Confusions In The Enchanted World escrita por Catnip


Capítulo 14
Desabafos, encontros e desgostos.


Notas iniciais do capítulo

Hey!!!
Desta vez não demorou tanto o/ Espero que compense a demora do anterior :3
Este capítulo não é mais pequeno, no entanto só tem dois pov's. Tinha outro pov em mente para colocar aqui mas acho que ficaria muito extenso e demoraria mais a postar.
Hum...estou um pouco receosa quanto a este cap. Tenho medo que esteja chato em algumas partes.
Perdoe-me se houver muitos erros, a revisão não está grande especialidade (estou com um sono dos diabos e meio adoentada).
Boa leitura e espero que gostem ^^



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Lena Montgomery

Ficar em casa era, definitivamente, tudo o que menos me apetecia fazer, daí ter decidido sair de manhã cedo antes de toda a gente acordar e dar pela minha falta.

Há já muito tempo que não saía sem ter realmente algo em mente para fazer, mas situações desesperadas requerem medidas desesperadas – que neste caso seriam ligar a Erin para que viesse encontrar-se comigo.

E aqui estamos nós: eu mais Erin e Hilda (a irmã surda), às nove da manhã de um domingo na Gelataria Reindeer, acompanhadas de um céu nublado e uma brisa fria que se se parece mais com o nosso típico Inverno Encantado.

– Ai Lena, ainda bem que me ligaste! – Ia dizendo Erin enquanto nos sentávamos numa das mesas da esplanada – Precisava mesmo de falar com uma amiga!

– Que coincidência eu tam…

– É assim – interrompe-me, com faz quase sempre que eu tento dizer alguma coisa – Sabes quem é… – olha para trás e para os lados para ver se ninguém está a ouvir a conversa – …o Connor Reindeer?

O nome não me soa estranho, e depois de pensar um pouco lembro-me dum loirinho pouco conversador que dançou com Alyssa no baile de debutantes.

Aceno afirmativamente para Erin e pergunto (não realmente interessada na resposta):

– O que tem ele?

Ela volta a olhar à sua volta e confidencia-me:

– Eu acho que gosto dele – e dá um risinho tonto.

– Isso é bom – comento distraída. Pelo pouco tempo que gastei a conhecer Erin, já consegui perceber que ela não é muito dada a manter as suas admirações.

– Isso é bom?! É tudo o que tens a dizer?! – Pergunta exaltada, no mesmo momento em que Hilda (que tinha saído para usar o banheiro) se volta a sentar connosco.

– O que queres que diga mais? – Pergunto irritada.

– Sei lá, mas visto que me ligaste às oito da manhã de um domingo, o mínimo que poderias fazer é fingir-te interessada naquilo que eu digo!

– Olha, vais ter de me desculpar, porque com os problemas que já tenho, tudo o que não me apetece é ouvir-te falar das tuas paixões estúpidas!

Saio do estabelecimento, imitando uma cena dramática à filme americano, seguindo o passeio até ao parque da cidade.

Ajusto a camisola ao corpo na esperança de me aquecer face ao frio repentino da rua.

Enquanto ando martirizo-me pela maneira como falei com Erin. Ela é uma tagarela hiperativa: facto, mas eu gosto dela mesmo assim e não posso ser mal-educada só porque não estou nos meus dias.

Bem, na realidade eu já não estou nos meus dias há algumas semanas, por isso a expressão correta seria: ‘‘não posso ser mal-educada com as pessoas só porque não estou nas minhas semanas’’’.

Isto soa muito mal.

Vejo ao longe as letras que anunciam ‘‘Mistic Park’’ e fico feliz em ver que não estou longe do meu local favorito de toda cidade. Quando já estou bem próxima do portão ouço passos apreçados atrás de mim, e viro-me curiosa, para encontrar uma Erin preocupada, com a irmã no seu encalço.

Erin ia começar a falar, mas eu fui mais rápida:

– Desculpa – peço sinceramente – Não devia ter sido rude. Não sei porque é que reagi assim. – Ok eu até sei: tenho os nervos em franja, dormi mal, e a tagarelice de Erin tira-me do sério. Mas eu ainda sou uma pessoa educada e não posso esquecer-me disso.

Erin balança a cabeça negativamente:

– Desculpa-me a mim. A minha mãe está sempre a dizer que eu devia ouvir mais e falar menos – faz um sorriso arrependido.

