Rony, em todo o tempo de que se lembrava ter vivido, não havia sido tão feliz. O sorriso abobalhado no rosto não deixava dúvidas do quão realizado ele estava. Havia se passado quatro meses desde aquela crise tão forte. Quatro meses que sua mãe havia entendido que não adiantava ir de contra os sentimentos que ele nutria, que ele havia sido internado, que quase morrera e que recebera a medula de Hermione, seu amor. Havia quatro meses que Hermione lhe dera a melhor notícia de sua vida. Havia quatro meses que ele descobrira que era pai.

A sensação que ele tinha era que a vida havia recomeçado a partir daquele ponto. Desde o dia em que Hermione lhe contara que estava grávida e que seriam pais. E desde então as coisas aconteceram de forma rápida, mas muito intensas.

Duas semanas depois da notícia ele recebeu alta do hospital, mas precisava voltar todos os dias para os tratamentos e transfusões, indo dormir em casa. Logo em seguida decidiram contar para seus familiares sobre a gravidez que foi muito bem recebida por todos, inclusive por sua mãe, que embora tenha demonstrado certo ciúme, aceitou de bom grado, e também pela Dra. Fals que celebrou a notícia de forma calorosa.

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– Nunca imaginei que o sentimento de vocês fosse tão intenso – ela falava muito sensibilizada – E esta é a melhor notícia que eu poderia ter recebido.

– Obrigada! - Hermione sorria um pouco envergonhada enquanto a mulher a abraçava. Rony estava sentado ao seu lado.

– Vocês não fazem ideia de como é importante para mim - s senhora continuou claramente emocionada - Você é como um filho, Rony e receber esta notícia encheu meu coração de alegria.

As lágrimas escorriam dos olhos da médica enquanto abraçava novamente os dois. A sensação de plenitude os envolveu e eles sorriram um para o outro enquanto se sentiam amados.

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Então resolveram “juntar os trapos” como disseram e receberam ajudas surgidas por todos os lados. O pai de Rony cedeu uma pequena casa nas proximidades da casa onde moravam para que os dois pudessem viver juntos por pedido da esposa, Molly, talvez na intensão de se redimir por ter afastado os dois por tanto tempo.

Rony, mesmo que ainda em tratamento quimioterápico, ajudava o pai e o irmão na Empresa dos Weasley, especializada na venda de produtos para divertimento de crianças, jovens e adultos com muitas bugigangas legais e era um sucesso entre os clientes.

Hermione, a cada dia maior, estava igualmente feliz. A gravidez lhe deixava emocionada e amplamente satisfeita, ainda mais agora que começara a sentir os gestos do bebê dentro de si.

Não havia voltado para a faculdade pois, depois da gravidez, sua licença se estendeu e ela agradecia dia e noite que a Dra. Fals tivesse simpatizado e se sensibilizado de uma forma tão completa pelos dois.

Ela era ajudada pela Sra. Weasley e por sua mãe que, sempre que possível, aparecia para ajudá-la e acompanhá-la, assim como Vanessa, Luna e Leonel apareciam do nada se disponibilizando a ajudar sempre que tinham uma folga. Essas visitas geralmente terminavam com discussões sobre quem seria a madrinha da criança, já que Leonel se sentia no direito de ser o padrinho.

Tinham sido intensos e diferentes quatro meses, mas haviam sido felizes e cada segundo continuava valendo e muito por toda dificuldade que atravessaram juntos. E agora eles estavam ainda mais felizes. Celebravam ao lado de seus familiares e amigos chegados um outro grande momento de suas vidas.

A morena estava deslumbrante. Os cabelos levemente encaracolados em cachos largos e brilhantes que caíam sobre seus ombros, emoldurados com uma flor lateral. Os ombros à mostra em um vestido marfim, tomara-que-caia, marcado sob o busto deixava sua barriga de quase vinte e uma semanas de gestação ainda mais aparente e Rony a olhava encantado com seu paletó acinzentado. Haviam acabado de se casar e a chácara de seus pais havia sido o cenário escolhido para o enlace dos dois.

– Hermione, você é a noiva mais bonita que eu já vi – Gina falou sorridente abraçando a cunhada com afeto.

– Não tanto assim, Gina – ela respondeu enquanto a abraçava.

– E quem diria que o que passamos acabaria assim...

– É verdade.

– E agora parece que se passou há tantos anos.

– O melhor é isso, Gina. Poder superar dificuldades e saber que, depois dessas dificuldades, somos capazes de sermos felizes.

– Obrigada por não ter desistido, Mione – a ruiva tinha lágrimas no olhar.

– Não me agradeça, Gina. Eu que agradeço o fato de você sempre ter acreditado. Se estamos onde estamos agora, é graças a você que nunca mediu esforços e nunca cansou de tentar. O mérito é todo seu, cunhada – Hermione sorria, embora os olhos estivessem embargados enquanto se abraçavam novamente.

