Felix respirou fundo, as ultimas semanas haviam sido uma loucura. Era como se tivesse em uma esteira e não soubesse como desliga-la, tinha que correr, por que se parasse iria cair. Após a escolha do lugar onde viveriam, Niko começou a agir. Colocou o restaurante e a casa a venda, quase teve um infarto quando descobriu, tentou mostrar a ele sensatamente que aquilo era uma loucura, que ele tinha que pensar nos filhos, que não poderia largar tudo por alguém que ele mal conhecia, mas Niko estava irredutível. Então ameaçou nunca mais velo, e saiu batendo a porta.

O que durou apenas dois dias, sentia-se um idiota. Como ele não conseguia fica mais de dois dias longe daquela criatura. Ele deve ter dançado funk durante a crucificação. Nunca tinha sentido isso por ninguém, no inicio achou que era o sexo, nunca tinha sentido esse tipo de prazer com mais ninguém. Mas não podia mentir para si mesmo, sentia falta da voz dele, da risada, do cheiro... Dele. Sentia falta das crianças, de brinca com o Fabricio, de conversa com o Jaiminho.

Seu ultimo argumento foi o filho. Explicou a Niko que não poderia ir embora sem o filho, e foi com surpresa e emoção que descobriu que a passagem do Jonathan estava reservada, e que Niko tinha incluído Jonathan nesse novo começo, e que Jonathan precisava apenas aceita ir com eles.

Foi à primeira vez desde que essa loucura tinha começado que se imaginou em uma nova vida. Uma nova casa com Niko, e as crianças. Uma família. E a imagem era muito tentadora. Mas ele sabia que em algum momento ele iria fazer alguma coisa ruim. Esse tipo de pensamento ainda o atormentava.

– Pai
–Jonathan... Meu filho que saudade.
– Pai você tá bem? Tá com uma cara estranha - Felix respirou fundo, tentando encontrar a melhor maneira de começa essa conversa.
– Filho, lembra que eu disse que estava saindo com o carneirinho, conhecendo ele melhor?! - Jonathan sorriu.
– Pai não diga que vocês vão se casar?
– Casar? Que casar Jonathan!... - Mas Felix parou um estante, mas não era isso que estava acontecendo. Iria se casa com o Niko. Felix começou a impe ventilar.
– Pai, o que você esta sentindo?!

Felix imaginou uma vida de casado com o carneirinho, acordar todos os dias com ele na cama. Leva às crianças a escola. Depois de cada briga fazerem as pazes, e terminarem a reconciliação na cama. Ouvi-lo contando como foi o seu dia. Ele ser a ultima coisa que veria antes de dormir e a primeira ao acordar.

– Pai?! - Jonathan segurava o braço do pai, mas ele parecia não enxerga-lo, primeiro ficou branco, depois começou a impe ventilar, agora estava com esse sorriso bobo na cara.
– Pai... Acordar! - gritou, chamando atenção de algumas pessoas que passavam.
– O que foi Jonathan?
– Eu é que pergunto?

Felix sorriu, e fez um carrinho no rosto do filho.

– Jonathan, o Niko propôs que fossemos embora do pais... Na verdade o carneirinho já planejou tudo, e ele... Quer dizer... Eu quero que você venha com a gente.

Jonathan olhou o pai, surpresa estampada em sua cara.

– Você vai embora do pais? - Felix suspirou.
– Não sei... Filho eu quero recomeça em outro lugar... Niko esta me oferecendo a chance de recomeça...

Jonathan segurou a mão do pai, e sorriu. Estava feliz que seu pai estava recomeçando, um começo onde ele poderia ser uma pessoa melhor.

– Eu sei que você tem que pensar... Mas caso você escolha ir comigo e o Niko... Eu não quero que você conte para ninguém... Eu sei... Mas me promete isso... E que você vai pensar com carinho nessa proposta?!
– Prometo... Mas pai tem tanta coisa acontecendo!
– Que coisa esta acontecendo Jonathan, tem haver com a mami... O que aconteceu?!
– Calma pai... senta... não tem nada haver com a vovó... e sim com o vovô! Acho que ele esta em perigo.