Hilda toca no braço da irmã para chamar a atenção dela e faz una série de gestos que não consigo interpretar, ao contrário de Erin.

– Está tudo bem – diz meio sussurrado enquanto responde também em linguagem gestual.

Elas continuam a falar e eu afasto-me uns metros sentando-me num banco comunitário ali perto.

Uns segundos depois Erin vem para perto de mim e Hilda acena-me em despedida. Eu correspondo, adicionando um sorriso de desculpas.

– Minha irmã queria ir à biblioteca – diz a loira Bezerra do meu lado. – Disse-lhe que íamos ter com ela depois de termos uma conversa muito séria. Por isso, toca a contar o que se passa.

Suspiro resignada e lanço-me num discurso de desabafo.

A primeira coisa que menciono é a doença da minha mãe. Que já não tenho qualquer esperança de que ela melhore, mas só ao admiti-lo em voz alta é que me apercebo disso.

Vejo Erin tentar abrir a boca para dizer algo de consolação, mas desta vez não lhe dou hipótese, e continuo a falar, passando para o assunto: Thomas.

Ela põe aquela cara de quem come limão pela primeira vez quando lhe contei do dia em que soube que Tom gostava da Daina. E torce o nariz mais ainda quando lhe digo quem é Daina, e oque é que ela significou para mim.

O meu relato chega finalmente a um fim quando conto tudo o que se passou no dia anterior, incluindo o estalo e a partida do meu irmão para o Internato Tremaine.

– Uau – diz a loira do meu lado – Nem a Hannah Safiris se pode queixar que tem problemas comparando contigo, não é? – Dá uma batidinha no meu braço depois desta desastrosa tentativa de aliviar o ambiente.

Mesmo assim solto um riso pelo nariz, e recosto-me no banco, fechando os olhos por uns segundos.

– Olha já deves ter reparado que a minha habilidade de dizer a coisa certa na hora certa é nula – começa, enquanto eu abro os olhos para prestar atenção, vendo-a agora de pé e consertando a roupa. – No entanto eu sei o que é que faz bem quando alguém nos desilude: conhecer pessoas novas!

Faço uma careta de desagrado à sugestão de Erin, mas ela mal me deixa pensar, pois já me está a puxar pela mão enquanto digita qualquer coisa no telemóvel.

Andamos uns minutos, que é tempo suficiente para sair do parque e chegar perto da central de autocarros. Cedo à curiosidade e finalmente pergunto:

– Para onde é que vamos?

Erin recebe uma mensagem no telemóvel, e responde-me enquanto digita de volta:

– Vamos ao Bowling – levanta os olhos para mim - Vou levar-te para companhia de pessoas simpáticas que vão animar o teu dia!

Eu reviro os olhos, mas a sensação de desagrado já se foi. Soube realmente bem contar tudo o que sentia. Como se tirassem uma tonelada de quilos de cima de mim.

– Vamos ter com a minha irmã à estação de metro. Ela disse que também queria vir – aceno.

Erin e eu andamos a pouca distância que era até ao local combinado e encontramos Hilda assim que chegamos.

Enquanto estou a tirar o bilhete ouço alguém chamar:

– Menina Montgomery?!

Olho apavorada para trás de mim reconhecendo Douglas, o motorista do meu pai, e também quem me chamou.

Os segundos seguintes passam em camara lenta: Doug começa a correr atrás de mim enquanto eu me afasto da máquina dos bilhetes, agarro as mãos de Erin e Hilda e nos enfio na primeira carruagem que vejo.

As portas fecham-se quase imediatamente e vejo o rosto ofegante e preocupado de Doug através da janela.

– O que é que foi isto? – Pergunta Erin num grito sussurrado, ainda atordoada pelo movimento brusco.

– Eu não tenho a certeza – digo – Mas gostei.

Sento-me num dos bancos vazios e olho pela janela.

Não sei identificar o que sinto, mas por uma vez na vida não me sinto culpada por não obedecer às ordens do meu pai.

Letícia Duncbroch

Eu considero-me uma pessoa ativa, e por consequência não muito preguiçosa. No entanto, não gosto que me incomodem a meio da noite, principalmente quando já estou a dormir.

Que foi exatamente o que aconteceu.

Por volta da meia-noite e dez o meu telemóvel começou a tocar freneticamente (porque qualquer barulho parece frenético quando nos apanha a meio de um sonho com nuvens cor de rosa e pedras falantes).

