Por Você escrita por Andye


Capítulo 7
Não Posso Aguentar


Notas iniciais do capítulo

Gente, olá... Primeiramente, ainda bem que o Nyah! voltou. Confesso que estava com saudades de tudo isso aqui!

Obrigada a todos pelos comentários que têm me feito ter a cada dia mais inspiração em continuar esta fic. Agradeço a presença, tudo... e peço que não odeiem a Molly ou a mim, temos nossos motivos...



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Hermione mal tinha entrado em casa e pendurado seu capacete na parede do cômodo da sala quando sentiu algo fervente deslizar por sua face: uma lágrima. Havia contido o choro durante todo o restante de tarde e o percurso de volta para o apartamento, mas foi vencida por aquela dor que sentia dentro de si. Seu peito gritava de dor, e ela se deixou levar.

Lágrimas grossas e silenciosas lavavam o seu rosto enquanto ela vagava, desnorteada, em direção ao quarto. Abriu a porta e ao fechá-la atrás de si, seu corpo tombou contra o pedaço de madeira maciça, suas costas deslizando e seu corpo se soltando contra o chão.

Ela não entendia o porquê de estar sofrendo desta maneira, mas não conseguia se imaginar longe dele, não conseguia mais ficar sem vê-lo, e agora, a sua falta de profissionalismo lhe faria sofrer.

...

– Eu exijo que esta garota seja retirada do caso do meu filho - a senhora Weasley parecia ter fogo nos olhos - Está mais do que claro que ela não tem condições éticas para cuidar de quem quer que seja, e o meu filho não será um experimento em suas mãos.

– Mamãe, a senhora... - o ruivo tentou, mas foi interrompido em seguida.

– Não, Ronald - a mulher continuou - Você não pode ficar nas mãos de uma garota, uma estudante. Se ao menos estivesse se formando, mas não, é uma criança, não tem experiência alguma e ainda coloca em risco a vida de seus pacientes...

– Senhora Weasley - a dra Falls falou pela primeira vez - Eu entendo muito bem o seu medo, e não deixo de concordar que a atitude da dra. Granger foi impensada, mas sair um pouco, caminhar e tomar sol jamais colocaria a vida do Ronald em perigo. O erro aqui foi apenas o fato de não ter sido comunicada.

– Independente disto - a mulher estava relutante - Meu filho não pode permanecer sendo cuidado por uma residente que nem ao menos presta satisfações do que faz a sua médica instrutora.

– Mamãe, a senhora está sendo extremista demais - Gina falou sentindo toda a culpa sobre seus ombros, afinal, havia sido sua ideia.

– Não se meta, Gina. Você não entende o quanto a saúde de seu irmão é frágil.

– Claro que eu entendo, mamãe - a garota se exaltou - Mas isto não o impede de viver.

– Silêncio, Gina. - a mulher falou - Eu exijo que esta garota seja afastada do caso.

– Senhora Weasley - a dra. Falls continuou - Eu garanto que a dra. Granger será devidamente punida por esta falta, mas ela é uma excelente médica, e eu tenho certeza...

– Não - a mulher a interrompeu - Não quero esta garota com meu filho.

– Molly, por favor - o senhor Weasley falou - Você está sendo insensata.

– Insensata? Ora, por favor, Arthur. Você tem ideia do que poderia ter acontecido com o Rony?

– Mamãe, por favor. - Gui tentou - Tente se acalmar. A senhora só está nervosa.

– Não estou nervosa, e estou decidida. Não quero esta garota com o meu filho.

– Quem tem que querer alguma coisa ou não aqui sou eu, mamãe – Rony falou novamente. Tinha a face avermelhada e estava claramente irritado – A senhora não acha que já controlou a minha vida o suficiente? Eu estou bem. Fui eu que pedi a Hermione para sair.

– Como é? - a mulher falou surpreendida – Hermione? Eu não acredito! - e ela sorria incrédula – Que tipo de médica é essa que nem mesmo aos pacientes se da ao trabalho de exigir ser chamada de doutora?

– Ela tem a minha idade, mamãe. Eu não consigo chamá-la de doutora e pedi para que pudesse chamá-la pelo nome. Qual o problema?

– O problema é que está errado.

– Não está nada errado, e eu não quero que ela saia do caso.

Hermione sentia o peito doer. Durante toda a discussão não foi capaz de abrir a boca ou mesmo levantar os olhos das botas surradas que sempre usava. Ainda sentia o aperto quente das mãos de Rony contra a sua. Ainda conseguia ver o seu sorriso satisfeito ao encontrar o lago, ao colocar seus pés dentro d'água e compartilhar o pôr do sol ao seu lado.

E agora ele estava ali, enfrentando a mãe que, ela sabia, estava mais que certa ao exigir que ela saísse do caso. Ele se culpava em tudo e a defendia de todas as acusações. Ela ouvia tudo em uma espécie de transe, mas não suportou ao ouvir as palavras seguintes.

– Se ela não for retirada do caso, solicitarei a transferência do Ronald.

Hermione sabia que a mulher estava sendo extremista. Permanecer na clínica-escola era a melhor opção para o ruivo, mas a mulher estava tão irritada que ela não poderia, jamais, arriscar. Ouviu a dra. Falls novamente tentar defendê-la. Ouviu Gina e Guilherme tentarem, o senhor Weasley, o próprio Rony, mas a mulher estava irredutível, então, ela tomou uma posição.

