A Garota de Cabelos Azuis escrita por Bruna Gonçalves


Capítulo 18
"Psicopata"


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Como vão?
Desculpem-me a demora para postar, mas eu só recebi o meu PC ontem }à noite, já que ele estava na revisão.
CrazyGirl, obrigada pela "ameaça". Sem ela eu demoraria um pouco mais para postar, só para deixar esse mistério no ar...

Aproveitem o capítulo!



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Acordou com um som estranho. Era contínuo e permanente, um bipe que não parava nunca. Pegou a mão de seu Chapeleiro Maluco, e ela continuava gelada, ainda estava escuro.

– Isaac? – sussurrou, pensando que não seria bom falar muito alto naquele momento. – Está ouvindo esse barulho?

Silêncio. Um silêncio profundo que tomou conta de seu coração, e as lágrimas começaram a pinicar por trás de seus olhos castanhos.

– Meu amor, por favor... – Soluçou. – Por favor...

Procurou o foco do som, e seus olhos pararam no monitor de batimentos cardíacos que ficou ao lado da cama a noite inteira. Uma linha fina e contínua, um zero e um som aterrorizante, como um grito.

O coração de Isaac parara de bater. E sentiu como se o seu parasse também, levando suas esperanças e sonhos junto com a vida dele.

Não se lembrou exatamente do que fez depois de perceber que o rapaz que amou, seu marido, morrera. Talvez tenha gritado por socorro, já que várias enfermeiras correram até o quarto. Tiraram a garota de lá no momento em que tentavam ressuscitá-lo mais uma vez.

(…)

Estava sentada na sala de espera, enrolada em um cobertor que os policiais emprestaram para ela e mantendo sua sanidade mental com calmantes fortes. Estava esperando há mais de duas horas, e ninguém apareceu para dar alguma notícia.

A medicina é avançada, pensou, tomando um gole de água no copo de plástico com as mãos trêmulas, vão trazê-lo de volta. Não queria voltar para casa sem saber como Chapeleiro Maluco estava. Simplesmente não conseguiria voltar.

Não soube exatamente quanto tempo ficou pensando nas coisas que faria depois que Isaac voltasse para casa, mas Carlos apareceu com o médico que atendera Isaac pelo corredor que a garota correu horas antes. Tentou esboçar um sorriso, esperando por uma ótima notícia, esperando ver seu amor chegando ao seu encontro.

– Alice – Carlos ajoelhou ao lado da garota, pegando sua mãozinha. Olhou fundo nos olhos dela, mas abaixou a cabeça automaticamente. –, Isaac...

– Ele está vindo? – Sorriu. – Podemos ir para casa?

– Bem... Ele se foi, Alice. – o médico se manifestou. – Fizemos a massagem cardíaca, usamos o desfibrilador, fizemos tudo que pudemos, mas ele não resistiu.

Sentiu sua cabeça girando, girando e girando. Não sabia o que dizer, não sabia o que fazer. Seu corpo enfraqueceu, seu coração perdeu algumas batidas, sentiu-se caindo na toca do coelho, um buraco fundo e sem fim. Despencou da cadeira, caindo de joelhos no chão ao lado do policial e nos pés do médico que nem sabia o nome.

– Ele... – murmurou, as lágrimas pinicando seus olhos novamente. – Morreu? Meu marido... Morreu?

– Foi um milagre aquele rapaz resistir ao forte impacto do carro. – O médico sorriu docemente, como se quisesse fazê-la se sentir melhor contando o quanto o quanto o rapaz era forte. Mas Alice já sabia. – E Isaac ainda aguentou duas ressuscitações.

– Ele... – Fungou, secando as lágrimas. – Não. Não! Isaac não pode ter morrido! Ele me disse que ficaria bem! Ele é forte!

– Querida – o médico abaixou-se na sua altura e segurou o ombro da garota. –, você irá passar pelas cinco fazes do luto, e isso é completamente normal. Agora você está na primeira fase: a negação. Ainda virão a raiva, depressão, negociação e aceitação.

– Eu... Eu preciso ir para casa e... Preciso pensar. – Respirou fundo, fechando os olhos. – Carlos, será que você pode me levar para casa?

– Claro, Alice. – Sorriu levemente. – Acho que você precisa descansar um pouco. Foram muitos acontecimentos em poucas horas.

– Mas antes, será que eu poderia vê-lo? Só uma última vez? Por favor.

– É claro, Alice. – O senhor grisalho murmurou. – Venha, vou levá-la até ele.

Assentiu, caminhando lentamente, seguindo o homem de jaleco branco pelos corredores. Passaram pela porta do quarto que Isaac estava e continuaram pelo corredor. Levou a garota para uma sala e a deixou sozinha no final do corredor, uma porta branca e pesada.