– Jaiminho não se afasta... Felix as passagens estão todas certas!
– Tá tudo certo, carneirinho se acalma - olhou em volta, estava mesmo indo embora, deixando tudo pra trás, começaria uma nova vida. Uma vida melhor, onde ele seria uma pessoa melhor. Um marido melhor, um pai melhor. E quem estava lhe dando essa oportunidade era Niko. Não pode deixar de sorrir, Niko tinha esse efeito sobre ele, bastava apenas pensar nele que seu sorriso se abria, era algo que não podia controlar. Velo agora com Fabricio no colo, sem tira os olhos do Jaiminho que não conseguia fica parado, ansioso pela primeira viagem de avião, lhe dava calma. Faria de tudo para que ele se orgulhasse dele.

Apertou a sacola contra o peito. Ainda estava em dúvida sobre como faria aquilo. Respirou fundo. Já estava atravessando a rua quando viu o carro da irmã, observo-a entra no prédio.
– Pelo menos uma coisa boa eu vou fazer... Agora é com você Paloma... Seja feliz irmãzinha.

****

Olhou pela pequena janela do avião as nuvens passando a sua frente, nas poltronas de trás ouvia Jonathan ensinado algumas palavras em inglês para Jaiminho. Fabricio dormia profundamente no colo do Niko. Agora podia dizer que estava deixando tudo de ruim para trás, mas também deixava coisas preciosas para trás.

– Olha você esta fazendo tudo errado... Menininho. Deixa que eu faço isso!
– Criatura eu não vou levar isso - disse puxando a toalha velha que Marcia colocou em sua mala.
Marcia estava mais atarantada que de costume, continuava jogando as coisas dentro da mala.
– Criatura... - Felix segurou sua mão impedido que ela colocasse a camisa com cabide e tudo dentro da mala, mas ela puxou a mão com brusquidão dando as costas a ele.
Felix respirou fundo tentando manter a voz firme.
– Marcia... - Ele pode ouvi-la soluça. O que poderia dizer a essa mulher que lhe deu tudo que tinha. Que lhe ensinou tanto, sem pedi nada em troca. Já não podia controlar suas lágrimas que escorriam por seu rosto, se aproximou e a abraçou, sentindo o cheiro do shampoo que ela usava, e que ele tanto reclamava.
– Obrigado - sua voz embargada. Marcia se virou e acariciou seu rosto, com uma delicadeza que só as mães são capazes, as lágrimas caiam de seus olhos iam de encontro com um grande sorriso.
– Meu menininho... Você vai ser muito feliz, viu... Não se esqueça do que eu te disse, você merece ser amado! Você merece ser Feliz! E você vai ser meu menininho!

****

Felix andou de um lado a outro da rua, estava anoitecendo. Não podia ir embora sem antes vela pela última vez. As luzes da mansão se acenderam, Jonathan tinha dito que daria um jeito, mas estava demorando muito. Felix se escondeu atrás de uma arvore quando viu o portão se abrir, o carro preto andou uns cem metros e parou. Jonathan desceu do carro olhou em voltar, e correu em direção a casa. Não conseguia ver quem estava dentro do carro, mas após uns dez minutos uma das portas se abriu e ele pode vela. Segurou o impulso de ir ate ela e abraça-la, logo outra pessoa saiu e Felix sorriu. Jonathan voltou correndo, se curvou como se tivesse corrido uma maratona, disse alguma coisa e os três retornam ao carro, Felix acompanhou com olhar embaçado pelas lágrimas o carro partir.
– Adeus mami poderosa... Adeus vovótrix.

****

Segurou a mão do carneirinho, e levou ate seu coração. Niko sorriu, seus olhos verdes brilhando. Felix queria pode dizer com palavras o quanto era grato a ele, e o quanto o amava. Niko apertou sua mão e sussurrou.
– Eu também.
Sorriu, não importava o que acontecesse, enquanto estivesse de mãos dadas com o carneirinho daria tudo certo.