Apenas Mais Uma de Amor escrita por Yukino Miyazawa


Capítulo 5
Pérola


Notas iniciais do capítulo

Suas lindas, obrigada pelos comentários. Novamente desconsiderem os erros encontrados pelos caminho.

Beijos, abraços e cheiros!



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Fabricio piscou tentando se acostumar com a pouca luz.

– Fabicio

– O-o que... Teve um pesadelo? - perguntou afastando o edredom um pouco, para que a menina de longos cabelos negros pudesse se deitar.

– Um monstro... - ela sussurrou deitando ao lado do garoto.

– Monstros não existem... - a garota se encolheu apertando a foca de pelúcia contra o peito.

Fabricio suspirou. Sua irmãzinha vinha tendo problemas em dormir sozinha, monstros surgiam para atrapalhar seu sono.

– Que tal... Se eu conta uma historia ate você dormir?

Ela sorriu se aproximando mais, seus grandes olhos em espera. Fabricio pensou.

– Felix!

– O que foi carneirinho?!

– O leite... Felix você deveria ter me ajudado com as compras e não fica jogando - disse enquanto retirava as compras das sacolas.

– Mas eu devo ter salgado a santa ceia para você dizer uma coisa dessas - Felix disse irritado abaixando o celular.

– Não começa Felix...

– Eu fui aquele mercado lotado com você! E você ainda reclama!

– Você entrou e logo saiu para fica jogando no carro!

– Pai eu posso comprar o leite - Jaime disse tentando evita uma briga entre seus pais.

– Deixa filho... Não precisa...

– Mas é claro que precisa se não você vai ficar falando nesse leite a noite inteira!

– Para Felix - Niko disse irritado.

Mas Felix já estava colocando o casaco e se preparando para sair.

–Vou com você pai! - Jaime correu para alcança o pai que já estava na porta. Lançou um ultimo olhar ao seu outro pai que olhava com raiva para as compras.

Fabricio puxou a coberta ate o queixo da menininha. Às vezes ela o irritava, quando o seguia por todos os lados.

– Fabicio - Fabricio encontrou os grandes olhos verdes, tão parecidos com os do seu pai Niko.

– O que!

– Continua... O que aconteceu com o Rei e o príncipe?

– Certo... Continuando.

– Eu devo ter salgado a santa ceia - Felix disse entrando na pequena loja.

– Seu pai às vezes é tão genioso... Fazer um escândalo por causa de leite!

Jaime abaixou a cabeça para que seu pai não visse seu sorriso, seus pais sempre tinham suas discussões, mas sempre faziam as pazes.

– Será que aqui tem aquele chocolate que o carneirinho gosta - Jaime suspirou dessa vez não seria diferente. Pensou enquanto acompanhava com os olhos seu pai desaparece atrás de uma prateleira.

Estava prestes a segui-lo, quando esbarrou em alguém.

– Desculpa - Jaime se abaixou para ajudar a moça que havia esbarrado nele, as compras dela espalhadas pelo chão.

Ela era bonita. Suas mãos tremiam ao recolher suas compras, Jaime se perguntou por que ela tremia. Estava frio, mas dentro da loja estava agradável.

– Você esta bem? - Perguntou entregando o pacote de pão para ela.

A garota se levantou e Jaime pode nota sua barriga grande e redonda, não podendo se escondida pelo grande casaco que ela usava.

– Sim... Obrigado - Ela disse, sem olha-lo nos olhos e seguindo em direção ao caixa.

– Jaime... O que foi?

– Nada Pai, vamos? - Perguntou vendo que o pai segurava uma garrafa de leite.

O homem no caixa parecia impaciente.

– Então!?

– Será que o senhor...

– Não! Aqui não é loja de caridade se não tem dinheiro pode deixa o pão!

Jaime olhou feio para o vendedor, a garota olhou sua pequena compra sobre o balcão como se analisasse o que poderia deixar para trás, mas tudo parecia essencial para ela.

Felix se aproximou da garota sem olha-la, encarando o vendendo. Colocando o leite sobre o balcão.

– É suficiente - Felix disse entregando algumas notas ao homem no caixa.

Jaime sorriu seu peito se enchendo de orgulho, a garota olhava para seu pai sem pode acreditar.

– O-Obrigado! - disse sua voz quase um sussurro.

Seu pai olhou a garota detendo seu olhar um pouco mais sobre sua barriga. Jaime pegou uma sacola para colocar as compras. Mas antes sorriu para seu pai.

