Alice estava radiante na festa. Seu vestido preto brilhante se destacava entre os das outras garotas. Ela bebia um copo de ponche e ria com Duquesa e Amanda. Isaac, do outro lado da sala, a observava enquanto conversava com os outros garotos, que debochavam de sua cara de apaixonado. Descobriu que Sarah estava grávida de Eric, e ele estava muito feliz. Não poderia estar mais ansioso.

Estavam no apartamento de luxo dos dois, e Isaac tinha acabado de ganhar uma corrida muito importante. Os dois se transformaram em pequenos milionários. Enquanto conversavam sobre algum assunto superficial quando Alice tocou seu ombro.

– Isaac, precisamos de mais bebida. – sussurrou, sorrindo levemente. – O ponche e o champagne acabaram e não tem mais nada na geladeira. Eu vou comprar e já volto. Poderia me emprestar a chave?

– Não! – ele exclamou, pegando a mão dela. – Você está conversando com suas amigas, e parece que Duquesa está louca para contar as novidades sobre a gravidez e tudo mais. E, além de tudo, eu estou sóbrio. Eu volto rapidinho.

– Não corra muito, hein? – O beijou nos lábios e voltou para o meio da sala, junto com as garotas.

Ele se despediu dos rapazes com um aceno e pegou as chaves do esportivo preto modificado. Ao entrar no elevador, sorriu abertamente ao perceber que seu plano tinha dado certo. A quantidade de bebida tinha sido calculada para que faltasse no momento certo, para que saísse para buscar a surpresa. Entrou no carro e foi direto ao mercado.

Comprou todas as bebidas (na quantidade certa) e foi correndo até a joalheria mais chique da cidade. Sua encomenda já estava o esperando no balcão, e, ao voltar até seu carro, ficou admirando as alianças no estacionamento. Eram duas alianças douradas e brilhantes. Eles já eram namorados e estavam completamente apaixonados, então, teriam que dar o próximo passo mais cedo ou mais tarde, certo?

Deixou a caixinha de veludo vermelho no banco do carona delicadamente e deu a partida no carro. Depois de alguns faróis verdes, percebeu que um carro o seguia. Não conseguiu ver o motorista. Tentou aumentar e diminuir a velocidade, e o carro não saía de sua cola. Fechou os olhos e respirou fundo, não faltavam muitos quarteirões até chegar à sua casa e encontrar seus amigos.

Poderia ser paranoia.

Olhou pelo retrovisor e o carro não estava mais lá. Ótimo.

Finalmente deixou-se sorrir. Enquanto fazia a rotatória, ficou imaginando a reação de Alice quando se ajoelhasse na frente dela e a pedisse em casamento. Ficou se perguntando se ela iria chorar ou abraçá-lo, e, principalmente, como ela estaria no dia do casamento.

De repente, dois faróis invadiram suas retinas, quase o cegando. Levou alguns segundos para perceber o que estava acontecendo; um carro estava vindo em sua direção, em alta velocidade, direto. Pisou no freio, mas não adiantou.

Isaac podia ver tudo em câmera-lenta: o carro chocando-se contra o seu, o capô amassando como papel, o vidro estilhaçando-se em cima dele, o cinto apertando seu peito com força, o ar fugindo de seus pulmões, o volante chegando até seu rosto.

De repente tudo ficou muito frio, escuro e assustador. Podia ouvir tudo que estava acontecendo à sua volta; os gritos das pessoas, buzinas, e, tempos depois (que pareceram horas) a sirene da ambulância, mas, estranhamente, não podia se mexer ou falar, também não via nada. Ouviu os homens dizendo algo que não entendera, e, tempos depois, tudo ficou em silêncio.

Tudo estava muito escuro. Tudo estava muito frio. Tudo estava muito silencioso.

Estava com medo, e tudo que mais queria era abraçar Alice, beijá-la e dizer que a amava.

Mas estava preso em algum lugar muito distante.