Stella pegou a pasta parda e a abriu, as fotos do homem morto a fizeram suspirar. Ela já o havia visto antes, ele trabalhava guardando as provas coletadas, era jovem.

Algo em torno dos 25 e 27 anos, pouco tempo na ativa, não fazia nem 5 anos que havia saído da academia de policia, e agora estava no necrotério.

–Era seu colega?- Diana perguntou docemente, Stella negou e se escorou na bancada.

–Só o vi poucas vezes- Comentou, ainda assim era ruim. Stella se lembrava da animação e ansiedade dos seus primeiros anos de policial, cada pequena coisa era algo único e novo.

–Vamos achar quem fez isso- Diana falou se inclinando e pegando um copo de café, os cabelos ruivos escapavam do rabo de cavalo. Ela lhe lembrava tanto de Lindsay, com todo o otimismo e inocência, as vezes Stella tinha vontade de pedi-la pra largar tudo e seguir outra carreira, pois quando mais você trabalhava ali, mas difícil parecia manter o otimismo.

Era como ver o pior da humanidade todo dia.

–Eu vou falar com Ben- Stella falou saindo, em poucos minutos chegou ao laboratório- A analise da apreensão de cocaína de anteontem-Stella pediu entrando no laboratório, Ben pegou a pasta em cima da mesa e estendeu pra ela enquanto a observava colocar o jaleco.

–Está tudo aqui. Testamos 20% da droga, peso e analise química. Não é compatível com qualquer cocaína antes encontrada aqui.

–Importada?- Stella sugeriu abrindo a pasta, ele negou.

–Eu tenho um palpite- Ele falou, Stella sorriu e o encarou, suas sobrancelhas erguidas.

–Diga, estou ouvindo.

–New York.

–Não me diga- Ela brincou, ele riu e sacudiu a cabeça.

–Eu andei fazendo o dever de casa- Ele falou se afastando e pegando outra pasta que estava guardada- Descobri que a muito tempo, houve uma apreensão de grande quantidade de cocaína em New York. Cerca de...- Ele não terminou apenas a encarou esperando que ela completasse.

–900Kg de cocaína pura- Stella respondeu, se lembrava claramente daquele dia. Bem agitado, apreensões de drogas, assassinatos, vazamento de gás, invasão do laboratório, e pra fechar com chave de ouro uma bomba de hidrogênio.- Alguém andou fazendo o dever muito bem.

Por um momento Stella ficou preocupada. Se ele conseguiu descobrir que ela havia participado dessa apreensão o que mais ele não poderia ter descoberto?!

Fique calma, você não estava com Mac naquela época. Eram apenas amigos ainda.

–Bom, com algumas ligações e contatos. Consegui a lista de todo o pessoal que trabalhou na operação, e adivinha?

–O nome do nosso amigo aqui estava.- Stella completou a linha de raciocínio, Ben sorriu e assentiu abrindo a pasta e

–Exatamente. Ele era um dos responsáveis por transportar a droga.

–É impossível- Stela falou sacudindo a cabeça já sabendo onde ele iria chegar, ele a encarou surpreso- Mac ficou responsável pelo transporte e custódia da droga. E 2 ou 3 horas depois o alarme de gás disparou, as pessoas foram evacuada, e a gangue entrou disfarçada. É um tempo muito curto pra tirar a quantidade de drogas que encontramos ali. Tinha cerca de 100Kg de cocaína!

–Difícil não impossível- Ele argumentou, ela negou novamente.

–Olhe, eu conheço Mac. Ele botou 2 policias armados na frente daquele cofre, e apenas a minha equipe teve acesso aquele cofre- Stella falou o encarando, colocava a mão no fogo por cada um deles nesse sentido, nenhum deles seria capaz de ter feito algo desse tipo.

–Não estou dizendo que sua antiga equipe teve algo haver com isso, só estou dizendo que pode ser dali que a cocaína veio, é uma linha de investigação.

–Precisamos de uma amostra- Stella murmurou entendendo aonde ele queria chegar. E pra ter uma amostra teria que contatar a policia de New York, mais precisamente o departamento de Narcóticos.

Ela agradeceu mentalmente por Don ainda ser responsável por esse departamento.

–Vou ligar pro chefe da Narcóticos, eu conheço ele.- Stella falou, e suspirou aliviada, menos um motivo pra envolver Mac nisso. Ben não respondeu- Qual o problema?

–Foi transferida. A cocaína não é mais responsabilidade deles, ela virou prova.- Ele falou, ela deu um suspiro descontente.

–E automaticamente vai pra custódia do laboratório de investigação de cenas de crime- Ela resmungou, mais que droga! Parecia que o universo estava conspirando pra que ela precise vê-lo novamente, pois quanto mais fugia. Mais parecia continuar no mesmo lugar.

–Você vai ter que ligar pra ele- Ben concluiu, Stella assentiu. Se teria que enfrentar, por que não fazer de uma vez não? Fugir já havia se mostrado inútil.

–Me dê isso- Ela falou apontando pra pasta, ele a estendeu- Eu vou ligar pra eles agora, continue analisando o que restou- Ela murmurou se afastando.

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–Mac eu analisei...- Antes que Jo conseguisse terminar a frase o telefone tocou, Mac deu um leve sorriso, estava realmente demorando pra isso acontecer, levando em consideração que ele ainda não havia tocado hoje.

–Desculpe- Murmurou e pegou o telefone- Taylor- Atendeu, e esperou por quem quer fosse e identificar. Mas ninguém fez- Quem está falando?- Perguntou levemente impaciente, novamente o silêncio, ele suspirou e afastou o telefone do ouvido.

