Abrupto escrita por Ana C Pory


Capítulo 2
Capítulo 2 - Inglês


Notas iniciais do capítulo

Olá o
Primeiramente, mil desculpas pelo atraso de... *abre o calendário* uma semana tem sete dias... ahn... 23 dias. Esse capítulo eu passei o dia inteiro revisando, desde que acordei (meio-dia, é claro), pedindo opinião para quatrocentas pessoas. Então eu dedico esse capítulo à:
1- Todo mundo que comentou no capítulo anterior e está lendo esse capítulo;
2- A... Rebecca Hirts, L Kuester, Fantasius, a antiga Evil Queen que mudou de nome pela trecentésima vez, Lenielson (mais conhecido como Lainiqueijo), e mais todo mundo que me ajudou nessa bagaça de capítulo e.e
Tá meio... cômico? Sei lá. Eu tento sempre colocar comédia nessa história. É legal e eu gosto.



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Alicia estava analisando os preços colados com fita adesiva na parede do colégio. Parecia que só havia lanche caro e que não cabia no seu bolso. Ricardo não parava de falar e ela não achava uma brecha para explicar a situação.

Enquanto ele falava sem parar, Alicia não tinha mais nada a pensar exceto como seu bolso parecia mais leve ao ficar passando as moedas de uma mão para outra. Para tentar evitar os pensamentos negativos sobre seu dinheiro estar acabando, ela estar morrendo de fome e ele indo gastar quase todo o dinheiro dela porque os dois esbararam sem querer, começou a lembrar do passado.

Ela lembrava que conhecera Júlia há três anos, durante a quinta série. Alicia fazia curso de Espanhol e Júlia de Inglês na mesma sede, então quando a saída era liberada elas se encontravam. Júlia fez apenas um ano, embora Alicia não soubesse o porquê, pois ela era a melhor aluna de sua sala e não havia motivos para sair assim, de repente.

Júlia estudava no colégio municipal, o mesmo que Ricardo estudava. Como Alicia e Ricardo eram vizinhos, ela se lembrava das brigas deles quando Júlia ia para a casa dela. Eles discutiam sem parar, ela dizendo da irresponsabilidade dele e ele dizendo coisas do tipo “Pelo menos eu nunca fui obrigado a ir à diretoria porque tirei notas baixas!” Ah, daquele dia Alicia nunca mais se esqueceu. Era a única vez que a vira chorando, em todos esses anos que haviam se passado, e...

— Alicia — Ricardo disse. Estalou os dedos na sua frente. — Alicia, acorde para a vida. Eu vou fazer o pedido mais caro se você não me responder.

— O quê? O que houve? — Alicia perguntou. — Desculpe, eu estava pensando em...

Novamente, fora interrompida mais uma vez, só que pela garota dos seus pensamentos. Júlia apareceu de repente, pulando muito e falando palavra atrás da outra, quase cuspindo neles com suas falas apressadas.

— Se acalme! — Ricardo disse, levantando as mãos em sinal de rendição. — Relaxe, Júlia.

Ela respirou bem fundo, antes de falar em palavras animadas:

— Nós vamos para a praia esse fim de semana!

— O quê? Nós quem? — Novamente, Alicia ainda não havia se situado. Júlia respirou fundo mais uma vez antes de dizer:

— You are invited!

Ricardo ergueu uma sobrancelha. Começou a contar nos dedos e perguntou:

— Vocês... ahn... estão convidados? Nós fomos convidados a ir à praia? — ele perguntou, calmo.

— Mas é claro! Quem mais eu convidaria? Vocês são os melhores amigos que eu poderia ter, não que eu não tenha outros, mas vocês é mais provável que eu convide, até porque meus pais conhecem os pais de vocês e... —Júlia começou a dizer, ou melhor, discursar.

Alicia não ouviu muito a partir daí, porque começou a dar vários pulos e abraçar Júlia muitas vezes, sem nem saber o nome da praia ou a cidade.

Ricardo resmungou alguma coisa sobre como garotas são exageradas e pediu informações: aonde eles iam, quando, que horas, etc. Depois, ligou para seus pais, confirmou sua inda enquanto as duas garotas davam chilique.

Os três foram sentar, as duas garotas parecendo ter uma convulsão. Ironicamente, o mais calmo dali era Ricardo. Ele só resmungava coisas sem sentido e às vezes chutava a canela de Júlia para ela parar de falar certas coisas, mas preferia comer.

Do outro lado dele, Natália estava sentada. A garota dos cabelos rosa-chiclete mastigou um pedaço de maçã com tédio e disse, sem rodeios:

— As duas são loucas?


Alicia estava morrendo de sono. Sua cabeça encostava no vidro do carro, que balançava um pouco. Seus olhos pareciam pesar mil quilos, atraídos para a pálpebra inferior, e ela estava quase começando a sonhar quando o barulho irritante de pacote de plástico* sendo amassado a acordou.