– Que foi? - Felix perguntou quando percebeu o olhar de Jaime.

– Devemos ser caridosos Jaime... e também não encontrei o chocolate que o carneirinho gosta... Mas essa boa ação vai fazer que esqueça nossa discussão, conhecendo o carneirinho ele vai ate chora, e dizer que eu sou a melhor pessoa do mundo...

Jaime riu. Seu pai Félix sempre fazia isso, transformava uma boa ação em algo sem importância. O que ele sabia que não era verdade. Já tinha visto varias demonstrações de como ele era um homem bom. Mas isso era algo que não conseguia entender, era como se ele quisesse convencer as pessoas de que não era uma pessoa boa. Jaime entregou às sacolas a garota.

E quem era ela?

– Era uma princesa guerreira.

– Ah... Ela era bonita?

– Era! Ela foi enviada para ajudar o rei e o príncipe na sua jornada.

A garota segurou a sacola, voltou a sussurrar um obrigado e se virou para sair. Não chegou a dar três passos, quando sua sacola caiu no chão com um baque surdo.

Jaime olhou a sacola no chão e no segundo seguinte estava olhando para as costas do seu pai. Ouviu mais do que viu.

– Anda passa a grana... Vocês... quietinhos... Rápido! Rápido!

Viu relances dos dois homens, as armas deles apontada para todas as direções, do homem no caixa, ao seu pai a garota apoiada no balcão.

– Vai. Vai... Rápido! O que você Fez... O que você fez...

Jaime não teve tempo de processa o que tinha acontecido, o primeiro disparo pareceu vim de muito longe, e então braços lhe puxaram e estava no chão, olhando para o teto da loja. O segundo teve som de vidro quebrado, fechou os olhos sentido apenas um peso sobre seu corpo. O terceiro som veio acompanhado de um grito. Depois silencio.

Fabricio sentiu a mão da menina apertando a sua, o que o fez seu peito se enche de algo que não sabia descrever. Era bom ser o irmão mais velho. Olhou sua irmã que segurava apertado à foca de pelúcia. E continuou a estória...

Jaime não conseguia se mexer, seu coração parecia bater em seus ouvidos. Conseguia sentir a respiração do seu pai batendo irregular do lado direito da sua cabeça.

– Filho - a voz dele parecia distante

Jaime abriu os olhos, seu pai pairava sobre sua cabeça. Ele saiu de cima dele, se ajoelhando ao seu lado. Seus olhos caminhando da sua cabeça até seus pés, a procura de algum machucado. Por um momento se sentiu desprotegido, ate que seu pai segurou sua mão com força.

Jaime se sentou, olhou em volta e viu a garota que estava sentada ofegando, suas mãos apoiadas em sua barriga.

– Pai - Jaime apontou.

Acompanhou seu pai correr em direção à garota, se abaixa e abrir seu casaco. O vestido azul que ela usava agora tinha uma mancha vermelha um pouco abaixo do ombro esquerdo. Jaime se arrastou ate eles.

– Chame uma ambulância - Felix gritou olhando para o homem no caixa que tinha saído de trás do balcão para ver os estragos do assalto.

– Hey, qual o seu nome?

– Meu bebe! - A garota disse lágrimas escorrendo por seu rosto.

– Ele vai fica bem garota, fale comigo!... Me chamo Felix, esse é meu filho Jaime.

– Oi - Jaime disse sua voz quase não saindo. Mas seu pai continuou falando com a garota com uma calma que ele nunca tinha visto.

– Com quantos meses você esta?

– Ooito... quase nove - ela disse em um fiapo de voz.

– É menino ou menina?

– Meni..na

– Você já escolheu o nome?... Hey criatura... Olha pra mim... Assim... Continua comigo, você não pode apagar entendeu?

Ela sorriu.

– Você mora aqui perto?

–Sim

– Sua família... Você precisa falar comigo! Fala comigo!

– Não... v-você... Outra língua...

–Ooque... Ah!... Português, somos brasileiros. Brasil.

– Brasil

– É um pais lindo, um dia você e o seu bebe podem conhecer.

– Eeu... Adoção

– Certo... Ouviu é a ambulância... Estão chegando. Aguenta mais um pouquinho?! Você escolheu um nome para seu bebe?

– N-não...

– Certo adoção... Não é bom se apegar!

– Filha...

– Oi... Se eu tenho uma filha?... Não. Mas tenho três filhos. Três meninos. Jonathan, o Jaime aqui, e o meu caçulinha o Fabricio.