Sou eu. Sua mão congelou no telefone ao ouvir a voz. Mac?

–Olá, Stella- Respondeu formal, viu Jo o encarar pelo canto do olho.- Posso ajuda-la em algo?

Deus, não ouvira a voz dela em meses. Nem uma única vez, tudo o que sabia havia descoberto pelos amigos, Danny era uma ótima fonte de informação.

Eu recebi a sua carta. Ele notou um tom de irritação em sua voz, e sentiu sua boca formar uma careta.

O que ela esperava?! Que ele lhe mandasse flores?! Depois de tudo?

Jo havia recebido a ligação do segundo comando dela, e explicara a situação. Ele não iria se recusar a ajudar a jurisdição dela, isso seria infantil, mas também não iria recebe-la com fogos como sabia que os amigos fariam.

–Que bom- Ele comentou se apoiando na cadeira, ouvia a respiração dela, e estava levemente alterada. Antes que pudesse se controlar se lembrou de como a respiração se alterava quando ele lhe beijava o pescoço.

Eu gostaria de saber se alguém vai vir pra New Orleans. Ela falava cada palavra devagar, como se estivesse pensando em cada silaba, o que pra Mac era novidade, Stella não era conhecida por pensar antes de falar.

–Eu estou resolvendo isso- Ele respondeu. Mentira, sua mente acusou, a única coisa que você tem feito é pensar se ela já havia reconstruído sua vida.

Ela não seria tão cara de pau a ponto de ter um namorado em New Orleans?! Mac sentiu suas mãos se fecharem com raiva, não. Ela não seria capaz disso, ou ela iria descobrir o que ele era capaz de fazer!

Ele não iria permitir que ela o fizesse de idiota outra vez!

E você já tem ideia de alguém...?

–Eu estou resolvendo isso- Repetiu não permitindo que ela terminasse, ele quase podia vê-la furiosa, o pensamento o fez sorrir levemente.

Eu vou precisar de uma amostra daquela cocaína que recolhemos no dia que o laboratório explodiu.

–Vou pedir, mais alguma coisa?

Não, obrigado! E me ligue quando acabar de resolver, mais não demore. Eu não tenho todo o tempo do mudo. Ela respondeu irritada, o tom da voz aumentando.

–Nunca sugeri isso. E não se preocupe Stella.- Ele falou, e em seguida um silêncio se instalou.

Bom... Adeus Mac.

–Então agora você se despede?- Ele perguntou irônico, a frase escapara antes que pudesse pensar.

O que?! Olhe...

–Adeus Stella- Ele falou desligando o telefone, tinha a impressão de tê-la ouvido dizer algo em italiano, possivelmente um palavrão.

–Então?- Jo perguntou o encarando ansiosa, Mac se sentou enquanto pensava.

–Pode por favor reserva uma passagem pra New Orleans? Eu vou reunir a equipe. Você ficará responsável pelo laboratório- A avisou, Mac teve a impressão de ver um pequeno sorriso no rosto de Jo.

–Claro- Ela falou se afastando assim que virou o corredor deu de cara com Adam.

–Oh Jo, desculpe- O técnico murmurou atrapalhado, Jo sorriu levemente enquanto o observava andar.

–Hey Adam- Ela o chamou de volta, ele se virou surpreso- O que você sabe de Stella Bonasera?

–Stell?- Adam perguntou confuso, em todo o tempo que trabalhava no laboratório, Jo nunca havia perguntado pela antiga chefe, por que agora?- Ela era ótima.

–Adam preciso de mais que isso.

–Bonita, inteligente, divertida, muito divertida- Adam comentou sorrindo pra si mesmo- Nós somos um família, e ela era como uma mãe, sabe? Ela estava sempre preocupada com todos nós, e costumava se meter em encrencas com o Mac nos defendendo. Na verdade, eu devo meu emprego a ela- Ele murmurou, Jo o encarou confusa.

–Como assim? Eu pensei que você tivesse feito o concurso pra...

–Eu fiz. Mas faz uns 3 a 4 anos, teve um corte de orçamento. O laboratório precisava de uma maquina de DNA nova- Adam falou, Jo rapidamente entendeu, o laboratório não teria condições de comprar a maquina e manter o salário de Adam.

–E o que ela fez?

–Stella pediu a todos da equipe que abrissem mão das férias durante uns 2 meses, assim o laboratório trabalharia mais, logo seria mais fácil pra Mac conseguir com Sinclair pra que aumentasse o orçamento.

–O laboratório renderia prestigio a Sinclair, pois ele poderia mostrar serviço- Jo falou acompanhando o raciocínio dele- É uma ideia maravilhosa!

–Eu que o diga- Adam murmurou, se lembrando do desespero de quando recebeu a dispensa, sentiu se celular vibrar- É o Mac, eu tenho que ir.

–Sem problema, obrigada- Jo falou andando em direção a sua sala.

Então tudo o que ouvira dela era verdade, ela se sentou na mesa. Nem todo mundo se importaria o suficiente com um técnico pra pedir aos outros que abrissem mão das férias apenas pra manter o emprego dele, logo era tão bondosa quando diziam.

Só que algo não batia. Se tudo o que ouvia falar dela era verdade, logo tudo o que ouvira falar dos dois também, que ambos eram tão amigos que muitos duvidavam que fosse apenas amizade.

Mas por que a tratara daquela forma? Jo sacudiu a cabeça, ela ainda iria descobrir tudo isso, mas primeiro devia voltar a trabalhar antes que Mac notasse.

Havia um furo naquela história, e como uma boa detetive Jo iria descobrir.