– Será que eu posso roubar um pouco a minha esposa? - Rony falou para Gina, beijando a irmã no topo a cabeça.

Hermione por um breve momento se deslumbrou. Rony era o homem mais maravilhoso do mundo, e o melhor que ela poderia ter imaginado. Ele a completava em tudo e fora ele o homem capaz de lhe mostrar que a morte nada mais é que uma parte da vida. Que independente das dores e tristezas que estejamos sentindo, o sorriso nos lábios e a certeza de que podemos melhorar sempre precisa estar presente em nós.

– Sempre que quiser, maninho – a ruiva respondeu sorrindo enquanto Rony estendia as mãos para Hermione e a afastava da multidão.

– Como se sente? - Rony perguntou enquanto caminhava com ela pelo jardim e Hermione achou engraçada a inversão da pergunta. Estavam mais afastados dos convidados agora, o tom da música estava ainda mais agradável e ficavam mais à vontade.

– Ótima – ela respondeu segurando sua mão com firmeza - E você?

– Nunca em minha vida imaginei que seria tão feliz.

– E eu nunca imaginei que seria capaz de me apaixonar por um paciente.

– Que estava á beira da morte.

– Mas que me conquistou com seu maravilhoso charme ruivesco.

– É... Eu sei que você não resistiu aos meus maravilhosos olhos azuis também – falou sorrindo.

– Nem ao seu sorriso... À sua doçura, ao seu carinho, seu senso de humor e, definitivamente, a sua garra, sua força de vontade e desejo de vencer.

– Me deixa sem graça assim... - ele falou sentindo o rosto esquentar passando a mão desajeitadamente sobre os cabelos vermelhos.

– E seu rosto corado também é encantador - riu divertida e ele lhe roubou um beijo.

– Ta bom, vai. Já me deixou envergonhado o suficiente. Senta aqui.

– O que quer, senhor meu marido? - perguntou divertida, sentando no banquinho do jardim, acariciando a barriga de leve.

– Quero te fazer uma proposta, senhora minha esposa.

– Mais uma?

– Todas que eu puder fazer.

– Gostei muito da proposta de casarmos. Será que alguma outra vai superar esta?

– Acredito que não - ele sorriu.

– Sei que se casou comigo só pelo bebê - Hermione cutucou divertida.

– Ah! Claro. Eu me casaria com você todos os dias da minha vida, Hermione, mas se nosso filho veio para nos ajudar a antecipar o que eu sempre quis, melhor.

– Ou filha - ela corrigiu.

– Ou filha - ele se corrigiu.

– Você é maravilhoso. Estou muito feliz de estarmos juntos.

– Não mais que eu, meu amor.

– Será?

– Acho que sim.

– Tudo bem. Sua proposta. Sou toda ouvidos.

– Ok. A Gina e o Harry nos deram uma câmera, você lembra?

– Sim. Lembro sim.

– Quero saber se está disposta a gravar nossa vida juntos.

– Como assim? - ela sorriu.

– Quero gravar para que quando nosso bebê seja adulto...

– Ou adulta – ela corrigiu brincado.

– Ele, ou ela, seja capaz de entender o quanto somos e sempre seremos apaixonados.

– É uma ideia maravilhosa, amor – ela sorriu acariciando seu rosto enquanto sentia a mão de Rony sobre sua barriga.

– Tinha quase certeza que aceitaria a minha proposta – sorriu convencido.

– Seu bobo. Aprendeu a ler meus pensamentos também? – respondeu carinhosa.

– Quem sabe? Mas já me adiantei. Por isso mesmo está aqui – ele se curvou e pegou um pacote sob o banco, o colocando sobre o colo – Ela está bem aqui - pegou o aparelho nas mãos.

– Ron... – sorriu – Queria ter uma dessas quando te falei que estava grávida.

– Hum... – ponderou – Teria sido bastante interessante.

– Lembro de você - ela tinha um grande sorriso nos lábios – Ficou em estado de transe. Pensei que tivesse desmaiado, mesmo que estivesse sentado.

– O que você queria? – perguntou falsamente ressentido – Tinha acabado de ter tido uma crise muito forte, quase morrido.

– Eu sei...

– Além do mais, não imaginei que pudesse ter filhos no meu estado.

– Claro que poderia, Ron. Você estava fisicamente saudável. Muito saudável por sinal.

– Sei - ele a olhou intensamente, com certa malícia – Foi a melhor notícia que você poderia ter me dado.

– Para mim foi do mesmo jeito, porque eu te amo...

– Eu também.

Se beijavam tranquilamente. Um beijo puro e casto, cheio de amor, carregado de sentimentos verdadeiros. Estavam felizes.

– E então...? – perguntou com os lábios ainda colados nos dela.

– E então o que? – ela respondeu absorta em seus delírios.

– Vai gravar nossa vida comigo.

– Claro, meu amor - respondeu o olhando com um sorriso.

– Ótimo! – Rony respondeu animado como um garoto que ganha um novo brinquedo - Vamos começar a gravar agora mesmo.