Abrupto escrita por Ana C Pory


Capítulo 1
Capítulo 1 - Risos e Chicletes


Notas iniciais do capítulo

Hello! Muito obrigada por ter a bondade de clicar no "primeiro capítulo". Estou muito feliz que tenha tomado a iniciativa de começar a ler minha história. Aviso: esse capítulo é dedicado à:
— minha mãe, porque ela é linda ♥
— Diana, ou a Isabella, porque ela me incentivou e me ajudou *--*
— Rebbeca Hirts, aquela doida que eu amo ♥ (NÃO CONTE SPOILERS)
— a Star, minha autora favorita no Nyah! e que, apesar de eu não falar muito com ela, me incentiva indiretamente por meio de suas fics
— ao meu pai, já que acabei de decidir enviar o link dessa história pra ele e ele vai ficar com ciúmes por eu homenagear minha mãe nesse capítulo]
— e a você, leitor, por estar lendo essa história :)
E mais um aviso: a minha querida Diana está apostando metade da coroa dela de má comigo nessa história se ela conseguir ficar com raiva de mim nela, então... Apostado, Diana! Vou fazer você me odiar.



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Alicia Moore era considerada uma garota simpática, educada, extrovertida, animada e divertida. Não contava os segredos que lhe eram sussurrados nos ouvidos pelas amigas, não deixava de agradecer a quem lhe fazia um favor, nunca deixava de sorrir às belezas da vida; muitos dos seus colegas de aula gostavam dela, apesar de alguns a considerarem infantil e “certinha” demais. Ela não se importava com as opiniões dos demais e continuava falando com eles como falava com qualquer um.

Não tinha preconceitos religiosos, não era racista, sexista, tratava todos com igualdade e simpatia, até aqueles que não a tratavam do mesmo jeito – muito pelo contrário, tratavam-na com desprezo e zombavam de sua gentileza. Alicia Moore era a garota que muitos consideram como “perfeita”.

Antes de eu começar a contar essa história, quero que saibam que a frase “a toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade” pode significar mais coisas do que vocês, leitores, imaginam.


Primeiro, Alicia Moore era uma viciada por chicletes. Ela sabia o que os chicletes faziam com os dentes, e por isso se encarregava de escovar os dentes quatro vezes ao dia. Por mais que quisesse, não conseguia controlar seu vício por mascar – e isso, consequentemente, fazia chiclete ser sua maior fraqueza, além de ser, muitas vezes, o motivo de sua fome.

Dito isso, você pode entender o porquê de ela quase chegar atrasada ao colégio: chicletes. Seu estoque secreto de chicletes que ela mantinha em casa havia acabado, e ela precisava reabastecê-lo o mais rápido possível, ou enlouqueceria. Então, no caminho do colégio, parou em uma loja e comprou todos os sabores que sua mesada podia bancar. Já à frente, mastigando já um deles, viu as horas num relógio de alguém que passava na rua.

Faltavam exatos dez minutos para colégio fechar os portões, impedindo que qualquer outra pessoa entrasse – apesar de conhecer Seu Marcos o suficiente para ele abrir as portas para ela com exclusividade, não queria acarretar tal incidente.

Foi aos pulos, tropeços e passos apressados ao colégio, sempre rindo com cada escorregão. Passava pela calçada às pressas, desviando das pessoas, segurando sua bolsa e sorrindo para todos. Chegando ao colégio, não precisava olhar no relógio para saber que faltavam mais ou menos dois minutos para os portões fecharem – afinal, o movimento dos corredores era sempre ativo, mas agora havia poucas pessoas entrando nas salas.

— Seu Marcos! — disse, quando o viu sentado em seu banco na posição de sempre. Alicia sorriu para ele.

— Um pouco atrasada, não, Alicia? — brincou, devolvendo o sorriso.

— Ainda não é sete e meia — ela disse de volta, rindo, e saiu correndo com sua bolsa para a sala A4.

Obviamente, teve que tropeçar. O pior é que não foi em algo sólido, mas sim no próprio chão – quando o cano do tênis não vai para cima o suficiente. Alicia caiu do lado de sua bolsa, se estatelando no chão.

Os vários e vários chicletes saíram de sua bolsa e se espalharam pelo chão: Trident, Bubbaloo, Chiclets, Clorets. Todas as marcas de chiclete que você poderia imaginar estavam no chão, quase como se estivessem brincando com a cara dela. Seu Marcos não podia ver a bagunça para vir em seu socorro, e Alicia teve que ponderar sobre o que fazer: levar seu primeiro atraso ou deixar seus chicletes à mercê, desperdiçando seu dinheiro e tempo.