— Ricardo? — perguntou Júlia. — Dá para parar de comer salgadinho?

— Foi mal — ele disse, entupindo a boca com Ruffles. — Mas culpe a Alicia, ela que me pagou isso.

— Desculpe, Ju, não tive escolha. Era do lanche da aula passada — resmungou Alicia. — Agora, Ricardo, pare de comer isso — ela bocejou.

Mas é claro que o mundo não foi ao seu favor. Desde quando os primeiros seres humanos, aqueles que não utilizavam muito sua capacidade mental (ah, vamos parar de enrolar, aqueles burros), existia a maldição do sono. Essa maldição baseava-se em, por mais sono que você sentisse, se te acordassem no processo de dormir, você não voltaria a dormir por muito tempo**. Depois de Ricardo guardar o pacote de salgadinho e se acomodar no próprio banco (não gostava de dormir ao lado da janela), o carro ficou silencioso. O único barulho que Alicia ouvia era o pai de Júlia dirigindo e a mãe de Júlia dormindo, e, é claro, roncando.

Alicia nunca gostou muito do silêncio, então se pôs a tirar um chiclete da mochila e mascá-lo para ver se se acalmava. O som da própria mastigação talvez a tenha ajudado um pouco, mas não evitou os pensamentos que ela teve.

Como amizades mudam tão rápido? Anos atrás, Ricardo e Júlia discutiam sempre que se viam. Naquele dia, só discutiram quem iria ficar com a última bolacha do pacote de Trakinas que a mãe de Júlia comprou. Além do mais, Júlia, ao falar “Vocês são os melhores amigos que eu poderia ter”, incluíra Ricardo, não? E o convidou para aquela viagem...

— Alicia, jogue esse chiclete fora. Se eu não posso comer meu Ruffles em paz, você não pode mascar chiclete em paz — Ricardo disse em voz baixa, sem abrir os olhos.

— Isso mesmo, Alicia — Júlia resmungou. — Vocês estão proibidos de comer doce esse fim de semana.

Alicia não protestou. Estava com sono, mas falaria sobre a situação eu-sou-viciada-em-chiclete-como-você-vai-me-proibir-isso-é-minha-paixão com Júlia depois. Obviamente, perderia, mas daria um jeito. Tirou o chiclete da boca e o jogou no lixo do carro.

— Essa casa é linda! — Alicia dizia, enquanto descarregava suas malas. A casa, na realidade, era um apartamento com dois quartos. Mas ela otimizava e falava da casa como se fosse uma mansão cheia de móveis Louis Vuitton. Espere, isso são bolsas. Ah, algo igualmente caro.

Um quarto, o azul claro, tinha um beliche com bicama. Era lá que os três dormiriam, após um elaborado debate para ver quem ficava com a terceira cama. Depois, Ricardo perderia o debate (ou se renderia, como sempre), e ele esconderia pacotes de doces embaixo da cama de Alicia, ao seu lado, para comê-los durante a madrugada. Alicia fingiria não escutar, ou não denunciaria para Júlia (que tinha um sono tão pesado quanto a mãe), pois ela guardaria chicletes na fronha do travesseiro. Os dois achariam que Júlia não escondia nada. De qualquer modo, sairiam de lá sem saber que a garota mexia no celular enquanto eles se empanturravam de comida. Ah, mas isso é para outra hora, é claro.

O quarto dos pais de Júlia não é de muita relevância, pois não havia comida escondida nem internet wifi sendo usada lá. Era apenas uma cama de casal no meio do quarto, com algumas estantes com livros empoeirados e que possivelmente iam se desfazer se fossem tirados de lá. Quase todos tinham o tamanho de uma lista telefônica. Quase todos tinham palavras difíceis. Os que não se encaixam no “Todos” eram, é claro, livros de autoajuda que a mãe de Júlia pusera no canto. Alguns, fora da categoria, falavam sobre como evitar o ronco. Por que será?

Alicia olhou para o lado. Ricardo segurava uma mala numa mão e um pacote de Doritos na outra mão. É claro.


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Notas finais do capítulo

* Pacotes de salgadinho são feitos com um plástico que, pelo visto, tem uma discussão se é reciclável ou não. É tipo um plástico metalizado.
** Eu provavelmente vou criar uma história sobre essa maldição e mais outras desgraças da vida, que vai ficar apodrecendo no meu PC, pois eu não sei porque eu postaria algo sobre isso. Vocês postariam?
Bem, já passou da meia-noite, e eu não consigo parar de ter ideias para histórias. Está fora do meu controle. Acho que vou criar um perfil só para minhas histórias psicopatas, pelo amor de Deus. Obrigado por lerem esse capítulo.