– Bonito... nomes...

– São lindos mesmos.

A garota fechou os olhos, e Jaime segurou a respiração.

– Hey não faz isso... Abra os olhos... Abro os olhos.

Jaime observou quando a garota abriu os olhos lentamente.

– Pérola - seu pai disse de repente olhando nos olhos da garota.

– Pérola - a garota repetiu em um sussurro.

– Pérola, se eu tivesse uma filha daria esse nome a ela.

– Lindo...

A garota sorriu, um sorriso tremulo e repetiu o nome mais uma vez.

Jaime se afastou quando um homem usando um uniforme de paramédico se aproximou. Mas seu pai não se afastou, segurou a mão da garota enquanto ela era colocada na maca. Enquanto ela era levada para a ambulância e continuou segurando durante todo o percurso ate o hospital.

Ela virou uma estrela?

– Sim, a mais brilhante do céu!

Fabricio se virou olhando o teto do seu quarto sentia a respiração de Pérola batendo em sua orelha.

Niko vinha correndo, Jaiminho o alcançou primeiro. Felix o observou abraçar o filho e beija sua cabeça.

Felix!

Jaime soltou o pai e Niko correu ate ele, se preparou para receber um abraço apertado, mas ele não veio. Niko parou na sua frente um mar de lágrimas escorriam por seu rosto.

– E-eu... E-eu

Felix o puxou, passando os braços em volta dele. Niko tremia.

– Eu tive tanto medo - Niko disse sua voz vibrando sobre sua pele

– Shiii carneirinho já passou.

Niko se afastou olhando Felix nos olhos.

– fiquei com tanto medo de nunca mais ver vocês, de que a nossa a ultima lembrança fosse de uma briga idiota sobre leite! - Disse tremulamente

Felix respirou fundo, o puxando para mais perto e enterrando sua cabeça em seu ombro. Fechou os olhos se concentrando apenas no calor daquele abraço, no cheiro dele.

– Senhor.

Felix olhou para o homem de jaleco branco a sua frente. Quantas vezes viu aquele olhar nos olhos do seu pai ou em tantos médicos do San Magno. Suas mãos começaram a tremer.

– Não foi possível...

Felix não escutou o resto. Não precisava, eram apenas palavras vazias. Voltou à realidade ao sentir a mão do Niko apertando a sua. Seu polegar fazendo um leve carinho em sua mão. Todo o peso daquele dia pareceu cair sobre seus ombros, fazendo-o sentisse extremamente cansado. Queria ir para casa, toma um banho e esquecer.

– ... Mas o bebe esta saudável alguns di... - a voz do medico soou distante.

– O-oque... O que você disse?! - Felix perguntou.

–Hã...

Felix segurou no ombro do medico, com mais força do que pretendia, em parte em busca de equilíbrio.

– O bebe esta bem? - O medico lançou um olhar por cima do seu ombro, talvez em busca da ajuda de Niko.

– Felix é melhor você senta. - Niko disse passando os braços em volta da sua cintura, o guiando ate um cadeira próximo.

– Amor, vou buscar um pouco de agua, espera...

Felix abaixou a cabeça tentando manda para longe a onda de náusea que estava sentindo. Sentiu mais do que viu alguém sentando ao seu lado. Um soluço baixo o fez vira sua cabeça.

As lágrimas caiam sobre as mãos do Jaiminho, que as apertava com força sobre seu colo. Felix queria encontrar as palavras certas, que com elas seu filho pudesse esquecer tudo que tinha acontecido. Ele mesmo queria que alguém lhe dissesse algo que o fizesse se sentir seguro.

– Filho - Felix disse suavemente

Se ajoelhou na frete do filho, segurou suas mãos e o puxou. O apertou o mais forte que pode sem machuca-lo. Queria que através desse abraço, ele pudesse entender que acontecesse o que acontecesse, ele sempre estaria ali, para ele. No momento era tudo que podia oferecer.

– Eles ficaram muito tristes?

– Ficaram - Fabricio disse vagarosamente.

Pérola fez um biquinho e Fabricio sorriu.

– Mas antes dela vira uma estrela, deixou um presente.

– Fabricio vem aqui - Felix disse

Felix acompanhou seu caçula vindo em sua direção, o pegou e sentou em seu colo.

– Papai tem algo muito importante para contar para você - Falou fazendo cosquinhas na barriga do Fabricio.

– A nossa família ganhou um presente muito especial - Felix começou

– Presente papai... Que presente?