Respirou fundo, secou as lágrimas com as costas da mão, empurrou a porta. O encontrou deitado na maca, os braços ao lado do corpo, o rosto sereno, como se estivesse dormindo. Sentia como se Isaac acordaria a qualquer momento, levantasse daquela maca e a abraçasse, beijando seu rosto e a chamando de “minha querida Alice”, como sempre fazia.

Mas sabia que isso não iria acontecer, seu Chapeleiro Maluco não iria volta e ela nunca mais seria feliz. Isaac foi a sua fuga, o seu meio de continuar vivendo, o seu jeito de parar de pensar “só mais um dia” o tempo inteiro.

Beijou seus lábios pálidos e sem vida, ansiando para que eles correspondessem, e saiu. Encontrou o policial na saída, e entrou na viatura com ele. De repente lembrou-se de que Isaac batera o carro em outro veículo, e que o outro motorista poderia ter morrido também.

– E o outro motorista? – Ajeitou o cabelo atrás da orelha. – Ele está bem?

– Isso é o estranho do caso, Alice. – Ele dirigia com exímia atenção, sem nem desviar o olhar para ela. – Não achamos o motorista, e a placa do carro simplesmente sumiu, junto com os documentos.

– Isso quer dizer que pode não ter sido um acidente? – murmurou, com medo de que fosse verdade.

– Não descartamos essa possibilidade. Só sabemos que tudo está muito estranho, e que temos que achar o motorista daquele carro, rápido.

Não queria mais pensar naquilo, nem acreditar que alguém (que já sabia bem quem poderia ser) tentou matar Isaac. Simplesmente não poderia acreditar naquilo tudo.

Carlos a deixou em casa e Alice subiu até o apartamento. Quando abriu a porta da sala, encontrou a mesa arrumada com velas, e Guilherme, vestido com um terno, estava sentado, sorrindo.

– Alice! – exclamou, levantando-se e caminhando até a garota. – Estava te esperando!

– Guilherme, por favor, suma daqui. – Massageou as têmporas, caminhando até o quarto. – Não estou bem hoje.

– Então quer dizer que Isaac se foi? – Ele sorriu o sorriso do Gato de Cheshire. – Agora você será minha para sempre?

– O quê... – Virou-se para ele, com raiva. – Eu queria acreditar que tudo foi um acidente. Você o matou?

– Agora você é minha, Alice. – Deu três passos até ela, abraçando-a. – Eu te amo.

A garota o empurrou, sentindo que iria chorar novamente, mas de ódio de Cheshire.

– Você é louco! – gritou. – Eu te odeio, Guilherme!

O rapaz ficou em silêncio, observando-a.

– Eu sabia que você seria um problema, mas não pensei que chegaria a esse ponto! Sabe o quanto eu estou de odiando agora? Se você pensava que teria alguma chance comigo, desista.

– Nunca vou desistir de você. – Segurou o rosto da garota. – Lembra-se do dia que te beijei, bem aqui? Nunca vou me esquecer, porque você correspondeu, dizendo que sentia a minha falta. Eu estou morrendo de saudades dos seus lábios, sabia? Agora é só admitir que me ama também, e podemos ficar felizes.

Ele encostou os lábios nos dela, fazendo as lágrimas que Alice segurara rolarem pelo seu rosto, uma atrás da outra. Empurrou-o para longe.

– Você é completamente psicopata, Guilherme. – Secou as lágrimas com as costas da mão. – Eu nunca vou te amar, e quer saber por quê? Porque o único que eu amei está morto naquele hospital, por sua causa. Nunca vou te perdoar.

– Por favor – Ajoelhou-se aos pés da garota, seu rosto vermelho e molhado pelas lágrimas. –, Alice, me perdoe! Eu te amo! Diga que me ama, e eu te deixo em paz. Só admita que me ama.

– Não. – Pegou o telefone no canto da sala. – Se você não sumir desse apartamento daqui cinco segundos eu vou ligar para a polícia e contar que você matou Isaac. Eles estão te procurando, e não vou hesitar em avisar que você está aqui.

O rapaz se levantou, a beijou no rosto, murmurou que a amava e saiu em completo silêncio.

Alice deitou-se na cama completamente exausta e deprimida. Só queria dormir, mas tinha medo de ter pesadelos com Isaac, Guilherme ou com aquele acidente de carro idiota.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Querem me matar por ter matado nosso querido Isaac?
Reviews?

Beijos com Nutella!
o/

P.S.: Quero agradecer a todos vocês, meus leitores, que votaram em mim na Copa PD. Eu só estou nessa final por vocês, nunca cheguei tão longe, e só tenho a agradecer a todos vocês! Muito obrigada



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