Obviamente que eu não queria ou ia atender.

Pelo menos foi isso que eu decidi de início. Só que depois de quatro chamadas consecutivas é difícil de ignorar que há alguém muito determinado em despertar-nos.

Eu podia ter desligado o aparelho da primeira vez que tocou, e continuar a dormir em paz. Podia. Não fosse o facto de ele estar em cima da cómoda do outro lado do quarto.

Por fim, levanto-me da minha confortável cama de mogno, e vou em direção à dita cómoda, ainda com um olho aberto e outro fechado.

Agora, não é interessante o facto de que assim que toquei na fonte de barulho irritante, ela se calou?

Bufo irritada enquanto volto para a minha cama, com o telemóvel em mãos e espanto-me ao ver que as chamadas eram todas de Eric e que ele tinha deixado também uma mensagem:

11:33h

Preciso de falar com alguém. Floresta de Sherwood em 30?

Depois de o meu cérebro digerir a mensagem, levanto-me de um salto, marcando o número do meu mais recente melhor amigo. Eric atende alguns toques depois:

– Leth?

– Sim. O que é que se passa? – Pergunto preocupada.

Ouço-o bufar do outro lado:

– Coração partido e tretas do tipo.

– A esta hora? – Pergunto com uma careta – Não podias ter esperado até eu ter terminado o meu sono de beleza?

– Que beleza?

Desconverso, perguntando:

– Encontro-te no lugar habitual? – Ele confirma – Dá-me vinte minutos.

Enquanto eu e Shadow nos aventuramos pela floresta, censuro-me por não ter vestido uma roupa melhor. Vesti literalmente a primeira coisa que apareceu, que inclui o meu par de leggings mais velho e uma camisola de pijama que devia estar no cesto de lavar a roupa. Com isto começo a pensar que talvez esteja na altura de arrumar o meu quarto. Mas isso seria contra a minha natureza anti dama.

Obrigo Shadow a abrandar o passo, tentando reconhecer a parte da floresta em que me encontro. Já fiz este percurso milhões de vezes, mas nunca tão tarde, por isso torna-se difícil de reconhecer o caminho.

Elevo um pouco a lanterna que tinha na mão esquerda, e finalmente reconheço a clareira onde que há anos considero o meu lugar especial.

Estranhei o sítio estar vazio, visto que tinha combinado com Eric àquela hora, e ele nunca se atrasa.

Desmonto do cavalo, e assim que me viro apanho o maior suto da minha vida:

– Por Mor’du! – Grito ao ver Eric fazer pontaria com o arco em direção ao meu peito.

– Leth! – Exclama ele de volta, baixando o arco com cara de idiota – Que é que estás a fazer?

– Como assim, ‘‘o que é que estou a fazer?’’ O que é que tu estás a fazer?! Queres matar-me, é isso?

O moreno há minha frente revira os olhos e guarda a arma de volta enquanto diz:

– Pensei que fosses outra pessoa. Estás estranha – constata olhando-me de cima a baixo.

Não é como se a luz da minha lanterna iluminasse grande coisa, mas suponho que ele esteja a falar do meu cabelo todo desgrenhado, e na minha roupa pouco glamorosa.

– Mil perdões pela minha vestimenta pouco digna, Vossa Alteza – digo fazendo uma reverência irónica. – Como pode calcular era difícil conseguir um visual mais apropriado que este estando sob as condições que por si me foram impostas.

Assim que falei arrependi-me de o ter feito. Eric não me chamaria àquelas horas se não existisse uma boa razão para isso, e eu estava provavelmente a fazê-lo sentir-se pior por causa do meu mau humor matinal. Bem, não exatamente matinal. Mais um pós-despertar-brusco.

O meu melhor amigo suspira e dirige-se para o velho tronco de carvalho tombado a uns metros de nós, sentando-se no chão, e encostando-se na dita árvore.

Trago Shadow pelas rédeas, prendendo-o ao ramo de árvore do costume e sento-me ao lado de Eric.

– Desculpa – digo quase num sussurro.

Eric olha para mim e dá um sorriso mínimo, mas não responde nada, o que traduzo como: ‘‘Tudo bem, mas a partir de agora vai com calma’’.

Começo por perguntar tentando quebrar o gelo:

– Jake já está melhor? – Eric disse-me que já tinha voltado para casa, mas pelos vistos não na melhor das condições.