Quando já estava desesperadamente juntando-os para ver se conseguia salvá-los e chegar a tempo, alguém se abaixou e começou a ajudá-la a catar um por um, colocando-os na sua bolsa. Ela conseguiu juntá-los a tempo de ver a professora se aproximar, andando pelo corredor até sua sala, provavelmente saindo do banheiro. Olhou rapidamente para quem a havia ajudado.

Era uma garota que, segundo Alicia constatou no curto segundo que a viu, tinha cabelos indo até o cotovelo. Ela tinha cabelos mesclados com dois tons de castanho, e seus olhos eram cor de chocolate. Lembrava um pouco da personagem Marina, de A Turma da Mônica. Então, Alicia, de relance, percebeu que se tratava de Júlia, uma de suas grandes amigas.

— Júlia! — exclamou Alicia, enquanto as duas corriam para dentro da sala de aula. A sala inteira estava conversando, de modo que não foram percebidas. — Graças a Deus! Muito obrigada! — Ela sorriu para amiga, tirando as mechas pretas da frente do rosto. — Pode pegar um se quiser, depois da aula.

— Que nada — respondeu Júlia. — Não gosto tanto de chiclete... não tanto quanto você — e riu.

Elas já iam trocando fofocas para colocar a conversa em dia quando a professora Jennifer entrou na sala. Pelo seu N extra, diziam que ela era tudo em dobro. Irritante em dobro. Feia em dobro. Chata em dobro.

E talvez fosse.



Alicia, no final da terceira aula, sentiu aquela vontade de mascar seus chicletes. Ela olhava o relógio. Ele sempre parecia normal, como qualquer relógio, já que Alicia não era tão impaciente como Jo menos naquelas horas: agora, parecia andar tão devagar... Devagar demais para a necessidade de Alicia.

Quando o sinal de final do período tocou, ela virou o corpo em um ângulo de 180º graus e pegou a sua bolsa que estava pendurada na cadeira. Retirou um pacote de Chiclets e um pouco de dinheiro, e já ia se levantando quando ouviu a voz de Júlia rindo.

— Você não tem jeito, né, Alicia? Sempre com esses chicletes... Vai acabar perdendo-os.

— Então não será a primeira vez, Ju — Alicia sorriu. — Até a saída.

Elas só faziam as três primeiras aulas juntas, o que era uma pena. Porém, Alicia deixou isso de lado e saiu da sala.

Na opinião dela, demorava demais para chegar ao refeitório: teria que passar por todas as salas, praticamente, até chegar finalmente lá. Por isso, jogou um dos Chiclets na boca e estava quase chegando ao refeitório quando esbarrou com alguém que estava saindo de uma das salas.

— Mas que diacho!

Ela se equilibrou na parede e olhou para o lado. O garoto da qual havia esbarrado havia caído no chão, e estava estatelado lá, de barriga para baixo. Alicia olhou para o corpo do garoto, imóvel, e o cutucou com a ponta do tênis.

— Oi? Ricardo, é você?

O garoto que estava no chão tremeu, mas continuou esparramado no chão, recebendo reclamações de pessoas que estavam andando por ali. Alicia virou-o para analisa-lo e viu seu rosto: os olhos pretos perturbadores e o cabelo castanho todo bagunçado. É, era Ricardo.

— Me deixe dormir, Alicia — reclamou ele. — Estou bem aqui.

Alicia deu uma risada e ajudou ele a se levantar. Ricardo estava com o casaco preto todo sujo pelo chão, e seus olhos brilharam quando olhou para ela.

— Você vai pagar a conta da lavanderia.

— Nada feito.

— Você sujou meu casaco!

— Você que quis ficar no chão.

Ricardo bufou. Começou um longo discurso de como sofria injustiça naquela sociedade e que Alicia deveria, além de pagar a conta da lavanderia, comprar um novo casaco para ele, já que danificou o Tiago para sempre.

— Tiago? — ela franziu a testa, estranhando o nome. Estaria ele falando do professor de Geografia?

— É o nome do casaco que você teve o prazer de sujar. Você não sabia que casacos também têm sentimentos? Eu vou te processar por maltratar o Tiago. Isso é agressão física! Alicia, as pessoas vão para a cadeia por cometer infrações na lei desse tipo! Você sabe, melhor que qualquer outro nessa escola, que meu pai é um advogado competente e...

Alicia deu um sorriso com a idiotice de Ricardo e olhou atentamente para ele. Ricardo falava tanto com as mãos quanto falava com o corpo: fazia gestos exagerados de como ela ia ser presa, até que ela riu e finalmente o cortou, dizendo:

— Eu te pago o lanche.

— Feito.


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Notas finais do capítulo

Agradeço a quem leu até o final e incentivo as críticas e os comentários. Muito obrigada por ler essa história! Vocês me ajudam demais.
Repetindo: aberta à críticas. Até o próximo capítulo o/