela.

– Você sempre distorce tudo, não é mesmo?

– Você é quem foi bem claro. Agora sai do meu quarto.

Ele joga a toalha em cima da pia molhada.

– Com o maior prazer.

– Você é um idiota! - ela joga o abajur em cima dele, atingindo a sua nuca. Ele a olha, indignado, e ela dá de ombros. - Some!

O que ela mais queria era voltar no tempo e nunca ter começado essa conversa.

Fabrizio fechou a porta e assim que ela ouviu passos firmes na escada começou a chorar.

+++

Fabrizio desce as escadas apressado enquanto seus olhos queimam de raiva. Ele passa pela biblioteca e pela sala em que Katerina pensava que havia lhe mostrado. Atrás de um famoso quadro de Picasso havia um estreito corredor que dava para o subterrâneo. Depois de atravessar o túnel ele dá de cara com uma porta de aço reforçado e com um aparelho de reconhecimento de retina. Ele posiciona o seu olho direito e esverdeado no aparelho e a porta se abre. Fabrizio caminha e fica em cima de uma plataforma prateada que dá vista para toda a sala.

Todos os infiltrados em Frömming de vários países vizinhos. Deve ter duzentas pessoas ali. Há monitores ligados a câmeras que estão escondidas em todos os cômodos do palácio, da casa de nobres e até de prédios públicos e importantes. Também há imagens diretas da floresta ao norte, onde os rebeldes vivem.

Fabrizio desce até o monitor principal, uma tela fina fixada na parede de mais de oitenta polegadas. Como aqueles caras trouxeram tudo isso para cá? Não se consegue ver as paredes por causa das telas que as preenchem por completo, cadeiras giratórias, mesas apoiando notebooks, computadores e mais ao fundo há um espaço com camas e alguns compartimentos com banheiros em um espaço isolado.

– Como estão as coisas por aqui, Ali? - ele pergunta.

Alison, sua irmã caçula. Cabelos loiros, levemente ondulados e na altura dos ombros, olhos azuis escuros e pele branquinha. Dezessete anos. Ele nunca pensou que seu pai a liberaria. Alison tem potencial, ele sabia disso, assim como o seu pai. Ele teve que se desfazer de dois dos seus filhos, mas estava óbvio que é por uma boa causa.

– Katerina está na palma da sua mão - ela sorri. - Está chorando agora.

Isso o corta o peito. Ele nunca quis que ela chorasse.

– Não estava planejado. A briga foi real.

– É melhor você não contar isso a ninguém, sabe, as pessoas aqui pensam que você é um ótimo ator.

Ele prefere não dizer nada. No começo atuou, sim, mas as coisas mudaram. Ele começou a levar a ruiva a sério depois da rápida ida deles a Las Mees. Quando disse a ela, há alguns minutos, que ela não sabia o que era ser verdadeira, foi porque ele explodiu de raiva. Fabrizio nunca diria isso em sã consciência.

– Alison, Jean-Pierre na linha - um espião de Ahnmach diz.

A loira olha para o irmão mais velho.

– Ele vai querer falar com o primogênito.

– Fala com ele primeiro. Já estou indo.

Fabrizio fica observando Katerina mais um tempo até que um monitor ao lado o chama atenção. Um quarto vermelho.

– De quem é esse quarto? - ele pergunta a um cara.

– Fleur Hallaya está hospedada no Frömming Palace.

O que essa diaba está fazendo aqui? Ele se pergunta.

– Heron veio com ela? - Heron, o irmão mais velho de Fleur e Claire, o herdeiro de Hahle, primogênito de Jacques e Florence Hallaya.

– Ela veio sozinha.

– O que ela faz aqui?

– Está recebendo visitas de Erik Le Lëuken.

Esse mauricinho está traindo Katerina. Ele vai pagar.

Eu a perdi por causa desse desgraçado, ele absorve a raiva.

– Visitas íntimas? - ele questiona só para tirar a dúvida.

– Não tão íntimas assim porque nós observamos tudo.

– Francis! - Alison o chama. - Nosso pai quer falar com você.

– Obrigado - ele agradece ao cara e caminha até um monitor de vinte polegadas, não mais do que isso. - Oi, pai.

– Sua irmã me falou que você está desempenhando muito bem seu papel.

– Eu estou tentando.

– Fiquei sabendo que Katerina não desistiu do casamento.

– É uma garota determinada. Não vai desistir.

– Você tem lábia o bastante para persuadi-la. Se isso não resolver use a sua beleza - ele fala. - Afinal, duas coisas que você puxou de mim: lábia e beleza.

– Farei o possível.

– O possível e o impossível. Quero que volte para Altulle com ela.

– Katerina aqui?

– Sim. Quero fazer uma troca com Joffrey.

– Pensei que você queria que ela desistisse do casamento com Erik.

– Mas é claro que eu quero, mas se fosse para ela simplesmente desistir eu teria mandado um homem matar aquele loiro folgado, não o meu próprio filho.

Então ele percebe que há algo por trás de tudo isso. É claro que havia. Para que desfazer um casamento se você não tem os seus próprios interesses sobre isso?

– O que você está planejando que ainda não me contou?

– Katerina desistirá de se casar com Erik para casar com você - ele sorri com a cara de indignação do filho. - Sim. Você, Francis Kionbach, herdeiro de Altulle, primogênito de Jean-Pierre Kionbach, se casará com Katerina Archiberz, filha de Kurt e Harriet Archiberz, herdeira de Frömming.

Ele não entendia o porquê do seu pai estar falando tão explicativamente, mas não questionou. Ele queria se vangloriar.

– Quem você quer trocar com Katerina? - ele se lembra.

– Você prefere ser chamado de Francis ou Fabrizio?

– Não mude de assunto - ele é rude com o pai. - Responda a minha pergunta.

– Harriet Archiberz.

A mãe de Katerina.

– Harriet está morta.

Jean-Pierre sorri.

– Ai é que você se engana. Está tão viva quanto eu e você.

– Mas como é possível...?

– Está sob cuidados dos Indomáveis, como aqueles organizadores de pandemônios se autodenominam.

Os rebeldes. Eles estão com a mãe de Katerina.

– Como ela sobreviveu a ira de Joffrey?

– Ela nunca a enfrentou, Francis. Joffrey a ama tanto quanto um hacker gosta de um computador.

– Péssima comparação.

Jean-Pierre ri.

– Desculpe, filho, mas não resisti. A questão é que Joffrey matou Kurt e guardou Harriet para o futuro. Ele a escondeu, mas nós a descobrimos. Eu a descobri.

– E onde ela está?

– No Palácio Kionbach, é claro.

A mãe de Katerina está na casa deles em Altulle. Como ele vai conseguir olhar para ela agora sabendo que a mãe dela está viva?

Eu sou uma falsa, eu nunca fui verdadeira porque eu sou uma herdeira. Sim, se você soubesse como é ter um país nas costas saberia como é ter que lidar com tudo isso, as palavras de Katerina ecoam na cabeça dele.

Eu sei, ele fala em seus pensamentos como se ela pudesse ouvi-lo. Eu sei exatamente como é isso.


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Notas finais do capítulo

Surprise! A verdadeira identidade de Fabrizio foi revelada: Francis Kionbach, um infiltrado de Altulle. Boa leitura.



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