– Dra. Falls – ela começou, interrompendo a médica que a defendia novamente – Eu sinto muito ter tomado esta decisão sem avisá-la e eu reconheço meu erro e aceito a advertência que a senhora quiser me passar. Senhora Weasley – olhou nos olhos da mulher, a garganta arranhava e o peito doía, mas ela continuou – Eu entendo o que a senhora tem passado, eu perdi a minha avó para a leucemia e entendo seu medo, mas se resolvi ser hematóloga, é porque acredito que posso ajudar e tenho condições para isto. Sair um pouco jamais colocaria a vida do Ronald em perigo, e eu reconheço que errei em não informar minha ideia, e por isto, peço perdão a senhora, e a cada um de vocês – dirigiu-se aos parentes – mas também entendo que a melhor opção para o Ronald é permanecer aqui, e a senhora também sabe disto, e se para a melhora dele é necessário o meu afastamento, eu mesma peço para ser retirada do caso. - respirou fundo ignorando os protestos do ruivo – Dra. Falls, eu agradeço a oportunidade que a senhora me deu, mas eu estou pedindo para sair do caso Weasley.

Ninguém falou absolutamente mais nada. Gina tinha o rosto escondido no peito do irmão mais velho, e pelo movimento de seus ombros, ela chorava. Rony a olhava assustado, como se tudo o que ouviu fosse uma coisa distante, e ainda estivesse tentando entender. O senhor Weasley olhava Hermione com carinho e a dra. Falls suspirou pesadamente antes de continuar:

– Tudo bem, dra. Granger. Se é o que prefere.

– Sim, é o que prefiro. Tenho certeza que a senhora encontrará um residente muito mais capacitado que eu e que seja condizente aos anseios da senhora Weasley.

Ela segurou o desejo de abraçar o ruivo e tentou ao máximo não encarar seus olhos. Abaixou a cabeça, virou e se encaminhou até a porta, ignorando o chamado de Ronald, o choro, agora alto, de Gina, e a expressão de desgosto dos outros três.

Quando ela chegou ao corredor, ouviu Gina lhe chamar da porta e correr ao seu encontro. Quando virou, nem conseguiu desviar, sentiu os braços da ruiva a envolverem em um abraço apertado e a quentura das lágrimas da garota sobre seu ombro.

– Me perdoe, Hermione – ela soluçava – Me perdoe.

– Gina, não precisa pedir...

– Preciso sim – ela olhou nos olhos da médica – É minha culpa. Eu tive essa ideia estúpida, eu que fiz isso. Eu jamais imaginei que a mamãe viria, eu... ela nunca vem quando vai na associação, eu... Me desculpe.

– Tudo bem, Gina, eu...

– Não, Hermione, e desculpe por chamá-la por seu nome, mas eu nunca havia visto o Rony tão bem antes. A mamãe está com medo, por favor, a desculpe. É muita pressão na vida dela, sempre foi, desde que descobrimos e... Ela tem medo que o Rony sofra.

– E por que ele sofreria? - Hermione estranhou.

– Porque você não percebeu, mas o Rony se apaixonou por você.

As palavras entraram nos ouvidos de Hermione como agulhas, perfurando sua cabeça, seus ouvidos, seu cérebro. Ela não poderia imaginar aquilo e se concentrou para continuar ouvindo o que a ruiva falava.

– … E a mamãe tem medo que ele sofra. É complicado ter um relacionamento com uma pessoa doente, ainda mais como o Ron, que não tem uma possibilidade grande de melhora. A mamãe só quer protegê-lo e ela tem medo que estar apaixonado por você o faça sofrer...

– Gina, eu...

– Não precisa falar nada, Hermione, eu não sou boba, nem a mamãe. - ela suspirou e sorriu entre as lágrimas – Você também está apaixonada, e abrir mão do caso foi a maior prova de amor que você poderia dar. Abriu mão de estar com ele pelo seu bem...

– Gina...

– Não, tudo bem. Só me perdoe. Não queria que fosse assim. - ela enxugou as lágrimas – Mas eu prometo que darei um jeito para vocês se verem. Eu juro.

Hermione se permitiu ser abraçada por Gina novamente. Queria chorar também, mas não podia, não conseguia. Sorriu para Gina e se virou. Seu horário já havia acabado há alguns minutos e ela resolveu ir embora.

Ela ainda não entendia como conseguiu chegar em casa, como pilotou até o apartamento, e estava agora, deitada sobre o chão, as mãos segurando os joelhos contra o peito, os soluços do choro desesperado balançando com força os seus ombros.

– Hermione.

Ouviu a voz de Vanessa muito distante de onde estava, em seguida, sentiu seu corpo ser apoiado pelas mãos da garota e seu corpo ser conduzido até sua cama, onde ela se deitou, mas não conteve o choro. Vanessa a abraçou e ela se permitiu chorar ainda mais.

– Minha amiga, o que houve?

– Eu... - ela chorava – Eu sai do caso do Rony.

Hermione não disse mais nada, mas Vanessa compreendeu tudo com aquelas poucas palavras. Se havia dúvidas sobre o sentimento de Hermione em relação ao ruivo, estavam todas sanadas agora.

– O que eu... vou fazer, Van? - Hermione soluçava – Eu não sei como... vou ficar... longe... dele.

– Não sei, minha amiga... - Vanessa acariciava seus cabelos com carinho enquanto Hermione chorava em seu ombro – Mas eu vou ficar aqui, com você.


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