– Mais ou menos. Um bocado abananado ainda.

E ficamos por aí na conversa.

Passam-se uns minutos mais constrangedores da minha vida, até que Eric diz:

– Ela vai-se embora amanhã.

De início não percebo que é que ele quer dizer com isto, mas quando vou para abrir a boca e perguntar, ocorre-me a única hipótese:

– A Keira?

Ele acena.

– Embora para onde? Os Frost não vão mudar-se pois não?

Ele acena negativamente e explica:

– Conseguiu uma bolsa para estudar no Colégio Tremaine. Curso especializado em Literatura moderna ou uma treta do género – A voz dele sai meia embargada, como se lhe doesse dizer aquilo.

– Mas isso é bom, certo?

– Acho que sim. O que não foi tão bom foi a tampa que ela me deu hoje no nosso suposto encontro.

– Como assim, vocês iam sair?

– Eu tinha-a a convidado no outro dia. Disse-lhe que estava arrependido, e pedi-lhe outra oportunidade.

– Então o que é que aconteceu?

– Eu queria redimir-me pela outra vez, então esforcei-me para fazer uma cena toda braga e romântica, como as raparigas gostam. O resultado foi uma espera de uma hora com uma cesta de picnic ao lado. – Faz uma curta pausa - Isto até ela se lembrar de me ligar e dizer que não podia vir porque estava ocupada a fazer as malas.

Espero uns segundos até perguntar:

– Achas quer ela fez de propósito?

Eric encolhe os ombros e fixa o olhar longe, perdido em pensamentos.

Não posso dizer que esteja assim tão espantada com o que a Keira fez. Ela é daquele tipo de betinhas irritantes, com as melhores roupas, as melhores notas, o melhor cabelo…Sim, é lindíssima tenho de admitir, mas não vejo o que é que ela e o Eric possam ter em comum! Como é que se criam relações entre pessoas tão diferentes?

O tempo passa, e começo a sentir o cansaço voltar. O efeito das duas horas que dormi antes de vir já passou e para além disso estou a ficar com fome.

– Não disseste qualquer coisa sobre um cesto de picnic? – Pergunto a Eric.

Ele abandona a sua posição se procura algo atrás do tronco onde estávamos encostados. Uma enorme e glamorosa cesta é colocada do meu lado esquerdo, ficando assim entre mim e o moreno.

Ele abre-a e eu fico ainda mais espantada com o conteúdo: morangos; bombons de chocolate; folhadinhos de salsicha; mini pizas; guardanapos daqueles macios e grandes que só se encontram naqueles restaurantes finíssimos; uma toalha de xadrez vermelha; e qualquer tipo de iguaria deliciosa de fácil de transportar que possam imaginar.

Eric, já de volta à sua posição de conforto, tira a caixa com os morangos e oferece-me. Coisa que eu não recuso.

– Sabes – começa ele – provavelmente até foi melhor assim. A Keira não me parece o tipo de miúda que acha agradável jantar no meio de uma floresta cheia de insetos. – Diz enquanto sacode os mosquitos que se chegavam perto da comida.

– É – concordo – Aposto que é daquelas que diz que tem fobia disto e daquilo, e que arma um espetáculo de gritinhos para demonstrar a sua fragilidade perante criaturas tão vis, como por exemplo: pirilampos!

Eric sola um riso pelo nariz e abana a cabeça.

– Obrigada por vires – diz, e olha para mim com um pequeno sorriso envergonhado.

– Eu não vim Eric. – Rebato - Estive contigo o tempo todo – e deito a minha cabeça no ombro dele, não conseguindo perceber como é que uma parva como a Keira rejeitaria alguém tão especial como o meu melhor amigo.


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Notas finais do capítulo

Então? Como ficou? Espero que tenham gostado :p
Bem, alguém se lembra de eu ter falado que abriria vagas? Eu decidi abrir três vagas para substituir a quantidade de personagens que eliminei:
2 meninas filhas da Anastácia (meia-irmã da Cinderella - a história dela é mais explorada no filme Cinderella II)

Pergunta rápida: alguém aqui vê OUAT? É só que a MERIDA VEM AÍ!!! Quase que saltei quando soube. E ainda por cima, a série volta no dia dos meus anos :3
Pronto, não me lembro do que dizer mais.
Beijinhos e até aos comentários ^^