A Garota de Cabelos Azuis escrita por Bruna Gonçalves


Capítulo 3
"Cicatrizes e novos amigos"


Notas iniciais do capítulo

E aí?
Como vão?
Espero que gostem desse capítulo, já que as coisas vão começar a se desenrolar... =3
Acho também que não vou postar com taaaaanta frequência, só pelo feriado...

Aproveitem o capítulo!



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Quando a garota acordou na manhã seguinte, viu Chapeleiro ao seu lado, sentado no chão e afagando seu pulso com o dedão. Levou um susto, afinal, não queria que ele visse suas cicatrizes, e puxou sem braço com força.

– O que está fazendo? – Puxou a manga do pijama, tentando esconder o braço.

– Suspeitei disso. Quero dizer, você sempre usa muitas pulseiras ou roupas com mangas compridas. – Levantou os olhos para ela e puxou a manga de seu moletom, descobrindo várias cicatrizes parecidas com a de Alice. – Sei como é se sentir um lixo a ponto de odiar a si mesmo.

Aquilo foi como um choque para Alice. Chapeleiro parecia sempre tão feliz com tudo! Como podia ter aquelas cicatrizes? Aquilo demonstrava sinais de fraqueza, mas Isaac sempre estava feliz.

Ficaram em completo silêncio por mais de quinze minutos, só olhando para o chão. Não sabiam o que falar.

– Posso te pedir uma coisa? – Alice murmurou, cortando o silêncio.

– É claro.

– Só não conte para ninguém da escola, está bem? – Fechou os olhos. – A coordenadora é namorada do meu pai, e mesmo que ele me odeie, não quero que fique sabendo. Pode até me internar em algum sanatório ou coisa pior, já que eu não sou maior de idade ainda.

– Pode confiar em mim. É para isso que servem os amigos, não é? Confiar os segredos e os medos?

– Acho que sim. – Deu um leve sorriso, abraçando seu amigo no pescoço. – Obrigada. Por tudo.

– De nada. – sussurrou no ouvido dela. – Vamos aproveitar essa maravilhosa manhã de sábado e fazer alguma coisa?

– O que está pensando em fazer? – Ela se levantou e começou a se espreguiçar.

– Surpresa. Você vai conhecer os meus colegas. – Se levantou do chão, tirando a franja azul do rosto dela. – Só troque de roupa, está bem? Ficarei te esperando aqui.

E, toda animada, Alice correu até o banheiro com sua mochila e trocou de roupa. Finalmente poderia se divertir.

(...)

Os dois encontraram a turma no centro do Parque do Ibirapuera, deitados na grama verde e ouvindo jazz suave em um rádio portátil. Como Isaac fazia na escola, todos estavam deitados embaixo de uma grande árvore, já que o sol estava forte.

Chapeleiro pegou a mão de Alice e, lentamente, caminharam até eles. Todos se viraram para ela e sorriram, dando boas-vindas silenciosas. Apenas um se levantou, dando um abraço em Isaac e parando para observar Alice. Abriu um sorriso gigantesco, pegando a mão da garota e beijando-a.

– Como se chama, garota bonita?

– Alice.

– Era quem faltava para a nossa turma! – exclamou. – Eu sou o Gato de Cheshire, aquele garoto fumando um baseado é a Lebre, a albina ali é a Duquesa, o com o relógio no pescoço é o Coelho Branco e, como você deve saber, Isaac é o Chapeleiro. Agora temos uma Alice. – Pegou uma mecha do cabelo dela e enrolou no dedo. – Seu cabelo é muito bonito.

– Obrigada. – Sorriu de canto. – Mas, vem cá, por que vocês têm esses apelidos?

– Nós começamos com isso no oitavo ano. A nossa professora de geometria era pálida e pintava o cabelo de vermelho sangue. Era uma verdadeira carrasca, aí todos nós começamos a chamá-la de Rainha de Copas. E os apelidos pegaram alguns meses depois.

– Quer dizer que eu sou da turma, agora?

– É. Gostei de você.

Certo, esse cara está, definitivamente, me cantando, a garota pensou, enquanto deitava na grama junto com os outros. Ficaram observando as folhas caindo e ouvindo a música no rádio, em silêncio. Em algum momento, Chapeleiro sentou na grama.

– Vai ter um show de rock naquele barzinho. Vamos?

– É. – Duquesa se manifestou. – Pode ser uma boa. Aposto que você se divertiria lá, Alice.

– Mas eu não posso beber. – Alice comentou, cortando a animação de todos. Apesar de não seguir todas as regras, não queria ser presa. – Só tenho dezessete anos.

– Isso não é problema. – Cheshire tranquilizou-a. – Nós temos um amigo que é garçom de lá, e você não vai ter dificuldades para conseguir alguma coisa para beber.

– Pode ser... – murmurou.

– Está com medo? – Arqueou as sobrancelhas em sinal de desafio, ajeitando as mãos em baixo da cabeça. – Chapeleiro, você não me disse que Alice era certinha. Aposto que nunca ficou bêbada.

Alice se levantou, irritada.

– Eu não sou certinha! – exclamou. – Fui expulsa de casa e estou morando com um cara que conheço há dois dias. Acha isso “certinho”? Duquesa, será que você pode me ajudar com as roupas?

– Claro! – a garota sorriu. – Vamos agora?

– Vamos.

Enquanto Alice saía com a Duquesa para ir às compras, pôde ouvir o Gato de Cheshire rindo.

– Me amarrei nessa garota. – ele disse, levando um soco fraco do Chapeleiro no estômago.

– Ei! Eu vi primeiro! – exclamou, soltando uma longa risada.

Esses comentários fizeram a garota ruborizar.

– Já estou até vendo. – Duquesa soltou. – Esses dois vão brigar por você.

– Está louca? – Alice riu.

– Fazem isso com todas as garotas atraentes que conhecem. E você está inclusa nessa lista.

– Eu pago para ver. – disse, irônica.

(...)

Ela estava pronta. Tinha ido à casa de sua amiga para se arrumar. “A primeira coisa que você precisa saber”, Duquesa (que, Alice descobrira mais tarde, se chamava Sarah.) comentou, maquiando Alice, “é que, para que você pareça mais velha, você tem que usar roupas e maquiagem que deixem uma ilusão de que você é mais velha”. E realmente, se olhando no espelho, parecia ter vinte anos. Pela primeira vez depois de sete anos, a garota se sentiu bonita e atraente.

– Obrigada. – Abraçou a amiga, que também já estava pronta. – Acho que vestida desse jeito não terei problemas no bar.

– Não fiz nada. – Sorriu. – Vamos? Acho que os garotos já estão nos esperando lá em baixo.

– Claro.

Juntas, desceram as escadas e encontraram os garotos na cozinha, rindo sobre alguma coisa. Mas, quando viram Alice, todos se calaram. Cheshire (ou Guilherme, seu nome verdadeiro.) e Chapeleiro sorriram, cada um a seu jeito. Isaac foi o primeiro a se manifestar.

– Você está linda, Alice. – Deu a volta no balcão e parou à frente dela, abraçando-a logo em seguida. – Muito linda mesmo.

– Que cavalheiro! – sussurrou ao ouvido dele. – Está pronto?

– Sempre estive. – A garota pôde ouvir o sorriso louco se formando nos lábios dele. Sem aviso, deixou um beijo depositado no canto da boca dela, de propósito.

Toda a turma saiu animada para o barzinho. Era sábado, e como prometeram a Alice, iriam se divertir


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Mereço reviews?

Beijos com Nutella!
o/



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