Felix virou a cabeça quando Niko vinha entrando na sala acompanhado por Jaime. Niko se sentou ao seu lado um pequeno embrulho em seus braços, que Fabricio olhou curioso.

– Filho... Essa é sua irmãzinha - Niko disse sorrindo e afastando a manta que cobria o pequeno bebe.

– Eu queria um cachorrinho - Fabricio disse com cara de decepção.

Felix riu, e Niko o olhou com severidade. Mas suavizou o olhar antes de se voltar para o filho.

– Meu amor... Olhar ela não é linda?– Fabricio se inclinou sobre o bebe.

Observaram Fabricio apertar os lábios e fazer uma careta como se estivesse analisando algo muito importante. Pérola escolheu esse momento para começa a chora. Fabricio tampou os ouvidos, pulou do colo do pai e saiu da sala correndo.

Niko olhou preocupado para Felix, e fez menção de se levanta, mas Felix indicou com a cabeça que não. E seguiu o pequeno Fabricio.

Fabricio estava sentado no chão, com o rosto enfiado em uma foca de pelúcia que ele arrastava para todos os lados. Felix se sentou e pegou um dos brinquedos espalhados pelo quarto.

– Sabe, eu tenho uma irmã... Papai não fala muito sobre ela... Por que ela esta longe, lá no Brasil - Felix disse sentindo algo se retorcendo em seu estomago ao fala da irmã.

– Eu era um pouco mais velho que você quando meus pais trouxeram ela... Ela era linda... Mas o papai ficou com medo - disse, percebendo que Fabricio já não tinha mais a cara enfiada na pelúcia.

– Mas eu percebi que não tinha motivos para ter medo... Minha irmã... Era a melhor irmã que alguém poderia querer.

Felix piscou impedindo as lágrimas de caírem e engolido seja o que fosse que queria sair por sua garganta. Olhou Fabricio e se forçou a sorrir.

– Eu sei que a Pérola vai te amar, tanto quanto seus irmãos. E talvez TANTO. TANTO. TANTO quanto eu e o papai Niko amamos você.

Fabricio sorriu e Felix correspondeu o sorriso verdadeiramente.

– Você vai ser o melhor irmão mais velho desse mundo não vai? - Felix perguntou.

Fabricio inclinou a cabeça de lado e olhou para cima, pensando.

– Sim! - disse com firmeza.

– Esse é o meu garoto - Felix disse o puxando pelo pé e fazendo cócegas naquele pezinho. Fabricio gargalhava. Felix o abraçou sentindo os pequenos braços em volta do seu pescoço.

– Papai vou ser um irmão tão bom como você! - Fabricio disse se afastando um pouco e olhando o pai com grandes olhos risonhos.

Felix sentiu o ar fugir dos seus pulmões. E toda força se esvair do seu corpo, seus braços penderam ao lado do seu corpo. Fabricio o soltou e pegou a foca de pelúcia.

– Papai?! - Fabricio olhou para o pai e enrugou a testa.

O pequeno foi ate o pai e segurou sua mão, o puxando para que ele se levantasse. A pequena mão apertando a sua, foi o suficiente para suas forças retornarem, para continuar respirando. Levantou e forçou um sorriso para o filho.

Ao chegar à sala Fabricio largou sua mão e correu em direção ao Jaiminho que segurava a pequena Pérola sobre o olhar atento do Niko.

Fabricio se aproximou, e segurou na mãozinha da Pérola.

– Oi, eu sou seu irmão Fabricio, eu vou ser seu irmão mais velho... Eu trouxe um presente pra você.

Pérola bocejou, mas fazia um esforço para manter os olhos abertos. Ela se mexeu impaciente e olhou em direção a porta. Fabricio sabia o que ela queria. Com um puxão tirou a coberta de cima deles.

Atravessaram o corredor. A porta rangeu levemente ao ser empurrada. Fabricio ficou parado na soleira da porta, enquanto Pérola entrava. Seus passinhos a levaram ate a cama, ela levantou um pouco da coberta, e como um gatinho engatinhou entre as duas pessoas que dormiam.

Fabricio hesitou, não era um bebezinho, já fazia muito tempo que não dormia com seus pais, mas ainda se lembrava da sensação de segurança e de se sentir quentinho por dentro. Olhou para o corredor e depois para cama dos seus pais, sorriu e fechou a porta.


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Notas finais do capítulo

Próximo cap "Voltando". Ate lá!



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